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Ungoliant, o 'buraco negro' da Terra Média

Se isso acontecesse, creio que Eru teria que intervir, como em Númenor. Isso partindo da premissa, é claro, que Ungoliant viesse da dissonância de Melkor, pois se ela não fosse fruto de tal desafinação, poderia ter poder semelhante a Eru, será ?
Viajei agora, desconsiderem essa ultima frase, afinal de contas, Eru é Eru !
 
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Se nem Eru pode destruir o espírito de Sauron, não creio que Ungoliant pudesse destruir o de Melkor. Mas, talvez, ela pudesse aprisioná-lo.

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Aí sim concordo. Se Melkor caísse no vazio de Ungoliant, ele iria ficar perdido ali durante algum tempo - mesmo assim, sendo ela uma criação dele, ainda seria inferior em poder. Ele poderia simplesmente se desfazer de seu veículo físico, abandonando-o dentro do vazio de Ungoliant, e assumir um novo fora dela. Mas seria um belo susto, além do que demoraria um bom tempo até ele entender a situação.

Porque ela temeu os archotes de fogo dos Balrogs que é algo que um buraco negro não parece ser vulnerável. E das duas uma, ou ela era vulnerável ao fogo ou então o fogo de alguns ainur era de um tipo não conhecido ou explicado. Das duas formas o corpo dela precisava interagir normalmente com a matéria criada pelos Aratar no começo dos tempos.

Os chicotes dos balrogs são compostos de fogo: se há fogo, há energia luminosa, e calor. Já é um choque de forças antagônicas e incompatíveis.
E se partirmos do pressuposto de que Ungoliant seja um buraco negro, poderia também essa 'antiluz' que ela secreta, assim como parte de seu veículo físico, ser compostos de antimatéria.

Se formos seguindo a teoria, existem elementos que escapam dos buracos negros (igual a radiação de Hawking e fatores não conhecidos que produzem a perda de massa deles). No caso dela engolir as jóias poderia ocorrer dela continuar com fome e continuar o processo de auto destruição até morrer, deixando uma carcaça comum no lugar para apodrecer por vias normais. (...)Seguindo a suposição do Silma, durante a refeição final ela se devoraria até certo ponto, antes de colapsar e se deteriorar no modo automático. O que quer que tenha unido a matéria de Ungoliant se desestabilizaria podendo deixar uma carcaça endurecida para trás. (...)

Concordo com o fato de que se Ungoliant pudesse ser morta, ela de fato deixaria seu veículo físico - sua carcaça - para trás, mas não assimilo a ideia de que ela deixaria tudo o que engoliu ali, afinal ela absorveu uma enorme quantidade de energia. Essa é outra questão que o professor deve ter se furtado de responder, para não gerar questões demasiado complexas: se Ungoliant pudesse ser fisicamente morta por qualquer forma, ela iria liberar essa energia 'não processada' (que não foi secretada em forma de antiluz) de uma forma muito rápida, acarretando numa expansão de uma grande quantidade de energia luminosa, gerando praticamente uma supernova. Seria o fim de Valinor e da Terra Média.

Sendo assim, mesmo que ela abandonasse sua carcaça morta para trás, ela levaria esse 'vazio dimensional' com ela em seu fëa, pois esse vazio é da natureza dela, e não de seu hröa.


Pois é, a morte de Melkor geraria catástrofe. O simples grito dele ficou entranhado na região por centenas de quilômetros. Matar Melkor não era uma simples tarefa e acredito que Manwe também pensou nisso quando avisou Feanor de sua vingança (o elfo precisaria ser mais que 10 vezes mais forte). Porque a dispersão do poder no corpo físico podia escapar de uma vez e devastar o lugar em volta. Tipo, se na luta contra um Balrog Gandalf foi levado junto então com a morte de um Vala a região ficaria arrasada.

Isso depende! Se ele fosse simplesmente engolido por Ungoliant e caísse no vazio interno dela, seria rápido, fácil e indolor, penso eu. Mas se ele resolvesse sair de lá, faria isso de uma forma muito pouco sutil. Seria interessante ver Melkor rasgando Ungoliant por dentro e saindo. O problema seria ver aquela energia toda sendo liberada junto. O professor foi sábio evitando essas situações... :lol:
 
Se isso acontecesse, creio que Eru teria que intervir, como em Númenor. Isso partindo da premissa, é claro, que Ungoliant viesse da dissonância de Melkor, pois se ela não fosse fruto de tal desafinação, poderia ter poder semelhante a Eru, será ?
Viajei agora, desconsiderem essa ultima frase, afinal de contas, Eru é Eru !

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Tivesse sido criada pela Dissonância ou fosse o Espírito da Escuridão (minha versão favorita), Ungoliant precisou que Melkor lhe tranferisse poder para poder lidar com as Árvores e os poços de Varda (creio eu). Por mais singular que fosse, Ungoliant era um ser, em termos de poder, inferior a Melkor, como o texto do "Silmarillion" deixa claro. Ou seja, se ela era "lesser" em relação a Morgoth, por dedução ela seria ainda mais "lesser" em relação a Eru.

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Aí sim concordo. Se Melkor caísse no vazio de Ungoliant, ele iria ficar perdido ali durante algum tempo - mesmo assim, sendo ela uma criação dele, ainda seria inferior em poder. Ele poderia simplesmente se desfazer de seu veículo físico, abandonando-o dentro do vazio de Ungoliant, e assumir um novo fora dela. Mas seria um belo susto, além do que demoraria um bom tempo até ele entender a situação.



Os chicotes dos balrogs são compostos de fogo: se há fogo, há energia luminosa, e calor. Já é um choque de forças antagônicas e incompatíveis.
E se partirmos do pressuposto de que Ungoliant seja um buraco negro, poderia também essa 'antiluz' que ela secreta, assim como parte de seu veículo físico, ser compostos de antimatéria.



Concordo com o fato de que se Ungoliant pudesse ser morta, ela de fato deixaria seu veículo físico - sua carcaça - para trás, mas não assimilo a ideia de que ela deixaria tudo o que engoliu ali, afinal ela absorveu uma enorme quantidade de energia. Essa é outra questão que o professor deve ter se furtado de responder, para não gerar questões demasiado complexas: se Ungoliant pudesse ser fisicamente morta por qualquer forma, ela iria liberar essa energia 'não processada' (que não foi secretada em forma de antiluz) de uma forma muito rápida, acarretando numa expansão de uma grande quantidade de energia luminosa, gerando praticamente uma supernova. Seria o fim de Valinor e da Terra Média.

Sendo assim, mesmo que ela abandonasse sua carcaça morta para trás, ela levaria esse 'vazio dimensional' com ela em seu fëa, pois esse vazio é da natureza dela, e não de seu hröa.




Isso depende! Se ele fosse simplesmente engolido por Ungoliant e caísse no vazio interno dela, seria rápido, fácil e indolor, penso eu. Mas se ele resolvesse sair de lá, faria isso de uma forma muito pouco sutil. Seria interessante ver Melkor rasgando Ungoliant por dentro e saindo. O problema seria ver aquela energia toda sendo liberada junto. O professor foi sábio evitando essas situações... :lol:

Outro dia estava lendo e notei que Tolkien parece usar o termo vazio para mais de um propósito, igual o "bom-dia" dado por Bilbo a Gandalf. E que Melkor parecia ser velho conhecido de Ungoliant que teria uma quantidade de elemento de escuridão na formação de seu corpo. Inclusive uma das suposições é que Morgoth seja suspeito de ser o Vala envolvido na facilitação da obtenção do corpo dela com aquela qualidade de teias escuras e isolantes (parecida com Laracna). Pra não falar que ele seja também suspeito de ajudado ela a entrar no mundo. :D

Concordo com o fato de que se Ungoliant pudesse ser morta, ela de fato deixaria seu veículo físico - sua carcaça - para trás, mas não assimilo a ideia de que ela deixaria tudo o que engoliu ali, afinal ela absorveu uma enorme quantidade de energia. Essa é outra questão que o professor deve ter se furtado de responder, para não gerar questões demasiado complexas: se Ungoliant pudesse ser fisicamente morta por qualquer forma, ela iria liberar essa energia 'não processada' (que não foi secretada em forma de antiluz) de uma forma muito rápida, acarretando numa expansão de uma grande quantidade de energia luminosa, gerando praticamente uma supernova. Seria o fim de Valinor e da Terra Média.

A teoria do Silma diz que ela teria morrido de fome, desaparecendo no modo automático/instintivo, porque não havia mais no mundo algo que pudesse saciar a fome. O que seria estranho de se pensar e leva a alguns palitos de perguntas. Por exemplo, o que pensar do fato de não haver mais nada que a apetecesse no mundo? Seria desgosto por não comer as Silmarils e nunca mais ter outra oportunidade? Efeito colateral da alimentação das árvores que produzisse o cansaço precoce do mundo?

Essa facilidade de Ungoliant se autodesfigurar me faz pensar que ela podia não ter o controle total do corpo que desfigurava o mundo. Essa auto-anarquia abre espaço para que jóias lendárias como as Silmarils ultrapassem sua vida permanecendo entre os restos mortais (normalmente os Poderes tomam a responsabilidade a partir de certo ponto dentro do descontrole). Aqui entra a sua hipótese sobre anti-matéria. E entra também outras hipóteses como a de matéria comum agregada de matéria escura ou matéria primordial caótica (talvez matéria invertida).

Isso depende! Se ele fosse simplesmente engolido por Ungoliant e caísse no vazio interno dela, seria rápido, fácil e indolor, penso eu. Mas se ele resolvesse sair de lá, faria isso de uma forma muito pouco sutil. Seria interessante ver Melkor rasgando Ungoliant por dentro e saindo. O problema seria ver aquela energia toda sendo liberada junto. O professor foi sábio evitando essas situações...

Acredito que a ruptura de estruturas quando da morte de um maia ou vala possa ocorrer de forma involuntária. Se Melkor morresse poderia haver escape momentâneo do comando dos elementos na região (trovões e terremotos). No caso da morte de Ungoliant o lugar podia se tornar em um lugar sinistro (maculado) com energia negra infestando em volta (nada bonito de se ver), basicamente porque ela tinha uma tendência caótica e sua estrutura podia colapsar sem efeitos macroscópicos ou visíveis na superestrutura do mundo. Isto seria uma morte por sufocamento para contemplar o destino de uma criatura que vivia por meio do sufocamento. Enfim, são muitas hipóteses.
 
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A teoria do Silma diz que ela teria morrido de fome, desaparecendo no modo automático/instintivo, porque não havia mais no mundo algo que pudesse saciar a fome. O que seria estranho de se pensar e leva a alguns palitos de perguntas. Por exemplo, o que pensar do fato de não haver mais nada que a apetecesse no mundo? Seria desgosto por não comer as Silmarils e nunca mais ter outra oportunidade? Efeito colateral da alimentação das árvores que produzisse o cansaço precoce do mundo?

Resposta mais provável: foi a forma mais fácil. Imagine você, um ser completamente dependente de um elemento que lhe causa terror para se alimentar. E, sendo um verdadeiro 'saco sem fundo' e sugado a ultima alternativa de energia luminosa, de repente se vê num mundo escuro, sem luz. Se ela é composta de antiluz materializada, deve ter tentado devorar a si mesma, mas também penso que ela entrou em colapso, consumindo a si própria - como um buraco-negro.

Mas, segundo a teoria da Radiação Hawking, todo buraco-negro tem seu equivalente oposto, o 'buraco branco'. Se um buraco-negro suga a energia e matéria disponíveis em seu horizonte de eventos, o buraco-branco 'regurgita' energia e matéria em uma dimensão paralela, e provavelmente sua existência está ligada a um buraco-negro. Se Eru Ilúvatar é o Espírito Criador e tudo se torna energia e matéria de acordo com a materialização de seu canto com os Valar, Ungoliant poderia ter sido criada para criar uma situação de equilíbro com a criação.

Acredito que a ruptura de estruturas quando da morte de um maia ou vala possa ocorrer de forma involuntária. Se Melkor morresse poderia haver escape momentâneo do comando dos elementos na região (trovões e terremotos). No caso da morte de Ungoliant o lugar podia se tornar em um lugar sinistro (maculado) com energia negra infestando em volta (nada bonito de se ver), basicamente porque ela tinha uma tendência caótica e sua estrutura podia colapsar sem efeitos macroscópicos ou visíveis na superestrutura do mundo. Isto seria uma morte por sufocamento para contemplar o destino de uma criatura que vivia por meio do sufocamento. Enfim, são muitas hipóteses.

Mas Melkor não estaria de fato 'morto', mas 'em suspensão' em uma realidade dimensional diferente, saca?
Agora, eu simplesmente não consigo visualizar como uma criatura como Ungoliant pudesse sofrer algum tipo de 'morte'. Buracos-negros podem colapsar e fagocitar a si mesmos - se a teoria dos buracos brancos também estiver correta, pois a energia sugada por um buraco-negro tem de ir para algum lugar.

Ungoliant pode não ter morrido, mas toda energia que ela absorveu e a sua própria pode ter sido empregada para criar outros seres, pela vontade de Eru.
 
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A energia sugada por Ungoliant servia apenas a ela própria, tanto que ela aumentou exponencialmente em poder e tamanho após a "superalimentação" oferecida por Morgoth, Ungoliant era livre, não estava subordinada a ninguém, além de si mesma e isto explica boa parte do fascínio que ela exerce. Até a forma que escolheu para interagir em Arda foi uma escolha espontânea sua ( já havia aranhas na Terra-Média e seria isto um reflexo do pavor/ fascínio que Tolkien tinha por aracnídeos?).

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Resposta mais provável: foi a forma mais fácil. Imagine você, um ser completamente dependente de um elemento que lhe causa terror para se alimentar. E, sendo um verdadeiro 'saco sem fundo' e sugado a ultima alternativa de energia luminosa, de repente se vê num mundo escuro, sem luz. Se ela é composta de antiluz materializada, deve ter tentado devorar a si mesma, mas também penso que ela entrou em colapso, consumindo a si própria - como um buraco-negro.

Mas, segundo a teoria da Radiação Hawking, todo buraco-negro tem seu equivalente oposto, o 'buraco branco'. Se um buraco-negro suga a energia e matéria disponíveis em seu horizonte de eventos, o buraco-branco 'regurgita' energia e matéria em uma dimensão paralela, e provavelmente sua existência está ligada a um buraco-negro. Se Eru Ilúvatar é o Espírito Criador e tudo se torna energia e matéria de acordo com a materialização de seu canto com os Valar, Ungoliant poderia ter sido criada para criar uma situação de equilíbro com a criação.



Mas Melkor não estaria de fato 'morto', mas 'em suspensão' em uma realidade dimensional diferente, saca?
Agora, eu simplesmente não consigo visualizar como uma criatura como Ungoliant pudesse sofrer algum tipo de 'morte'. Buracos-negros podem colapsar e fagocitar a si mesmos - se a teoria dos buracos brancos também estiver correta, pois a energia sugada por um buraco-negro tem de ir para algum lugar.

Ungoliant pode não ter morrido, mas toda energia que ela absorveu e a sua própria pode ter sido empregada para criar outros seres, pela vontade de Eru.

Estava vendo que pelo que o Silma dá a entender, Ungoliant se desestabilizou depois do ataque contra as árvores. Se não fosse o encontro com Melkor o fim dela ficaria em suspenso indefinidamente e o livro fornece algumas explicações para que isso pudesse ocorrer.

Uma explicação pode ser a razão de existir de Oromë. Quando o Vala sai para caçar acontece de uma parte dos seres cruéis serem mortos enquanto outra parte foge e nunca é capturada. A mitologia dá a entender que Oromë caçaria esses monstros indefinidamente durante a vida do mundo. Aparentemente Ungoliant era um desses monstros que ele devia caçar e ser iludido até que no final de uma possível batalha na profecia final de Mandos todos eles fossem derrotados. Curiosamente Oromë é o primeiro a sair em busca dela depois do ataque e a primeira luz que retorna a Aman são das faíscas dos cascos dos caçadores. Outra coisa que eu preciso confirmar mas acho que Varda era a única que conseguia ver através da ilusão de Ungoliant.

Ou seja, observemos que estamos novamente tratando do corpo de Ungoliant e que no livro há indícios de ela ter assumido um corpo com ciclo de vida extremamente longa, uma vez que a característica de reprodução (que é uma das coisas que fazem um ser vivo) aparece quando o livro aponta que ela se separa de Melkor para cruzar com os monstrinhos na fronteira de Doriath.

Em outra passagem nós vemos que o corpo dela cresce pela absorção do poder das árvores (crescimento depois de se alimentar é outra característica de corpo vivo).

Ao ter células reprodutivas que precisam ser amadurecidas pela vida, Ungoliant assumira um corpo que podia ser morto (de preferência que fosse caçada por Oromë e que seu couro fosse pendurado na parede :D)

Depois do ataque ela pode ter processado uma quantidade muito maior de energia do que podia, de luz que devia alimentar o mundo por uma eternidade, abrindo nela um apetite incurável que antes estava apenas em estágio dormente ou potencial.

Foi bom que você colocou o título com aspas. Numa comparação com um buraco negro, o ciclo de existência dele precisa ser diferenciado do ciclo de vida da aranha devido a natureza dos corpos não ser similar. Enquanto o buraco perde massa e "evapora" como um redemoinho na água pelo excesso de gravidade que não é alimentado e pela perda de radiação (o espaço sideral é como a água), o corpo de Ungoliant é estabilizado por um campo diferente do campo gravitacional no que ela se alimenta pela boca ao invés de por todos os lados (ou pelas presas que ela cravou nas árvores) e não atrai corpos nem o toque dela em corpos inanimados e pedras gera reação estranha se ela não os atacar. Aparentemente, Ungoliant depende das mesmas constantes universais que estabilizam a matéria que os Valar criaram e controla o corpo da mesma forma que controla a fome.

Uma opção para Ungoliant é controlar a fome e o corpo pela aplicação direta de poder sub-criativo que pode ou não ter origem no espírito dela podendo vir de algum bolsão ou reservatório interno ou externo (corpo são, mente sã). Uma vez que um dos dois perca estabilidade o outro tende a adoecer e colapsar (principalmente o corpo).

Sobre a morte do corpo (hroa) de Melkor eu quis dizer que o abalo sobre o meio ambiente vem da quebra do vínculo entre espírito e corpo de um Vala (independe da vontade dele) porque parte do poder de potestade que ele tinha se perde com a morte do corpo. No caso de a alma dele mudar a dimensão, devido a interdição de Eru, que impede os Valar de sairem do mundo, ele encontra um meio para voltar se assim desejar.
 
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Ao ter células reprodutivas que precisam ser amadurecidas pela vida, Ungoliant assumira um corpo que podia ser morto (de preferência que fosse caçada por Oromë e que seu couro fosse pendurado na parede )

Vou dar uma viajadinha na maionese, mas vou comentar uma coisa aki ok?

Parece que a presença de "hröa" dava justamente a possibilidade de reprodução (pois os Ainur com "fána" não reproduziam) mas causavam uma vulnerabilidade enorme para o portador do mesmo, podendo assim ser morto.

Penso que Melkor colocou TANTO poder em Arda, e se fixou tanto num "hröa", que acabou ficando extremamente vulnerável - como ficou mesmo, rs. Senão os Valar jamais conseguiriam subjugá-lo no final da primeira era.

Chego à conclusão de que, portanto, quanto mais "físico" fosse o poder do Ainu em questão, mais fraco ele ficava "espiritualmente". Melian abdicou de seu "fána" para ser mãe, mas por outro lado ganhou certas vulnerabilidades que outros Ainur não tinham.

Sauron no entanto quis juntar o "útil ao agradável" ao continuar tendo "fána" e no entanto não dispersar sua força "espiritual" em Arda, criando assim os Anéis de Poder. Queria ser forte dos dois lados.

-q?
 
A respeito do gosto que Tolkien tinha pela astronomia (outro ponto em comum que ele tinha com H.P. Lovecraft) vcs vão achar um excelente índice pra todo o material disponível sobre isso na internet nessa página, com destaque pras contribuições da professora Kristina Larsen, a maior perita nas referências astronômicas e geofísicas da mitologia de JRRT.

The Astronomy of Middle-earth: Astronomical Motifs and Motivations in the Work of
J.R.R. Tolkien


Detalhe interessante: as propriedades da Antiluz descritas por Tolkien no Silmarillion, na versão década de 50 em diante,coincidem com a identificação da chamada superfície Schwarzschild com o Horizonte de Eventos que cerca a Singularidade que marca o Buraco Negro. Foi a partir daí que Tolkien começou a falar em efeitos similares aos da paralisação do tempo e da ausência de ser no cerne da Escuridão tecida por Ungoliant.

Oppenheimer and his co-authors interpreted the singularity at the boundary of the Schwarzschild radius as indicating that this was the boundary of a bubble in which time stopped. This is a valid point of view for external observers, but not for infalling observers. Because of this property, the collapsed stars were called "frozen stars",[16] because an outside observer would see the surface of the star frozen in time at the instant where its collapse takes it inside the Schwarzschild radius.

A terminologia empregada por Tolkien dá a entender, muito fortemente, no estudo e uso literário das teorias em torno dos conceitos citados, o que iria de acordo com a aparição de efeitos similares em histórias de contemporâneos dele na ficção especulativa, mormente Lovecraft ( que já fala numa escuridão "como atributo positivo" nas "asas" do Cthulhu no Chamado de Cthulhu em conto publicado em 1928) e E.E.Doc Smith, que descreveu a Negasfera de antimatéria na sua saga dos Lensmen que gerava um efeito Horizonte de eventos ( Gray Lensmen 1951 mas publicado originalmente em Astounding Science Fiction de outubro de 1939 a janeiro de 1940).

Comments on Are Black Hole Starships Possible?
Fascinating paper makes fascinating reading, particularly as an adjunct to the early fictional work done by Arthur C. Clarke. (Read the complete story)

"Their method for construction seems rather similar to EE 'Doc' Smith's "Negasphere" (from the Lensman novels): An initial massive energy pulse to create it, then feed it waste mass to grow it. The Negasphere had more in common with antimatter (and negative-energy matter) than a blackhole though. Gunbuster (1988) alsojhad a drive system utilising two spinning black holes. It's name (the Tannhauser Gate) was referenced in Blade Runner."
( 12/5/2009 8:34:39 AM)

Comparem as descrições da Antiluz no Silmarillion com essa passagem de Gray Lensmen aí embaixo:

"Come back in three-four days—maybe a week; but don't expect to see anything but a hole."
"That's exactly what I want to see, a hole in space," and that was precisely what, a few
days later, the Lensman did see.
The spherical framework was unchanged, the machines were still carrying easily their
incredible working load. Material—any and all kinds of stuff—was still disappearing;
instantaneously, invisibly, quietly, with no flash or fury to mark its passing.
But at the center of that massive sphere there now hung poised a . . . a something. Or was it a nothing? Mathematically, it was a sphere, or rather a negasphere, about the size of a baseball; but the eye, while it could see something, could not perceive it analytically. Nor could the mind envision it in three dimensions, for it was not essentially three-dimensional in nature. Light sank into the thing, whatever it was, and vanished. The peering eye could see nothing whatever of
shape or of texture; the mind behind the eye reeled away before infinite vistas of nothingness.
Kinnison hurled his extra-sensory perception into it and jerked back, almost stunned. It
was neither darkness nor blackness, he decided, after he recovered enough poise to think coherently. It was worse than that—worse than anything imaginable—[an infinitely vast and yet non-existent realm of the total absence of everything whatever . . . ABSOLUTE NEGATION!
"That's it, I guess," the Lensman said then. "Might as well stop feeding it now."
 
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Parabenizo o Akira por mais uma grande sacada :D !

É muito interessante esta noção, de que a fome incontrolável de Ungoliant, tenha sido provocada pela transferência de poder de Morgoth, para "ampliar" sua (de Ungoliant) capacidade única de absorver qualquer forma de energia e que tenha sido agravada pela gigantesca quantidade de energia que consumiu da seiva das Árvores e dos poços de Varda.

E por falar em Varda, o texto do "Silmarillion", não diz se ela tentou enxergar o que havia na "nuvem" de antiluz, mas é relatado que Manwë foi o único que conseguiu enxergar durante a grande escuridão mas que não conseguiu ver através da antiluz, mas ele deduziu corretamente que aquela "nuvem" negra continha Melkor.

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Ungoliant_and_Melkor_by_rubendevela.jpg

Como Ungoliant é, obviamente, um dos elementos mais "lovecraftianos" do Legendarium, junto com os Sem Nome, é muito apropriado que as correlações Tolkien/Lovecraft estejam sendo cada vez mais estudadas nos dias de hoje.
cthulhu_by_unidcolor-jpg.50863
Tolkien and Weird Tales-Part 1

E esse aí era o livro de astronomia com o qual Tolkien presenteou Priscila Tolkien.

20080311064936.jpg
 

Anexos

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Estava vendo que pelo que o Silma dá a entender, Ungoliant se desestabilizou depois do ataque contra as árvores. Se não fosse o encontro com Melkor o fim dela ficaria em suspenso indefinidamente e o livro fornece algumas explicações para que isso pudesse ocorrer.

Ou seja, observemos que estamos novamente tratando do corpo de Ungoliant e que no livro há indícios de ela ter assumido um corpo com ciclo de vida extremamente longa, uma vez que a característica de reprodução (que é uma das coisas que fazem um ser vivo) aparece quando o livro aponta que ela se separa de Melkor para cruzar com os monstrinhos na fronteira de Doriath.

Em outra passagem nós vemos que o corpo dela cresce pela absorção do poder das árvores (crescimento depois de se alimentar é outra característica de corpo vivo). Ao ter células reprodutivas que precisam ser amadurecidas pela vida, Ungoliant assumira um corpo que podia ser morto (de preferência que fosse caçada por Oromë e que seu couro fosse pendurado na parede :D)

Depois do ataque ela pode ter processado uma quantidade muito maior de energia do que podia, de luz que devia alimentar o mundo por uma eternidade, abrindo nela um apetite incurável que antes estava apenas em estágio dormente ou potencial.

Foi bom que você colocou o título com aspas. Numa comparação com um buraco negro, o ciclo de existência dele precisa ser diferenciado do ciclo de vida da aranha devido a natureza dos corpos não ser similar. Enquanto o buraco perde massa e "evapora" como um redemoinho na água pelo excesso de gravidade que não é alimentado e pela perda de radiação (o espaço sideral é como a água), o corpo de Ungoliant é estabilizado por um campo diferente do campo gravitacional no que ela se alimenta pela boca ao invés de por todos os lados (ou pelas presas que ela cravou nas árvores) e não atrai corpos nem o toque dela em corpos inanimados e pedras gera reação estranha se ela não os atacar. Aparentemente, Ungoliant depende das mesmas constantes universais que estabilizam a matéria que os Valar criaram e controla o corpo da mesma forma que controla a fome.

Uma opção para Ungoliant é controlar a fome e o corpo pela aplicação direta de poder sub-criativo que pode ou não ter origem no espírito dela podendo vir de algum bolsão ou reservatório interno ou externo (corpo são, mente sã). Uma vez que um dos dois perca estabilidade o outro tende a adoecer e colapsar (principalmente o corpo).

Sobre a morte do corpo (hroa) de Melkor eu quis dizer que o abalo sobre o meio ambiente vem da quebra do vínculo entre espírito e corpo de um Vala (independe da vontade dele) porque parte do poder de potestade que ele tinha se perde com a morte do corpo. No caso de a alma dele mudar a dimensão, devido a interdição de Eru, que impede os Valar de sairem do mundo, ele encontra um meio para voltar se assim desejar.


Tem toda razão, Akira-kun. No tocante ao 'bolsão', ou seja, uma espécie de estômago onde ficasse alojado esse vazio dimensional, cuja porta de entrada é a boca. A perda da estabilidade a qual se refere é o súbito desejo de devorar a si mesma, na tentativa de matar a fome atroz que a consumia - uma vez que ela atente contra seu veículo carnal, pode ter havido sim uma desestabilização que levou ao colapso, e ela se autoconsumiu. Não necessariamente 'se devorando com a boca', mas consumindo a si mesma.

Mesmo que Ungoliant fosse feita de 'escuridão materializada', ter um hröa que a possibilitasse de procriar também não significaria peremptoriamente que seu corpo estivesse vivo e ela fosse de fato uma aranha: basta que os seres com a qual ela copulou e procriou (inclusive ela os comia após a cópula, eca) também seriam feitos dessa mesma 'escuridão materializada'. Basta que sejam feitos da mesma matéria que ela própria, projetados como figuras-pensamento por Melkor, e assumam formas compatíveis à dela. Pronto, temos Laracnas e outras porcarias de oito pernas... :lol:


Vou dar uma viajadinha na maionese, mas vou comentar uma coisa aki ok?

Parece que a presença de "hröa" dava justamente a possibilidade de reprodução (pois os Ainur com "fána" não reproduziam) mas causavam uma vulnerabilidade enorme para o portador do mesmo, podendo assim ser morto.
Penso que Melkor colocou TANTO poder em Arda, e se fixou tanto num "hröa", que acabou ficando extremamente vulnerável - como ficou mesmo, rs. Senão os Valar jamais conseguiriam subjugá-lo no final da primeira era.
Chego à conclusão de que, portanto, quanto mais "físico" fosse o poder do Ainu em questão, mais fraco ele ficava "espiritualmente". Melian abdicou de seu "fána" para ser mãe, mas por outro lado ganhou certas vulnerabilidades que outros Ainur não tinham.
Sauron no entanto quis juntar o "útil ao agradável" ao continuar tendo "fána" e no entanto não dispersar sua força "espiritual" em Arda, criando assim os Anéis de Poder. Queria ser forte dos dois lados.

Concordo plenamente, Lindoriel. Essa teoria que você descreveu é fantástica, e defendi um conceito muito semelhante várias vezes aqui no fórum. :joinha:

De fato, quanto mais próximo à matéria, mais vulneráveis e menos poderosos os seres implicados se tornam, no campo de ação da metafísica - o que compreende a magia, e a fenomenologia pura e simples. Isso remonta ao acontecimento com Gandalf, que ao confrontar o balrog, passou por um processo de 'depuração': aparentemente seu hröa foi morto, seu fëa retornou ao vazio original (como se ele tivesse sido 'formatado'. Desculpem, foi a única definição que consegui obter agora, neste momento) ele retomou uma nova forma e se tornou 'O Branco', dotado de maior poder e consciência. É como se o hröa fosse o detentor de memórias, mas também um limitador de poder. Isso pode ser perfeitamente aplicado a Melkor, Melian e até mesmo a Ungoliant - cujo motivo de colapsar a ponto de se auto-devorar pode ter sido o contato com a matéria física, no ato de devorar a luz das árvores e o que mais viu pelo caminho. Isso reforça a teoria de que seu hröa poderia ser constituído de antimatéria.

A respeito do gosto que Tolkien tinha pela astronomia (outro ponto em comum que ele tinha com H.P. Lovecraft) vcs vão achar um excelente índice pra todo o material disponível sobre isso na internet nessa página, com destaque pras contribuições da professora Kristina Larsen, a maior perita nas referências astronômicas e geofísicas da mitologia de JRRT.
(...)
Detalhe interessante: as propriedades da Antiluz descritas por Tolkien no Silmarillion, na versão década de 50 em diante,coincidem com a identificação da chamada superfície Schwarzschild com o Horizonte de Eventos que cerca a Singularidade que marca o Buraco Negro. Foi a partir daí que Tolkien começou a falar em efeitos similares aos da paralisação do tempo e da ausência de ser no cerne da Escuridão tecida por Ungoliant.

Perfeito, Ilmarien!
Isso também reforça a ideia de que Ungoliant teria sim uma dimensão paralela semelhante a um buraco negro dentro de si, e a complexidade deste personagem vai além do que imaginamos. A única diferença é que o horizonte de eventos estaria limitado à boca dela, já que ela não possui um campo gravitacional multidirecional, como de fato um buraco negro. Vou ler com mais atenção o seu link. :D

Em tempo:

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A energia sugada por Ungoliant servia apenas a ela própria, tanto que ela aumentou exponencialmente em poder e tamanho após a "superalimentação" oferecida por Morgoth, Ungoliant era livre, não estava subordinada a ninguém, além de si mesma e isto explica boa parte do fascínio que ela exerce.
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Tar-Marion, verdade que a energia que ela consumia servia somente a ela, enquanto detentora de um hröa. Tanto que a energia ia para algum lugar, fosse para aumento físico de tamanho, ou para a produção de nuvens e teias de antiluz. Mas me refiro, hipoteticamente falando, claro, ao ela abandonar seu hröa e retornar ao seu nada original. A quantidade de energia consumida por ela foi tamanha que ainda sobraria algo em seu fëa para servir de matéria prima para a criação de outros elementos materiais.
 
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Seiko, então Ungoliant, teria um buraco negro unidirecional na boca ? Seria mais ou menos um " túnel negro " ?
 
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Após reler as passagens que tratam dela no "Silmarillion", fiquei curioso sobre a forma que ela primeiro assumiu, afinal a forma de aranha ela adotou para interagir em Arda (teria ela ficado fascinada por estas "simpáticas" criaturas da classe arachnida?), seria ela em sua primeira 'personificação" bela ou horrenda :think: ?

PS: Após começar a aprender sobre estes assuntos, passei a achar que a encarnação, para os ainur, era mais um inconveniente a ser evitado do que uma tentação.

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Após reler as passagens que tratam dela no "Silmarillion", fiquei curioso sobre a forma que ela primeiro assumiu, afinal a forma de aranha ela adotou para interagir em Arda (teria ela ficado fascinada por estas "simpáticas" criaturas da classe arachnida?), seria ela em sua primeira 'personificação" bela ou horrenda :think: ?

PS: Após começar a aprender sobre estes assuntos, passei a achar que a encarnação, para os ainur, era mais um inconveniente a ser evitado do que uma tentação.

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Sim e não, Tar-Mairon, porque , desde o início, os ainur que entraram em Eä o fizeram porque estavam enamorados das formas físicas dos Filhos de Eru, e, por isso , as emularam, baseadas no que viram, mesmo ANTES deles virem a realmente existir dentro da criação. A fruição das faculdades corpóreas SEMPRE foi um dos objetivos dos ainur que entraram em Eä, principalmente daqueles que deveriam ser Poderes do Mundo e de seus auxiliares imediatos , como Salmar, Ossë, Ilmarë, Eonwë e Sauron. A própria Melian era afeiçoada aos rouxinóis. Lógico que nem todos, como era o caso dela dentre os maiar, gostariam de abdicar da "sutileza" , "impassibilidade" e "agilidade" do seus estado de fána, mas, o deleite do exercício das faculdades corpóreas meio que era também o cumprimento "natural" de sua enfatuation pela Criação, de sorte que era o caso de no guts no glory, no pain no gain.
 
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Após reler as passagens que tratam dela no "Silmarillion", fiquei curioso sobre a forma que ela primeiro assumiu, afinal a forma de aranha ela adotou para interagir em Arda (teria ela ficado fascinada por estas "simpáticas" criaturas da classe arachnida?), seria ela em sua primeira 'personificação" bela ou horrenda :think: ?


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Boa pergunta. Sendo um ser composto de maldade em estado puro, creio que ela não tinha forma definida que fosse conhecida.
A escuridão não tem forma, mas ela em específico era dotada de consciência; sendo a escuridão uma 'coisa' só, a partir do momento em que a energia que viria a ser Ungoliant tomou consciência da própria existência, é provável que tenha começado a se 'aglutinar' de vários pontos diferentes. Se temos várias vertentes de energia se aglutinando num único ponto - a formação do buraco negro que Ungoliant abrigaria em seu ventre - é a mais próxima que ela encontrou de um ser vivo para compor seu hröa:

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142_1.jpg

(essa ultima imagem me deu agonia pra achar... Detesto aranhas.)


Isso talvez explique a forma de aranha escolhida por ela para descer a Arda.

Seiko, então Ungoliant, teria um buraco negro unidirecional na boca ? Seria mais ou menos um " túnel negro " ?

Glonduil, eu não diria um buraco unidirecional na boca, mas sim uma deformação no campo gravitacional do Buraco Negro dentro do ventre. Mesmo assim, ela não 'puxa' nada por sua boca através da gravidade terrível que é observada no horizonte de eventos de qualquer Buraco Negro: isso pode acontecer, talvez, pela limitação imposta pelo tipo de matéria que o corpo dela é composto e cerca o horizonte de eventos, ou que ele esteja em suspensão dentro dessa 'dimensão vazia' dentro dela. Ou seja, uma vez engolido, aí sim o objeto entra dentro do horizonte de eventos que existe dentro dela, sendo sugado pelo Buraco Negro.
 
Piadinha: no meu ensaio sobre a Ungoliant comparei Ungoliant com outros seres primevos mitológicos que incorporavam o Caos do começo das cosmogonias.

Ungoliant, Dualismo e Livre-Arbítrio nos Mitos de Tolkien

Ymir ( acrescente-se tb Jormungand) na nórdica
Apep na egípcia( acrescentando aqui)
Tífon na grega

Tiamat na sumérico-babilônica.
Raab e Leviatã bíblicos
Afanc na mitologia céltica de Gales e Domnu na Irlanda( adicionados aqui)

O lance é que, supõe-se que, etimologicamente, o termo Tiamat esteja ligado ao hebreu "tehom", "abismo", que aparece na Bíblia.

Agora vem o curioso: um dos termos mais comuns pra "abismo" em sânscrito é justamente... "arana", आरण AraNa n. abyss

E araña é a forma castelhana de se escrever "aranha" e Tolkien CONHECIA a língua bem o bastante pra funcionar de intérprete na visita de meninos espanhóis na Inglaterra, até porque seu tutor, que era o padre Francis Morgan, era espanhol.

Daí eu suspeito que o trocadilho foi irresistível para Tolkien.

E, como nós "sabemos" que ele "não tinha" "NENHUMA repulsa especial por aranhas" :P...

Comparem as frases lapidares de Tolkien a respeito do assunto: "And I do not dislike spiders particulary and have no urge to kill them" com "but I developed a dislike for his Tarzan even greater than my distaste for spiders"

Que "distaste" Tolkien? Aquele MESMO que vc disse que não tinha em outra carta de dez ou doze anos antes? :P Ahhhhh, AQUELE "distaste" que, agora, é menor que sua aversão por Tarzan mas, que, pelo contexto, deve ser BEM GRANDE, mesmo assim?

Ademais, outra anedota: outra dia, Tar-Mairon teceu uma comparação que nunca havia me ocorrido com essa claridade: Ungoliant e Kali.

Daí, quando ele falou isso, dessa vez, eu me recordei de que o sentido de Kali em sânscrito é a "negra" com a acepção de atemporal e que esse era exatamente o sentido de um dos nomes do Outer Dark, da Noite Primeva que Tolkien também chamou Timeless Void ( Vazio sem Tempo) no The Book of Lost Tales. Lá se dizia que Ungwëliante era "Gwerlum, uma encarnação de Móru, a Noite Primeva", significando, literalmente... a Negra.

Kālī is the feminine form of kālam ("black, dark coloured").[3] Kāla primarily means "time" but also means "black" in honor of being the first creation before light itself. Kālī means "the black one" and refers to her being the entity of "time" or "beyond time." Kāli is strongly associated with Shiva, and Shaivas derive the masculine Kāla (an epithet of Shiva) to come from her feminine name. A nineteenth-century Sanskrit dictionary, the Shabdakalpadrum, states: कालः शिवः । तस्य पत्नीति - काली । kālaḥ śivaḥ । tasya patnīti kālī - "Shiva is Kāla, thus, his consort is Kāli" referring to Devi Parvathi being a manifestation of Devi MahaKali.
Other names include Kālarātri ("black night"), as described above, and Kālikā ("relating to time"). Coburn notes that the name Kālī can be used as a proper name, or as a description of color.[4]

Uma última historinha: comparem essa história mitologica nórdica onde Odin roubou o mulso da sabedoria, ajudado por uma gigante da escarcha, filha do ladrão da beberagem da sabedoria,Suttungr, chamada Gunnlöd, com a história de Melkor, recorrendo à Ungoliant pra matar as árvores de Valinor e roubar os Silmarils.

Na história nórdica tudo por causa de... s-e-x-o. Três noites "daquilonaquilo" com o Onipotente Safado, como diziam os editores da Marvel na Editora Abril dos oitenta...Eitâ, "Buraco Negro" sequioso, sô...:P

Gunnlod.jpg


Vejam se essa "sede" e "secura", paradoxalmente, não estão nesses olhinhos de "Pícara Sonhadora", na pintura acima, azulálgidos, "impregnados de distância", como dizia o Lewis...

Agora, olhem bem pro nome "Gunnlöd" e, reparem que ele é quase um anagrama perfeito de ... "ungol", a versão sindarin do quenya "ungwë", aranha...

Tolkien, the terrible, strikes again...:P

A história de como o pai dela, Suttungr, se vingou dos dois anões, Fjalar e Galar, que haviam matado o pai dele, Gilling, extorquindo deles o segredo do hidromel, é, claramente, o protótipo pra parte da história do Ouro do Reno de Wagner *que conta a a origem do fatídico Anel do Nibelungo, onde os anões, provavelmente, serviram de inspiração pro nome dos gigantes aliterando, Fafner e Fasolt, e onde Alberich, um anão ( nibelungo) roubou o ouro do Reno das ninfas guardiãs do rio ( o papel de guardiã é desempenhado pela própria Gunnlod ( que significa "convite da Batalha").

E o que é que Melkor soltou quando Ungoliant tentou comê-lo com Silmarils e tudo?

Talvez um "gunnlöd" pra seus balrogs, estranhamente parecido com o grito de uma menininha histérica?


goldilocks-and-the-three-bears.jpg


381px-Louis_Huard_-_Giant_Suttung_and_the_Dwarfs.jpg


Ted_Nasmith_-_Morgoth_Punishes_H%C3%BArin.jpg


'"Irmãos com nomes aliterados" que o ofenderam antes? Algo tipo Húrin e Huor?. Huuummmm...Confrontação com gigantes... a imagem do mar submergindo uma rocha que foi a armadilha na qual Suttungr colocou Fjalar e Galar e seus companheiros anões...

Comparar com:

Then all the hosts of Angband swarmed against them, and they bridged the stream with their dead, and encircled the remnant of Hithlum as a gathering tide about a rock. There, as the Sun westered and the shadows of the Ered Wethrin grew dark, Huor fell pierced with a venomed arrow in the eye, and all the valiant men of Hador were slain about him in a heap; and the Orcs hewed their heads and piled them as a mound of gold in the sunset.

Last of all Hurin stood alone. Then he cast aside his shield, and seized the axe of an orc-captain and wielded it two-handed; and it is sung that the axe smoked in the black blood of the troll-guard of Gothmog until it withered, and each time that he slew Hurin cried aloud: 'Aure entuluva!Day shall come again!' Seventy times he uttered that cry; but they took him at last alive, by the command of Morgoth, who thought thus to do him more evil than by death. Therefore the Orcs grappled Hurin with their hands, which clung to him still, though he hewed off their arms; and ever their numbers were renewed, till he fell buried beneath them. Then Gothmog bound him and dragged him to Angband with mockery.

Mythology

Suttungr searched for his parents and threatened the dwarven brothers Fjalar and Galar, tying them and some other dwarves who killed Gilling to a rock that would be submerged by the rising tide.

E, pra completar, o nome Gilling foi aproveitado por Tolkien pra batizar... o próprio Melkor que era também chamado Gielluin ou Gilim, significando "inverno", também o nome de um gigante no Contos Perdidos, simbolizando o Melkor como personificação hibernal.
Significado nórdico original dos culpados na história

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Varg Vikernes "Guide To The Norse Gods And Their Names"
 

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Fui dar uma checada pra conferir se a aranha era correlacionada com um deus ou deusa hindu mais especificamente e descobri isso aí:

Maya - Virgin aspect of the triple Hindu Goddess, symbolized by a Spider, spinner of magic, fate and earthly appearances. The spider's web was likened to the Wheel of Fate and the spider to the Goddess as a Spinner, sitting at the hub of Her Wheel. Mother of the Enlightened One, Buddha. Her colors were white, red and black. Hawthorne, Her tree.

É conectada com um aspecto da shakti de Brahma, o criador, Maya, a tecelã de ilusões, que urde o mundo sensível da matéria e da aparência, é tb, o nome do poder de ilusão possuído por Mara o Sonhador, figura "demoníaca" do Budismo que, uma vez, atacou o Buda ( a "Luz do Mundo" (nome de um capítulo do Evangelho de Buda que popularizou o Budismo no Ocidente e publicado em 1894))debaixo de uma Árvore Sagrada ( :sacou: :sacou:)), é , também, atributo dos demônios rakasha do Mahabharatta. Já a deusa apareceu numa graphic novel do Doutor Estranho assim ó:

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Lembra alguém? :P


It has been said in this text that the ultimate being has two aspects, one of which is the inactive or negative state, where all his creative impulses lie dormant within Him, and the whole universe lies infinitely contracted in. Him as a mere possibility and potency. This negative state may be said to be a state of nothingness. Even in this state there is Shakti, but she remains perfectly absorbed in the Lord, as if in a union of deep embrace. With the urge of the first creative impulse, there comes from within the Lord, a determination (sankalpa), which results in his 'willing'. This 'willing' of the Lord may be recognised as the first vibration of the Shakti - the first cosmic rhythm in the absolutely calm and quiet ocean.

Resumindo: o trem é complicado bagarai; Maya é uma deusa, um conceito, um poder, um estado, TUDO AO MESMO TEMPO. E, simbolicamente, também é o nome da mãe do Buda.

Gozado que isso tem TUDO a ver com a natureza paradoxal da ontologia do mal e da antiluz na mitologia de Tolkien com a qual eu e outro cara que escreveu em inglês mais recentemente tivemos que lidar. Curioso que tanto no que eu escrevi quanto no texto dele algumas palavras em comum aparecem: ilusão e aparência. E aí é que a coisa descamba mesmo pro terreno da filosofia e teologia puras gente. Reparem na extensão da tese espalhada aí pelo Blog em inglês.

MUITO BOM.

Confiram “The Darkness was More than Loss of Light”: the Case of Ungoliant

Aí eu repito o que falei no fim do meu ensaio sobre a Ungoliant em 2001.

Depois de tudo isso, o mais irônico é ver textos como esse traduzido no Estado de S.Paulo ( e escrito por Andrew Rissik) , uma matéria que comentava a falta de introspeção filosófica e religiosa nos livros de Tolkien e no seu mundo “onde raças se misturam à vontade” ( sic) LOL :-P ;-P

Essa “obra prima do pensamento humano” pode ser encontrada no seguinte link e foi desse texto que eu extraí o trecho transcrito logo abaixo.

http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2000/09/10/cad939.html

“É ESSA AUSÊNCIA DE SENSO PRÁTICO LITERÁRIO QUE ME FAZ SENTIR QUE UM CRÍTICO QUE ELEVA A CRIAÇÃO DE HOBBITS E MIDDLE EARTH ACIMA DO QUE REALIZARAM YEATS, ELIOT, CONRAD, JOYCE, D.H. LAWRENCE OU AUDEN OU É ARTISTICAMENTE SURDO OU INOFENSIVAMENTE CADUCO. APÓS OS TRAUMAS DAS GUERRAS DO SÉCULO PASSADO, É SIMPLESMENTE PERVERSO ATRIBUIR GRANDEZA À ESSA ESTRANHAMENTE SIMPLIFICADA TERRA-DO-NUNCA PSEUDOTEUTÔNICA, ONDE RAÇAS SE MISTURAM À VONTADE E GRANDES BATALHAS SÃO TRAVADAS, MAS ONDE NÃO HÁ NUNCA, NENHUM TRATAMENTO CONVINCENTE, POR REMOTO QUE SEJA, DAQUELAS PREOCUPAÇÕES HUMANAS FUNDAMENTAIS POR MEIO DAS QUAIS TODAS AS SOCIEDADES, EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, SE DEFINEM - RELIGIÃO, FILOSOFIA POLÍTICA E CONDUTA NAS RELAÇÕES SEXUAIS.”

(TRADUÇÃO DE TAMARA DIAMANT SCHULHOF)

Devo dizer que , no processo de fazer esse ensaio, eu cheguei a desejar que o crítico tivesse razão...

Confiram aí embaixo o porquê:

Tolkien’s metaphysics of evil, part 53

In the previous post on this subject I noted that Tolkien does not write in The Silmarillion that Ungoliant’s darkness “was not lack but a thing with being of its own,” but that it “seemed not lack but a thing with being of its own. The point of this observation, however, is not merely to demonstrate that Tolkien’s presentation of evil is consistently Augustinian or Boethian after all, but rather to raise the prospect that Tolkien is in fact doing something much more profound and interesting. Far from vacillating between the Augustinian and Manichaean theories of evil, as per Tom Shippey’s reading, what Tolkien’s fiction accomplishes is a confrontation of Manichaeism head-on, not by contradicting it outright, but more intriguingly, by conceding what even the pre-converted Augustine recognized as a certain superficial cogency to Manichaean dualism: evil at times at least seems to have its own independent power and being. As Tolkien’s friend C.S. Lewis put it in the context of his own rejection of Manichaeism in favor of the Augustinian privation theory, the Manichaean position does enjoy a certain “obvious prima facie plausibility…” (“Evil and God,” 22). I think the best way of understanding Tolkien, therefore, is to see him as conceding the appearance of Manichaean evil at the phenomenological level, all the while re-inscribing and accounting for this appearance in the only way it could be accounted for, namely in terms of an otherwise Augustinian and Thomistic metaphysics of creation. This “truth” of Manichaeism, moreover, is one that Thomas himself, after a fashion, defends in the Summa, when he argues that evil is no mere illusion, but has a real existence in things (ST 1.48.2), meaning that in an important respect evil is as real and present as the things in which it resides. This I also take to be the meaning behind Tolkien’s emphatic claim in his “Mythopoeia” poem that “Evil is,” for as the poem also assures us of the eye that will see Paradise,

Evil it will not see, for evil lies

not in God’s picture but in crooked eyes,

not in the source but in malicious choice,

and not in sound but in the tuneless voice. (Tree and Leaf 101)

As we have seen, for both Thomas and Tolkien, evil by itself is a “zero,” but therein lies the paradox: evil is never by itself. As Thomas puts it, “evil is the privation of good, and not pure negation” (malum privatio est boni, et non negatio pura, ST 1.48.5 ad 1). Evil, in other words, is not isolatable to that small segment of the thing which it negates, for its effects reverberate throughout and may even be said to be amplified by the being that remains. (Compare this with the devastation which follows from Melkor’s monstrous wolf, Carcharoth, swallowing the Silmaril jewel after he bit off the hand of Beren. Although the jewel, as a symbol of creative and sub-creative light and existence, is a thing beautiful and good in itself, inside the belly of Carcharoth, its powerful effect is only to magnify the madness, terror, and destruction of Carcharoth’s rampage: “Of all the terrors that came ever into Beleriand ere Angband’s fall the madness of Carcharoth was the most dreadful; for the power of the Silmaril was hidden within him.”)

Vide aí que é interessante, análise do arquétipo das Deusas Mulher Aranha: The Gift of Spider Woman

Altamente recomendável traçar um paralelo com a deusa Tishnar e seu lado negro Imanaala do livro do Walter De la Mare , The Three Mulla Mulgars onde tem uma cena muito parecida com a invocação de Elbereth via frasco pra esconjurar Shelob onde o Lado Negro da Deusa é repelido por uma pedra talismã.
 

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Parabéns, Ilmarinen :clap:!

Você acabou de comprovar o que muitos intuíam, que o hinduísmo também contribuiu para a mitologia sincrética do Professor.

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