Em 1970, Marin pediu para ditadura intervir na seleção que ganharia o tri
“Folha de S. Paulo'', 14 de abril de 1970
Às vésperas da Copa de 70, o então vereador José Maria Marin, hoje preso na Suíça, conclamou o governo a intervir na seleção brasileira que meses mais tarde conquistaria o tricampeonato mundial de futebol.
Corria abril de 1970, e Marin exibia crachá de filiado à Arena, o partido oficial da ditadura.
Desde o mês anterior, quando o técnico João Saldanha fora derrubado, a seleção era dirigida por Zagallo. O ministro da Educação, a quem o vereador reivindicou a intervenção, era Jarbas Passarinho. Coronel do Exército, Passarinho havia sido em 1968 um dos signatários do Ato Institucional 5, que restringiu ainda mais as liberdades e ampliou a repressão política.
A notícia reproduzida no alto foi publicada na “Folha de S. Paulo'' em 14 de abril de 1970 e, agora, resgatada na
página “Recicla CBF'', no Facebook.
De 2012 a 2015, Marin presidiu a CBF, sucessora da CBD. Em seu discurso na Câmara Municipal de São Paulo, em 1970, Marin atacou, sem citá-lo, o presidente da CBD, João Havelange. Uma de suas críticas alvejava a seleção “formada na base de um clube do Rio'' _referia-se ao Botafogo.
Marin afirmou: “[…] Faltando poucos meses para o início do Campeonato Mundial, a seleção apresenta uma verdadeira caricatura daquilo que foi o nosso futebol''.
Ele não bradou por intervenção na Confederação Brasileira de Desportos, e sim na “seleção brasileira de futebol''. Seu apelo foi ignorado por seu correligionário Passarinho.
Em 1969, sob a batuta de Saldanha, o Brasil disputara seis partidas pelas Eliminatórias da Copa. Ganhou todas.
Na competição do México, triunfaria com um dos melhores times de todos os tempos.
O pedido de Marin escancarava duas características do vereador:
1) entendia pouco de futebol;
2) a convicção de que, se as coisas não andassem como queria, a saída era convocar a ditadura para se impor pela força.
O Marin de 1970 não mudaria muito nas décadas vindouras. Em 1975, pregou contra o jornalismo da TV Cultura, dirigido por Vladimir Herzog. Em seguida, Herzog foi assassinado na tortura.
Mais adiante, Marin seria banido da Fifa, bem como Havelange.