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O mundo de tolkien existe (existiu)?

Avatar do Cameron ( que perdeu o Oscar por causa de esfregar na cara dos americanos a analogia deliberada com o Iraque e o Vietnã além do massacre dos indios dos EUA),
Ah, jura que foi só esse o motivo???

E eu que pensei que o filme perdeu o Oscar porque é extremamente clichê. Devo estar enganado então.
 
Ah, jura que foi só esse o motivo???

E eu que pensei que o filme perdeu o Oscar porque é extremamente clichê. Devo estar enganado então.


Bom, Snaga, se vc acha mesmo que Hurt Locker, Guerra ao Terror, o vencedor do Oscar naquele ano, é destituído de clichês, romantizando a dedicação dos militares americanos à guerra e colocando um humanismo piegas num transtorno de comportamento que transforma indivíduos em máquinas de matar ( pq o milico traumatizado pela Guerra do filme da Bigelow vira desarmador de bombas compulsivo e não franco atirador assassino em massa como acontece na realidade), marcas registradas dos filmes militarescos dos anos oitenta tudo bem.... Pelo menos nenhum deles ganhou o Oscar de Melhor Filme.

The Hollywood combat movie is a genre notorious for hoary clichés. We all know them: at least one solider is on the verge of going home. Another loves war a little too much. A third, from the rear echelon, wants to see some real action. Around camp a G.I. might befriend a local boy, a Samuel Fuller war orphan with a name like Short Round. If Fuller or Robert Aldrich made the movie, most of the officers would be useless tyros or dangerous martinets. The Black soldier would come off hard-as-nails, but reveal himself late in the movie as the heart of the unit. The youngest baby-faced grunt would have a meltdown. There would be some lighter escapades, too, to break-up the bigger combat scenes: men carousing and “getting down” to the soundtrack’s rock and roll music.

The Hurt Locker is sold as a vigorously up-to-date hand-held no-stars kitchen-sink realist combat movie with none of these trite and ancient plot points. On this the TV commercials, stellar reviews, and print ads all agree. But the movie has them. Indeed, it seems like an encyclopedia of such clichés. So many are used that the viewer starts to feel like the victim of a practical joke, lured to the theater with the old bait-and-switch.

The clichés would not be such a bitter surprise if The Hurt Locker worked a little harder to disguise them. The much-touted scenes of Staff Sergeant James actually defusing IEDs take up only about 15 minutes of screen time, and are tossed-off with little respect for viewer interest in the work. James digs around the bombs, grapples with them, and pulls them apart as he tries to best their makers, but he might as well be changing a flat tire. We are not given any information on how these devices are created, or the nuts and bolts of how they work. Even the old UK TV show Danger: UXB did viewers that courtesy.

E olha que era a década Yuppie, militarista e republicana de Ronald Reagan e Margaret Thatcher...

Se vc acha também que foi mero acaso feliz o fato de terem escolhido, justamente, um filme feito pela ex-mulher do Cameron ( que ninguém tinha assistido até então) como campeão mata-gigante pra fazer frente ao Avatar logo depois do Cameron ter feito o comentário escancarado de que Avatar era feito pra mostrar pros americanos como é ser o alvo de misseis e que a analogia com o Iraque era deliberada tudo bem também.

Se tiver problema com o inglês das citações como aconteceu outras vezes use o Babel Fish translator.

We know what it feels like to launch the missiles. We don't know what it feels like for them to land on our home soil, not in America. I think there's a moral responsibility to understand that.

* A scene Cameron calls "the drums of war," which he hopes will clarify why the humans choose to wipe out the Na'vi. He compared it to America's decision to invade Iraq. "We had to provoke Saddam to do something stupid, and it's like that with the humans invading Pandora," he said. "I felt when I was writing it that the Na'vi had to counter-react and do something that is called an atrocity that gave [humans] the moral right to go in and destroy and displace them. The additional footage is pretty short, but it fulfills that purpose."

Read more: http://www.nypost.com/p/news/national/blue_man_grope_EoID010B7X7VWYsT2AAssI#ixzz1gj0Fi9OK


http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=123810319

"The Iraq stuff and the Vietnam stuff is there by design — and references to the colonial period are there by design," says Cameron. "At a very generalized level, it's saying our attitude about indigenous people and our entitlement about what is rightfully theirs is the same sense of entitlement that lets us bulldoze a forest and not blink an eye. It's just human nature that if we can take it, we will. And sometimes we do it in a very naked and imperialistic way, and other times we do it in a very sophisticated way with lots of rationalization — but it's basically the same thing. A sense of entitlement. And we can't just go on in this unsustainable way, just taking what we want and not giving back."

E finalmente a primeira declaração:

"This movie reflects that we are living through war. There are boots on the ground, troops who I personally believe were sent there under false pretenses, so I hope this will be part of opening our eyes."

http://www.thewrap.com/movies/article/james-cameron-yes-avatar-political-12929

Opiniões são assim mesmo, cheias de senões. E, cá pra nós, O Regresso do Rei também era repletinho de clichês hollywoodianos, inclusive nos detalhes onde, propositalmente, divergiu da versão dos livros ( Gandalf nocauteando Denethor com o cajado pra fazer uma piada fácil, Denethor virando um maluco suicida de folhetim, com o expurgo do Expurgo do Condado pra história ficar mais tradicionalmente fechadinha e "feliz" etc, etc).

Mas a grande lição a ser tirada disso tudo é que, clichê ou não, isso nunca impediu ninguém de ganhar Oscar antes, vide o exemplo dado pelo próprio Cameron no Titanic que juntou Romeu e Julieta, conflito romântico básico, com filme catástrofe e arrecadou o mesmo número de estatuetas que o filme do Peter Jackson.

Mas, em todo caso, tendo essa convicção ou não, recomendo ler isso daí:

E ganhou a máquina de guerra



E ganhou a máquina de guerra
Filme vencedor transforma os assassinos que dizimam culturas em heróis-santos
09 de março de 2010 | 0h 00
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Análise, LUIZ BOLOGNESI, ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estadao de S.Paulo
POLARIZAÇÃO - O abraço do derrotado Cameron na ex-mulher vitoriosa, Kathryn: o filme dela não passa de "caubóis contra os apaches"


Ao contrário do que parece à primeira vista, a polarização entre Avatar e Guerra ao Terror não traduz uma disputa entre cinema industrial e cinema independente, nem batalha entre homem e mulher. O que estava em jogo e continua é o confronto entre um filme contra a máquina de guerra e a economia que a alimenta e outro absolutamente a favor, com estratégias subliminares a serviço da velha apologia à cavalaria.

Avatar foi acusado nos Estados Unidos de ser propaganda de esquerda. E é. Por isso é interessante. No filme, repleto de clichês, os vilões são o general, o exército americano e as companhias exploradoras de minério do subsolo. Os heróis são o "povo da floresta". A certa altura, eles reúnem todos os ''clãs'' para enfrentar o invasor americano. Clãs? Invasor americano? Que passa? É difícil entender como a indústria de Hollywood conseguiu produzir um filme tão na contramão dos interesses do país e transformá-lo no filme mais visto na história do cinema. Esse fato derruba qualquer teoria conspiratória, derruba décadas de pensamento de esquerda segundo a qual a indústria de Hollywood está sempre a serviço da ideologia do fast-food e da economia que avança com mísseis, aviões e tanques. Como explicar esse fenômeno tão contraditório?

Brechas, lacunas na história. Ou como diria Foucault, a história é feita de acasos e não de uma continuidade lógica cartesiana. A necessidade do grande lucro, da grande bilheteria mundial produziu uma antítese sem precedentes chamada James Cameron. O homem de Titanic tinha carta branca. Pelas regras da cultura do "ao vencedor, as batatas", Cameron podia tudo porque era capaz de fazer explodir as bilheterias mundiais.

Mas calma lá, cara pálida, uma incoerência desse tamanho, você acredita que passaria despercebida? O general americano, vilão? As companhias americanas que extraem minério debaixo das florestas tratadas como o império das sombras? Alto lá. Devagar com o andor, mister Cameron.

Aí, alguém chegou correndo com um DVD na mão. Vocês viram esse filme da ex-mulher do Cameron? Não, ninguém viu? Então vejam. É sensacional. Ao contrário de Avatar, nesse DVD aqui o soldado americano é o herói. Aliás, mais que herói, ele é um santo que arrisca sua própria vida para salvar iraquianos inocentes. Jura? Temos esse filme aí? Sim, o pitbull americano é humanizado e glamourizado, mais que isso, ele é santificado.

Então há tempo.

Guerra ao Terror estreou no Festival de Veneza há dois anos. Por acaso eu estava lá como roteirista de Terra Vermelha, do diretor italiano Marco Bechis, e fui testemunha ocular da história. O filme da diretora Kathryn Bigelow foi absolutamente desprezado pelos jornalistas e pelo público. E seguiu assim. Indo direto ao DVD, em muitos países, sem passar pelas salas de cinema. Até ser resgatado pela indústria americana como um trunfo necessário para contestar Avatar e reverenciar a máquina de guerra e o sacrifício de tantos jovens americanos mortos e decepados em campo de batalha.

Trabalhando num projeto para o mesmo diretor italiano, que pretendia fazer um filme sobre os viciados em guerra no Iraque, eu pesquisei o assunto durante alguns meses. Tudo muito parecido com o filme de Bigelow, exceto por um detalhe. O detalhe é que os soldados americanos que se tornam dependentes da adrenalina da guerra tornam-se assassinos compulsórios e não salvadores de vidas. O sintoma dos viciados em guerra é atirar em qualquer coisa que se mexa, tratar a realidade como videogame e lidar com armas e balas de verdade como um brinquedo erótico. Se Guerra ao Terror representasse nas telas essa dimensão da realidade, seria um filme sensacional, mas não teria levado o Oscar, podem apostar.

Guerra ao Terror venceu o Oscar porque, como nos filmes de forte apache, transforma os assassinos que dizimam outras culturas em heróis santificados. A cena extremamente longa e minimalista em que os jovens soldados americanos em situação desprivilegiada combatem no deserto os iraquianos é o que, se não uma cena clássica de caubóis cercados por apaches? Sem nenhuma surpresa para filmes desse gênero, os garotos americanos vencem, matam os iraquianos sem rosto, como os caubóis faziam com os apaches no velho-oeste. A cena do garoto iraquiano morto, com uma bomba colocada dentro do corpo por impiedosos iraquianos, que literalmente matam criancinhas, tem a sutileza de um elefante numa loja de cristais. Propaganda baratíssima da máquina de guerra.

No filme de Cameron, os na"vi azuis podem ser os apaches que derrotam o general e expulsam a cavalaria americana. Mas isso é apenas uma ficção. Na vida real do Oscar, a cavalaria precisa continuar massacrando os apaches.

Luiz Bolognesi é roteirista de filmes como Bicho de Sete Cabeças e Chega de Saudade


ELES VENCERAM

FILME
Guerra ao Terror
DIREÇÃO
Kathryn Bigelow
ATOR
Jeff Bridges
ATRIZ
Sandra Bullock
ATOR COADJUVANTE
Christoph Waltz
(Bastardos Inglórios)
ATRIZ COADJUVANTE
Mo"Nique (Preciosa)
FILME ESTRANGEIRO
O Segredo dos Seus Olhos
ROTEIRO ORIGINAL
Guerra ao Terror
ROTEIRO ADAPTADO
Preciosa
DOCUMENTÁRIO
The Cove
MONTAGEM
Guerra ao Terror
FOTOGRAFIA
Avatar
TRILHA
Up - Altas Aventuras
EFEITOS VISUAIS
Avatar
CANÇÃO
The Weary Kind (Coração Louco)
DIREÇÃO DE ARTE
Avatar
FILME DE ANIMAÇÃO
Up - Altas Aventuras
CURTA DE ANIMAÇÃO
Logorama
CURTA DOCUMENTÁRIO
A Música de Prudence
CURTA DRAMÁTICO
The New Tenants
MAQUIAGEM
Star Trek
FIGURINO
A Jovem Rainha Vitória
EDIÇÃO DE SOM
Guerra ao Terror
MIXAGEM DE SOM
Guerra ao Terror

Porque Guerra ao Terror venceu Avatar na disputa pelo Oscar 2010
update: salvado aí embaixo:


Avatar é clichê mas responde tudo


Arquivos confidenciais-Pandora
 
Última edição:
Concordo.Recado dado de toda forma. A reação cinematográfica e popular ao Avatar tem tudo e mais um pouco a ver com os motivos em função dos quais o Senhor dos Anéis ( como filme e livro) é criticado em vários locais e círculos sob a falsa acusação de encorajar o "fantasismo" e o "escapismo" visto como coisa pejorativa.

Sendo que e apesar de que uma similaridade entre os dois é justamente a tendência de colocar numa roupagem "popular" e acessível ao grande público grandes questões de fundo moral, filosófico, político e até teológico complexas e importantes para o mundo contemporâneo.

Tolkien e o Avatar de Cameron.

O muito que os dois têm em comum e pq está meio que esmiuçado aí no texto no link acima.

E só pra deixar bastante claro porque esse fato é pouquíssimo conhecido no Brasil: Tolkien no Senhor dos Anéis é criticado severamente por diversos colegas fantasistas e críticos influentes por ter perpetuado diversos clichês que já eram tidos como tais quando o livro foi publicado em 1954 e 1955. O SdA tem uma multitude de qualidades que qualquer fã como eu e vcs reconhecemos, mas devemos admitir a verdade: ausência de clichês nunca foi uma delas, mesmo que muitos dos famigerados clichês da fantasia , na verdade, tenham sido codificados pelo SdA e não , meramente, reproduzidos servilmente por ele.

Tanto é que, do mesmo jeito que apelidaram o Avatar de Smurfs no Espaço", o Michael Moorcock ( escritor influentíssimo de fantasia/sf em inglês) também apelidou o SdA, derrogatoriamente, de "Ursinho Puff Épico"e isso, sintomaticamente, no ano em que o livro virou filme animado do Ralph Bakshi, em 1978.

Caras como Harold Bloom e Moorcock parecem se esquecer de algo muito importante: os clichês da velha geração sempre são em alguma medida novidades e experiências inéditas para espectadores das novas , sempre tem uma primeira vez para alguém travar contato com o clichê, a narrativa tradicional com seus tropes, artifícios e códigos. Para muitos a sensação de desfrutar de Avatar foi algo similar ao que pessoas da minha geração experimentaram com Star Wars.

RJTue 12/22/09 9:23 PM

It’s hard to be impartial with a question like that. When it came out, a lot of people said that the characters and story of A New Hope were just archtypes and cliches (like we haven’t seen the young-man-heroes-journey, the heart-of-gold-scoundrel and spunky female lead before!). But that didn’t matter – the film still swept us away and stayed with us as we grew up. Now people are saying the same about Avatar – nothing new about the characters or story, but nevertheless a breakthrough for our cinematic senses. I’m not sure you’ll find any thirty-somethings out there who will choose Avatar over our childhood memories of Star Wars (myself included) but that doesn’t mean that a similar reaction on the part of our children, to Avatar, is not understandable. We can’t see it because we’re not 7 anymore, but that doesn’t make their reactions any less genuine.


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Olha, eu por mim, creio que o mundo de Tolkien é um mundo paralelo ao que temos, como ele diz no prólogo de SdA Parte Um, Eles vivem num mundo como o nosso, mas menos desenvolvido, pois eles preferem assim, por isso se chama Terra-Média. Acredito que Tolkien tenha tido um sonho, ou uma visão desse mundo paralelo. Eu amo esse lugar, por isso acredito em seus seres.:obiggraz:
 
Na verdade a terra media é a europa,africa e asia, o que aconteceu é que os elfos partiram os anões desapareceram e os hobbits são muito discretos. Mas se vc quiser procurar ainda tem o maglor andando pelas praias da europa ele é o unico elfo ao acho que ainda tá por ai.
 
Não tiro a razão de todos aí pra cima.
Relendo o Silma, após 5 anos, é realmente impossível não crer que tudo aquilo é real. A história é muito perfeita!

E se Tolkien teve uma visão... bom, todos os escritores também funcionam assim!
 
Todas as filosofias espiritualistas dizem que o mundo "real", este aqui que nós vemos, é uma ilusão, e a prova disso é que morremos.

O professor Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore diz numa de suas frases:
"É claro que esta acontecendo tudo em sua mente, Harry, mas por que significaria não ser real?"

Se este mundo é "maya", ilusão, então os outros mundos de ilusão podem ser reais.8-O
Quem vai dizer que não?
Só por que não vemos?
Só por quê meu vizinho não acredita nele? :blah:

O "Big Fish" que o diga..:yep:
 
Nas estendidas Peter Jackson fala exatamente isso para o pessoal que iria ajudá-lo no filme (não com essas palavras): "para mim tudo é real e vocês também devem ver a Terra-Média assim, para podermos criar uma Terra-Média crível etc".

Não vejo nenhum problema em vermos a Terra-Média assim, é um mundo com tantos detalhes que corria risco de Tolkien cometer algum deslize nesses detalhes, então mereece ser um mundo crível para todos que amam e cultuam a Terra-Média.
 
Nas estendidas Peter Jackson fala exatamente isso para o pessoal que iria ajudá-lo no filme (não com essas palavras): "para mim tudo é real e vocês também devem ver a Terra-Média assim, para podermos criar uma Terra-Média crível etc".
Ele disse para equipe que não era para encarar tudo aquilo como fantasia, mas como um romance histórico real. Que era para criarem tudo, como se tivesse realmente acontecido e que eles eram muito sortudos, porque iriam gravar não com atores, mas com os personagens reais e não em sets e locações, mas nos lugares reais onde tudo aquilo aconteceu. Por isso, tudo tinha que ser extremamente real nos filmes.

Claro que o discurso dele foi muito mais bem elaborado que isso que eu disse. E eu achei genial!!!
 
Eu não sei. Eu gosto de ler o livro pensando que aquilo é real, verdadeiro. Mas é claro que sabemos que é uma história, inventada por um gênio. Apesar disso, sei que Tolkien era uma pessoa espiritual (ou religiosa se quisermos banalizar o termo), assim como eu, por isso, algumas vezes enquanto leio, não dá pra não pensar de que ele trata o mundo de 'O Senhor dos Anéis', como se fosse um mundo espiritual. Um mundo que existe, mas em outra dimensão. Diversa da nossa. Não sei ao certo, é o que sinto às vezes.
 
sei que Tolkien era uma pessoa espiritual (ou religiosa se quisermos banalizar o termo)
Tolkien não era "espiritual". Era religioso mesmo, sem nenhuma banalização do termo. Aliás, acredito muito que ele lhe daria um sermão sobre religiosidade caso ouvisse algo do tipo. Ele era católico dos mais fervorosos, inclusive converteu C. S. Lewis, que era ateu, ao catolicismo.


não dá pra não pensar de que ele trata o mundo de 'O Senhor dos Anéis', como se fosse um mundo espiritual. Um mundo que existe, mas em outra dimensão. Diversa da nossa.
Pelo contrário, eu já percebo que Tolkien tratava o mundo que criou como um passado que realmente existiu. Não era um mundo espiritual à parte, mas um passado real. O modo como ele fala de suas criações em entrevistas e nas Cartas, é sempre um relato visto por fora, nunca como uma criação que saiu de sua mente. E isso deixa tudo ainda mais gostoso de se ler e viver!
Nas palavras do próprio Tolkien, em uma entrevista à BBC: "A maioria das pessoas comete este engano de pensar na Terra Média como é um tipo particular de Terra de outro planeta ou do tipo de ficção científica, mas é apenas um antigo nome para este mundo onde nós vivemos cercados pelo mar."
 
Pra variar, nesses casos, sabem o que eu acho? O "sim e não élfico" pras posições dos dois.

Como Tolkien mesmo disse: "Aman e Erëssea continuam a existir no modo do Mundo como feito originalmente" e indivíduos como Glorfindel e,concebivelmente, outros como Galadriel, de certa forma, viviam e agora não mais, dentro e fora do Mundo "diminuído", nos dois mundos em que vivemos agora. Mesmo a forma física do continente da Terra-Média teria virado a Eurásia, ou sabe-se lá o quê teria mesmo acontecido no fim da Quinta Era ou whatever ( devemos lembrar: Tolkien não definiu por A mais B o que foi que houve, o que está na introdução do SdA, ou mesmo em entrevistas, não é, necessariamente, TODA a verdade ou o que Tolkien pensava no fim da fase revionista da Mitologia dele.

O fato é que não é a toa que Tolkien chamou Erëssea e Aman de Otherworld ( no poema de Eärendil no SdA) , o nome dado ao Outro Mundo Celta.

Então, com o perdão da intromissão, acho que tanto vc, Snaga, quanto você, Arwenlúthien, estão com parte da razão e que suas opiniões se contradizem mas se complementam também.

Thus, swifter or slower, yet ever inescapably, the far-sundered kindreds of the Quendi were sundered also in speech: the Avari from the Eldar; and the Teleri from the other Eldar; and the Sindar, who abode in Middle-earth, from the Teleri that came at last unto Aman; and the Exiles of the Noldor from those that remained in the land of the Valar. And so still it goes in Middle-earth. Yet long since, Ælfwine, the fashion of the World was changed; and we that dwell now in the Ancient West are removed from the circles of the World, and in memory is the greater part of our being: so that now we preserve rather than make anew. Wherefore, though even in Aman – beyond the circles of Arda, yet still with Eä – change goes ever on, until the End, be it slow beyond perceiving save in ages of time, nonetheless here at last in Eressëa our tongues are steadfast; and here over a wide sea of years we speak now still little otherwise than we did – and those also that perished – in the wars of Beleriand, when the Sun was young.

lmarinen
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Re: A antiga Arda era redonda?
Bom parece que aí tudo depende do sentido que a gente pode atribuir pra palavra "plano".

Sabemos que a tendência final do Tolkien na criação do Legendarium era descartar idéias como a da Arda Plana feita redonda na Mudança do Mundo, assim como a concepção inicial sobre o Sol e a Lua (Mitos Transformados).

Então, presumivelmente, a noção de que Aman e Tol Eressëa podiam estar,simplesmente, "boiando" além de um trecho de vácuo do espaço sideral, como o texto do Akhalabeth dá a entender, parece ter sido abandonada tb.

Mas o Tolkien não gostava da noção de que poderiam existir outros universos no seu Legendarium, então, a idéia de que Aman estaria em outra dimensão tb não se aplica.

O Tolkien fala no texto Dangweth Pengolodh do HoME XI que Aman está "além dos Círculos do Mundo mas ainda dentro de Eä" , do Universo, nosso Continuum.

Yet long since, AElfwine, the fashion of the World was changed; and we that dwell now in the Ancient West are removed from the circles of the World, and in memory is the greater part of our being: so that now we preserve rather than make anew. Wherefore, though even in Aman - beyond the circles of Arda, yet still with Eä - change goes ever on,


Ele tb fala que "a exata natureza da existência em Aman e Tol Erëssea deve ser dúbia e inexplicada" (texto sobre a Reeencarnação dos elfos).

Então, a situação de Aman parece ser meio análoga com a Avalon da Marion Zimmer Bradley. Ela (Avalon) ainda faz parte do nosso mundo e é um reflexo da ilha de Glastonbury ( ou vice-versa) mas não está exatamente em sincronia com o fluxo do Espaço-Tempo "normal". Nesse sentido, o termo aplicável é "dimensão de bolso" e pode em certo sentido ser entendida como "outro plano" embora não sendo outro universo. E não foi pra menos que Tolkien deixou o porto de Tol Eressëa batizado de Avalónnë ( o nome original da ilha era Avallon mesmo).



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O status de "dimensão de bolso" do mundo de Faëria comentado no Noites sem Fim de Neil Gaiman com arte de Miguelanxo Prado.


Uma última passagem do “Reencarnação dos Elfos” deve ser mencionada. Em uma espécie de “à parte” do curso de seus pensamentos, movendo-se (ainda) mais rapidamente do que sua caneta, meu pai anotou que “a exata natureza da existência em Aman ou Eressea após suas ‘remoções’ deve ser dúbia e inexplicada”, da mesma forma que a questão sobre “como ‘mortais’ poderiam ir até lá, de qualquer forma”. Sobre isto ele observou que Eru tinha “muito antes” deixado os Mortos dos mortais sob responsabilidade de Mandos
Resumindo: o Tolkien nunca poderia realmente explicar usando unicamente a linguagem do mito o que , de fato, teria ocorrido com Aman em termos de Física da Relatividade sem usar uma linguagem mais próxima da ficção científica.

http://educar.sc.usp.br/licenciatura...lhos/relat.htm

É uma situação análoga com a do assim chamado "transe" de Melian e Thingol , eu , pessoalmente, não acho que o Tolkien quis dizer que os dois ficaram MESMO paralisados olhando um pro outro, embevecidos e alheios à passagem do tempo , no meio de uma clareira, sem ninguém , nem nada, encontrá-los ou perturbá-los durante sei lá quantos anos, tomando sol, chuva , neve e tudo o mais, mas não haveria maneira dele explicar a coisa deixando um clima de mito e fantasia , então, lances feito esse na mitologia são feitos mesmo pra ficarem sem explicação.

Espero que isso dê uma mão.
__________________
So great is the bounty with which he has been treated that he may now, perhaps, fairly dare to guess that in Fantasy he may actually assist in the effoliation and multiple enrichment of creation.

Tolkien no ensaio "On Fairy Stories"
Edição mais recente por Ilmarinen : 21-10-2009 em 20:54
 

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C.S.Lewis não era protestante? Aman e Eressea passam a ser chamados assim por causa do evento no final segunda era né? Uma pergunta Maglor continua andando por ai ou ate ele mesmo foi pra aman?
 
Pergunta aberta a interpretações. Consenso geral é que Maglor dá uma de "judeu errante". Fica vagando por eras a fio. Eu recomendaria a leitura do fanfic da Ithilwen que mostra o reencontro de um reencarnado Maedhros com um recém-chegado Maglor mais ou menos no nosso presente.
 
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Pra variar nesses casos, sabem o que eu acho? O "sim e não élfico" pras posições dos dois. Como Tolkien mesmo disse, "Aman e Erëssea continuam a existir no modo do Mundo como feito originalmente" e indivíduos como Glorfindel e ,concebivelmente, outros como Galadriel, de certa forma, viviam e agora não mais, dentro e fora do Mundo "diminuído" nos dois mundos em que vivemos agora. Mesmo a forma física do continente da Terra-Média teria virado a Eurásia, ou sabe-se lá o quê teria mesmo acontecido no fim da Quinta Era ou whatever ( devemos lembrar Tolkien não definiu por A mais B o que foi que houve o que está na introdução do SdA ou mesmo em entrevistas não é necessariamente TODA a verdade ou o que Tolkien pensava no fim da fase revionista da Mitologia dele.

O fato é que não é a toa que Tolkien chamou Erëssea e Aman de Otherworld ( no poema de Eärendil no SdA) , o nome dado ao Outro Mundo Celta.

Então, com o perdão da intromissão, acho que tanto vc, Snaga, quanto você, Arwenlúthien, estão com parte da razão e que suas opiniões se contradizem mas se complementam também.



Levando-se em consideração Aman e Eressea, que hoje estão fora dos Círculos do Mundo, então sim, existe hoje, enquanto a história é apenas relatada, um quê de mundo espiritual em Arda. Afinal, após o fim da Segunda Era, Aman se torna, numa comparação judáico-cristã, como um Paraíso para além deste mundo físico. Ou, na comparação celta que você citou, o "outro mundo".

Mas dentro da Obra (não apenas no relato feito hoje), a idéia de um mundo espiritual cai por terra, pois Aman e Eressea realmente existiram dentro deste "mundo real", bem ao lado da Terra-média.

Edit.: não conhecia esse tópico da Brumas x SdA. Valew pela dica!
 
mas aman ainda está nesse mundo, não é acessivel aos homens. Se fossemos elfos poderiamos ir pra lá hahaha.
 

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