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Disputa de Autores - 5º Embate

  • Criador do tópico Criador do tópico Clara
  • Data de Criação Data de Criação

Qual dos autores defendidos neste quinto embate é o melhor?


  • Total de votantes
    20
  • Votação encerrada .
A peleja é entre Brasil e Argentina!

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Bom, ao contrário do adversário, o nosso Lima Barreto, por questões de cronologia - e para azar do programa -, nunca participou do Roda Viva.

Mas, como a Cultura não é boba nem nada, no Entrelinhas, de forma modesta, é verdade, nos deu uma palhinha. Para atiçar a curiosidade:


E vá lá, são bonitinhas as frases do Bioy.

Só que ainda não encontrei quem se colocasse com tanta paixão, em cada linha, como o Lima Barreto se colocava. Seguem algumas frases retiradas do livro Recordações do escrivão Isaías Caminha, pelo qual me baseio nessa primeira fase. Dá o tom da obra, das crenças do autor:

"(...) Gente miserável que dá sanção aos deputados, que os respeita e prestigia! Por que não lhes examinam as ações, o que fazem e para que servem? Se o fizessem... Ah! se o fizessem! Que surpresa! Riem-se, enquanto do suor, da resignação de vocês, das privações de todos tiram ócios de nabado e uma vida de sultão..."

" Gregoróvitch incitara-me a trabalhar pela grandeza do Brasil; fez-me notar que era preciso difundir na consciência coletiva um ideal de força, de vigor, de violência mesmo, destinado a corrigir a doçura nativa de todos nós. Pela primeira vez de lábios humanos, ouvi dizer mal da piedade e da caridade: sentimentos antissociais, enfraquecedores dos indivíduos e das nações... Virtudes dos fracos e dos covardes - resumia ele."

" Não poupava, não desculpava, não sentia até que ponto o homem era culpado, até que ponto a marcha das coisas fazia o homem culpado. (...) ele só via diante de si um aspecto do fato, não sentia inconscientemente os outros que se ligavam com o passado que ele não conhecia, nem os outros que o futuro condicionava,"

" - Sim! A senhora para viver tirou a vida de muita gente; para ter esse vestido, esses laçarotes, tira a de muitos outros... A nossa vida só se desenvolva com grandes violências sobre as coisas, sobre os animais e sobre os semelhantes..."

" Admirava-me que essa gente pudesse viver, lutando contra a fome, contra a moléstia e contra a civilização; que tivesse energia para viver cercada de tantos males, de tantas privações e dificuldades. Não sei que estranha tenacidade a leva a viver e por que essa tenacidade é tanto mais forte quanto mais humilde e miserável."

"Era a imprensa, a onipotente imprensa, o quarto poder fora da Constituição!"


Em Recordações do escrivão Isaías Caminha, Lima Barreto, como já dito, dá as cores verdadeiras da imprensa. A redação de O Globo é, na verdade, a do Correio da Manhã. Seu proprietário, que na ficção atente por Ricardo Loberant, é Edmundo Bittencourt, descrito como homem de inteligência curta, mas ardiloso e sagaz nas negociatas com o poder. O Cidadão Kane daqueles tempos.
 
Última edição por um moderador:
Nos outros embates eu já sabia em quem ia votar logo no começo.

Nesse daqui, eu não sei. :think:

Que triste isso.
 
Eu tbm nunca tinha ouvido falar no Cliente do Pips.
Alguma indicação para primeira leitura?

Depende de leitor para leitor. Se gosta de ficção especulativa seria A Invenção de Morel ou Diário da Guerra do Porco. Se gosta de romances truncados fique com O Sonho dos Heróis.

Como o Cantona cantou a bola usando a disputa como um jogo, saibam que Bioy Casares era um fanático por futebol. Apesar de não jogar tão bem como Chico Buarque, ele adorava escrever crônicas sobre o esporte em seu diário pessoal. Uma das poucas que faltam é a da Copa do Mundo de 1978. Em Diário da Guerra do Porco, um dos personagens é fanático pelo Excursionistas - pequeno time da Zona Norte de Buenos Aires. Outro exemplo dá-se em “Nuestro viaje (Diario). Selección, prólogo y epílogo de F.B.”, do livro de contos e crônica Muñeca Rusa (sem tradução no país), onde o personagem principal não quer perder de jeito nenhum um jogo do Paris Saint-German.

Aliás, vocês sabiam que Bioy Casares estava no Brasil na época da construção de Brasília? Apesar de elogiar o ar futurísta que pairava na cidade planejada, o escritor tinha um pé atrás de como ficaria a economia do Brasil após a inauguração - incluindo aí a mudança do governo, o deslocamento das pessoas e quanto tempo demoraria para pagar toda a dívida.

Eis uma fotografia que ele bateu lá:
Ver anexo 49628

Uma parte do diário dele que se transformou no livro Borges:

“Segunda-feira, 29 de dezembro [1947]. Conversa com Silvina [Ocampo, esposa de Bioy] sobre Borges. Disse-me que eu escrevo melhor, com maior naturalidade. Isso demonstra como está cegada a meu favor. Li para ela um artigo de Borges sobre Pascal. Concordou que está admiravelmente escrito. Lendo-o, senti o quão distante estou de saber pensar bem, ampla e justamente; de saber construir as frases (…)”. (tradução livre de “Borges”, p. 31-2)

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Eu fiquei meio ofendido com "bonitinhas", nem meu cliente mas eu, e pareceu num tom muito pejorativo. Vá lá, tudo bem não gostar e achar pouco filosófico, mas elas tem um valor estético e poético incríveis:

"Ia dizer que aí se manifestavam os perigos da criação, a dificuldade de possuir diversas consciências, equilibradamente, simultaneamente. Mas, de que vale isso? Esses consolos são lânguidos. Tudo se perdeu: a vida com a mulher, a solidão passada. Sem refúgio, perduro neste monólogo que, desde agora, é injustificável.

Apesar dos nervos, hoje senti inspiração, quando a tarde se desfazia, participando da incontaminada serenidade, da magnificência da mulher. Esse bem-estar voltou a possuir-me de noite; tive um sonho com o lupanar de mulheres cegas que visitei, com Ombrellieri, em Calcutá. Apareceu a mulher e o lupanar foi se convertendo num palácio florentino, rico, estucado. Eu, confusamente, exclamei: Que romântico!, choroso de felicidade poética e de vaidade." A Invenção de Morel pág. 41


"A rua havia sumido nas trevas. “Mais escura que agora há pouco”, pensou. “Alguém se divertiu quebrando as lâmpadas. Ou preparam uma emboscada.” Olhando com receio as fileiras de árvores, avaliou que atrás dos primeiros troncos não havia gente escondida e que à altura do terceiro ou do quarto a noite se tornava impenetrável. Se avançasse, ficaria exposto a uma agressão, que, embora prevista, chegaria repentinamente. Esteve a ponto de voltar para dentro, mas sentiu-se angustiado e faltou-lhe o ânimo. Lembrou-se de Néstor. Lamentou: “Quando a gente vive, deixa-se ir, distraído”. Se reagisse, se despertasse daquela distração, pensaria em Néstor, na morte, em pessoas e coisas que desapareceram, em si mesmo, na velhice. Refletiu: “Uma grande tristeza traz liberdade”. Avançou indiferente pelo meio da rua, porque de todo modo não queria ser surpreendido. De repente achou que viu, um pouco mais adiante, uma forma vaga, umas linhas cujo negrume era mais intenso que a escuridão da noite. Avaliou: “Um contêiner. Não, deve ser um caminhão”. Imediatamente uma luz se acendeu. Vidal não se virou, talvez não tenha fechado os olhos; manteve o rosto impávido, erguido. Cegado por aquela torrente branca, sentiu um júbilo imprevisto, como se a possibilidade de uma morte tão luminosa o exaltasse como uma vitória. Assim ficou por uns instantes, ocupado apenas com a luz branca, incapaz de pensar ou lembrar, imóvel. Depois os focos retrocederam e nos fachos apareceram círculos com troncos de árvores e fachadas de casas. Viu o caminhão se afastar, carregado de gente silenciosa, amontoada sobre parapeitos vermelhos com desenhos brancos. Pensou, com orgulho: “Se eu disparasse como uma lebre, com certeza me atropelariam. Com certeza não esperavam que eu os enfrentasse”. O ar da noite somado a uma certa satisfação íntima aliviaram-no a tal ponto que a dor de cabeça já não o agoniava. Pensou precipitadamente em termos militares: “Rechaçado o inimigo, tomo posse do campo de batalha”. Um pouco envergonhado, tentou formular a idéia mais modestamente: “Não me acovardei. Foram embora. Estou só”. Mesmo que agora voltasse para dentro, já não se mostraria (diante de ninguém, nem sequer de si mesmo) apressado em buscar proteção. Como se tivesse tomado gosto pela coragem, avançou pela rua escura, resolvido a não regressar antes de caminhar três quadras. Achou que toda aquela demonstração era um pouco inútil, já que no momento de voltar inevitavelmente sentiria que se punha a salvo." Diário da Guerra do Porco, Capítulo XIX

"As pessoas dizem que muitas explicações convencem menos que uma só, mas a verdade é que para quase tudo há mais de uma razão” Diário da Guerra do Porco

"— O que me aborrece nessa guerra ao porco — irritou-se porque, sem querer, chamou assim a perseguição aos velhos — é o endeusamento da juventude. Estão como loucos porque são jovens. Que estúpidos." Diário da Guerra do Porco, Capítulo XX

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Trecho da adaptação El sueño de los héroes


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Eu não posso colocar em palavras o que o próprio mestre pode responder, mais um pouco do Roda Viva para vocês:

Sobre literatura e vida

Maria Cristina Poli: Existe um escritor brasileiro, também muito experiente, o nome dele é Darcy Ribeiro, e ele tem pregado muito aos jovens que eles “deveriam ler menos e viver mais”.

Bioy Casares: Não me parece. Lamento muito, estou em desacordo com ele. Acho que seria uma felicidade poder ler todos os bons livros que existem. É doloroso saber que não leremos todos eles.

José Geraldo Couto
: Me parece que o senhor é a prova que essas duas coisas não são incompatíveis, porque o senhor leu muito, lê muito e vive bastante.

Bioy Casares: Agradeço muito por isso. Não me atreveria a me mostrar como exemplo.

Maria Cristina Poli: O senhor viveu intensamente?

Bioy Casares
: Acho que sim. Acho que sim.

Rinaldo Gama: Mas o senhor falou várias vezes aqui no programa que não se pode confundir literatura com vida. Eu queria que o senhor explicasse porque a literatura não tem nada a ver com a vida?

Bioy Casares: Não. Tem muitíssimo a ver. A literatura é uma parte da vida. Mas nem tudo que é bom para a vida é bom para a literatura.

Sobre religião (não disse antes, mas Bioy Casares era ateu)

Janer Cristaldo: E o que o senhor acha da afirmação de Borges de que a teologia é um gênero como a literatura fantástica?

Bioy Casares: Acho que estou de acordo.

José Geraldo Couto: E também a psicanálise? O senhor concorda que a psicanálise é um gênero da literatura?

Bioy Casares: Acho que é outra catástrofe.

Rinaldo Gama: O senhor é ateu. Não acredita em nenhuma forma de superioridade.

Bioy Casares: Sou ateu, graças a Deus.

:lol:
 
Última edição por um moderador:
Pips, não se ofenda. O "bonitinha" não teve um tom pejorativo, de desdém. Foi um jeito carinhoso de elogiar, porém sem enaltecer demais. Afinal, numa disputa de votos, conforme a lei política, não se deve colocar recheio em bolo alheio.

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E como caímos no futebol, digo que Lima Barreto não morria de amores pelo jogo. Pelo contrário, lhe devotava um ódio nervoso, violento.

Mas calma lá, calma lá. A coisa não era assim: "Não gosto e quero que se dane!". Há uma explicação para essa relação conflituosa com a "novidade" trazida por Charles Miller e Oscar Cox, e ela atende pelo nome de COERÊNCIA.

Regressemos:

A primeira partida oficial disputada no Brasil é de responsabilidade de Charles Miller. No distante ano de 1895, por volta de 15 de abril, juntamente com outros pioneiros, dispersaram os burros que pastavam na Várzea do Carmo, limparam o campo e deram inicio ao jogo.

Essa é a versão que a história imprimiu. E, de fato, é a mais aceita. Simples, romântica, até. Numa bucólica São Paulo do fim do século XIX, alguns homens, ao cair da tarde, chutam a primeira bola em campos nacionais.

Miller, é bom lembrar, havia passado grande parte de sua infância e juventude nos colégios ingleses. O futebol, portanto, era um costume no Velho Continente. Tratando-se de um país que ansiava por modernidade, qualquer traço europeu era absorvido sem reservas pelas elites locais. O futebol não fugiu a norma e rapidamente se tornou o seu esporte preferido e mais um elemento de distinção entre as demais classes sociais, como bem observa o historiador Hilário Franco Júnior:

“A formação de equipes no interior dos grupos dominantes orientados pelos valores do cavalheirismo, do fair-play e do amadorismo. (...) Colégios e clubes constituíam-se em espaços restritivos de formação, lazer e sociabilidade, nos quais se representava a pretensa superioridade da elite, que procurava se fortalecer, num movimento endógeno, por meio da difusão de vínculos de solidariedade e do consequente afastamento dos demais setores sociais”.

Esse fair-play e cavalheirismo faziam parte dos preceitos ingleses para a prática do jogo. Constituíam-se de valores, baseados na perspectiva pedagógica européia, aonde pela harmonia dos músculos, higienização dos corpos, coordenação dos movimentos e controle da violência, conduziriam o praticante ao fortalecimento de sua moral. Adaptado a nossas circunstâncias, esse fortalecimento da moral seria o adjetivo da minoria responsável pelo destino da nação.

Havia, ainda, nesse conceito pedagógico, a questão da raça. O jogo, pelo já citado, também contribuiria para o desenvolvimento físico da raça praticante. No caso, a da elite branca. Vale lembrar que estamos falando de um país que não conduziu sua Abolição no sentido de reintegrar o negro à sociedade. De viés econômico, a Lei Áurea marginalizou ainda mais aqueles a quem se propôs libertar. O negro era um pária que impedia o desenvolvimento do país. Mesmo que o movimento eugênico brasileiro tenha ocorrido no final dos anos 10, já havia uma grande preocupação com a miscigenação do povo, reforçada pela famosa obra Ensaio sobre a desigualdade de raças, de Artur de Gobineau. Os teóricos racistas brasileiros o tinham como livro de cabeceira e suas ideias de branqueamento da população encontravam eco em seus pensamentos e se refletiam por todos os campos, seja político ou cultural.

Ou seja, o futebol, nos primeiros tempos, era a síntese de tudo o que Lima Barreto combatia: a combinação de racismo, elitismo e estrangeirismo. Abominava o desejo cego dos bem-nascidos em transmitir, interna e externamente, a imagem de uma "nação branca e civilizada" (Epitácio Pessoa barrou o mestiço Friedenreich dos jogos pela seleção no exterior. Dizia que o selecionado representa o país em missão diplomática. Daí que o mestiço naqueles tempos de República Velha era visto como causa e sintoma do atraso nacional, não podendo ser exposto às demais nações. Por essa atitude de Epitácio e outros acontecimentos do período, Lima também condenou a promiscuidade entre Poder e Futebol).

Temos que em todos os pontos, a análise imediata de Lima Barreto foi correta. Em outros, porém, o tempo mostrou seus equívocos: o jogo, exclusivo dos clubes grã-finos, ganhou as ruas, as camadas populares. Ou antes, foi conquistado por elas. Segundo o jornalista Leonel Kaz:

“Nosso futebol não foi uma dádiva, mas uma conquista. Uma das raras guerras internas em que o povo entrou e venceu. Venceu e se apropriou de algo implementado pelas elites que pretendiam fazer dele um traço da “raça” brasileira sadia, “embranquecida”. O país negro e mestiço não poderia existir dentro das quatro linhas do campo. (...) Porém, se antes era apenas testemunhado à distância pela população mais pobre, (...) o futebol se transformou num apaixonado triunfo de todos. Um raro pertencimento coletivo a que se entregam os brasileiros”.

E para ilustrar um outro ponto importante, espalho o que aconteceu na Copa de 50:

A delegação inglesa, no primeiro mundial a que se dignou participar, observava da janela do Copacabana Palace, um menino descalço a fazer embaixadinhas e outras peripécias com uma laranja. Em grande demonstração de habilidade, o garoto, mulato, executava com primor os movimentos. Devia ter 10, 11 anos no máximo. Na tenra idade operava com os pés e uma laranja o que os marmanjos do EnglishTeam não conseguiam com uma bola e todos os seus equipamentos.

O episódio, escrito por João Máximo, vai além de uma simples narrativa de um acontecimento anônimo. Nele, podemos enxergar diversos significados: temos o fenômeno da apropriação, pelas camadas populares, de um esporte destinado à elite brasileira nos últimos anos do século XIX e primeiras décadas do século XX. E temos o sentido de ressignificação que se seguiu a essa apropriação. João Máximo prossegue e nos diz que o grande craque inglês do período, Stanley Matthews – conhecido como o Feiticeiro do Drible-, era um dos que assistiam a demonstração do garoto. “Os ingleses viraram reis destronados”, conta Máximo, “um menino tinha total condição para desvendar um dia seus truques e segredos.” E ir além deles, como muitos brasileiros já o faziam há tempos.

Aqui, o esporte bretão, de higienização dos corpos e controle de ímpetos, virou futebol arte, do corpo que resiste, que subverte, que ginga. A mestiçagem, tão combatida pelas elites do fim do XIX e início do XX, deu o tom do nosso jogo, levando Gilberto Freyre a concluir:

“ O nosso estilo de jogar futebol me parece contrastar com o dos europeus por um conjunto de qualidades de surpresa, de manha, de astúcia, de ligeireza e ao mesmo tempo de brilho e de espontaneidade individual (...) Os nossos passes, os nossos pitus, os nossos despistamentos, os nossos floreios com a bola, alguma coisa de dança e capoeiragem que marcam o estilo brasileiro de jogar futebol, que arredonda e, às vezes, adoça o jogo inventado pelos ingleses e por europeus jogado tão angulosamente, tudo isso parecia exprimir de modo interessantíssimo para os sociólogos o mulatismo flamboyant e, ao mesmo tempo, malandro que até hoje, é a afirmação verdadeira do Brasil.”

Mais: Em 1923, o time do Vasco da Gama se sagraria campeão carioca com um time praticamente de negros. Do jornalista Mario Filho:

“Os clubes finos, de sociedade, como se dizia, estavam diante de um fato consumado. Não se ganhava campeonato só com times de brancos. Um time de brancos, mulatos e pretos era o campeão da cidade. Contra esse time, os times brancos não tinham podido fazer nada. Desaparecera a vantagem de ser de boa família, de ser estudante, de ser branco. O rapaz de boa família, o estudante, o branco, tinha de competir, em igualdade de condições, com o pé-rapado, quase analfabeto, o mulato e o preto, para ver quem jogava melhor”.

vasco-1923.jpg


Lima Barreto não viu o título do Vasco, não viu o futebol se tornar um forte pilar de nossa identidade nacional, algo que fazia parte de sua busca.

Morreu em 1922, sempre coerente com suas bandeiras.

Ou seja, mesmo detestando futebol, Lima Barreto era gente fina.
 
Última edição:
Pips, não se ofenda. O "bonitinha" não teve um tom pejorativo, de desdém. Foi um jeito carinhoso de elogiar, porém sem enaltecer demais. Afinal, numa disputa de votos, conforme a lei política, não se deve colocar recheio em bolo alheio.

Eu achando que ia ter sangue e dentes voando, o Cantona vem e coloca panos quentes.
:no:
 
Minhas desculpas pelo atraso na enquete, pessoal. :oops:

Mas enfim, aí está ela, a enquete para votação.

Fiquem à vontade, se vocês já sabem em quem votar.

Porque eu não sei =/
 
Pips, não se ofenda. O "bonitinha" não teve um tom pejorativo, de desdém. Foi um jeito carinhoso de elogiar, porém sem enaltecer demais. Afinal, numa disputa de votos, conforme a lei política, não se deve colocar recheio em bolo alheio.

Sarcasmo detectado.


Bom, eu encerro meu caso. Espero que alguns tem se interessado por esse incrível escritor que, na minha opinião, tem mais importância que Julio Cortázar. ;)
 
A partida será definida nos acréscimos. Não, não será. Vai pra prorrogação e, depois, para os pênaltyyzzzz.
 
Será? Falta um ponto para o empate e ninguém aparece para tornar a disputa emocionante.

Eu juro, gente, se tivesse fotos impróprias para menores do Bioy eu colocaria. Vamos deixar a disputa emocionante :D
 
Será? Falta um ponto para o empate e ninguém aparece para tornar a disputa emocionante.

Eu juro, gente, se tivesse fotos impróprias para menores do Bioy eu colocaria. Vamos deixar a disputa emocionante :D
Vai lá no tópico do dia dos namorados, no CdA, oferecer favores :dente: para quem votar no Bioy, que cê vai conseguir arrastar multidões para este tópico.
 
A Invenção de Morel é recheado de trechos sublimes. Gosto, bastante, deste aqui: creio que perdemos a imortalidade porque a resistência à morte não evoluiu; seus aperfeiçoamentos insistem na idéia primitiva, rudimentar, de manter vivo todo o corpo. Só se deveria procurar conservar o que interessa para a consciência.
 
Votei no Bioy.
Se eu fosse um escritor queria ser ele. Além de ter uma sublime escrita era amigo do Borges. Quem precisa de mais?
Sério mesmo. Queria eu escrever igual ao Bioy.
 
Dezoito votantes ainda é pouco.
Nos outros embates foram mais de vinte votos, cadê o resto do povo? :pipoca:


Maaaaoeeeee, vamo votááárrr!


Silvio_Santos.jpg
 
Vamos votar no Lima Barreto. Reparar, um tantinho, a injustiça que sempre foi cometida contra sua genialidade devido ao rótulo de "escritor maldito".

Pra finalizar, e quem sabe colher mais algumas preferências, vai Lima Barreto na concepção do historiador Nicolau Sevcenko, em Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República:

“Durante todo esse mergulho vertiginoso na sombra da miséria, da insegurança, da abominação social, Lima Barreto deixou seus colegas da boemia e academia pelos companheiros de bar ou de desfortuna. Pôde encarar a ciência não como cientista, mas com paciente. Ver o centro da cidade embelezar-se durante suas idas e vindas para o subúrbio. Encarou o crescimento da concorrência da perspectiva do derrotado. Percebeu a vitória do arrivismo como quem perde uma situação duramente alcançada. Assistiu ao crescimento do preconceito social e racial como um discriminado. Sentiu a repressão e o isolamento dos insociáveis como vitima. Nasceu dessa situação geral a inspiração de sua doutrina humanitária de construção de uma solidariedade autêntica entre os homens, que pusesse fim a toda forma de discriminação, competição e conflito, e a todos reconhecesse a dignidade mínima do sofrimento e da imensa dor de serem humanos.”

Lima-Barreto_01.jpg

Para vencedor do 5º embate,
VOTE NO LIMA BARRETO!
 
Cantona, pelo menos o Lima já caiu no vestibular. Injustiça é todos conhecerem o Borges e nunca se ligarem no cara do lado dele nas fotos. Injustição!
 

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