Uma coisa que, talvez, estejam esquecendo de considerar por aí afora: embora a Virgem Maria seja um dos elementos da 'sopa' que deu origem a Galadriel, outros ingredientes entraram nela tb como a Ayesha do Rider Haggard do mesmo jeito que Gandalf combinava elementos de Odin, Merlin e até Jesus Cristo. O fato dela ter analogias com a Virgem não significa que todas as qualidades de Maria estarão inseridas no todo da Galadriel em todo momento da história.
The Mirror of Galadriel by Alan Lee Galadriel is an important figure not only in The Lord of the Rings, but also in Tolkien's Silmarillion. The Silmarillion lays out a vast expanse of Middle Earth's history...
web.archive.org
Source criticism--analysis of a writer's source material--has emerged as one of the most popular approaches in exploring the work of J.R.R. Tolkien. Since Tolkien drew from many disparate sources, an understanding of these sources, as well as how and why he incorporated them, can enhance...
www.google.com.br
Em outro tópico Elriowiel Aranel criticou Beren e Lúthien dizendo: Túrin, sem dúvida. Mas isso já vem de uma preferência antiga, sempre me encantei como os personagens trágicos e azarados: Édipo, O Fantasma da Ópera e por aí vai... Não senti uma ligação tão forte com Beren e Luthien. Sei lá...
www.valinor.com.br
Mas entre ser de inspiração cristã ou pagã, concerteza pagã, até porque o cristianismo sempre abominou praticantes de magia. Não, até onde eu sei, não foi o cristianismo em si que abominou os que se diziam magos, e sim a Igreja Católica.
www.valinor.com.br
Tolkien tb disse que Galadriel era uma "penitente" e que havia recusado o perdão dos Valar por "orgulho". Que ela tinha resolvido ficar para trás por causa de uma premonição a respeito do "resíduo" de Mal de Morgothl deixado na Terra-média sob a forma de Sauron. Que ela pudesse ter uma vendetta específica contra ele não parece sem nexo uma vez que Sauron foi diretamente responsável pela morte do Felagund, morto dentro de suas masmorras.
O fato dele ter tentado, sem eco nos materiais publicados ainda em vida, o SdA e o The Roads Goes Ever On, expurgar os elementos menos idealizados da figura da Galadriel e desonerá-la de toda e qualquer falta ou "impureza" ao ponto de querer retconar fora o papel na rebelião dos Noldor não significa, storytelling wise, que esse seja o melhor caminho.
Nem sequer a data exata do nascimento da Celebrian, filha dela com Celeborn, a gente tem direito no cânon. Se o nascimento dela foi mais perto do começo da Terceira Era fica meio implícito que ela e Celeborn ainda não haviam aberto mão de uma perspectiva mais "marcial" sobre o que a permanência na Terra-média poderia significar já que os Eldar não gostavam de ter filhos em tempos de guerra. A vontade de comandar reinos na Terra-média parecia ainda fazer parte dos seus objetivos, mesmo que fosse para erigir uma barreira contra o expanionismo de Sauron. E a timeline comprimida da série da Amazon torna ainda mais plausível a coexistencia de atributos de fases distintas já que tudo acontecerá com mais urgencia, mais premencia, mais drama.
Não precisa haver, necessariamente, uma antinomia entre a noção da Galadriel, sábia erudita e filósofa, com a idéia de que ela pudesse ser uma comandante guerreira empunhando armas em determinadas situações específicas mesmo na Segunda Era. O Elrond tb era um estudioso mas comandou exércitos na Guerra da Última aliança. Felagund era um poeta, cantor, diplomata e rei mas morreu em Tol- in-Gaurhoth, posto avançado de Morgoth comandado por Sauron, rasgando a garganta de um lobisomen com os dentes. A morte dele na série da Amazon pode ter acontecido em diferentes circunstancias mas, provavelmente, Sauron tb desempenhou algum papel.
O Gandalf, tanto o branco quanto o cinzento, tb mostrava essa coexistencia de características de guerreiro e homem 'santo', 'profeta'. Não vejo sentido em querer que a Galadriel se limite só ao aspecto de 'encantatriz' etérea e figura semi-divinizada em posição 'sacerdotal' como ela apareceu no final da Terceira era no SdA pra Fellowship. Isso não quer dizer que ela só se cingia a esse tipo de papel o tempo todo. No próprio SdA, em sequencia off-page só contada nos apendices, ela destruiu Dol Guldur, dando a entender que ela comandou um exército até lá e, a la Lúthien destruindo a fortaleza de Sauron na Primeira Era, tb acabou assumindo uma postura que implicava em intervenção direta e uso de 'força'. Se só 'mágica' ou bélica-amazonica a gente não sabe mas, provavelmente, ambas.
O fato deles estarem realçando só os aspectos 'Joana D´arquicos' no material promocional, onde eles estão, deliberadamente, se distanciando do modelo dos filmes do PJ, não significa que a série só vai se focar apenas nessa perspectiva "britomártica" do caráter dela, como, aliás, outras pictures onde ela aparece toda paramentada com o glamour "élfico" tb dão a entender.
Até o Tolkien tb fez questão de realçar seus atributos 'amazonicos' ao mesmo tempo em que reconhecia a influencia subconsciente do papel da Virgem em moldar o arquétipo dela. Esperar que só uma faceta de um personagem tão polivalente como ela predomine as expensas do todo, considerando a importancia dela como 'símbolo' da estirpe élfica, pode ser uma expectativa irreal se for o caso de só pender pra cada extremo do 'espectro'.