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A partir do momento em que você procura justificar isso falando em critérios objetivos que sabemos todos que não existem, você corrobora a passada de pano. Não é um termo que quer dizer qualquer coisa, ele tem um sentindo, um sentido que você perfaz com teu comentário. Você reforça uma omissão que é fundamentalmente antissemita.
Só que há. O que pode não haver é consenso para uma definição completa e universal, mas o critério mínimo, e objetivo — para a ONU — é dado aqui:
Embora tenha características comuns como uso indiscriminado de violência, não há um conceito de terrorismo universalmente aceito. Na ONU, o Conselho de Segurança determinou como critérios mínimos a "intimidação ou coerção de governos por meio de ameaça ou perpetração de violência, causando morte, danos sérios ou fazer reféns". A captura de civis em Israel, por exemplo, é um dos fatores que podem contribuir para uma condenação nas Nações Unidas [...]
Ainda assim, cada país tem liberdade para estabelecer os seus critérios. Nos Estados Unidos, o Departamento de Estado é o responsável por analisar definições internas como a participação em atos terroristas e o nível de ameaça ao país, identificar os grupos e categorizá-los em Organizações terroristas estrangeiras (caso do Hamas) e Estados patrocinadores do terrorismo, lista que inclui Cuba, Irã, Coreia do Norte e Síria. (Fonte: O Globo) E o texto segue elencando alguns desdobramentos, no âmbito dos EUA, do que essa definição oficial pode produzir internamente em termos de leis, procedimentos, etc.
É assim também que qualquer cientista político sério trataria a questão, tentando definir critérios objetivos para um conceito, em vez de atribuir a pecha disto ou daquilo casuisticamente; mesmo que diferentes cientistas chegassem a diferentes critérios. Mas, se você advoga pela inexistência de um critério objetivo mínimo, boa sorte tentando convencer um bolsonarista xiita que o MST não é terrorista...
E você sabe muito bem que resoluções da ONU têm efeitos práticos em países que as subscrevem, como o Brasil, a ponto de, por exemplo, a Lei 13.810 literalmente dispor "sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluída a indisponibilidade de ativos de pessoas naturais e jurídicas e de entidades, e a designação nacional de pessoas investigadas ou acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados".
Ou seja: na medida em que há efeitos práticos e que vinculam o Brasil legalmente ao seu cumprimento, tratar resoluções da ONU como ninharia não condiz com quem deveria levar o direito internacional a sério.
O Brasil historicamente "só aceita classificar uma organização como sendo terrorista se ela for considerada assim pela Organização das Nações Unidas (ONU). [...] É o caso dos grupos islamistas Boko Haram, Al-Qaeda e Estado Islâmico — consideradas organizações terroristas pela ONU e portanto também pelo governo brasileiro. Esse critério faz com que o Brasil não mude a sua classificação de entidades consideradas terroristas mesmo quando há alternância de poder em Brasília. Ao longo do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), o presidente chegou a se manifestar em favor de classificar grupos como o palestino Hamas e o islâmico xiita libanês Hezbollah como terroristas — mas oficialmente o Brasil nunca mudou sua postura." (Fonte: BBC) Ou seja, também é errado atribuir uma "omissão" brasileira a um governo "mais à esquerda".
Para que a ONU passe a considerar o Hamas oficialmente terrorista, seria necessário, pelo que pesquisei, um consenso entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança. Atualmente, China e Rússia não o consideram. Isso pode mudar, claro. Logo, o Brasil segue não o considerando oficialmente como tal.
Para quem não encará-lo como terrorista? Eu, pessoa física e insignificante? Uma pessoa pública que exerce um cargo público importante? Um chefe de Estado? Ou um Estado? Se for para mim, não é nenhum problema, pessoalmente, considerar o Hamas terrorista. Me admira que você tenha presumido que eu não o fizesse apenas por não ter corrido pra sinalizar virtude; não sabia que era uma corrida. Se é essa "omissão" que te tira o sono, rest in peace. Não achei que era esse o seu problema. Só que não era nem nunca foi o meu foco aqui.
Já para um estadista sério, uma boa razão é respeitar a posição oficial de seu país e falar em nome desse país, em vez de falar merda por sua conta e risco, especialmente quando sua posição pessoal difere da oficial. Para um estado... Para a Rússia, em particular, segundo essa especialista:
— O fato do Hamas ter um braço armado e um braço político, e ter ganho as eleições que foram disputadas, a Rússia considera que ele não está na mesma posição que o Estado Islâmico — afirmou a professora, que considera que com o massacre de civis promovido no último sábado, a questão pode voltar a ser levada ao conselho e ser reconsiderada. (Fonte: O Globo)
É convincente o bastante? Não sei; o que eu sei é que nas relações internacionais as coisas não são simples quanto nas redes sociais.
Sobre o Roger Waters... Nem entro no mérito. Se quiser chamá-lo de "porco antissemita", fique à vontade; só acho que escolher a fantasia usada para o show como argumento é o mais fraco deles. Sem pesquisar muito, achei um texto que elenca outros motivos mais contundentes (não os passei pelo fact-check):
É nesse sentido que listo abaixo alguns indícios do antissemitismo de Roger Waters:
Em seus shows, Waters usa um balão em forma de porco com símbolos nazistas, estrelas de Davi e cifrões desenhados. Isso perpetua estereótipos judaicos nocivos por meio de seu uso de imagens e simbolismo.
Waters disse que o tratamento israelense aos palestinos é igual ao da Alemanha nazista aos judeus: “Os paralelos com o que aconteceu na década de 1930 na Alemanha são óbvios”. Digo sem hesitação que não se pode comparar um genocídio sistemático de 6 milhões de pessoas inocentes (judeus, ciganos, homossexuais…) a um conflito territorial entre dois povos, terrível como seja – e do qual Israel não está isento de críticas.
O músico afirmou que, nos Estados Unidos, “o lobby judeu é extraordinariamente poderoso aqui e particularmente na indústria em que trabalho, a indústria da música”. Ele narrou o documentário “The Occupation of the American Mind: Israel’s Public Relations War in the United States” (2016), sobre os supostos métodos usados por Israel para moldar a opinião pública americana.
Em 2020, Waters disse que o assassinato de George Floyd foi realizado com uma técnica desenvolvida pelo exército de Israel. Ele disse que os americanos estudaram a técnica para aprender “como assassinar os negros porque viram como os israelenses foram eficientes em assassinar palestinos nos territórios ocupados usando essas técnicas” e que “os israelenses têm orgulho disso”.
Ele disse que “o sionismo é uma mancha feia e que precisa ser gentilmente removido por nós”. Disso isso numa entrevista dada a um canal de TV afiliado ao grupo terrorista Hamas em junho de 2020.
Só para esclarecer: Waters destaca Israel enquanto ignorava os abusos dos direitos humanos em outras partes do mundo.
Nem todos são, mas existe muitos de forma bem velada.
Tudo seria mais simples e tranquilo se o Hamas fosse focado apenas pela causa Palestina, só que a partir do momento que ao mesmo tempo é um grupo que no fundo o que mais quer é o fim de Israel (se possível varre-lo completamente da face da terra), perde completamente a moral de merecer o menor respeito internacional, além de atrapalhar totalmente o sonho dos palestinos de bem nas suas reivindicações territoriais.
Só que há. O que pode não haver é consenso para uma definição completa e universal, mas o critério mínimo, e objetivo — para a ONU — é dado aqui:
Embora tenha características comuns como uso indiscriminado de violência, não há um conceito de terrorismo universalmente aceito. Na ONU, o Conselho de Segurança determinou como critérios mínimos a "intimidação ou coerção de governos por meio de ameaça ou perpetração de violência, causando morte, danos sérios ou fazer reféns". A captura de civis em Israel, por exemplo, é um dos fatores que podem contribuir para uma condenação nas Nações Unidas [...]
Ainda assim, cada país tem liberdade para estabelecer os seus critérios. Nos Estados Unidos, o Departamento de Estado é o responsável por analisar definições internas como a participação em atos terroristas e o nível de ameaça ao país, identificar os grupos e categorizá-los em Organizações terroristas estrangeiras (caso do Hamas) e Estados patrocinadores do terrorismo, lista que inclui Cuba, Irã, Coreia do Norte e Síria. (Fonte: O Globo) E o texto segue elencando alguns desdobramentos, no âmbito dos EUA, do que essa definição oficial pode produzir internamente em termos de leis, procedimentos, etc.
É assim também que qualquer cientista político sério trataria a questão, tentando definir critérios objetivos para um conceito, em vez de atribuir a pecha disto ou daquilo casuisticamente; mesmo que diferentes cientistas chegassem a diferentes critérios. Mas, se você advoga pela inexistência de um critério objetivo mínimo, boa sorte tentando convencer um bolsonarista xiita que o MST não é terrorista...
E você sabe muito bem que resoluções da ONU têm efeitos práticos em países que as subscrevem, como o Brasil, a ponto de, por exemplo, a Lei 13.810 literalmente dispor "sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluída a indisponibilidade de ativos de pessoas naturais e jurídicas e de entidades, e a designação nacional de pessoas investigadas ou acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados".
Ou seja: na medida em que há efeitos práticos e que vinculam o Brasil legalmente ao seu cumprimento, tratar resoluções da ONU como ninharia não condiz com quem deveria levar o direito internacional a sério.
O Brasil historicamente "só aceita classificar uma organização como sendo terrorista se ela for considerada assim pela Organização das Nações Unidas (ONU). [...] É o caso dos grupos islamistas Boko Haram, Al-Qaeda e Estado Islâmico — consideradas organizações terroristas pela ONU e portanto também pelo governo brasileiro. Esse critério faz com que o Brasil não mude a sua classificação de entidades consideradas terroristas mesmo quando há alternância de poder em Brasília. Ao longo do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), o presidente chegou a se manifestar em favor de classificar grupos como o palestino Hamas e o islâmico xiita libanês Hezbollah como terroristas — mas oficialmente o Brasil nunca mudou sua postura." (Fonte: BBC) Ou seja, também é errado atribuir uma "omissão" brasileira a um governo "mais à esquerda".
Para que a ONU passe a considerar o Hamas oficialmente terrorista, seria necessário, pelo que pesquisei, um consenso entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança. Atualmente, China e Rússia não o consideram. Isso pode mudar, claro. Logo, o Brasil segue não o considerando oficialmente como tal.
Para quem não encará-lo como terrorista? Eu, pessoa física e insignificante? Uma pessoa pública que exerce um cargo público importante? Um chefe de Estado? Ou um Estado? Se for para mim, não é nenhum problema, pessoalmente, considerar o Hamas terrorista. Me admira que você tenha presumido que eu não o fizesse apenas por não ter corrido pra sinalizar virtude; não sabia que era uma corrida. Se é essa "omissão" que te tira o sono, rest in peace. Não achei que era esse o seu problema. Só que não era nem nunca foi o meu foco aqui.
Já para um estadista sério, uma boa razão é respeitar a posição oficial de seu país e falar em nome desse país, em vez de falar merda por sua conta e risco, especialmente quando sua posição pessoal difere da oficial. Para um estado... Para a Rússia, em particular, segundo essa especialista:
— O fato do Hamas ter um braço armado e um braço político, e ter ganho as eleições que foram disputadas, a Rússia considera que ele não está na mesma posição que o Estado Islâmico — afirmou a professora, que considera que com o massacre de civis promovido no último sábado, a questão pode voltar a ser levada ao conselho e ser reconsiderada. (Fonte: O Globo)
É convincente o bastante? Não sei; o que eu sei é que nas relações internacionais as coisas não são simples quanto nas redes sociais.
Sobre o Roger Waters... Nem entro no mérito. Se quiser chamá-lo de "porco antissemita", fique à vontade; só acho que escolher a fantasia usada para o show como argumento é o mais fraco deles. Sem pesquisar muito, achei um texto que elenca outros motivos mais contundentes (não os passei pelo fact-check):
É nesse sentido que listo abaixo alguns indícios do antissemitismo de Roger Waters:
Em seus shows, Waters usa um balão em forma de porco com símbolos nazistas, estrelas de Davi e cifrões desenhados. Isso perpetua estereótipos judaicos nocivos por meio de seu uso de imagens e simbolismo.
Waters disse que o tratamento israelense aos palestinos é igual ao da Alemanha nazista aos judeus: “Os paralelos com o que aconteceu na década de 1930 na Alemanha são óbvios”. Digo sem hesitação que não se pode comparar um genocídio sistemático de 6 milhões de pessoas inocentes (judeus, ciganos, homossexuais…) a um conflito territorial entre dois povos, terrível como seja – e do qual Israel não está isento de críticas.
O músico afirmou que, nos Estados Unidos, “o lobby judeu é extraordinariamente poderoso aqui e particularmente na indústria em que trabalho, a indústria da música”. Ele narrou o documentário “The Occupation of the American Mind: Israel’s Public Relations War in the United States” (2016), sobre os supostos métodos usados por Israel para moldar a opinião pública americana.
Em 2020, Waters disse que o assassinato de George Floyd foi realizado com uma técnica desenvolvida pelo exército de Israel. Ele disse que os americanos estudaram a técnica para aprender “como assassinar os negros porque viram como os israelenses foram eficientes em assassinar palestinos nos territórios ocupados usando essas técnicas” e que “os israelenses têm orgulho disso”.
Ele disse que “o sionismo é uma mancha feia e que precisa ser gentilmente removido por nós”. Disso isso numa entrevista dada a um canal de TV afiliado ao grupo terrorista Hamas em junho de 2020.
Só para esclarecer: Waters destaca Israel enquanto ignorava os abusos dos direitos humanos em outras partes do mundo.
Direito internacional é minha área, senão a profissional, é a acadêmica, pois meu TCC foi na área, trabalho que pretendo seguir explorando no mestrado e no doutorado. Isso significa que vou ter que tecer algumas considerações.
Em nenhum momento disse que as resoluções da ONU não valem nada, disse que elas têm um cunho político que não é neutro como pode parecer, e que não são vinculantes, e de fato não são. O Brasil se obriga a seguir diretrizes internacionais (muitas das quais praxes e tratados multilaterais que nada tem a ver com a ONU) porque QUIS. Por isso elas não são vinculantes, tanto é assim que um tratado só ganha força legal no país (supralegal no caso de normas de direitos humanos aprovadas por um processo legislativo ordinário, e constitucional quando o for pelo mesmo processo das emendas constitucionais) quando adentra o ordenamento jurídico através de processo legislativo. Antes disso não passa de um compromisso de intenções, um acordo entre cavalheiros nacional-jurídicos, isto é, sem vinculação ou efeito jurídico alguém, seja na proteção de supostos direitos, seja no trancamento de processo legislativo que poderia lesar tais direitos.
Todo tratado ou acordo internacional opera na base do pacta sunt servanda, ou seja, na assunção de que suas normas só são válidas:
1. Quando internalizadas pelos países signatários através de processo legislativo legítimo e regular;
2. Enquanto assumidas como um compromisso multilateral, isto é, como contrato. Em um contrato ninguém te obriga a nada, você se obriga a partir de um vínculo obrigacional tendo em vista benéficos mútuos. Essa é ainda a posição que vigora entre os internacionalistas, pelo menos fora da escola idealista.
Foi a decisão do nosso legislador constitucional. Isso não implica que essa decisão não possa ser revogada através de emenda (ainda que o contrário tente ser retirado de interpretação criativa), ou que tratados não possam ser denunciados por violações parciais ou outro motivo justo. Isso demonstra que, se a decisão de normas internacionais vincula, ainda que apenas na medida da permissão constitucional de auto-vinculação, o faz através de uma limitação da soberania. Não existe nenhum governo mundial que impõe normas e espera que os Estados a sigam, nenhuma carta internacional de instituição e auto-vinculação nacional de nenhuma organização internacional pressupõe isso nem remotamente. A limitação da soberania existe e é efetiva porque o Estado se permite se auto-limitar, ele possui poder de disposição, embora não ilimitado, de sua soberania e o negocia nesses contratos públicos internacionais, logo, não há real limitação da soberania, apenas aparente. Esse tema é tormentoso na doutrina internacionalista, porque divide muitas opiniões mas é de um idealismo calcado em fantasias institucionalistas que tese diferente é defendida.
Isso significa que:
1. A definição de terrorismo, e até a declaração de que grupo x ou y é terrorista, não vincula Estado algum, nem membros da ONU. O Estado é livre para decidir sobre seus critérios de terrorismo e sobre a avaliação, podendo tomar as resoluções da ONU, porque a Carta das NU não implica esse tipo de auto-limitação da soberania, um país perder sua capacidade política de definir, em sua política internacional, o que é terrorismo, e julgar diplomaticamente qual grupo atende, ou não, esses requisitos. Nenhum cientista político, jurista (como eu), ou qualquer teórico sério vai afirmar diferente disso, nem os idealistas, isso é simplesmente livro-texto dessas ciências sociais.
2. Se o Estado é livre para definir seus próprios conceitos e julgar conforme quer (embora nisso possa se auto-limitar 'contratualmente') sobre terrorismo, ele é também responsável por essa decisão. Um afastamento dos critérios da ONU, portanto, só é problemático (mas jamais punível), porque o Brasil assim decidiu. Decidiu no passado, pode decidir diferente futuramente, mas sendo sua vontade política e jurídica que o faz firmar esses contratos de limitação da soberania, é tão responsável por essa decisão quanto a ONU é responsável por sua omissão injustificável. Injustificável perante quem? Responsável diante de quem? Deus? Não. O que nós leva ao próximo ponto.
3. A responsabilidade é diante dos Estados que não apenas consideram esses grupos terroristas e sofrem diretamente com seus ataques, sequestros, estupros e assassinatos. Responsabilidade real e direta, como são censurados por responderem na medida da sua soberania por esses aros de violência e destruição. Se se quer levar o Netanyahu a um tribunal de guerra, deve-se abrir a possibilidade de os líderes do Hamas, muitos dos quais identificados e conhecidos por viverem em países ocidentais usufruindo de vários direitos e garantias, serem identificados, julgados e, se há justiça no mundo, presos. Não são só os países que devem se conformar, novamente, na medida da sua auto-limitação, aos ditames da ONU, como está deve se atentar às necessidades e dramas reais desses países. É isso que multilateralidade significa.
Sobre a ideia de que um governo não pode se alinhar ou desalinhar ideologicamente com as posições diplomáticas de seu Estado, o que falei da vinculação por auto-limitação já responde. Ele pode sim, e pode influir na mudança de posição, vemos isso o tempo todo nos noticiários, mudanças de regimes e governos alterando o jogo geopolítico no mundo. Posições diplomáticas não são princípios eternos e imutáveis, que não são afetados por arranjos políticos internos. Para além de sua forma jurídica e suas formalidades institucionais, há decisões e acordos costurados, e isso vale para tudo, na política e no direito, no direito interno e no direito internacional. A ideia do Direito internacional como um guardião impassível e impessoal de uma norma de paz universal, infenso aos cálculos e jogos políticos das nações e seus governos é fantasiosa até para os idealistas. O fato disso nunca ter sido mudado não muda nada, a direita brasileira antes de Bolsonaro e seus evangélicos, nunca foi pró-judaica, pelo contrário, mesmo quando não era conivente com o Holocausto e abertamente antissemita (como na época do Estado Novo), abrigava sempre uma massa de fanáticos antissemitas religiosos ou núcleos NS. Inclusive muitos desses neonazis se viram representados por Bolsonaro, apesar da influência filoisraelita dos evangélicos de seu governo e da sua própria família. Isso nunca os impediu.
Ademais, tudo que falei sobre a posição estúpida e canhestra da esquerda no conflito Israel-Palestina não fui eu que inventei. É uma posição reiterada, dogmática, clássica da esquerda mundial, uma posição supostamente anri-imperialista e míope que elegeu fundamentalistas como guerreiros da liberdade contra o mal, como elegeu o Putin para o mesmo papel na Ucrânia. Enquanto isso, os judeus, por estarem alinhados aos aliados do Ocidente , se tornaram epítome do Grande Satã capitalista. Por que? Porque os comitês partidários e coletivos estudantis assim decidiram.Esquece-se do apoio original de Stalin ao sionismo, e ainda mais da veia comunista original do mesmo, bem como a veia judaica do próprio bolchevismo. Além de tudo, essa posição é característica dos governos de esquerda da nossa Nova República, ela advém dos primeiros governos Lula (só lembrar da relação um tanto ambígua entre este do falecido rabino Sobel), e foi mantida pela política externa confusa da Dilma. É uma posição que esquece que o socialismo esteve na base não apenas do nacionalismo palestino, como no sionismo clássico e no movimento dos kibutzim, e a condenação da esquerda liberal do nacionalismo poupa o primeiro, mas no segundo. Dois pesos, e duas medidas, a esquerda escolheu ser antissemita, o que me dói profundamente, sendo um judeu no coração e socialista por convicção.
Falar de vinculação internacional do conceito e julgamento de terrorista por causa da ONU é uma péssima passação de pano, é feio, mentiroso e até meio desonesto. Além de um insulto à inteligência de qualquer pessoa bem informada sobre política brasileira e global. É uma posição reiterada, conhecida da esquerda, quase tanto quanto, sei lá, o aborto, e usar papo de uma suposta vinculação eterna a ditames da ONU não vai te ajudar.
Quanto a sua retórica sobre o Rogério Águas, ela é irrelevante. Poderia falar de outros atos dele, piores, se escolhi esse foi por ser emblemático que na terra do nazismo isso tenha se dado, o que só confirma minha posição de como a esquerda se queima com posições políticas imorais e desastradas, beirando a canalhice, apenas para provar um ponto político. As justificativas dele, trazidas aqui, são tão patéticas nesses extratos que você traz como foram na época. Para ser contra o Estado de Israel, não precisa apoiar o Hamas, e insultar o povo judeu e fazer piada com o Holocausto. Muitos judeus são contra o governo, muitos israelenses são, como demonstrado esse ano mas manifestações contra o Bibi. Pergunto-me se ele culpa todos os judeus do mundo pela morte de Jesus também. Porque o raciocínio antissemita mesmo, se é que dá pra chamar essa etiologia de manicômio de raciocínio.
Um ponto que você disse aqui me chamou a atenção. Você disse que quem deve decidir essas questões são os Estados, e não a população. Há diversos problemas nesse posicionamento, espero até que eu tenha me enganado e não foi o que você quis dizer, porque chega a ser pueril. Esconder-se atrás de narrativas oficiais, naturalizar o que o Estado em que você vive diz e faz não é ser possivelmente conivente com uma injustiça potencial? Não é sacrificar sua responsabilidade enquanto cidadão, especialmente cidadão do mundo? Se você coloca sua consciência nas mãos do Estado, qualquer que seja o governo, você está em mais lençóis, não só para sua alma, mas.para sua consciência . Você colocaria sua consciência nas mãos do Estado brasileiro de Bolsonaro? Se não, por que colocaria no se Lula? Por ele ser mais progressista? Assim, incondicionalmente? Isso é morte não só dá consciência, mas da democracia e da cidadania. Além disso, é preciso lembrar que judeus, mesmo quando não são cidadãos de Israel, são nacionais, brasileiros, americanos, espanhóis, ucranianos, e são outra coisa também. Judeus. Ser judeu no Brasil é ser brasileiro. E judeu. Eu deveria colocar minha consciência nas mãos de um país cujo governo é de um partido notoriamente conhecido por exaltar as ações do grupo que tem em sua carta de instituição a destruição do meu povo? Em um Estado que se submete a outro órgão voluntariamente e não às obviedades dos fatos antes de reconhecer que um grupo que sequestra bebês recém nascidos e fuzila famílias inteiras dentro de suas casas é terrorista ou não? Um Estado que toma todo o cuidado legítimo em organizar e defender uma ação humanitária, enquanto não diz uma palavra, na mesma ONU, sobre o direito de auto-defesa de um país violentado por homens de rapina? Isso tudo parece muito óbvio, mas fica a reflexão.
Com praticante de judaísmo, e brasileiro, e socialista, minha posição é clara. Serei contra sempre os movimento de Israel contra a paz, pela ocupação ilegal de terras Palestinas, e defenderei sempre a solução de 1967, a dos dois Estados, mas não existe possibilidade de qualquer paz no Oriente médio sem a existência e a defesa do Estado de Israel. Analisado corretamente, você verá que minha posição é sionista, judaica, socialista e conforme a tradição diplomática e histórico-cultural do Brasil. É o que a Conib defende, a CIP, a FIEsP, é a posição do judeu brasileiro.
Nem todos são, mas existe muitos de forma bem velada.
Tudo seria mais simples e tranquilo se o Hamas fosse focado apenas pela causa Palestina, só que a partir do momento que ao mesmo tempo é um grupo que no fundo o que mais quer é o fim de Israel (se possível varre-lo completamente da face da terra), perde completamente a moral de merecer o menor respeito internacional, além de atrapalhar totalmente o sonho dos palestinos de bem nas suas reivindicações territoriais.
A posição oficial deles é pela destruição de Israel e extermínio do povo judeu. Tais são os 'guerreiros da liberdade'. E quem julga que isso é coisa de rede social, só ver o tipo de manifestação de apoio que o antissemitismo tem ganhado nos últimos dias:
They cited “threatening” demonstrations by pro-Palestinian students and said Jewish students have locked themselves in dorm for fear of their own safety.
Jews on the continent fear they could become a target of Muslim anger
www.ft.com
E posso multiplicar os exemplos, todo dia tem coisa nova nos noticiários internacionais. Imagine o que seria do povo judeu se conseguisse essa gente o que quer, o fim de Israel? Seria uma perda para toda a humanidade, e é triste que não se reconheça isso.
E mais do que isso, um estado "que deu certo", onde o público LGBT pode exercer seus direitos, um país que tem uma pesquisa científica de altíssimo nível que produziu muitas mentes brilhantes e tudo isso tendo os vizinhos que ele tem. Imagine como seria se não tivesse?
Geez, Paganus. Quando falei em vinculação, tinha em mente mais ou menos isso aí que você explicou mas não saberia eu mesmo explicar em minúcias; achei que você preencheria as lacunas, como você preencheu, mas não que pensaria que eu sou uma besta completa . Vinculação como resultado de uma decisão prévia e consciente de o Estado se submeter blá-blá-blá. Nunca sugeri que fosse perpétua e irrevogável a situação nem que tivesse força de lei supranacional — e muito menos que existisse um governo global. Nem um olavista mais roxo acredita que já haja um tal governo global formalmente instituído. Era escusado ir tão longe.
Quanto ao resto, fica cada vez mais claro que não estamos falando a mesma língua. Eu digo A, B, C e você entende X, Y, Z e depois ainda tira um coelho da cartola e me explica por que ele não é um elefante. Eu até agora não entendi de onde saiu essa questão da consciência aí no final do seu discurso... Completamente descabida. Mas deixe estar. Não se preocupe, que nem Lula nem Bolsonaro vão definir minha consciência sobre qualquer tema rs. Agradeço o tempo de ter escrito um textão; esta resposta é mais para manifestar ciência dele, pra você não achar que passou batido, e um certo pasmo também. Agora eu me recolho à minha insignificância e vou lá continuar passando o meu paninho — seja lá em quem for. Shalom.
Grotesco! Pelo que me lembro a Guiana se encontra numa situação razoável... um país próspero. Então, o monstrengo venezuelano quer se apoderar de um pedaço de prosperidade e transformá-lo em mais um território de miséria.
Seria horrível o governo brasileiro se manter neutro perante algo assim. Seria a mais absoluta desgraça moral pender para o lado de Maduro. Mas o monstrengo venezuelano é "companheiro" e a democracia "algo relativo", então...
Levando em conta que foi descoberto uma boa reserva de petróleo, é um país "próspero" mas em potencial, pois tudo depende de como a riqueza do "ouro negro" será revertida pra sua população, pois historicamente a Guiana sempre teve governos ruins que nunca priorizaram o bem estar da população, que sempre viveu em condições muito precárias, semelhantes a de vários países africanos de baixo IDH.
Então, o monstrengo venezuelano quer se apoderar de um pedaço de prosperidade e transformá-lo em mais um território de miséria.
Seria horrível o governo brasileiro se manter neutro perante algo assim. Seria a mais absoluta desgraça moral pender para o lado de Maduro. Mas o monstrengo venezuelano é "companheiro" e a democracia "algo relativo", então...
O pior cenário seria o atual governo apoiar a Venezuela, já que a Guiana sendo ex-colônia britânica, acredito receberia um auxílio militar de sua pátria colonizadora. Nessas horas todos tendem a apoiar o lado mais fraco e aí podemos até ter um repeteco da Guerra das Malvinas com a Venezuela sendo facilmente aniquilada e só assim Maduro cairia.
O pior cenário seria o atual governo apoiar a Venezuela, já que a Guiana sendo ex-colônia britânica, acredito receberia um auxílio militar de sua pátria colonizadora. Nessas horas todos tendem a apoiar o lado mais fraco e aí podemos até ter um repeteco da Guerra das Malvinas com a Venezuela sendo facilmente aniquilada e só assim Maduro cairia.
O problema disso tudo é que quem pagaria com isso, seriam "apenas" algumas vidas sacrificadas servindo a pátria, seguindo a vontade de um ditador usando como "justificativa legalizada" um referendo em que a população aprovaria isso.
Se a moda pega, era bem capaz do Evo Morales (se tivesse permanecido no poder da Bolívia) ter feito o mesmo, já que enquanto ele governava não queria desistir de reivindicar o antigo acesso perdido ao mar e que no fundo hoje a lamentação é muito maior que isso, já que o território perdido pro Chile é riquíssimo em cobre e outros recursos minerais.
Sim, embora contra o Chile, qualquer conversa seria um tanto quanto diferente.
Quanto às vidas sacrificadas... também, sim. E o Maduro sobreviveria, mesmo fora do poder. Com Maduro no poder, vidas continuam sendo sacrificadas pela miséria.
A questão moral aí, seria resolvida pelos número de vítimas numa situação ou na outra?
O que é triste é que avançamos para o sec XXI e esses ditadores de estados falidos, não tendo mais o que fazer estando o país num estado deplorável, continuam repetindo velhas fórmulas pra desviar completamente o foco de todos os graves problemas e o povo que lute e se dane como sempre.
E no fim o Maduro quer mais é deixar tudo explodir, vazará discretamente e ficará exilado escondido em algum canto do Brasil, já que aqui é uma "mãe" que já deu abrigo pra ditador paraguaio (Alfredo Stroessner), Cesare Battisti, fez Ronald Biggs se tornar uma celebridade, entre outros.
Decisão foi tomada em meio a tensão entre os dois países pela região de Essequibo, mas não determina soberania definitiva sobre território. Venezuela diz que manterá referendo para população decidir sobre eventual anexação.
g1.globo.com
Não que isso empeça o Maduro, mas ele já vai tomar qualquer medida consciente e depois não tem choro.
Até parece que ele está se inspirando nos ditadores militares da Argentina com as Malvinas e achando que uma guerra pode trazer o apoio da sociedade. O bizarro é ele acreditar nisso sabendo como as coisas terminaram lá.
A outra possibilidade é ele usar uma guerra para prender adversários políticos acusando-os de traição, etc. mas não faz sentido: ele já faz isso sem guerra mesmo.
Em referendo, os venezuelanos aprovaram com 96% dos votos, neste domingo (3), as cinco questões elaboradas pelo governo garantindo apoio a Nicolás Maduro para a anexação à Venezuela da região de Essequibo, que fica na Guiana.
noticias.uol.com.br
96% de apoio. Não é o padrão Coréia do Norte de qualidade que garante sempre 100%, mas mostra a força da ditadura lá e que um certo presidente semianalfabeto daqui chama de "democracia relativa".
Agora que o resultado saiu, vamos aguardar os próximos passos. Eu nunca duvidaria de repetição de histórias. As Malvinas já foram uma bela lição no passado, mas sempre tem alguém disposto a repetir a história.
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