Lendo Estrela Distante do Bolaño, No comeco ainda.
E li esse final de semana 2 livros
Terminei a leitura e concordo com o que o Harold Bloom diz: McCarthy é o maior escritor americano da Atualidade!
O livro conta a história de um "faroeste moderno". A trama se desenrola no Texas e México. Um cowboy encontra uma maleta cheia de dinheiro e depois é perseguido pelo um psicopata em uma caçada insana e violenta.
A narrativa do Comarc é fanstástica, de forma simples e direta ele monta a história e você não consegue mais parar de ler. Uma caracteristica particular do autor é a construção de frases com e ao invés de virgulas. Aliás ele usa bem poucas.
Outro ponto forte do livro são os dialógos que são bem construidos e fabulosos. Chigurh é um dos melhores personagens que já conheci. Insano e cada fala sua causa tensão e incerteza no ouvinte.
Entre um capítulo e outro temos uma espécie diário do Xerife. Esse diário é um show a parte. Pois de uma forma sútil o autor coloca suas idéias e também constroi frases muito boas tipo essas:
“Dizem que os olhos são a janela da alma. Não sei para onde aquelas janelas davam e acho que preferia nem saber.
" Por fim ela me disse o seguinte: Não gosto do rumo que este país está tomando. Quero que a minha neta possa fazer um aborto. E eu disse bem minha senhora não acho que precise se preocupar com o rumo deste país. Pelo que eu vejo não tenho muitas dúvidas de que ela não só vai fazer um aborto como vai poder fazer com que sacrifiquem a senhora. O que mais ou menos encerrou a conversa."
Um capitulo muito foda é os finais do livro, narrando a conversa do Xerife com seu tio!
O clima de futuro sem perspectiva, destruição de valores e nostalgia ao passado é bem presente no livro. Creio que essa caracteristica seja comum na obra do Comarc. Pelo menos percebe-se o mesmo clima em A estrada.
Diário da Guerra do Porco - Bioy Casares
Coincidentemente após terminar a leitura de "Onde os velhos não tem vez" já emendei a leitura de um livro de mesmo tema, porém tratados de formas bem diferentes. No diário da Guerra do porco do Bioy Casares os velhos também não tem vez e vivem com medo de sair as ruas e serem atacados pelos jovens. Nessa premissa o Bioy desenvolve a história de forma magistral, contando a história de Isidoro Vidal que é um velho nem tão velho assim ( menos de 60 anos) em forma de diário. O livro começa de forma sútil, narrando problemas cotidianos da vida de Vidal e no decorrer vai ganhando um clima mais violento com o fortalecimento da guerra contra os Porcos, que nada mais é uma guerra para exterminar os velhos do país.
Primeiro livro que li do autor, não estou com o exemplar aqui na mão , mas ele é recheado de frases belas e inspiradoras. Cheio de reflexões contra a velhice e também lembrando que apesar de velhos eles são homens ainda, apesar de todos não os tratarem assim.
Uma ótima leitura entrou para a lista de meus livros preferidos!
Segue também um comentário do Rubem Fonseca que vem escrito na parte de trás do livro.
Aliás a Cosac Naify tá de parabéns com essa edição, muito bonita. A capa é foda, a formatação do texto, papel escolhido, tudo.
Li o Diário da guerra do porco em 1969, numa edição da Emecé. Até hoje, mais de quarenta anos depois, ainda guardo uma forte recordação do livro.
No prefácio de A invenção de Morel, Jorge Luis Borges afirma que Adolfo Bioy Casares introduz, no idioma espanhol, um gênero novo. Ele e Borges são dois dos meus autores favoritos. Eram amigos e juntos escreveram contos, crônicas e roteiros de filmes usando o pseudônimo de Bustos Domecq – Domecq era o nome do bisavô de Bioy e Bustos, do bisavô de Borges.
Concordo com Borges quando este diz que o realismo fantástico e o viés metafísico de A invenção de Morel tornam a obra fascinante. Borges chega a afirmar que o livro é “perfeito”. Há quem diga que Alain Resnais se inspirou na história para filmar O ano passado em Marienbad.
Embora A invenção de Morel seja o livro mais famoso de Bioy, eu ainda prefiro O diário da guerra do porco. Nele, o escritor fala do compromisso que o ser humano tem com a vida. E do dever de enfrentar a morte e a velhice e o desprezo da sociedade e o desdém e a violência dos jovens.
Um romance escrito com brilhantismo e que não pode deixar de ser lido.