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[Eleições 2018] Em quem você pretende votar para Presidente?

Em quem você vai votar para a Presidência da República no SEGUNDO TURNO?

  • Fernando Haddad (PT)

    Votos: 20 60,6%
  • Jair Bolsonaro (PSL)

    Votos: 8 24,2%
  • Branco/Nulo

    Votos: 5 15,2%

  • Total de votantes
    33
  • Votação encerrada .
Status
Fechado para novas mensagens.
Ciro tem sinalizado que não concorre contra Lula.

Dado o nível de esforço, acho pouco provável que Lula possa se candidatar quando a hora chegar.

Isso me deixa entre Ciro e Marina. Por um critério pragmatista, me inclino para o Ciro, mas meu lado das utopias ainda ressona com Marina.

Sei que a questão da religião e do apoio criminoso ao Aécio no segundo turno pesam muito contra. Mas quem sabe ela volta melhor em 2018.
 
Muito papinho isso de que os políticos são o reflexo do brasileiro corrupto. Então quer dizer que os brasileiros tomarem um banho de honestidade, os políticos magicamente refletirão isso? No fucking way. Políticos são corruptos pq as instituições não funcionam direito, de modo que o cara atribui probabilidade zero à punição e aceita qualquer merda de grana para se corromper. Na boa, teve vários políticos aí se vendendo por menos que 500 mil. Isso é muito pouco, só um país com impunidade para isso valer a pena.
Acontece que o motivo é o mesmo: o cidadão comum que frauda uma carteira de estudante e o político que desvia uma verba qualquer agem movidos por esse mesmo descompromisso com a legalidade e essa confiança na impunidade. Se os brasileiros em geral mudarem, isso se refletirá na política? Acredito que sim, mas isso não ocorrerá por um "banho de honestidade", apenas pelo fortalecimento das instituições.

Grimnir disse:
Bolsonaro não sobrevive eleitoralmente depois do primeiro debate.
Lamentavelmente, duvido. Quem o apoia não está preocupado com o conteúdo que ele tem a apresentar, só com a postura sincero-cômica e com o que se iludem que ele é capaz de fazer se chegar à presidência. Na verdade, vão torcer para ele nos debates como se torce para um time de futebol.

Grimnir disse:
E na boa, se Lula se candidatar, duvido que Ciro entre mesmo para roubar voto do cara.

Eu acho que está praticamente descartado Ciro não se candidatar, com ou sem Lula saindo candidato.

Ciro tem sinalizado que não concorre contra Lula.
Não é bem assim. Ele tem dito que não gostaria de concorrer numa eleição em que Lula seja candidato porque isso vai concentrar as opiniões nos prós x haters, e vai tirar do foco a discussão sobre os projetos. E certamente ele enxerga que ambos seriam opções do campo centro-esquerda, o que minaria as forças dele próprio. Mas não o vi dizer "se Lula for, eu não vou".

Quanto a Marina, levou meu voto na última eleição (mais por falta de opção, ok), mas fiquei bastante decepcionado com seu papel nulo nesse momento de efervescência política por que o Brasil passa. Mudez total desde 2014. E pesa a total falta de experiência dela comparada a gestores rodados como Ciro Gomes. Votaria nela para cargos legislativos, não mais para o Executivo.
 
Última edição:
Políticos são corruptos pq as instituições não funcionam direito
Aaaah mas disso eu discordo e muito! hahaha

Mas não vou me adiantar pq o livro que eu trabalhei falando sobre isso vai ser lançado, então vou recomendar a leitura antes de me antecipar aqui! hahaha #babaca
** Posts duplicados combinados **
Bolsonaro não sobrevive eleitoralmente depois do primeiro debate.
Concordo. E digo mais: mesmo sem os debates, só no horário eleitoral minusculo que ele terá ele nao resiste contra a maquina partidária petista e tucana.
 
Cara, também acho. Mas quem diria que Dilma ganharia duas não é? Além disso, um Lula preso, com um discurso de perseguição e tal pode criar um cenário de difícil previsão.

Em 2010, Lula tinha 80% de aprovação. Qualquer poste que ele indicasse seria eleito, como acabou acontecendo.
Em 2014, a economia já dava sinais de queda e Lula havia sofrido algum desgaste. Isso se refletiu na vitória apertadíssima de Dilma.
Com relação ao Lula preso, isso vira munição eleitoral mesmo... mas tenho dúvidas de que efeitos isso geraria e se seria o suficiente para alavancar a candidatura de um Jacques Wagner, por exemplo.

Tá, vamo aproveitar e deixar um recadinho pra eles de uma vez.

Pessoinhas que apoiam Bolsonaro: reconsiderem. O cara é um destilador de discurso de ódio, defende a volta da ditadura, tem um discurso EXTREMAMENTE machista, misógino, racista e lgbtfobico. Ou seja, se opõe forte e constantemente a pessoas que você conhece e com quem se importa. Então vamo ter empatia, galera, e reconsiderar a escolha

Fugindo a esse discurso da "empatia", Bolsonaro não tem a menor consistência. Não tem a menor ideia de país, não tem noção do que seja a economia nacional, não sabe discutir política internacional, entre outras coisas. Pra quem quiser ver, o Villa comeu o fígado dele naquele debate na Jovem Pan. Bolsonaro é um papagaio que aprendeu uma meia dúzia de frases controversas e que se projeta nessas polêmicas. Fora disso, ele não vale nada. Quando se via enrascado, tergiversava, falava alto...
E tem o que o Fela colocou: é candidato por uma merda de partido. Sem tempo de TV: efeito Russomano --> está bem nas pesquisas agora, mas vai despencar.


Sei que a questão da religião e do apoio criminoso ao Aécio no segundo turno pesam muito contra. Mas quem sabe ela volta melhor em 2018.

Vale a crítica ao apoio ao Aécio. E acho que há muitas outras críticas possíveis. Mas se for pela questão da religião, acho que pode ficar tranquila.
Eu mesmo bati nessa tecla, mas reavaliei isso em um segundo momento. Marina é evangélica, mas isso nunca deu o tom da sua atuação política.
Cometeu um erro amador durante a campanha e permitiu que colassem nela esse rótulo.
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Eu voto no Eymael.

Ok, mentira. Tendo para um apoio ao Ciro.
Se vier mesmo a votar nele, será o mais moderado dos meus votos para a presidência da república (em primeiro turno, digo).

Sobre a enquete:
- Alckmin também é possível candidato.
- o Psol deve ir de Chico Alencar - o que eu considero um erro. O Nildo Ouriques, economista e professor da UFSC, se postulou como pré-candidato. Acho que seria uma escolha mais inteligente, do ponto de vista tático, mas não acho que o partido vai bancar essa candidatura.
- PSD anunciou que deve lançar Henrique Meirelles. Sim... Henrique Meirelles.
 
Última edição:
Muito papinho isso de que os políticos são o reflexo do brasileiro corrupto. Então quer dizer que os brasileiros tomarem um banho de honestidade, os políticos magicamente refletirão isso? No fucking way. Políticos são corruptos pq as instituições não funcionam direito, de modo que o cara atribui probabilidade zero à punição e aceita qualquer merda de grana para se corromper. Na boa, teve vários políticos aí se vendendo por menos que 500 mil. Isso é muito pouco, só um país com impunidade para isso valer a pena.

Aaaah mas disso eu discordo e muito! hahaha

Bem, até hoje não encontrei estudos antropológicos/sociológicos que mostrem que algum dado povo ou cultura é inerentemente mais corrupto ou propenso à corrupção.

Por outro lado, há bastante pesquisa feita no âmbito de como (e quais) ambientes institucionais mais favorecem a corrupção. Eu mesmo já fiz pesquisa sobre isso, e tô com um artigo a ser finalizado (vai ter que esperar a tese). No meu caso, observei que fatores como proporção de mulheres no parlamento, abertura comercial, liberdade econômica, tamanho do governo e algumas formas de financiamento político possuem relação com o nível de corrupção percebido nos países. E em vários casos não é simples correlação, mas há um nexo de causalidade em sentido temporal (um elemento precedendo outro). Existem diversas outras pesquisas que analisam outras variáveis e dimensões, mas em geral há muita concordância na literatura de que os arranjos institucionais são fundamentais.

Eu penso que isso não quer dizer, entretanto, que as características da população não importem, e que não temos nós mesmos parcela de culpa. Mas penso que elas atuam dentro de um sistema já funcional, que cria seus próprios mecanismos de retroalimentação: uma vez estabelecidos os incentivos vigentes, as pessoas agem de acordo com eles. Se há poucos incentivos para comportamentos morais e muitos incentivos para a corrupção, haverá pouco espaço para que os indivíduos busquem reformar as instituições para melhor. E aí temos um círculo vicioso.

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Sobre a enquete: eu espero não precisar votar. Como tenho mudado de cidade nos últimos anos, não fiquei mudando meu título de eleitor (não vale a pena), e é bem provável que eu não esteja em minha cidade natal (de onde é meu título) no período da eleição.

Mas se tivesse que votar, seria uma escolha difícil. Por princípio, não sou partidário do voto branco/nulo. Penso que há de se escolher o menos pior. Claro, há casos em que não dá pra fazer uma distinção clara sobre quem é realmente o menos pior, e isso abre uma brecha para anular o voto. Dito isso, dessa lista aí, os que me parecem menos pior hoje são Marina e Caiado.

Aliás, fico feliz em ver que até agora ninguém escolheu Bolsonaro. Por outro lado, fico sinceramente intrigado pelos motivos que levam alguém a escolher Lula. Seria interessante ler uma justificativa bem elaborada aqui. :think:
 
Mas não é palpitar, é só indicar a sua preferência, se a eleição fosse hoje.

Se fosse me decidir somente pelo universo presente nessa enquete, ficaria com um segundo turno entre Ciro e Álvaro Dias pra após debates me decidir melhor por um dos dois.

Nem vou entrar no meio de que ninguem, absolutamente ninguem vai longe na política sem acordos, acertos e uma ou outra ilegalidade aqui e ali, isso deixo pra outro dia.

Mas é justamente esse desfecho do seu post que é o ponto fundamental. Sim, no Brasil não existe zona do conforto que permita alguém governar sem alguns acordos e trocas de favores e muito da decepção que temos na política de um modo geral vem daí. O problema é que alguns se submetem a uma quantidade, tamanho e preço em troca muito maior do que outros e com isso até conseguem um aparente momento de prosperidade, mas sempre em algum momento mais a frente tudo isso vai estourar, porque chega a hora da cobrança e quando ela não é paga como o esperado...
 
bate um nervoso enorme saber que daqui um ano tem eleição e ESSES são apontados como possíveis candidatos. mais nervoso ainda considerar o efeito causado pelo voto branco/nulo/abstenções nas eleições municipais. dória levou em são paulo perdendo para brancos/nulos/abstenções, mesma coisa que o greca ganhando em curitiba. sensação que fica é que o melhor é escolher entre o menor dos males e votar mesmo. o problema é que não consigo enxergar o menor dos males nessa lista. eu só consigo pensar nos que não dou voto de jeito nenhum (caiado, dória e bolsonaro). dos outros, acho que meu voto dependeria de quem seriam os nomes no segundo turno (porque no primeiro eu voto nulo com certeza).

sério, estamos todos fodidos.
 
@Eriadan realmente acredita nas coisas que o Ciro fala. Fica aí a aposta informal então: Eu duvido que veremos Ciro e Lula competindo na corrida presidencial.

Marina Silva virou uma piada política, mas eu não sei até onde isso se reflete no voto popular. Particularmente, não votaria nela. A mulher virou uma herpes política, aparecendo sempre que a imunidade do país está baixa. Acompanho ela no FB e esse acaba sendo sim o meu termômetro. Ela só posta quanto tem treta, pra lembrar que ela ainda existe e que é a "terceira via".

@Felagund, meu caro, você pode até discordar da causalidade que citei, eu até mesmo confesso que pode ter sido muito forte - só que eu também não compro essa de que se punissem os crimes diários do brasileiros, que isso teria algum reflexo na punição dos grandes crimes, resultando em menos corrupção. O mais provável é que a galera ficasse puta da vida pq não pode ter uma carteira falsifica, enquanto nego enche o rabo com malas de dinheiro.
** Posts duplicados combinados **
E sobre o Bolsonaro, fica outra previsão chutada: Não passa de 5% no resultado final do primeiro turno (o que já é coisa para caráleo) isso se não queimar largada fazendo alguma merda e nem entrando na disputa.
 
Bem, até hoje não encontrei estudos antropológicos/sociológicos que mostrem que algum dado povo ou cultura é inerentemente mais corrupto ou propenso à corrupção.

Por outro lado, há bastante pesquisa feita no âmbito de como (e quais) ambientes institucionais mais favorecem a corrupção. Eu mesmo já fiz pesquisa sobre isso, e tô com um artigo a ser finalizado (vai ter que esperar a tese). No meu caso, observei que fatores como proporção de mulheres no parlamento, abertura comercial, liberdade econômica, tamanho do governo e algumas formas de financiamento político possuem relação com o nível de corrupção percebido nos países. E em vários casos não é simples correlação, mas há um nexo de causalidade em sentido temporal (um elemento precedendo outro). Existem diversas outras pesquisas que analisam outras variáveis e dimensões, mas em geral há muita concordância na literatura de que os arranjos institucionais são fundamentais.
Fëa, terei total interesse nesse artigo, mas, enquanto não sai, você pode antecipar algumas coisas? Eu queria entender principalmente a relação do tamanho do Estado e da liberdade econômica com corrupção. Hoje entendo que, independentemente de o Estado ser grande ou pequeno, ele ser transparente e ter meios eficazes de controle social (e a imprensa livre é o maior deles) é o que garante menor índice de corrupção. O sucesso da Suécia (que não é um exemplo de Estado pequeno) é atribuído principalmente a esses dois fatores, além do alto grau de instrução da população.

Fëanor disse:
Por outro lado, fico sinceramente intrigado pelos motivos que levam alguém a escolher Lula. Seria interessante ler uma justificativa bem elaborada aqui. :think:
Idem. Eu acho que é uma espécie de voto de afirmação, como que para dizer "eu sou contra o que fizeram com Dilma e o que os golpistas estão fazendo com o país". Mas qual o projeto que Lula ou o PT têm para o Brasil, depois de terem tido as melhores condições da História do Universo para fazer reformas substanciais e acabarem se contentando com medidas tímidas e projeto 0 a longo prazo, não sei.

@Eriadan realmente acredita nas coisas que o Ciro fala. Fica aí a aposta informal então: Eu duvido que veremos Ciro e Lula competindo na corrida presidencial.
E o que ele falou que você não acredita? Ele não falou que vai ou que não vai, porque isso quem decide é o partido (e confirmar candidatura antes da hora é irregular); só disse que não gostaria de concorrer com Lula por aqueles motivos, e acho que faz sentido. Mas o que EU acho é que ele vai concorrer de qualquer jeito, porque parece estar investindo muito nesta candidatura. E outra: se Ciro apoiar Lula num 1º turno, eu finalmente o verei sendo incoerente.
 
Última edição:
@Eriadan realmente acredita nas coisas que o Ciro fala. Fica aí a aposta informal então: Eu duvido que veremos Ciro e Lula competindo na corrida presidencial.

Bem, supondo que Lula concorra, minha aposta é que o Ciro sai candidato da mesma maneira.
Parlapatices à parte, Ciro é uma raposa. Sabe o chão que está pisando. Percebe a crise do petismo (e da esquerda) e quer disputar a simpatia desse campo, ajustando o seu discurso. Todo o seu papel na conjuntura que antecedeu o impeachment envolve esse cálculo, ainda que talvez não se esgote nele: a ocupação desse vácuo. Essa coisa de "não gostaria de concorrer contra o Lula" é também jogo de cena. Especulo que isso talvez tenha pegado mal entre os seus correligionários da vez e, por isso, ele trouxe a público a justificativa, que é a seguinte: Fui mal interpretado. Não quero concorrer com Lula, porque ele passionaliza o processo eleitoral e inviabiliza qualquer discussão de projeto de país; serei candidato se o meu partido quiser que eu seja (e o PDT quer).
Ante a possibilidade de que o Lula não seja candidato, Ciro disse outro dia que idealmente gostaria de ter Haddad como vice da sua chapa. Isso é medido: ele sabe que Haddad é o nome que Lula deseja (ainda que enfrente resistências no partido) e sabe que um eventual apoio do PT poderia fazer toda a diferença. Mas também sabe que o PT dificilmente deixaria de ter candidatura própria, embora isso já tenha sido defendido por figuras importantes do partido, como o Tarso Genro, por exemplo (que anda bem isolado dentro do PT, não tendo maior peso). Ciro disse, num bate-papo na Faculdade de Direito da Usp, que o PT tem a natureza do escorpião, é da sua natureza ser um partido com essa propensão hegemonista. Ainda assim, de qualquer forma, ele joga aqui com as simpatias, comendo pelas beiradas. Se Lula não for candidato, uma parcela importante dos votos tende a convergir pra ele. Se Lula concorrer, Ciro sabe que tem as suas chances muito reduzidas, mas entende que o melhor é se manter em evidência, não sair de cena, ganhar musculatura eleitoral e fazer uma campanha em 2018 com vistas a 2022. Como dizia o Pierre Bourdieu, em referência ao Berkeley: ser é ser percebido na televisão. Se você está fora de cena, você inexiste politicamente.
O PDT quer que ele seja candidato. O Mangabeira Unger já declarou o seu apoio ao Ciro e disse que trabalhará pela sua candidatura. Existe toda uma estrutura já em movimento, todo um investimento, redes sociais, etc, para que ele seja candidato. Ainda que Lula concorra, ele sai candidato. É o que eu acho...
 
Última edição:
Fëa, terei total interesse nesse artigo, mas, enquanto não sai, você pode antecipar algumas coisas? Eu queria entender principalmente a relação do tamanho do Estado e da liberdade econômica com corrupção. Hoje entendo que, independentemente de o Estado ser grande ou pequeno, ele ser transparente e ter meios eficazes de controle social (e a imprensa livre é o maior deles) é o que garante menor índice de corrupção. O sucesso da Suécia (que não é um exemplo de Estado pequeno) é atribuído principalmente a esses dois fatores, além do alto grau de instrução da população.

Tem uma versão preliminar dele aqui. Apresentei num congresso da Anpec, essa versão foi concluída meio às pressas e está um tanto crua, então desconsidere se estiver mal escrito ou desconexo. Ah, e também pode parecer excessivamente técnico no aspecto metodológico, então se tiver alguma dúvida, pode me mandar mensagem.

Sobre a relação específica de tamanho do estado e liberdade econômica com a corrupção, vou puxar alguns trechos do que diz a teoria e dos meus resultados:

No que diz respeito às possíveis causas para a corrupção, Lambsdorff (2006) lista nove como as mais proeminentes na literatura recente: o tamanho do setor público, a qualidade da regulação, o grau de competição econômica, a estrutura do governo, o nível de descentralização, o impacto da cultura, valores e gênero, e o papel de fatores invariáveis, como geografia e história.

O tamanho do setor público é normalmente visto como positivamente relacionado com a incidência de corrupção. Grosso modo, a ideia é que, à medida que o setor público seja maior e mais capaz de intervir na realidade econômica, ele trará mais oportunidades para que interesses privados busquem capturá-lo. Entretanto, as evidências empíricas apresentam resultados não consensuais a respeito [2]. Um problema que naturalmente surge é o de que alguns países podem ter um setor público pequeno e extremamente frágil, incapaz de garantir elementos básicos como o direito de propriedade. Em tais cenários, atos de corrupção podem encontrar um caminho mais livre. Outro aspecto diz respeito à diferença entre tamanho do setor público propriamente dito (comumente mensurado como razão dos gastos públicos sobre o Produto Interno Bruto) e as liberdades econômicas efetivas. Muito embora ambos possam ser razoavelmente correlacionados, existem Estados, como os escandinavos, onde as liberdades econômicas são elevadas, muito embora os mesmos tenham elevados gastos públicos.

Tais elementos podem ser mais apropriadamente relacionados à qualidade da regulação e à falta de competição/liberdade econômica. Ambos os fatores podem ser tanto causa como produto da corrupção: ao mesmo tempo em que a corrupção pode cooptar as normas regulatórias para atender a seus interesses e para restringir a competição econômica, também as más regulações criam espaço para desvios do interesse público, e pouca competição econômica tende a reforçar o poder dos players já estabelecidos, que se tornam mais aptos a influenciar o poder político. Trabalhos como o de Shen e Williamson (2005) e Goel e Nelson (2005) suportam tal visão, apontando que a liberdade econômica possui efeito relevante sobre a redução da corrupção.

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[2] Ver, por exemplo, LaPalombara (1994), Elliot (1997) e Gerring e Thacker (2005).

O Índice de Liberdade Econômica foi positivo e significativo nos dois modelos em que foi incluído, sendo que sua magnitude varia consideravelmente entre os casos: em termos médios, no modelo de efeitos fixos um incremento de 10 pontos no Índice está associado a 2,7 pontos a mais no CPI, enquanto que no modelo de efeitos mistos esse valor é de 4,4 pontos. Em qualquer caso, a associação entre os indicadores é forte, e sugere que países onde a economia seja mais livre também tendem a apresentar menor incidência de corrupção. Embora tal resultado vá ao encontro da literatura [11], é importante ressalvar que, dado o fato de o Índice de Liberdade Econômica incluir um indicador de liberdade da corrupção, a associação encontrada com o CPI pode ser espúria. Assim, o segundo modelo de efeitos fixos e o segundo modelo de efeitos mistos abrem mão de tal variável, e utilizam alguns de seus componentes desagregados.

Nesse sentido, o coeficiente para os direitos de propriedade foi positivo em ambos os modelos, mas foi significativo apenas no modelo de efeitos mistos, o que requer maior cautela em sua interpretação. A garantia de tais direitos pode ser encarada como uma proxy para o vigor da lei, que por sua vez tem papel fundamental para combater a corrupção [12]. Contudo, esta também tende a estar muito associada ao nível de desenvolvimento humano do país, o que pode gerar multicolinearidade e afetar a estimativa do parâmetro.

Para os gastos do governo, os dois modelos apontam que, em termos gerais, maiores níveis de gastos estão associados a menores níveis de corrupção (maior CPI). A princípio o resultado pode parecer contraintuitivo, a depender do arcabouço teórico que se leve em conta na análise. A fim de testar se tal relação é válida para países com níveis de desenvolvimento maiores, criou-se uma variável de interação entre os gastos e uma dummy identificadora de tais países (com IDH maior ou igual a 0,7). Nesse caso a relação se inverte, de modo que incrementos nos gastos governamentais se associam a maiores indicadores de corrupção percebida. Tal constatação reafirma a ideia de que, ao analisar a relação do tamanho do governo (em termos de seu nível de gastos) é necessário levar em consideração o nível de desenvolvimento do país, uma vez que para países onde o nível de desenvolvimento é baixo, poucos gastos governamentais podem indicar a falta de estruturas mais básicas, que venham a garantir outros fatores institucionais importantes, como os direitos de propriedade. Nesses países o governo e a lei tendem a ser mais fracos, de modo que torna-se difícil coibir, vigiar e punir atos de corrupção. Por outro lado, em países que já atingiram um nível de desenvolvimento alto ou muito alto, onde os instrumentos da lei estão solidamente estabelecidos, a continuação da expansão do Estado pode ser um fator que incremente as possibilidades de corrupção. Nesse sentido, quanto maiores os gastos do governo, maiores as quantidades de dinheiro fluindo através dos homens de Estado e, por consequência, maiores os incentivos e oportunidades para que interesses particulares busquem capturar parcela de tais fluxos.

A liberdade de negócios, por sua vez, se relaciona positivamente com o CPI nos dois modelos, ou seja, quanto maior a liberdade que os cidadãos possuem para obter uma licença, iniciar, manter ou fechar um negócio, menor tende a ser a corrupção percebida naquele país. O resultado é esperado, uma vez que a falta de tal liberdade geralmente se dá por excesso de burocracia (muitos procedimentos requisitados), que elevam o custo (em tempo e dinheiro) para iniciar ou encerrar uma atividade, o que por sua vez abre oportunidades de suborno para os agentes do governo envolvidos com tais regulações, tanto em um nível primário – individualmente, para “facilitar” os procedimentos – quanto em grande escala – através de grandes empresas já estabelecidas procurando manter tais regulações para impedir a concorrência. Os coeficientes são relativamente semelhantes entre os modelos estimados, de modo que o acréscimo de dez pontos no indicador de liberdade de negócios está relacionado, em média, a um CPI entre 0,97 e 1,2 pontos maior.

Para a liberdade de comércio, os coeficientes foram positivos, mas apenas o modelo de efeitos fixos revelou significância para o mesmo. A interpretação de tal resultado é semelhante àquela da liberdade de negócios: como a liberdade de comércio se relaciona com a existência de barreiras tarifárias e não tarifárias sobre exportações e importações de bens e serviços, ela também pode refletir o protecionismo a empresas nacionais e/ou já estabelecidas internamente, que podem manter relações escusas com a burocracia governamental a fim de garantir tal proteção e reduzir a concorrência. Também é preciso notar que tal variável se correlaciona com a de comércio internacional, de forma que a insignificância estatística no modelo de efeitos mistos pode se dever à multicolinearidade.

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[11] Chafuen e Guzmán (2000), Paldam (2002), Goel e Nelson (2005), Shen e Williamson (2005), Saha, Gounder e Su (2009)
[12] Para uma discussão mais específica sobre essa conexão, ver Nwabuzor (2005). O trabalho de Uslaner (2005) apresenta resultados empíricos suportando esse argumento.
 
@Mercúcio, tem um detalhe: sim, Ciro sabe onde está pisando, mas ele também perde muitas oportunidades de ser mais calculista para poder falar o que pensa. Ele poderia estar aproveitando esse vácuo que a inelegibilidade de Lula pode deixar para bater menos no velho nove-dedos, transformar-se numa figura mais atrativa aos simpatizantes, mas em vez disso ele faz críticas duras toda vez que perguntam. Isso é bom porque demonstra que não está disposto a distorcer seus posicionamentos para se eleger, mas também mina as chances de o PT colocá-lo como alternativa.
 
@Mercúcio, tem um detalhe: sim, Ciro sabe onde está pisando, mas ele também perde muitas oportunidades de ser mais calculista para poder falar o que pensa. Ele poderia estar aproveitando esse vácuo que a inelegibilidade de Lula pode deixar para bater menos no velho nove-dedos, transformar-se numa figura mais atrativa aos simpatizantes, mas em vez disso ele faz críticas duras toda vez que perguntam. Isso é bom porque demonstra que não está disposto a distorcer seus posicionamentos para se eleger, mas também mina as chances de o PT colocá-lo como alternativa.

É que esse é um jogo duplo, @Eriadan . Ele deve, ao mesmo tempo, orbitar em torno do lulopetismo e se diferenciar dele, inclusive criticando-o publicamente.
 
Fëa, na hora do intervalo vou ler com calma! De antemão, parabéns pelo trabalho! :clap:

É que esse é um jogo duplo, @Eriadan . Ele deve, ao mesmo tempo, orbitar em torno do lulopetismo e se diferenciar dele, inclusive criticando-o publicamente.
Se é jogo-duplo, ele não está sabendo fazê-lo, porque as críticas que ele faz são pesadas, e afastam os seguidores de Lula. Pegue o Brasil 247, o povo lá tem ódio de Ciro (traidor da esquerda! capitalista vendido! direitista disfarçado!), quase tanto quanto o povo do Spotniks tem. :lol:
 
Se é jogo-duplo, ele não está sabendo fazê-lo, porque as críticas que ele faz são pesadas, e afastam os seguidores de Lula. Pegue o Brasil 247, o povo lá tem ódio de Ciro (traidor da esquerda! capitalista vendido! direitista disfarçado!), quase tanto quanto o povo do Spotniks tem. :lol:

Parei de ler o Brasil 247 por razões de salubridade, mas é muito esperado que esse folheto esteja atacando o Ciro, né?
Note que mesmo durante o processo de impeachment, Ciro não deixou de criticar Lula, dizendo, por exemplo, que ele tem a moral frouxa (também dizia desde então que seria um desserviço ao país Lula candidato). Ainda assim, Ciro não deixava de ser o herói dos 247 da vida. O novo Brizola, na Campanha da Legalidade 2.0 (ai meus sais!). O quadro agora é outro: a máquina lulopetista vai tentar minar os adversários potenciais mesmo.
De qualquer modo, o jogo duplo a que me refiro é orbitar o lulopetismo, marcando, ao mesmo tempo, a sua diferença em relação a ele. É acenar para esse eleitorado (ou parcela desse eleitorado) em crise do PT - vide o encolhimento do partido nas últimas eleições municipais - e, ao mesmo tempo, acenar para setores que participam dessa rejeição difusa a Lula, que também é alta.
Note que nesse mesmo tópico, dois dos eleitores do Lula que aqui se manifestaram - Fela e Menel - consideram Ciro como uma alternativa possível. E acho que muita gente está considerando o mesmo...
Não digo, com isso, que não haja certa autenticidade no Ciro - eu acho que há, apesar de achá-lo meio bravateiro também às vezes. Mas há muito cálculo político aí também...
 
Acho que sua análise está correta em relação a parte do eleitorado lulista. Mas as pessoas que amam Lula como se ama a um deus, quando se depararem com as verdades que Ciro fala sobre ele não vão apoiá-lo. Se ele quisesse ser mais habilidoso nesse jogo, poderia criticar pegando mais leve, mas não gosta de segurar o que pensa.
 
Última edição:
Antes de eu votar na enquete, alguém pode me dizem quem cargas d'água é Álvaro dias?
 
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