Ausência de Marcelo na seleção é injustificável
sáb, 21/05/11por André Rocha
Os 28 nomes de Mano Menezes para os amistosos contra Holanda e Romênia, funcionando também como pré-convocação para a Copa América, provocaram as discussões de sempre. Em qualquer lista, invariavelmente teremos quatro ou cinco jogadores questionados e, consequentemente, o mesmo número de protestos por ausências.
O torcedor pode não entender a opção por Anderson, Elias e Fred e não Hernanes e Hulk, por exemplo. Ou contestar Thiago Neves, e não o até agora intocável Jadson, como o meia-atacante a “esquentar lugar” para o lesionado Paulo Henrique Ganso. É razoável também questionar a convocação tardia do cruzeirense Fabio com enormes chances de ser o goleiro entre os seis cortados após os amistosos.
Mas uma ausência, em especial, saltou aos olhos. Ainda mais na lista “inchada” de Mano.
Marcelo evoluiu demais no Real Madrid sob o comando de José Mourinho e é um dos melhores do planeta na lateral-esquerda. O jovem ousado e habilidoso que descia com volúpia, mas deixava generosos espaços às costas e era displicente no cumprimento das atribuições defensivas da posição aprendeu o ofício. Deixou de ser essencialmente um ala, mesmo numa linha de quatro, e se tornou lateral na acepção do termo.
No time merengue, Marcelo se comporta como um defensor, guardando a posição sem a bola e fazendo a cobertura por dentro quando a jogada é criada pelo lado oposto. Ofensivamente, o brasileiro vai bem no apoio aberto buscando a linha de fundo ou entrando em diagonal, aproveitando os espaços deixados pela marcação sempre reforçada sobre Cristiano Ronaldo, o craque e artilheiro da equipe que faz dupla com o lateral no 4-2-3-1 habitual de Mourinho.
No 4-2-3-1 do Real Madrid, Marcelo defende como lateral e apoia aberto ou por dentro em ótima parceria com Cristiano Ronaldo.
André Santos, que vem sendo o titular da seleção de Mano, e Adriano – outro a evoluir na posição com a transferência para o Barcelona, especialmente na marcação e no posicionamento defensivo – merecem respeito e podem corresponder. Mas o salto de qualidade com Marcelo seria considerável, ainda mais se lembrarmos que no 4-2-3-1 ou no 4-3-1-2, o atacante que mais circula pelo lado esquerdo é Neymar. Seria uma dupla de técnica e habilidade inquestionáveis, com o adicional da responsabilidade tática.
Os números dos laterais nos clubes: André Santos participou de 28 partidas das 41 disputadas pelo Fenerbahçe na temporada. Quatro gols marcados e nenhuma assistência (o blogueiro não encontrou números de desarmes). Adriano, que é reserva de Abidal no Barça, atuou em 28 dos 65 jogos do time catalão. Um gol e duas assistências. Recuperou 159 bolas (5,6 por jogo).
Já Marcelo esteve em 50 das 58 partidas do Real, marcou cinco gols e deu seis passes decisivos. 366 bolas recuperadas (média de 7,3). Mais presente, regular e eficiente, na defesa e no ataque.
É óbvio que o desempenho com a camisa verde e amarela tem peso considerável e André Santos teve boa atuação, com direito a assistência para Neymar, nos 2 a 0 sobre a Escócia, último amistoso do time canarinho. Mas o Marcelo da temporada 2010/11 marca e apoia melhor, além de ser mais constante. Merecia fazer parte do grupo, no mínimo.
Declarações polêmicas do lateral direcionadas ao treinador da seleção depois de ficar de fora da última partida por conta de uma lesão que o afastou de duas partidas do Real na liga espanhola e a suposta má reputação na CBF desde os tempos de Dunga, que convocou Marcelo para a Olimpíada de Pequim em 2008, são apontadas como os motivos da ausência.
É legítimo que o técnico selecione atletas de sua confiança, ainda mais para uma competição que ganha importância pela ausência do Brasil nas Eliminatórias e que terá o grupo reunido por um período mais longo.
No entanto, Marcelo não tem histórico recente de indisciplinas graves nem atitudes irresponsáveis. E considerando apenas os aspectos técnicos e táticos, que devem prevalecer na análise de qualquer jogador, deixar o lateral-esquerdo do Real Madrid de fora é injustificável.
A primeira grande bola fora de Mano Menezes na seleção.
Na seleção, Marcelo e Neymar poderiam fazer ótima dupla pela esquerda, em qualquer sistema de jogo. Mano Menezes não quis.
http://globoesporte.globo.com/platb...encia-de-marcelo-na-selecao-e-injustificavel/
Não sou só eu, então...