Ou o futebol acaba com a CBF, ou a CBF acaba com o futebol
Os ratos estão abandonando o navio.
Primeiro foi Ricardo Teixeira, capo da CBF, recolhido a uma aposentadoria milionária numa mansão em Miami, fugindo de uma penca de processos.
Depois foi José Maria Marin, sucessor de Teixeira na CBF, preso na Suíça por corrupção.
O seguinte foi Sepp Blatter, chefão da FIFA, que abriu mão da presidência, sabendo que o FBI vai bater à sua porta a qualquer momento.
O próximo a cair deve ser Marco Polo Del Nero, atual manda-chuva da CBF, que já articula, nos bastidores, sua saída, enquanto também aguarda a iminente visita do FBI.
Se Del Nero sair, o estatuto da CBF diz que seu sucessor será o vice-presidente mais velho, que no caso é Delfim Peixoto Filho, chefão da Federação Catarinense de Futebol há 30 anos, onde emprega a nora e o filho, que foi preso por tráfico de quando já trabalhava na federação, passou um ano na cadeia, teve o julgamento anulado por uma tecnicalidade e voltou a trabalhar na federação. Tudo gente fina. Nos bastidores, Del Nero manobra para mudar o estatuto e poder escolher seu sucessor.
Nunca existiu, e talvez nunca venha a existir, um momento tão propício para que as pessoas realmente interessadas na melhoria de nosso futebol - os torcedores e os clubes - aniquilem o poder da CBF e das federações estaduais. Nem a Bancada da Bola - os congressistas pagos pela CBF - teria, hoje, poder político para defender a entidade.
É perfeitamente possível fazer campeonatos sem a CBF e sem as federações, mas é impossível fazê-lo sem clubes e sem ninguém para assistir.
Semana passada, Del Nero fez uma reunião de emergência com seus apaniguados para tentar manter-se no poder. Segundo a “Folha”, a CBF paga um “mensalinho” de 50 mil reais por mês para comprar a fidelidade de entidades estaduais.
Isso rende para a CBF, por exemplo, o apoio de Zeca Xaud, há 40 anos no comando da poderosa Federação de Futebol de Roraima, onde o futebol ainda é amador. E vale lembrar que, na eleição da CBF, o voto de Roraima tem o mesmo peso do voto da Federação Paulista ou Carioca (não que essas federações sejam muito diferentes da federação de Roraima em termos de esculacho e incompetência).
Mas não é assim que todos eles se mantêm no poder há tanto tempo? Com os votos dos amigos e facilmente corrompíveis? É o mesmo sistema da FIFA, onde Blatter se elege, ano após ano, com votos de países da África, América do Sul e Central?
É preciso acabar com o domínio desses burocratas corruptos e incompetentes. Não é possível que os clubes deixem esse momento passar. Formem logo a maldita Liga, implodam o sistema vigente, e vamos começar nosso futebol do zero.
Ninguém é Poliana para achar que dirigente de clube brasileiro é santinho. Mas são os clubes que mais sofrem nas mãos dessas federações. No último campeonato carioca, uma competição vagabunda e deficitária, a FERJ, chefiada por uma figura sombria chamada Rubinho, faturou mais que os clubes. Não faz sentido.
Só para usar um batidíssimo clichê: está na hora de os clubes deixarem divergências de lado e se unirem. Porque se a CBF e as federações sobreviverem a esse maremoto, não morrem mais. Viram imortais, como José Sarney, cujo filho, Fernando, há 22 anos na CBF, é um nome forte para assumir a entidade, caso Del Nero saia.
Que os deuses do futebol nos protejam.
Fonte:
http://entretenimento.r7.com/blogs/...-a-cbf-ou-a-cbf-acaba-com-o-futebol-20150608/