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A esquerda e os liberais

O caso recente da energia é um exemplo da estratégia à esquerda. A realidade tem o mau hábito de decorrer de dificuldades técnicas

A discussão sobre as abordagens de política econômica frequentemente se escora em estereótipos: a direita seria autoritária na política e liberal na economia; a esquerda, democrática e desenvolvimentista. Este artigo propõe um contraponto.

A clivagem usual pode ter origem na ditadura militar, uma escolha trágica que, na retórica, tem sido utilizada para esconder a semelhança entre os principais projetos políticos à esquerda e à direita no período. Ambos compartilhavam o autoritarismo e o diagnóstico econômico que enfatizava a relevância da intervenção pública, o estímulo à produção doméstica, a proteção de setores estratégicos pouco competitivos e a normatização minuciosa das regras para as decisões privadas.

A divergência não ocorreu tanto sobre a estratégia econômica, mas mais sobre quem deveria liderá-la. A esquerda apoiava uma aliança política alternativa, porém compartilhava o projeto nacional-desenvolvimentista e a pouca ênfase em políticas sociais como educação. Por isso mesmo era apenas aparente o paradoxo do elogio ao 2º PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) do governo Geisel.

A abordagem liberal se diferencia de ambos os projetos pela ênfase nas regras e procedimentos para a análise e a deliberação das políticas públicas. Na economia, implica tratamento similar a grupos semelhantes e exposição à concorrência, tendo como resultado a desigualdade que decorre do mérito, e não do acesso privilegiado ao governo. Benefícios podem ser concedidos desde que transparentes, com metas de desempenho e avaliação independente.

O debate sobre política social no Brasil nos anos 2000 reflete a divergência entre liberais e a esquerda. Não se tratava de controvérsia sobre a sua relevância, mas de como melhor utilizar os recursos. De um lado, defendia-se a sua transferência para os grupos de menor renda, com incentivos à educação dos jovens. De outro, políticas sociais universais, paradoxalmente combinadas com o nacional-desenvolvimentismo, que escolhe os setores econômicos beneficiados. De um lado, o Bolsa Família; de outro, o Fome Zero.

Para a esquerda, os desafios econômicos devem ser enfrentados pela barganha e intervenções discricionárias. Para os liberais, a desigualdade de renda e os custos mais altos de produção são decorrentes de políticas sociais ineficazes, do excesso de distorções econômicas e da proteção a empresas ineficientes.

A diferença de diagnóstico decorre dos objetivos e regras de debate. À esquerda, a discussão é pautada pela visão de mundo, selecionando os resultados e conclusões por afinidade ideológica. Os liberais são céticos sobre verdades intrínsecas e restringem a discussão aos procedimentos da análise dos dados. De um lado, a leniência com práticas e compromissos, desde que garantido o rumo ideológico. De outro, a tolerância com crenças e políticas, desde que respeitados os processos e procedimentos. A dominância dos fins em contraposição à disciplina dos meios. Por isso, a abordagem liberal é compatível com políticas diferentes e mesmo confrontantes com o seu estereótipo, como políticas sociais focadas em grupos de menor renda e incentivos ao desenvolvimento tecnológico.

O caso recente da energia é um exemplo da estratégia à esquerda. Com discurso indignado pelas condições de mercado, adotou-se uma medida intervencionista com a promessa de queda dos preços. A realidade tem o mau hábito de decorrer de dificuldades técnicas, e não apenas da vontade ou da barganha política, e o resultado foi frustrante. Para manter a promessa, foram concedidos subsídios. A regulação equivocada afetou a expansão da oferta e o conjunto da obra é o preço recorde da energia, além da já aventada estimativa de gastos públicos de R$ 18 bilhões em 2014.

Para os liberais, o debate democrático deve ser resolvido por meio da transparência, para que a sociedade delibere sobre as políticas públicas e, à luz do sol, enfrente dilemas mais difíceis do que o proposto pela retórica da indignação.​
 
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PMDB true neutral é engraçado.
 
Toda a esquerda brasileira é liberal. Como negar isso? Ou é liberal ou moderada.

Eu diria mesmo que o Brasil apresenta um caso típico de social-democracia dominada por partidos burgueses de esquerda, manipulados por lobbys globalistas e financiada por banqueiros.

Anti-liberalismo por aqui talvez só os reaças do PCO, talvez do PSTU. O resto é tudo esquerda cor-de-rosa de pau mole.
 
Esse gráfico é realmente curioso. Se você for perguntar para alguém de esquerda como é o espectro político, a resposta possivelmente será uma reta do terceiro quadrante (esquerda-liberal) até o primeiro quadrante (direita-autoritária). Se fizer a mesma pergunta para alguém de direito, a a resposta será o exato contrário, como no caso do gráfico que postei.

Mas eu concordo com você que a esquerda brasileira é liberal sim. Acho que quem fez o gráfico estava pensando naquela lógica de que a liberdade econômica precede a liberdade social, de modo que um partido de esquerda não pode ser verdadeiramente liberal socialmente. Um argumento bem questionável.
 
Mas a crítica do Paganus não foi entorno do liberalismo social, ou foi? Porque pelo que sei do PCO e PSTU não faria sentido falar que eles são anti-liberais sob esse parâmetro. Pelo que eu entendi para ele todos são liberais porque na visão de mundo dele o centro do eixo liberal/antiliberal está bastante deslocado para a direção antiliberal, se comparado ao centro usual.

Para mim o único dos eixos que tem definição clara (portanto útil) é o liberalismo/antiliberalismo.
 
Última edição:
Eu acho que foi sim, @Haran Alkarin, mas só o próprio @Paganus pra confirmar. A esquerda brasileira tem uma clara agenda progressista (maconha, aborto e etc), o que a colocaria como liberal.

Esse debate é bem complicado, pq é liberal com os direitos, mas não com as obrigações. De modo geral (não fiquem nervosos com a generalização, povo da esquerda), são autoritários com os deveres, já que caberia ao Estado prover tudo (aborto pelo SUS, maconha produzida por alguma estatal e etc).
 
Esse debate é bem complicado, pq é liberal com os direitos, mas não com as obrigações. De modo geral (não fiquem nervosos com a generalização, povo da esquerda), são autoritários com os deveres, já que caberia ao Estado prover tudo (aborto pelo SUS, maconha produzida por alguma estatal e etc).

Não posso falar por todo mundo da esquerda (nem quero isso), mas meu modo de pensar é bem por aí mesmo.
 
O anti-liberalismo de partidos como PSTU e PCO desfoca um pouco da minha crítica, porque também eles advogam causas progressistas. Mas falei de uma forma mais geral.
 
Se a crítica é meramente essa, a questão dos costumes, liberalismo social, etc, não vejo por que rir do gráfico, basta atestar que os termos liberal/antiberal ali são reservados apenas ao que diz respeito à liberdade econômica. Decerto a questão social está inclusa ali na esquerda/direita. Que quase todos os partidos advoguem causas progressivas, isto fica atestado quando vemos que quase todos estão à esquerda do gráfico.
 
About The Political Compass™
In the introduction, we explained the inadequacies of the traditional left-right line.

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If we recognise that this is essentially an economic line it's fine, as far as it goes. We can show, for example, Stalin, Mao Tse Tung and Pol Pot, with their commitment to a totally controlled economy, on the hard left. Socialists like Mahatma Gandhi and Robert Mugabe would occupy a less extreme leftist position. Margaret Thatcher would be well over to the right, but further right still would be someone like that ultimate free marketeer, General Pinochet.

That deals with economics, but the social dimension is also important in politics. That's the one that the mere left-right scale doesn't adequately address. So we've added one, ranging in positions from extreme authoritarian to extreme libertarian.

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Both an economic dimension and a social dimension are important factors for a proper political analysis. By adding the social dimension you can show that Stalin was an authoritarian leftist (ie the state is more important than the individual) and that Gandhi, believing in the supreme value of each individual, is a liberal leftist. While the former involves state-imposed arbitrary collectivism in the extreme top left, on the extreme bottom left is voluntary collectivism at regional level, with no state involved. Hundreds of such anarchist communities exisited in Spain during the civil war period

You can also put Pinochet, who was prepared to sanction mass killing for the sake of the free market, on the far right as well as in a hardcore authoritarian position. On the non-socialist side you can distinguish someone like Milton Friedman, who is anti-state for fiscal rather than social reasons, from Hitler, who wanted to make the state stronger, even if he wiped out half of humanity in the process.

The chart also makes clear that, despite popular perceptions, the opposite of fascism is not communism but anarchism (ie liberal socialism), and that the opposite of communism ( i.e. an entirely state-planned economy) is neo-liberalism (i.e. extreme deregulated economy)

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The usual understanding of anarchism as a left wing ideology does not take into account the neo-liberal "anarchism" championed by the likes of Ayn Rand, Milton Friedman and America's Libertarian Party, which couples social Darwinian right-wing economics with liberal positions on most social issues. Often their libertarian impulses stop short of opposition to strong law and order positions, and are more economic in substance (ie no taxes) so they are not as extremely libertarian as they are extremely right wing. On the other hand, the classical libertarian collectivism of anarcho-syndicalism ( libertarian socialism) belongs in the bottom left hand corner.

In our home page we demolished the myth that authoritarianism is necessarily "right wing", with the examples of Robert Mugabe, Pol Pot and Stalin. Similarly Hitler, on an economic scale, was not an extreme right-winger. His economic policies were broadly Keynesian, and to the left of some of today's Labour parties. If you could get Hitler and Stalin to sit down together and avoid economics, the two diehard authoritarians would find plenty of common ground.

A Word about Neo-cons and Neo-libs
U.S. neo-conservatives, with their commitment to high military spending and the global assertion of national values, tend to be more authoritarian than hard right. By contrast, neo-liberals, opposed to such moral leadership and, more especially, the ensuing demands on the tax payer, belong to a further right but less authoritarian region. Paradoxically, the "free market", in neo-con parlance, also allows for the large-scale subsidy of the military-industrial complex, a considerable degree of corporate welfare, and protectionism when deemed in the national interest. These are viewed by neo-libs as impediments to the unfettered market forces that they champion.​

Sei lá, o texto não me convenceu sobre necessidade de usar dois eixos. Não vejo grande contradição entre tal de "coletivismo voluntário" (que trataria-se de um coletivismo mais regional e sem a influência do Estado, conceitos que ele associa à esquerda não-autoritária) e o "individualismo voluntário", o que ele associa à direita não-autoritária. Um deve implicar na possibilidade do outro para ser de fato voluntário. Uma sociedade de economia totalmente livre também permite aglomerações onde ocorreriam esse "coletivismo voluntário". Analogamente, se esse coletivismo é voluntário, implica que o indivíduo pode optar por não participar desse tipo de aglomeração e buscar uma outra (estritamente capitalista, por exemplo), logo há uma predominância implícita do indivíduo.

Esse negócio de "individualismo autoritário" também acho que é um conceito bastante forçado - o que fez o autor do texto colocar Pinochet à direita de Thatcher no eixo unidimensional econômico e assim motivar o uso de dois eixos. Basta apontar que o eixo unidimensional não trata apenas de liberdade econômica, mas também social e política. Assim fica claro que Pinochet estaria à esquerda de Thatcher, mas à direita de Hitler, Stalin, etc. Se fosse compará-lo com keynesianos, social-democratas, etc, aí a coisa ficaria mais dúbia, pois Pinochet é mais liberal economicamente, mas não politicamente... nesse caso bastaria convencionar que os direitos humanos (vida, liberdade de expressão, etc) têm preferência frente à liberdade econômica.
 
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PMDB true neutral é engraçado.

Em partes.

Colocaria o PCdoB um pouco mais para cima no eixo econômico e no mesma abcissa esquerda-direita do PT, e desceria o trio PCO/PSOL/PSTU, afinal não faz sentido um partido que reivindicava o stalinismo (apesar de hoje adotar posturas reformistas) ser considerado mais liberal que, na ordem, um partido trotskista, um partido de correntes de esquerda variadas (com proeminência de marxismo-leninismo e marxismo libertário) e um partido marxista revolucionário de releitura morenista. Se fosse jogar algum deles para uma ordenada liberal, talvez o PSOL, que é mais aberto a debates amplos. O "pistu" é um tanto truculento, o PCO também. No lugar dos três colocaria o PCB, este sim fiel a Stálin até hoje (antes que perguntem, não, não acho isso legal).

PV na esquerda? Só o da Alemanha, e olhe lá, hein. Jogaria pertinho do PMDB (que está perfeito onde está), por ser bem maria-vai-com-as-outras também.

PP, um partido cujo líder é Paulo Salim Maluf, sendo considerado, ainda que minimamente, de esquerda? Bitch, please. Mais pra direita. PSDB, depois da aliança com o PFL/DEM e da ascensão de gente como Geraldo Alckmin, pulou para a direita também.

De qualquer forma, para mim é complicado colocar partidos no terceiro quadrante. Acho que é mais cabível para coletivos anarquistas.
 
@Olórin of Lórien, mas como conciliar essa sua interpretação com o fato, levantado pelo @Paganus, de que a esquerda no Brasil defende abertamente uma agenda progressista/liberal (aborto, drogas, casamento gay)?

@Haran Alkarin, não entendi o seu ponto. Onde você essa dualidade entre "individualismo voluntário" e "individualismo autoritário"? Individualismo autoritário é uma contrassenso natural.

Eu não acho que esse plano bidimensional seja a melhor opção, mas parece mais razoável do que um único eixo dividido entre esquerda e direita. Veja a direita, por exemplo: Você diria que Milton Friedman ou Ron Paul são conservadores? Eu acho que não, embora ambos sejam liberais do ponto de vista econômico. Logo, eles estão num outro quadrante.
 
Não consigo ver um PSDB na direita, mas o PMDB no centro ta certim, não é que ele é maria vai com as outras, e sim que ele luta do lado do vencedor, quer queira ou não o PMDB esteve no poder, praticamente desde a queda da ditadura. É uma forma de se manter ali, então adota uma postura de centro pra poder jogar nos dois times.

O PT e o PSDB estão no lugar certo na minha visão, e eu puxaria o PV mais pra perto do centro, mas não colocaria pro lado de lá da linha não.
 
@Olórin of Lórien, mas como conciliar essa sua interpretação com o fato, levantado pelo @Paganus, de que a esquerda no Brasil defende abertamente uma agenda progressista/liberal (aborto, drogas, casamento gay)?

O fato de se organizarem em partidos e disputar eleições regularmente já evidencia que estes grupos não estão tão comprometidos em promover profundas transformações sociais, ou que pretendem promovê-las com "passos de formiga". Quer dizer, "vamos fazendo o que dá pelo sistema atual mesmo, aí quem sabe um dia talvez façamos uma revolução, ou talvez nem precise." Ou seja, ainda que critiquem o jogo e pretendam que um novo jogo seja posto na mesa, eles continuam jogando o mesmo jogo. Posto isso, entendo que estas organizações, ainda que reivindiquem bandeiras liberais importantes, não podem ser consideradas tão liberais, já que não parecem estar (ou não estão mesmo) em levar seus projetos às últimas consequências.

Claro que esta é uma postura anarquista que fui adotando ao longo dos anos, muito mais pela experiência de vida que pela leitura mesmo (preciso corrigir isso em breve). Pode ser que algum companheiro aqui tenha uma visão diferente. O próprio Paganus, que adota uma linha mais tradicionalista, deve ter uma visão diferente.
 
@@[USER=4690]Haran Alkarin, não entendi o seu ponto. Onde você essa dualidade entre "individualismo voluntário" e "individualismo autoritário"? Individualismo autoritário é uma contrassenso natural.[/USER]

Eu não vejo essa dualidade, quem vê foi o autor do texto do Political Compass, pelo que interpretei. Ele contrapõe, na esquerda, Gandhi, com seu "coletivismo voluntário", à Stalin, com seu "coletivismo autoritário", dando a entender que a direta estaria dividida em pessoas como Friedman ("individualismo voluntário"), e Pinochet ("individualismo autoritário", alguém que com força autoritária estatal promove o livre mercado). O que eu quis apontar no meu ponto é que a diferença entre "coletivismo voluntário" e "individualismo voluntário" é muito pouca, e como você disse que "individualismo autoritário" é um contrassenso, não é individualismo ainda que promova o livre mercado, pois no conceito de individualismo entram mais liberdades do que a liberdade econômica. Assim dos quatro quadrantes, dois seriam realmente necessários, e voltaríamos ao eixo unidimensional.
 

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