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Cite um trecho do livro que você está lendo! [Leia o 1º post]

  • Criador do tópico Criador do tópico Anica
  • Data de Criação Data de Criação
"O velho caiu de joelhos. As suas superstições eram mais antigas do que o tempo e o Cristianismo mal lhes tinha tocado. Acreditava que havia duendes na floresta e gigantes na bruma. Sabia que existiam dragões. Ouvira falar de homens, de pele negra, que habitavam a Lua e que caíam na terra quando aquela encolhia, tomando a forma de foice. Tinha a certeza de que os fantasmas caçavam por entre as árvores. Conhecia tudo isto tão bem como os freixos, os lariços, os carvalhos e as faias, e não duvidava de que tivesse sido o demónio a cuspir a flecha estranhamente longa que saíra da moita."
(A Busca do Graal Vol. 1: O Arqueiro - Bernard Cornwell)
 
"Na escola, nas aulas de matemática, aprendemos fórmulas e teoremas com nomes de homens: Pitágoras, Tales, Bhaskara. Em física, Arquimedes, Newton, Einstein. Em química aprendemos o diagrama de Linus Pauling, as teorias de Dalton, Thomson, Rutheford, Bohr. Em história passamos por Tutancamon, Júlio Cesar, Pedro Álvares Cabral, Robespierre, Danton, Napoleão, Hitler, Roosevelt, Obama. Em geografia nos apresentaram Humboldt, a teoria demográfica de Thomas Malthus, Milton Santos na geografia do Brasil e os relevos de Aziz Ab Saber. Nas aulas de literatura lusófona começamos com Gil Vicente, depois passamos por Camões, Almeida Garrett, Eça de Queiroz, Castro Alves, Machado de Assis, Raul Pompeia, Olavo Bilac, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto. Como esperar que as meninas acreditem, de fato, que podem ocupar as mesmas posições que os meninos? Umas pinceladas de Cleópatra, Marie Curie e Rachel de Queiroz são capazes de reverter esse quadro?"​

(Mulheres não são chatas, mulheres estão exaustas — Ruth Manus).
 
"- Todos odeiam os ingleses, sabes? Os franceses odeiam-vos, os bretões odeiam-vos, os escoceses odeiam-vos, toda a Cristandade vos odeia e sabeis porquê? Porque adorais combater! É verdade! Toda a gente sabe que os ingleses são assim. E tu? Não tens necessidade de combater hoje, esta luta não é tua, mas mal podes esperar para ir, para matar de novo!"
(A Busca do Graal Vol. 2: O Andarilho - Bernard Cornwell)
 
Embora tenhamos saído das histórias de nossa infância, as atualizações ficam à espreita na idade adulta. Não escolhemos como vamos nos sentir, mas podemos observar quase em todos os lugares como nos comportamos nesse sentido. Bridget Jones, a heroína solteira do novo milênio, apresentou uma espécie de modelo. Ela senta-se de pijama infantil com pipoca e uma caneca cheia de vinho Chardonnay no tapete da sala e canta alto All by my se-e-elf sozinha no apartamento.

Lá está ela. A mulher solteira em seu habitat natural. Tudo o que falta é Jacques-Yves Cousteau, que explica a vida dela na narração em off: “O que vemos aqui é uma fêmea solteira. Quando um macho se aproxima dela, ela fica muito amigável. Voluntariamente entrega todos os seus suprimentos e se limpa toda vez que o macho desvia o olhar”.

A mulher solteira ainda é criança, o que fica claro em seu pijama de pinguim. Mas ela também está cheia de anseios adultos causados pela busca do amor. É possível lê-los em seu diário, o diário para o qual ela confidencia o tamanho do amor que sente. Essa lacuna, ela preenche com álcool e cigarro e anota todos os dias como funcionou bem: “Álcool: 5 unidades (não tão boas), cigarros: 48 (não foram diferentes), pensamentos negativos: 942 (estimados, por minuto), minutos em que contei os pensamentos negativos: 127 (aproximadamente)”.

“Vou ficar sozinha. Em algum momento vão encontrar meu cadáver devorado pelo cachorro no apartamento”. Bridget Jones tem humor. Mas também tem medo.

E com razão.
Em 21 de março de 2018, a manchete do jornal britânico Daily Mail foi: “Filha solteira mais velha vivia com o corpo apodrecido de sua mãe acumuladora de 87 anos.” Como é solteira, ela continua sendo filha, não se torna mulher, como se a vida adulta lhe fosse negada. (grifo meu).

(Mulher, solteira e feliz — Gunda Windmüller).
 
Comecei a ler agora no trabalho:

"As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte."
Os Lusíadas- Luís de Camões

Achei bem do caralho, pretendo terminar até o final de semana.
 
A Literatura nos fazendo sentir menos sozinhos com nossas nóias 🤧

FROM SEPTEMBER last year, I did nothing else but wait for a man: for him to call me and come round to my place. I would go to the supermarket, the cinema, take my clothes to the dry cleaner’s, read books, and mark essays. I behaved exactly the same way as before but without the long-standing familiarity of these actions I would have found it impossible to do so, except at the cost of a tremendous effort. It was when I spoke that I realized I was acting instinctively. Words, sentences, and even my laugh, formed on my lips without my actually thinking about it or wanting it. In fact I have only vague memories of the things I did, the films I saw, the people I met. I behaved in an artificial manner. The only actions involving willpower, desire, and what I take to be human intelligence (planning, weighing the pros and cons, assessing the consequences) were all related to this man:

reading newspaper articles about his country (he was a foreigner)

choosing clothes and make-up

writing letters to him

changing the sheets on the bed and

arranging flowers in the bedroom

jotting down something that might interest him, to tell him next time we met

buying whisky, fruit, and various delicacies for our evening together

imagining in which room we would make love when he arrived.


In the course of conversation, the only subjects that escaped my indifference were those related to this man, his work, the country he came from, and the places he’d been to. The person speaking to me had no idea that my sudden interest in their conversation had nothing to do with their description or even the subject itself, but with the fact that one day, ten years before I met him, A had been sent to Havana on an assignment and may have set foot in that very night club, the “Fiorendito,” which they were describing in minute detail, encouraged by my attentive listening. In the same way, when I was reading, the sentences that made me pause were those concerning a relationship between a man and a woman. I felt that they could teach me something about A and that they lent credibility to the things I wished to believe. For instance, reading in Vassili Grossman’s Life and Fate that “people in love kiss with their eyes closed” led me to believe that A loved me since that was the way he kissed me. After that passage, the rest of the book returned to being what everything else had been to me for a whole year—a means of filling in time between two meetings.

I had no future other than the telephone call fixing our next appointment. I would try to leave the house as little as possible except for professional reasons (naturally, he knew my working hours), forever fearing that he might call during my absence. I would also avoid using the vacuum cleaner or the hairdryer as they would have prevented me from hearing the sound of the telephone. Every time it rang, I was consumed with hope, which usually only lasted the time it took me slowly to pick up the receiver and say hello. When I realized it wasn’t him, I felt so utterly dejected that I began to loathe the person who was on the line. As soon as I heard A’s voice, my long, painful wait, invariably tinged with jealousy, dissipated so quickly that I felt I had been mad and had suddenly become sane again. I was struck by the insignificance of that voice and the exaggerated importance it had taken in my life.

de "Simple Passion", Annie Ernaux.
 
Esqueci de citar aqui enquanto eu ainda estava lendo, mas ficou guardado no bloco de notas rs:

"Devo muito à literatura estrangeira, principalmente à francesa. [...] O grande trio da literatura francesa, Stendhal, Balzac e Flaubert, exerceu sobre mim uma autêntica e profunda influência educativa como escritor, e recomendo insistentemente aos principiantes que leiam esses autores; são grandes artistas de gênio e os maiores mestres da forma; a literatura russa não produziu ainda escritores de tal excelência."
—Máximo Górki, Como aprendi a escrever.
 
Só não entendi o itálico no nome do cara.
Terá sido pra dar ênfase? Ou mero deslize?

No mais, a pergunta que se impõe:
de onde você tirou esse trechinho? :lol:
 
Notas da edição d'Os Miseráveis da edição da Penguin Companhia.

Não foi deslize não, é o padrão adotado nas notas pras figuras históricas. Estão todos assim.
 
"— É o costume — acrescentou o padre —, e o bispo insiste para que o povo
veja a jovem ser queimada.
— O costume? — perguntou Thomas. — Vocês queimam jovens com
freqüência suficiente para se tornar um costume?"
(A Busca do Graal Vol. 3: O Herege - Bernard Cornwell)
 
"— Conheci Genevieve nesta cela — disse a Keane.
— Aqui?
— Ela ia ser queimada como herege. Já haviam montado a fogueira. Tinham feixes de palha para acender e haviam empilhado a lenha em pé porque assim ela queima mais devagar. E desse modo a dor dura mais.
— Meu Deus.
— Dor, não — corrigiu-se Thomas —, agonia. Pode imaginar Jesus queimando alguém vivo? Pode imaginá-lo fazendo uma fogueira para arder lentamente, depois assistindo a alguém gritar e se retorcer?
Keane ficou surpreso com a raiva pura na voz de Thomas.
— Não — disse cautelosamente.
— Eu sou uma cria do diabo — observou Thomas com amargura. — Filho de um padre. Conheço a Igreja, mas se Cristo voltasse amanhã não saberia que diabo a Igreja é."
(A Busca do Graal Vol. 4: 1356 - Bernard Cornwell)
 
"Quando chego em casa já está escuro. O mecânico está guardando a bicicleta no porão.
Ele é muito possante, parece um urso, se andasse com o pescoço erguido seria majestoso. Mas anda de cabeça baixa - talvez para pedir desculpas por sua estatura, talvez para evitar os batentes de portas deste mundo.
Gosto dele. Tenho um fraco por perdedores. Inválidos, estrangeiros, o garoto gordinho da classe, aqueles com quem ninguém quer dançar. Meu coração bate por eles. Talvez por sempre ter sabido que de certa forma jamais vou deixar de ser um deles." :amor:

.
(Smilla Jaspersen em "Senhorita Smilla e o Sentido da Neve", de Peter Høeg).
 
“Quando trouxeram o terceiro é menor dos filhos de Loki para Asgard, ele era um filhote, e Tyr acariciou seu pescoço e sua cabeça e brincou com ele depois de remover a mordaça. Era um filhote de lobo mesclado de cinza e preto, com olhos cor de âmbar escuro.
O filhote comia carne crua, mas falava como um homem, usando a língua dos homens e dos deuses, e era orgulhoso. A pequena fera se chamava Fenrir.
Fenrir também crescia depressa, e os deuses ficaram intimidados. Todos menos Tyr, que ainda brincava e se divertia com Fenrir, e sozinho alimentava o lobo todos os dias. E a cada dia a fera comia mais que no anterior, e a cada dia Fenrir crescia e se tornava mais forte e feroz.
Era com maus presságios que Odin via a criança lobo crescer, pois em seus sonhos Fenrir estava presente no fim de tudo.
Os deuses se reuniram no conselho e nessa reunião decidiram que acorrentariam Fenrir.
Forjaram então correntes e algemas na forja dos deuses e levaram os grilhões até Fenrir.
- Olhe, Fenrir! - Disseram os deuses em tom de brincadeira - Você cresceu tão rápido. É hora de testar sua força. Trouxemos as correntes mais fortes que existem… acha que consegue rompê-las?
- Acho que sim - respondeu o lobo - podem me prender.
Os deuses trocaram sorrisos enquanto acorrentavam o lobo enorme.
Fenrir fez força e os elos da corrente arrebentaram como gravetos secos.
- Eu rompi as amarras - comentou Fenrir - Acha que vão me testar outra vez? Cresço e fico mais forte a cada dia.
- Vão testar sua força novamente. Aposto minha mão direita nisso. - Respondeu Tyr.
Odin remoeu os fatos, pensou e refletiu. E recorreu aos anões.
Os anões ouviram e deram seu preço, e os deuses concordaram, embora o preço fosse alto. Os anões reuniram os ingredientes para fazer Gleipnir, uma corrente como nenhum dos mundos viu igual. Eis os ingredientes que os anões reuniram:
O som dos passos de um gato.
A barba de uma mulher.
As raízes de uma montanha.
Os tendões de um urso.
O fôlego de um peixe.
A saliva de um pássaro.
Quando terminaram o trabalho, Gleipnir era uma longa fita de seda, macia e delicada ao toque. Era quase transparente e tão leve quanto uma pluma.
Os deuses procuraram Fenrir com Gleipnir que ao vê-la disse: - É isso? Isso não é nada. Tragam correntes de verdade. Algemas pesadas e grandes para que eu possa mostrar minha força.
- Não conseguimos rompê-la - responderam os deuses. - Está com medo, lobo Fenrir?
A grande fera farejou o ar.
- Sinto cheiro de traição e de trapaça, e mesmo acreditando que essa Gleipnir seja uma fita de seda não consentirei em ser amarrado por ela.
Odin coçou a barba.
- Você não é burro, Fenrir. Não há traição entre nós. Mas entendo sua relutância. Só um guerreiro corajoso consentiria em ser amarrado por correntes que não pode romper. Eu lhe garanto, como pai dos deuses, que se você não conseguir romper uma fita como essa, nós deuses não teremos razão para temê-lo. É por isso o libertaremos e deixaremos seguir seu caminho.
- Você mente, Pai de todos. Mente com a mesma facilidade que respira. Não acredito que serei libertado de correntes das quais não posso escapar. Em vez de questionar minha coragem eu o desafio a provar que não há nenhuma trapaça. Aceito ser amarrado se um de vocês colocar a mão na minha boca. Se não houver traição abrirei a boca quando tiver escapado da fita. E então, de quem será a mão?
Os deuses se entreolharam. Balder se voltou para Thor; Heimdall, para Odin; e Vili para Frey; mas nenhum deles se moveu. Então Tyr deu um suspiro, adiantou-se e ergueu a mão direita.
- Eu vou botar a mão na sua boca, Fenrir.
Assim foi feito. E os deuses o amarraram com o Gleipnir.
O lobo se esticou e se debateu, mas quanto mais lutava mais difícil parecia se soltar. E a cada movimento a fita reluzente ficava mais forte.
A princípio os deuses sorriram, depois riram. Por fim, quando tinham certeza de que a fera estava imobilizada, gargalharam.
Só Tyr ficou em silêncio. Ele não riu. Sentia a ponta afiada dos dentes de Fenrir contra seu pulso, a umidade e o calor da língua do lobo em sua palma e em seus dedos.
Fenrir parou de lutar. Ficou ali, imóvel. Se os deuses fossem soltá-lo seria naquele momento.
Mas os deuses apenas Ruan mais e mais. As gargalhadas ribombantes de Thor, mais altas que um trovão, misturavam-se à risada seca de Odin e ao riso musical de Balder…
Fenrir olhou para Tyr, que o encarou com bravura. Então o Deus fechou os olhos e assentiu.
- Vá em frente- sussurrou.
E Fenrir arrancou a mão de Tyr.
Esse era o terceiro filho de Loki.”

Livro: Mitologia Nórdica
Autor: Neil Gaiman
 
Os Targaryen tinham puro sangue valiriano, eram senhores de dragões de linhagem ancestral. Doze anos antes da Destruição de Valíria (114 AC), Aenar Targaryen vendeu suas propriedades na Cidade Franca e nas Terras do Longo Verão e se mudou, com suas esposas, sua fortuna, seus escravos, dragões, irmãos, parentes e filhos para Pedra do Dragão, uma cidadela insular desolada sob uma montanha fumegante no mar estreito.

(Fogo & SangueVolume 1 – George R. R. Martin).
 

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