Nota 5 – Aqui Pengolodh acrescenta uma longa nota sobre o uso dos hröar pelos Valar. Em resumo, ele diz que, embora seja em origem um “auto vestir-se”, ele pode tender a se aproximar do estado de “encarnação”, especialmente com os membros inferiores daquela ordem (os Maiar). “É dito que, quanto mais tempo o mesmo hröa é usado, maior é a ligação ao hábito, e menos deseja o auto vestir-se abandoná-lo. Como vestimenta, pode logo deixar de ser um adorno, e se tornar (como é dito nas línguas tanto de Elfos como de Homens) um hábito, uma roupa costumeira. Ou se entre Elfos e Homens ela seja usada para mitigar o calor e o frio, ela logo torna o corpo vestido menos capaz de suportar tais coisas quando despido”. Pengolodh também cita a opinião de que se um “espírito” (isto é, um daqueles não encarnados pela criação) usa um hröa em auxílio a seus propósitos pessoais, ou (ainda mais) para o deleite de faculdades corpóreas, ele sente a dificuldade aumentar para operar sem o hröa. As coisas que são mais obrigatórias são aquelas que no Encarnado têm a ver com a vida do próprio hröa, seu sustento e propagação. Dessa forma, comer e beber são obrigatórios, mas não o prazer na beleza do som ou forma. A maioria das obrigações é criada ou compreendida.
“Não sabemos as axani (leis, regras, como primeiramente originadas de Eru) que foram estabelecidas sobre os Valar com referência em particular ao seu estado, mas parece claro que não havia uma axan contra tais coisas. No entanto, parece existir uma axan, ou talvez consequência necessária que, se eles estão decididos, o espírito deve então habitar o corpo que é usado, e ficar sob as mesmas necessidades do Encarnado. O único caso que é conhecido nas histórias dos Eldar é o de Melian, que se tornou esposa do Rei Elu Thingol. Isso com certeza não foi feito com maldade ou contra a vontade de Eru, e embora tenha levado ao sofrimento, tanto Elfos como Homens foram enriquecidos”.
“Os grandes Valar não realizam tais coisas: eles não geram, nem comem ou bebem, exceto nos altos asari (festivais), como prova de sua autoridade e habitação de Arda, e para a benção do sustento dos Filhos. Apenas Melkor dentre os Grandes tornou-se por fim limitado a uma forma corpórea; mas assim o era por causa do uso que ele fez disso, no seu intento de se tornar Senhor dos Encarnados, e por causa das grandes perversidades que cometera quando em corpo visível. Ele também dissipou seus poderes nativos para o controle de seus agentes e servos, de forma que ele se tornou no final, em si mesmo e sem o apoio deles, algo enfraquecido, consumido pelo ódio e incapaz de restaurar a si próprio do estado ao qual havia caído. Mesmo a sua forma visível ele não mais podia dominar, de modo que seu horror não podia mais ser mascarado, e isso revelou a maldade de sua mente. Assim também foi com alguns de seus maiores servos, como vemos nestes dias atuais: eles se tornaram unidos às formas de seus atos malignos, e se estes corpos eram tomados deles ou destruídos, eles eram anulados, até que tivessem reconstruído uma imagem de suas habitações anteriores, com a qual eles podiam continuar os cursos malignos nos quais eles haviam se fixado”. (Pengolodh aqui se refere evidentemente a Sauron, em particular, com cuja elevação partiu, por fim, da Terra-média. Mas a primeira destruição da forma corpórea de Sauron foi registrada nas histórias dos Dias Antigos, na Balada de Leithian.)