O mundo no qual Tolkien se baseou para criar o mundo ficcional, existe. Claro que não com as mesmas configurações que existia na época em que ele se inspirou, entendem? Há um certo limite: muitas coisas presentes nas obras do Professor existiram, mas as características a elas conferidas, em uma visão racional do mundo, não se aplicam.
Eu sou uma pessoa que adora Fantasia. E eu realmente acredito que precisamos de válvula de escape. Entretanto, há momentos em que precisamos sair um pouco do mundo da fantasia e regar nossas raízes no mundo real, porque se nos esquecermos delas, elas podem morrer. E se não tivermos raízes, um referencial, poderemos nos perder para sempre na fantasia.
No momento da leitura, quando abrimos o livro, sim, podemos (e devemos, não?) entrar no mundo da fantasia. Mas quando fechamos o livro, é como se estivessemos fechando uma porta, que só se abrirá, novamente, quando voltarmos a ler. Quando um escritor coloca o ponto final no seu texto, ele se descontextualiza. E será recontextualizado, quando alguém pegar esse texto para ler. Devemos permitir que o texto se descontextualize quando terminamos de passar nossos olhos por ele. Se deixamos essa porta sempre aberta, os momentos de epifania perdem o sentido. E se optarmos por ficar sempre na fantasia, podemos beirar a esquizofrenia.