Essa questão da obrigação da leitura é bastante discutida no meu curso, Licenciatura em Letras.
Gostaríamos que as crianças lessem mais, entretanto, essa prática depende do ambiente familiar de cada indivíduo. Eu cresci vendo meu pai ler. Leio muito desde pequena. Agora, quem vem de uma família que não preza essa prática, tem menos probabilidade de pegar num livro por conta própria.
Entrando em outra questão, o modo como a literatura é tratada nas escolas de ensino fundamental e médio é ultrapassada e não surte efeito. Por que?
Porque é excluída da análise do livro o contexto social da época em que a obra foi escrita. Esse é um dos grandes pecados da escola.
Acabamos lendo livros sem contextualizá-los, o que torna mais difícil a compreensão e, por conseguinte, o prazer de ler.
Acredito que deve ser feita uma grande reformulação no modo como a escola encara a literatura. Literatura não é apenas livros. É toda uma situação em que o autor está inserido. O livro pode ser ficcional, mas ele reflete o mundo, pois as pessoas, a sociedade, são o mundo onde o autor caminha.
Na minha opinião, a literatura deve ser "ensinada" junto com a história. Assim, compreendendo a situação temporal do livro, a leitura vai lentamente deixando de ser uma obrigação.
E ter que responder formulários sobre as obras lidas é o pior modo de pensar em leitura. Livro é mais que isso, é mais que perguntas e respostas, nomes de personagens e acontecimentos.
Cada indivíduo compreende um livro de uma forma própria. A interpretação deve levar em consideração todo o mundo em que o indivíduo está, assim como o autor.
Leitores diferentes, interpretações diferentes.
Épocas diferentes, interpretações diferentes.
Quando fui "obrigada" a ler A Suavidade do Vento para o colégio, eu detestei tanto o livro que não terminei de ler e o joguei debaixo da cama. Meses depois, peguei o livro lá de baixo e li novamente. Hoje, ele é um dos meus livros preferidos. Porque eu quis ler. E não tinha obrigação nenhuma em decorar nomes e outras coisas. Eu não tinha que responder nada, apenas responder e fazer as minhas próprias perguntas acerca da obra. Ninguém ia me cobrar nada, por isso que eu gostei.
Acredito que as próximas gerações estarão mais preparadas, por terem pais que lêem mais e têm mais conhecimento, informação. Sempre há esperança para o futuro