Mercúcio
Usuário
Iniciei a leitura de "O Tribunal da Quinta-Feira", do Michel Laub.
Tenho me interessado bastante por discussões que digam respeito à nossa relação com as redes sociais. E esse livro do Laub entrega uma dessas facetas, passando pela discussão sobre privacidade, sobre a relação público/privado, sobre linchamentos morais no tribunal da internet.
Como fio condutor subjacente, o livro tematiza a epidemia de AIDS.
Em suma, um publicitário, na casa dos 43 anos, troca e-mails com um amigo, homossexual assumido e soropositivo. A amizade dos dois sempre foi marcada pelo recurso a um senso de humor politicamente incorreto, em um tom sempre hiperbólico e espírito-de-porco. Logo, fora desse contexto de intimidade entre eles, esses e-mails, que tratam de sexo, casamento, traição, drogas e etc, soariam muito mal.
Pois bem. Acontece que o casamento deste publicitário vai para o ralo e, antes mesmo de sair de casa, ele já tinha uma amante de apenas 20 anos. Após ele sair de casa, a esposa consegue acessar o e-mail dele, lê todas essas conversas, faz uma seleção dos trechos mais escandalosos, e manda pra um punhado de amigas. Em suma, a coisa viraliza e a internet, é claro, quer sangue.
Gostando bastante. Mal consegui largar o livro durante o feriado de carnaval. O Laub conseguiu um efeito interessante: um narrador antipático, às vezes até repulsivo, porém inteligente, irônico, provocativo. Diante do tribunal dos puros, que hipocritamente habita as redes, este narrador - que não quer posar como um santo ou como um Senhor Virtude - coloca em questão a desproporcionalidade com que os envolvidos são tratados em razão de conversas privadas, que foram editadas e tiradas de contexto.
Tenho me interessado bastante por discussões que digam respeito à nossa relação com as redes sociais. E esse livro do Laub entrega uma dessas facetas, passando pela discussão sobre privacidade, sobre a relação público/privado, sobre linchamentos morais no tribunal da internet.
Como fio condutor subjacente, o livro tematiza a epidemia de AIDS.
Em suma, um publicitário, na casa dos 43 anos, troca e-mails com um amigo, homossexual assumido e soropositivo. A amizade dos dois sempre foi marcada pelo recurso a um senso de humor politicamente incorreto, em um tom sempre hiperbólico e espírito-de-porco. Logo, fora desse contexto de intimidade entre eles, esses e-mails, que tratam de sexo, casamento, traição, drogas e etc, soariam muito mal.
Pois bem. Acontece que o casamento deste publicitário vai para o ralo e, antes mesmo de sair de casa, ele já tinha uma amante de apenas 20 anos. Após ele sair de casa, a esposa consegue acessar o e-mail dele, lê todas essas conversas, faz uma seleção dos trechos mais escandalosos, e manda pra um punhado de amigas. Em suma, a coisa viraliza e a internet, é claro, quer sangue.
Gostando bastante. Mal consegui largar o livro durante o feriado de carnaval. O Laub conseguiu um efeito interessante: um narrador antipático, às vezes até repulsivo, porém inteligente, irônico, provocativo. Diante do tribunal dos puros, que hipocritamente habita as redes, este narrador - que não quer posar como um santo ou como um Senhor Virtude - coloca em questão a desproporcionalidade com que os envolvidos são tratados em razão de conversas privadas, que foram editadas e tiradas de contexto.
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