Hoje mesmo falamos na faculdade sobre o envolvimento dos adolescentes com drogas, e acabei contando a minha história lá. E acho que vou dar uma passadinha rápida por ela aqui.
Eu comecei a fumar maconha com 15 anos. Com treze eu já fumava cigarros e bebia.
Todo mundo fala que essas coisas acontecem com crianças de um lar que não tem sustentação, mas faço parte dos 2% que entram nessa por curiosidade mesmo e acaba não ferrando nada da vida por causa disso.
Eu nunca fui mal na escola, mesmo quando fumava maconha. Era, normalmente, assim: nós íamos para o bar beber antes da aula um dia, no outro nós fumávamos. Bem, era divertido e tal, acho que passei uns dois anos assim. Depois fui fumando cada vez menos, "só para relaxar", usualmente com um amigo específico, já que a minha antiga turma acabou se desfazendo.
Uma se matou, a outra se mudou de cidade, de outra eu me afastei, um foi preso por tráfico... Whatever...
Aí um dia eu e esse meu amigo que fumava comigo acabamos resolvendo parar de fumar, assim, do nada, e paramos.
Gosto de pensar que foi uma parte da minha vida que serviu para construir o que eu sou hoje. Eu acho que não passamos por nada que não acrescenta a nós. Eu não seria quem sou se não tivesse passado por tudo o que passei nem visto o que eu vi. Vi coisas terríveis, é claro, mas comigo não aconteceu nada digno de nota.
Tive um amigo que se livrou do vício de heroína sozinho. Esse cara eu venero e venerarei por toda a minha vida. Só nós que estivemos por perto sabemos da força de vontade que ele teve.
Confesso que usei drogas também para me parecer um pouco com meus ídolos da adolescência. Hoje eu sei que não preciso parecer com eles só porque gostei do que eles fizeram. Foi um aprendizado bem grande para mim e eu só encaro essa experiência positivamente.
Quanto ao cigarro, bem, eu sou fumante ainda. Não sei por quanto tempo, mas não tenho vontade de parar. Talvez quando eu ficar grávida - é o que eu sempre penso.
Beber... bem, eu bebi muito dos 13 até os 18 anos. Depois, eu fiquei doente e tive que tomar remédios. Esses remédios não podiam ser misturados com álcool e eu parei de beber por dois anos e meio. Agora que eu resolvi parar de tomá-los, voltei a beber, tomar minhas cervejas de vez em quando e, de vez em quando também, entornar o capacete
Mas eu acho o seguinte: qualquer coisa que é demais se torna maléfico. Até água se você beber muito você tem um treco.
Você não pode é deixar que isso seja o que movimenta a sua vida. Não pode se prejudicar por causa disso.
Talvez eu diga isso porque nada de ruim aconteceu comigo, mas... Sei lá.
Eu não digo que sou contra a utilização da maconha, por exemplo, como se usa o álcool... Um baseado no fim de semana, "para relaxar". Ou então com propósitos terapêuticos.
Claro, eu não sei se eu ia gostar de ver um filho meu usando drogas. Isso é algo por que não passei ainda, e só saberei a minha reação quando atravessar o problema.