Naquela cidade lenta e preguiçosa mais um dia lindo e ensolarado passava inexoravelmente rumo ao seu fim. Entretanto, naquela cidade, ninguém o aproveitava. O dia, o tempo, a vida, eram só passos necessários a serem dados antes do que quer que os esperasse.
Uma criança, chorando, voltou da rua e disse à mãe.
_Mãe... o Luar foi embora e me deixou sozinho.
_De quem você está falando, Raul.
_Do Luar, mãe, ele foi embora e me chamou de chato.
_Quem é Luar? È o filho da vizinha?
_Não mãe, O Luar é a minha sombra... ela fugiu!
_Ahhhh.... Não me enche menino! Eu aqui pensando que fosse algo sério. Vai para a rua brincar.
_Mas mãe...
_Vai!!!
Contrariado o menino disse, enquanto saia.
_Tá bom... Mas se você quer mesmo saber a sua sombra também falou que você era uma chata e também fugiu para brincar com o Luar.
A mãe, meio sem entender, olhou para baixo, já se achando uma tonta por dar ouvidos ao filho. Incrivelmente, onde deveria estar sua sombra, no lado oposto ao que o sol brilhava forte, a sua sombra não estava. E em nenhum outro lugar. Nada.
_Raul _ disse a mãe_ como você disse que se chama seu amiguinho mesmo?
_É Luar mãe... ele disse que é a minha sombra e que se chama Raul, só que ao contrário. Disse e foi para o quintal, ainda contrariado.
A mãe... perplexa, não disse nada. Ficou lá, parada , reconstruindo seus pensamentos desde o inico, tijolo por tijolo, quando o menino gritou lá do quintal.
_Mãe!!! Vem ver!!!
A mãe saiu do transe e saltou para o quintal. Os olhos esbugalhados.
_Olha lá, mãe. Lá vai a Liagiba, sua sombra pulando o muro.
Adiante, mesmo debaixo do sol forte, e sem nada que as provocasse, duas sombras, uma pequena e outra maior, pulavam o muro para depois correr pela rua para a praça, onde havia uma escuridão de sombras fazendo a maior bagunça.
Palavras 311