Cantona
Tudo é História
A peleja é entre Brasil e Argentina!
Bom, ao contrário do adversário, o nosso Lima Barreto, por questões de cronologia - e para azar do programa -, nunca participou do Roda Viva.
Mas, como a Cultura não é boba nem nada, no Entrelinhas, de forma modesta, é verdade, nos deu uma palhinha. Para atiçar a curiosidade:
E vá lá, são bonitinhas as frases do Bioy.
Só que ainda não encontrei quem se colocasse com tanta paixão, em cada linha, como o Lima Barreto se colocava. Seguem algumas frases retiradas do livro Recordações do escrivão Isaías Caminha, pelo qual me baseio nessa primeira fase. Dá o tom da obra, das crenças do autor:
"(...) Gente miserável que dá sanção aos deputados, que os respeita e prestigia! Por que não lhes examinam as ações, o que fazem e para que servem? Se o fizessem... Ah! se o fizessem! Que surpresa! Riem-se, enquanto do suor, da resignação de vocês, das privações de todos tiram ócios de nabado e uma vida de sultão..."
" Gregoróvitch incitara-me a trabalhar pela grandeza do Brasil; fez-me notar que era preciso difundir na consciência coletiva um ideal de força, de vigor, de violência mesmo, destinado a corrigir a doçura nativa de todos nós. Pela primeira vez de lábios humanos, ouvi dizer mal da piedade e da caridade: sentimentos antissociais, enfraquecedores dos indivíduos e das nações... Virtudes dos fracos e dos covardes - resumia ele."
" Não poupava, não desculpava, não sentia até que ponto o homem era culpado, até que ponto a marcha das coisas fazia o homem culpado. (...) ele só via diante de si um aspecto do fato, não sentia inconscientemente os outros que se ligavam com o passado que ele não conhecia, nem os outros que o futuro condicionava,"
" - Sim! A senhora para viver tirou a vida de muita gente; para ter esse vestido, esses laçarotes, tira a de muitos outros... A nossa vida só se desenvolva com grandes violências sobre as coisas, sobre os animais e sobre os semelhantes..."
" Admirava-me que essa gente pudesse viver, lutando contra a fome, contra a moléstia e contra a civilização; que tivesse energia para viver cercada de tantos males, de tantas privações e dificuldades. Não sei que estranha tenacidade a leva a viver e por que essa tenacidade é tanto mais forte quanto mais humilde e miserável."
"Era a imprensa, a onipotente imprensa, o quarto poder fora da Constituição!"
Em Recordações do escrivão Isaías Caminha, Lima Barreto, como já dito, dá as cores verdadeiras da imprensa. A redação de O Globo é, na verdade, a do Correio da Manhã. Seu proprietário, que na ficção atente por Ricardo Loberant, é Edmundo Bittencourt, descrito como homem de inteligência curta, mas ardiloso e sagaz nas negociatas com o poder. O Cidadão Kane daqueles tempos.
Bom, ao contrário do adversário, o nosso Lima Barreto, por questões de cronologia - e para azar do programa -, nunca participou do Roda Viva.
Mas, como a Cultura não é boba nem nada, no Entrelinhas, de forma modesta, é verdade, nos deu uma palhinha. Para atiçar a curiosidade:
E vá lá, são bonitinhas as frases do Bioy.
Só que ainda não encontrei quem se colocasse com tanta paixão, em cada linha, como o Lima Barreto se colocava. Seguem algumas frases retiradas do livro Recordações do escrivão Isaías Caminha, pelo qual me baseio nessa primeira fase. Dá o tom da obra, das crenças do autor:
"(...) Gente miserável que dá sanção aos deputados, que os respeita e prestigia! Por que não lhes examinam as ações, o que fazem e para que servem? Se o fizessem... Ah! se o fizessem! Que surpresa! Riem-se, enquanto do suor, da resignação de vocês, das privações de todos tiram ócios de nabado e uma vida de sultão..."
" Gregoróvitch incitara-me a trabalhar pela grandeza do Brasil; fez-me notar que era preciso difundir na consciência coletiva um ideal de força, de vigor, de violência mesmo, destinado a corrigir a doçura nativa de todos nós. Pela primeira vez de lábios humanos, ouvi dizer mal da piedade e da caridade: sentimentos antissociais, enfraquecedores dos indivíduos e das nações... Virtudes dos fracos e dos covardes - resumia ele."
" Não poupava, não desculpava, não sentia até que ponto o homem era culpado, até que ponto a marcha das coisas fazia o homem culpado. (...) ele só via diante de si um aspecto do fato, não sentia inconscientemente os outros que se ligavam com o passado que ele não conhecia, nem os outros que o futuro condicionava,"
" - Sim! A senhora para viver tirou a vida de muita gente; para ter esse vestido, esses laçarotes, tira a de muitos outros... A nossa vida só se desenvolva com grandes violências sobre as coisas, sobre os animais e sobre os semelhantes..."
" Admirava-me que essa gente pudesse viver, lutando contra a fome, contra a moléstia e contra a civilização; que tivesse energia para viver cercada de tantos males, de tantas privações e dificuldades. Não sei que estranha tenacidade a leva a viver e por que essa tenacidade é tanto mais forte quanto mais humilde e miserável."
"Era a imprensa, a onipotente imprensa, o quarto poder fora da Constituição!"
Em Recordações do escrivão Isaías Caminha, Lima Barreto, como já dito, dá as cores verdadeiras da imprensa. A redação de O Globo é, na verdade, a do Correio da Manhã. Seu proprietário, que na ficção atente por Ricardo Loberant, é Edmundo Bittencourt, descrito como homem de inteligência curta, mas ardiloso e sagaz nas negociatas com o poder. O Cidadão Kane daqueles tempos.
Última edição por um moderador: