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Ungoliant, o 'buraco negro' da Terra Média

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Parabéns, Ilmarinen :clap:!

Você acabou de comprovar o que muitos intuíam, que o hinduísmo também contribuiu para a mitologia sincrética do Professor.

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Vai falar isso lá fora...:P Heuheuheu, mas, pra mim, isso SEMPRE foi muito óbvio , desde que vi a ressonância sânscrita/hindi na lingua valarin.

Pô: Mahal? Mahanáxar? Maiar ( que Tolkien tb escrevia como sendo Mayar?). Vána significando floresta em hindi? Aman significando paz? Avathar sendo o nome do local onde habitaria o "avatar" da Noite Primeva? "Rakha" como o nome khuzdul pra Orc ( parente de rauko e rog) sendo que demônio hindu é rakshasa? Só não vê quem não quer...

E muita gente não quer de jeito nenhum.

E a propósito: o fim do épico Mahabharata que descreve uma luta fratricida entre dois clãs de primos com seus respectivos aliados culmina com o último filho ( Ashwatthama) de um homen santo guerreiro conectado com o fogo( Dronacharya que é considerado uma manifestação de Brihaspati que, por sua vez, está ligado a Agni) que, pra vingar a morte de seu pai, acaba invadindo à noite um campo dos vitoriosos legítimos da guerra, usando uma magia para dizimar sua descendência e , por esse pecado, é punido com a perda de uma pedra mágica e com o banimento após ser tornado virtualmente imortal.

Um dos sete Chiranjivi ( essa é nova até pra mim)...

Discreto né? :P

Nota pra quem não sacar o não tão sutil paralelo: comparar com Maedhros e Maglor no final do Silmarillion, dois dos sete filhos de Fëanor, elfo ligado espiritualmente e etimologicamente ao fogo, como Dronacharya, que, depois da Guerra da Ira, invadiram, durante a noite, um acampamento dos vitoriosos do Bem, que eles ajudaram quase nada, mataram os guardas, roubaram os Silmarils... Foram punidos, perdendo as jóias, Maedhros se suicidou jogando-se numa fenda vulcânica e Maglor foi punido com queimaduras nas mãos, as mesmas que levaram o irmão à loucura, permanecendo vivo e vagando pela Terra como um "Judeu Errante" imortal por eras...A la Ashwatthama.

By the way, confiram o personagem da mitologia céltica que, sendo um de sete irmãos, cortou a própria mão esquerda e a jogou pra praia pra poder adquirir o direito de reinar.

Red Hand of Ulster
 
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Vai falar isso lá fora...:P Heuheuheu, mas, pra mim, isso SEMPRE foi muito óbvio , desde que vi a ressonância sânscrita/hindu na lingua valarin.

Pô: Mahal? Mahanáxar? Maiar ( que Tolkien tb escrevia como sendo Mayar?). Vána significando floresta em hindi? Aman significando paz? Avathar sendo o nome do local onde habitaria o "avatar" da Noite Primeva? Só não vê quem não quer...

E muita gente não quer de jeito nenhum.

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O problema aí é um certo tipo de "fã" que na verdade não gosta da obra de Tolkien, ou seja, ele gosta do fato do Professor ter sido um católico devoto (como se houvesse problema em escrever uma obra sincrética e ser um devoto católico, para mim, pelo menos, não há) e do drama familiar que envolveu a conversão de sua mãe (de Tolkien) ao catolicismo.

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O problema aí é um certo tipo de "fã" que na verdade não gosta da obra de Tolkien, ou seja, ele gosta do fato do Professor ter sido um católico devoto (como se houvesse problema em escrever uma obra sincrética e ser um devoto católico, para mim, pelo menos, não há) e do drama familiar que envolveu a conversão de sua mãe (de Tolkien) ao catolicismo.

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E às vezes, é um que quer que Tolkien espelhe unicamente sua Religião Pessoal ou falta de...

E quando vc coloca esse tipo de pessoa em posições de influência e comando vcs podem imaginar o que acontece...

Aqui vale a transcrição de uma mensagem minha feita exatamente pra discutir isso:

Nem um, nem outro. O legal em Tolkien é nos desligarmos desses conceitos de nosso mundo, é adentrar num outro completamente diferente. Apesar de influências dessa nossa "dimensão" (da qual Tolkien bebeu na fonte como inspiração), é legal ler sem pensar muito nessas coisas. Senão perde o encanto, né? Ademais, Gandalf era um istari! .

Eu, particularmente, discordo dessa forma de fruir o trabalho de Tolkien. Acho que dá tanta margem a mal-entendidos que não vale o dilema no qual, eventual mas invariavelmente, tende a desembocar, já que lança uma "cortina de fumaça" sobre uma obra que, Tolkien mesmo disse, teve a "fé cristã como, de longe, a sua fonte mais poderosa". Haja vista a confusão que ignorar esse subtexto lança , por exemplo, sobre a questão da natureza da demonicidade dos Balrogs e sobre a origem do Mal.

É válida se contribui pra fruição pessoal de cada um; e muita gente, deve-se reconhecer,como expliquei logo adiante, prefere "laicizar" a obra, mas, na pergunta de se Gandalf é cristão ou pagão, a melhor resposta, sempre que nos dedicamos, principalmente em grupo, a refletir sobre o significado do trabalho de JRRT em geral ou sobre o que ele quis ou não dizer, é que o que é realmente aplicável é, como já explicado antes, que ambos os conceitos são pertinentes, até porque a "dimensão" da qual a Terra-Média faz parte só está removida da nossa no tempo e não no espaço, por força do que o próprio Tolkien já disse. A Terra-Média não era um outro mundo em outra dimensão mas a nossa Terra mesmo no passado distante da nossa realidade

Aqui vale uma transcrição do que já foi dito sobre esse assunto pra própria Sindar Princess numa ocasião passada em post deletado no crash do início do último ano.

Ilmarinen
Humano Saltitante


Reconhecimentos

Total de Prêmios: 1
Re: Dúvida: Sauron pode ser enquandrado como Deus Menor, Deus Intermediária ou semi-D

Mas o que eu acho, de verdade, é que não deveríamos comparar o legendarium tolkieniano com as diversas culturas e religiões existentes. Sabemos que Tolkien era católico fervoroso e que inspirou-se em muitas culturas européias, mas é bom relembrar que o legal de Tolkien é vivenciar tudo sem comparações.

Aí eu discordo. Por mais que nesse ponto entre um certo grau de gosto pessoal (sempre há os que gostam de comparações e aqueles que não gostam) o próprio Tolkien usava comparações para explicar os conceitos de maneira sintética nas cartas e tem coisas no Legendarium dele que , simplesmente, não são inteligíveis sem essas comparações e analogias como é, por exemplo, a noção de que os Valar recebiam uma veneração estilo culto católico aos Santos no Catolicismo e como é o caso das referências à Providência e a Graça Divinas para as quais Tolkien aludiu ao explicar o que estava ocorrendo nos "bastidores" da cena entre Gollum e Frodo nas Sammath Naur (carta 246).Se Tolkien não quisesse que as comparações fossem feitas não iria rechear a mitologia dele de Easter Eggs, "prêmios" sob a forma de alusões metatextuais pra diversas mitologias, já com a intenção de telegrafar a intenção dele ou a filosofia subjacente na criação das histórias.

As comparações não só ajudam a compreender o que já está escrito na obra como, inclusive, já ajudaram a adivinhar coisas pensadas por ele antes mesmo de aparecer os textos que comprovavam o raciocínio do autor. Logo mais à frente tem um exemplo simples.

Comparações não só com o Cristianismo que fique bem entendido.Paralelos com o mito celta ajudam a entender o status dos Nazgûl, o paradeiro de Aman e Erëssea, a questão da Mudança do Mundo, a provável origem de Tom Bombadil ( e da reticência de Tolkien em falar sobre ele).

Ajudam a compreender o que realmente teria acontecido entre Thingol e Melian quando os dois ficaram 230 anos em Nal Elmoth( pessoalmente eu não acho que eles ficaram , literalmente, parados na clareira com as mãos dadas debaixo de chuva, sol, queda de folhas das árvores, neve, neblina, e coisas assim durante 2 séculos, que é o que a leitura ao pé da letra do texto do Silmarillion poderia dar a entender.

É por essas e outras que eu também falo que não se deve interpretar o texto do Silmarillion à ferro e a fogo pq nem tudo que está lá é verdade "literal" mas, sim , a versão "artística" , poética, dos fatos "reais"..

Comparações com Nietzsche ajudam a entender a função teológica de Melkor no Legendarium e a terminologia adotada por Tolkien em Mitos Transformados, assim como comparações com H.G.Wells ajudam a entender o que poderia constituir "Outer Darkness"( do qual Ungoliant era uma encarnação no Book of Lost Tales) do ponto de vista metafísico e teológico

A sensação de que o mundo criado por Tolkien é tão real, que temos muitas e muitas teorias psicológicas, filosóficas, etmológicas, sociológicas, religiosas, históricas e etc. para tentar analisá-la.
Tolkien usou teorias e idéias psicológicas, mitológicas e teológicas preexistentes no nosso mundo para criar o Legendarium dele como ele mesmo falou em uma das "novas cartas" que eu fui achar recentemente.


'' Tolkien states his belief that ``no one of us can really invent or ``create'' in a void, we can only reconstruct and perhaps impress a personal pattern on ``ancestral'' material...''


Pra mim é simples: entre nele e vivencie. E ponto. Era isso que o Professor queria.

O "vivenciar" para Tolkien, em se tratando de obras literárias como a dele e de C.S.Lewis, implicava em fazer esse tipo de "comparação" ou analogia com idéias e noções de teologia, filosofia, história, moral e linguística existentes no nosso mundo.Tentar desentranhar isso tudo só na letra da obra dele sem fazer analogias só conduz a erros de julgamento ao se analisá-lo.

Olhe só o que Tolkien falou sobre Voyage to Arturus um dos livros modernos teológico-espirituais prediletos dele e de C.S.Lewis ao comentar o Além do Planeta Silencioso( o primeiro romance de ficção-científica/fantasia de Lewis.

Carta 26 para Stanley Unwin (seu editor do Hobbit)Mas eu deveria ter dito que a história possuía para o leitor mais inteligente um grande número de implicações filosóficas e míticas que a aprimoram sem depreciar a “aventura” superficial´(...)

Achei a combinação de vera historia com mythos irresistível. Existem, é claro, certos elementos satíricos,inevitáveis em qualquer história similar de viajantes, e também uma pitada de sátira sobre outras obras de ficção “científica” superficialmente similares —tal como a referência à noção de que uma inteligência superior estará inevitavelmente combinada com crueldade. O mito subjacente é obviamente aquele da Queda dos Anjos (e da queda do homem neste nosso planeta silencioso); e o ponto central é a escultura dos planetas, que revela o apagamento do sinal do Anjo deste mundo. Não consigo compreender como alguém pode dizer que esta história lhe incomode, a menos que (a) eleconsidere esse mito em particular uma “balela”, que não é digno de uma atenção adulta (mesmo em um plano mítico); ou (b) veja uma aplicação injustificada ou talvez mal-sucedida da história.

Li “Voyage to Arcturus” com avidez — a obra mais comparável a do Sr. Lewis, embora seja tanto mais poderosa como mais mítica (e menos racional, e também menos como uma história — ninguém pode lê-la meramente como um thriller e sem interesse em filosofia, religião e moral). Fico pensando o que o seu leitor acha dela. Mesmo assim, ficarei aliviado, em meu próprio nome, se o segundo leitor apoiar o meu gosto um pouco mais!

Foi essa tendência de fazer a leitura do Senhor dos Anéis e do Silmarillion só com base em experiência ou crença(ou falta dela) pessoal descurando das analogias intencionais de Tolkien que levou à criação de "lendas urbanas" brasileiras como a dos orcs ( e balrogs) não demoníacos e sem características não-humanas.

Foi isso também que fez algumas pessoas saírem entendendo que Melkor era "menor" que Sauron por causa de uma leitura ao pé da letra ( mais uma!) de uma carta onde Tolkien falava só sobre o Senhor dos Anéis e dizia que Sauron era o"mais próximo do Mal Absoluto existente na sua "estória" (SdA e não o Legendarium como um todo). Isso pq a pessoa em questão não dava importância ou não sabia que Tolkien chamava explicitamente Melkor de Diabolos ( e de Satã em uma das cartas novas) enquanto Sauron (e semelhantes) eram só "daemons"( demônios de menor estatura).

Como é que alguém, seriamente, consegue ler o Silmarillion( se é que realmente leu) e não saca que Melkor é o análogo de Satã e, portanto, a entidade suprema do Mal no Universo tolkieniano mesmo sem ter lido as cartas em questão? Algo assim acontecendo num país predominantemente cristão(e(ainda) católico!) é uma anomalia tragicômica, vão me perdoar a franqueza.

Esse tipo de leitura tende a fazer com que o leitor insira no texto de JRRT a sua ideologia pessoal sem prestar a devida atenção no que está colocado lá por simbolismo ou inferência pelo próprio Tolkien (já que ele mesmo admitiu ter colocado simbolismo católico inconscientemente na redação mas conscientemente na revisão). E foi Jorge Luis Borges (na introdução da Máquina do Tempo de Wells) mesmo que comentou que "aquele que fala que obra de arte não deve propagar ideologias costuma se referir a ideologias contrárias às próprias".

O que, no caso de alguns brasileiros ( e alguns estrangeiros tb), na leitura "pessoal" do público médio contemporâneo, parece que anda implicando em "paganismo puro" ou agnosticismo/ateísmo, coisas como se interpretar Melkor como herói injustiçado prometeano e similares.

E, no meu entender, isso seria levar a aplicabilidade da qual ele falava muito mais longe do que ele queria. Foi esse tipo de "aplicabilidade" que fez Hitler usar o Anel do Nibelungo para propagar o Nazismo enquanto outros leitores como Bernard Shaw o viam como um libelo pró-socialista, exatamente o extremo oposto.

E ambos estavam limitando completamente a própria leitura do material e cooptando Wagner e sua obra para seus próprios interesses.Acho que brasileiro talvez tenha que começar a pensar que leitura "não-cristã" da mitologia do Silmarillion ou o não uso de analogias também serve para propagar ideologias e "agendas" pessoais. O autor tinha a dele, quem publicou a obra também, mas quantas mais será lícito ver no meio dela por "aplicabilidade"? Quantas ou quais mais? Tudo isso é coisa pra gente pensar.
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Última edição:
Muito interessante os pontos levantados aqui. Sobre a misteriosa natureza de Ungoliant, sempre tentei analisar os pormenores da formação de Eä. Neste caso, o Silmarillion relata que o universo advém do uso criativo das propriedades da chama imperecível, bem como dos materiais atômicos colocados à disposição dos Ainur. Imperioso notar uma passagem que prenuncia a formação e o estado inflacionário de Eä:

- Contemplem sua Música! - E lhes mostrou uma visão, dando-lhes uma imagem onde antes havia somente o som E eles viram um novo Mundo tomar-se visível aos seus olhos; e ele formava um globo no meio do Vazio, e se mantinha ali, mas não pertencia ao Vazio, e enquanto contemplavam perplexos, esse Mundo começou a desenrolar sua história, e a eles parecia que o Mundo tinha vida e crescia.

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E essa morada poderia parecer insignificante para quem leve em conta apenas a majestade dos Ainur, e não sua terrível perspicácia; e considere toda a área de Arda como o alicerce de uma coluna e a erga até que o cone do seu topo seja mais aguçado que uma agulha; ou contemple somente a vastidão incomensurável do Mundo, que os Ainur ainda estão moldando, não a precisão detalhada com que moldam todas as coisas que ali existem.

Se atribuirmos este "globo no meio do vazio" como uma descrição poética/mítica à alguns conceitos científicos, pode-se inferir um relato da singularidade gravitacional, ou seja, o estado inicial do universo (pré-big bang) comprimido num único átomo/globo densamente absurdo, mas constituído pelas energias necessárias para a formação física/material de tudo que existe: planetas, sistemas, estrelas e buracos negros. Nessa labuta infinita, podemos destacar quatro elementos/componentes relacionados aos poderes dos principais Valar. Minha opinião acerca das 4 figuras principais/primordiais nesta grande obra:

- Ulmo como expoente do Hidrogênio: O hidrogênio é o elemento mais abundante no universo, compondo 75% da matéria normal por massa e mais de 90% por número de átomos. Este elemento é encontrado em grande abundância em estrelas e planetas gigantes de gás. Nada mais que natural este componente estar ligado ao senhor das águas (formada por este elemento) em Arda, ou seja, como Gás Diatômico ou hidrogênio molecular que forma a água. Neste, o ainur que tem sua morada no "oceano de fora" da Terra, mantem seus domínios por todo o universo (lembrar que os seres vivos são constituídos por esse elemento). A interrelação de Manwë e Ulmo se externa numa série de fenômenos naturais da Terra à exemplo das chuvas, mas em outros menos conhecidos, como a interação dos ventos solores (http://pt.wikipedia.org/wiki/Vento_solar) e a magnetosfera com sua fronteira de Hélio (heliopausa). Se Melkor vem a utilizar da "Dádiva de Ulmo", só vejo isso na gigantesca combustão descrita por Iluvatar e o senhor das águas.

- Manwë, o Hélio e o oxigênio: O segundo elemento criado pós big bang, e também o 2º mais abudante no universo. Interessante notar que o Hélio desempenha papel importante na formação de estrelas, nada mais natural em remeter à Manwë + Varda. Note-se que o produto de desintegração é responsável por certos componentes radioativos como urânio, encontra-se também em vulcões e, em alguns gáses expelidos (seria essa forma com que Melkor utiliza a dádiva de seu irmão?). Outra propriedade destacável advem de sua pouca densidade em comparação com o ar. Creio que Manwë manipula o oxigênio, então, seria a água o resultado deste "acordo primordial" entre Manwë e Ulmo? Vai saber, né?

- Aulë e o carbono: O silmarillion descreve Aulë como o criador de várias substâncias que formam a estrutura de Arda: Ferro, prata, ouro, os diamantes etc. Ilustra-se que o carbono é o pilar básico da química orgânica, sendo que todos os seres vivos são formados por este composto. Vimos no tópico dos Paralelos mitológicos, que Aulë utilizou-se da matéria bruta da Terra na criação dos anões (a lá Gollem ou Homunculus), mas lhe faltava uma capacidade essencial em sua obra: o sopro da vida. É por isso que Yavanna é importante neste processo, ou seja, o casamento deles vai num sentido muito mais profundo: a formação dos seres viventes a partir da matéria inanimada (abiogênise?). Ps: o ferro também constitui os seres vivos.

- Melkor, Urânio e a devastação do universo: O Urânio é um elemento químico com propriedades radiotivas, muito utilizado nas reações que geram grandes explosões (e Melkor invocou enormes fogueiras contra as águas de Ulmo). Necessário lembrar que ao ser expulso de Arda (antes de assumir forma física), Melkor partiu para outras regiões do Eä e "lá fez o que quis". Levando-se em conta sua natureza niilista, é possível imaginar a destruição cósmica nesse período. E, surpreendentemente, tal devastação ecoa no ódio do inimigo para com Varda (a Star-maker), pois fora a partir de tal devastação que a poeira cósmica chegou à terra como ingrediente inicial para a criação dos filhos das estrelas. Sim, somos filhos dessa poeira estelar e o oxigênio, o carbono vêm dessas explosões: http://super.abril.com.br/tecnologia/filhos-astros-netos-big-bang-437397.shtml - E o ódio de Melkor para com Manwë e Ulmo (quem sabe) gerou a água. E a rivalidade com Aulë e Yavanna deu origem à seleção natural das espécies, bem como as extinções em massa.

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O Sol e todos os planetas do Sistema Solar fazem parte de uma terceira geração de estrelas. É por isso que temos tantos elementos pesados à nossa volta, especialmente ferro. Somos, então, filhos das estrelas? Bem, apenas em 90%, já que 10% do nosso corpo é feito de hidrogênio. E este foi produzido no Big Bang, mais de 10 bilhões de anos atrás.

Mas e Ungoliante nisso tudo? Ela tem parte no processo de criação? Bem, temos que considerar que Ungoliant não seja a figura principal de uma composição misteriosa do universo: A matéria escura. Ou seja, Ungoliant poderia ser uma "filha" da quintessência cosmológica: http://pt.wikipedia.org/wiki/Quintessência_cosmológica - A também denominada energia escura, a mesma energia distribuída por todo o espaço e que tende a acelerar a expansão do universo. Essa propriedade me lembra a "inflação" que a Aranha Gigante sofrera ao absorver a energia das árvores, os poços de Varda e o poder transmitido por Melkor. Ungoliant seria uma miniaturização da matéria escura (que se expandiu mais rápido do que a luz no Big Bang), mas carente dos componentes que formaram o espaço:

Em cosmologia, quintessência é uma forma hipotética de energia que se postula para explicar as observações do universo em expansão acelerada. A quintaessência é um tipo de energia do vazio, com uma equação de estado[1] da forma

\ p = w\rho,

onde p é a pressão e \rho a densidade.Se w<-1/3, a quintessência atua como um campo repulsivo, o que a faz uma possível candidata para a energia escura.

Em geral, o parâmetro w pode variar em escalas de tempo cosmológicas, se bem que alguns teóricos se referem à quintessência com w variável com o nome de kinescência, para distinguí-la de outras formas de energia que têm um w constante. O termo quintessência tampouco é usado para formas hipotéticas de energia com w>-1/3. Uma constante cosmológica não nula corresponde ao caso w=-1, sem variação temporal.

Fazendo parte da essência geradora do universo, espelhada, neste caso, pelo ecoar da música dos Ainur como elemento análogo à expansão do universo, a natureza de Ungoliant lembra em certos aspectos os buracos negros (http://pt.wikipedia.org/wiki/Buracos_negros), sendo estes formados quando uma estrela fica sem combustível, fazendo com que o núcleo desta seja uma fração do tamanho original, quando isso acontece, a gravidade sai do controle e começa a sugar tudo que encontra, o resultado disso é uma super-nova do qual só restará um buraco negro. Há uma teoria que busca explicar o fenômeno: O Buraco negro de Schwarzschild:

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Em 1931, Subrahmanyan Chandrasekhar calculou, usando a relatividade restrita, que um corpo não-rotativo de elétron de matéria degenerada acima de uma certa massa limite (hoje chamada de limite de Chandrasekhar de 1,4 massas solares) não tem soluções estáveis.[15] Seus argumentos sofreram a oposição de muitos de seus contemporâneos como Eddington e Lev Landau, que argumentaram que algum mecanismo ainda desconhecido iria parar o colapso.[16] Eles estavam parcialmente corretos: uma anã branca com massa ligeiramente superior ao limite de Chandrasekhar entrará em colapso em uma estrela de nêutrons,[17] que é ela própria estável por causa do princípio de exclusão de Pauli. Mas em 1939 Robert Oppenheimer e outros previram que estrelas de nêutrons acima de aproximadamente três massas solares (o limite de Tolman-Oppenheimer-Volkoff) entrariam em colapso em buracos negros pelas razões apresentadas por Chandrasekhar, concluindo que nenhuma lei da física era suscetível de intervir e parar pelo menos algumas estrelas do colapso para buracos negros.

Me parece que a descrição do Silmarillion bate com o período em que Melkor partira para "outras regiões" fazendo o que bem queria, o que na minha opinião pode bater com a degeneração de estrelas ou até mesmo ela ser fruto da matéria escura do universo:

Os eldar não sabiam de onde ela teria vindo; mas alguns diziam que, em épocas muito remotas, ela descera da escuridão que cerca Arda, quando Melkor pela primeira vez contemplara com inveja o Reino de Manwë, e que no início ela fora um dos seres que ele corrompera para seu serviço.

Sobre a matéria degenerada (http://pt.wikipedia.org/wiki/Matéria_degenerada) e a comparação com os poderes de Ungoliant:

Gás normal exerce mais altas pressões quando é aquecido e se expande, mas a pressão num gás degenerado não depende da temperatura. Quando o gás torna-se super-comprimido, as partículas posicionam-se umas contra as outras produzindo gás degenerado que se comporta mais como um sólido.

Ali, sugava toda a luz que conseguia encontrar e passava a tecê-la em redes sinistras de uma escuridão sufocante, até que nenhuma luz conseguiu mais chegar à sua morada; e ela estava faminta. A Luz desapareceu; mas a Escuridão que se seguiu era mais do que falta de luz. Naquela hora, criouse uma Escuridão que parecia ser não uma falta, mas um ser provido de existência própria: pois ela era, na realidade, feita de maldade a partir da luz, e tinha o poder de penetrar no olho, de entrar no coração e na mente, e sufocar a própria vontade. E Tulkas parecia alguém preso a uma teia negra à noite, e ele estava ali indefeso, debatendo-se, em vão, no ar. E ela se rebelou contra ele, cercando-o com sua nuvem, e o enredou numa teia de tiras grudentas para sufocá-lo.

Sobre a morte de Ungoliant em comparação com os buracos negros: http://en.wikibooks.org/wiki/General_Astronomy/Life_of_the_Black_Hole

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This next section inevitably launches into the realms of theory. Because all but the micro black holes are predicted to live for longer than the current age of the universe, the death of a black hole possibly has not even occurred yet. One theory, Hawking Radiation, denotes that every black hole, after a very long time, will eventually evaporate into nothing. Thus far, it is one of the few proposed theories regarding black hole evaporation, and remains a hotly debated topic. It is this theory that we will discuss here.

Even in the total vacuum of space, there is energy. Quantum mechanics says that even a true vacuum is not empty, in the sense that it is in fact a sea of zero-point energy. This body of energy fluctuates much like waves in a sea. These fluctuations continue to produce pairs of particles—one normal matter particle, and one antiparticle—that meet and are re-converted back into pure energy, restoring the balance in the sea.

Now, Hawking Radiation states that, if such a pair of particles were formed outside the event horizon of a black hole, and one of the two moves over the event horizon, while the other escapes, then the black hole will lose a small portion of its mass, because, in order to preserve "total energy" (the sum of an object's rest, potential, and kinetic energy), the particle which falls in must necessarily have negative energy.However, only the smallest black holes could possibly evaporate in this way, because a black hole any larger than Earth's moon would have a larger constant intake of cosmic microwave background radiation—the electromagnetic radiation that fills the whole universe—than it would emit through Hawking radiation. Indeed, there are currently no known, nor predicted, black holes even close to being as small as our moon, and therefore, as of now, Hawking Radiation is not, technically, a viable cause of evaporation in the present universe.

However, the cosmic microwave background radiation that fills space is slowly becoming weaker. Eventually, it will become so weak, that even the largest black holes will emit more by Hawking Radiation that they take in. In this way, after approximately a googol (10100) years, even the very largest black holes would evaporate.

Indo para a correlação metafísica/mitológica de Ungoliant, tem-se que a formação de Eä segue alguns pontos de 2 modelos de criação: Divine battle vs divine speech (http://en.wikipedia.org/wiki/Biblical_cosmology) - também denominados o logos (verbo) e agon (combate) - tinha trabalhado com tais modelos neste tópico: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=127849&page=2 - sendo Ungoliant uma possível referência às criaturas caóticas que existiam após a criação divina Sea, Death, Tannin and Leviathan:

In the beginning was the Word, and the Word was with God, and the Word was God. He was with God in the beginning. Through him all things were made; without him nothing was made that has been made. In him was life, and that life was the light of men. The light shines in the darkness, but the darkness has not understood it.

No que tange ao Legendarium, acredito que a melhor passagem que ilustra o conceito é:

E tu, Melkor, verás que nenhum tema pode ser tocado sem ter em mim sua fonte mais remota, nem ninguém pode alterar a música contra a minha vontade. E aquele que tentar, provará não ser senão meu instrumento na invenção de coisas ainda mais fantásticas, que ele próprio nunca imaginou (...) Logo, eu digo: Eä! Que essas coisas Existam! E mandarei para o meio do Vazio a Chama Imperecível; e ela estará no coração do Mundo, e o Mundo Existirá; e aqueles de vocês que quiserem, poderão descer e entrar nele.

Ademais:

Entretanto, Tolkien reiterava a inexistência de uma contra parte ao "Deus ÚNICO". Para um melhor entendimento, vale muito a pena a leitura da análise feita por Ilmarinen em seu blog: http://de-vagaesemhybrazil.blogspot....trio-nos.html; Não obstante a inexistência de uma entidade rival de Iluvatar, Tolkien parece ter sim usado elementos do 2º modelo. São conceitos como:

Creation in the "agon" model takes the following storyline: (1) God as the divine warrior battles the monsters of chaos, who include Sea, Death, Tannin and Leviathan; (2) The world of nature joins in the battle and the chaos-monsters are defeated; (3) God is enthroned on a divine mountain, surrounded by lesser deities; (4) He speaks, and nature brings forth the created world.

Sem dissentir:

Havia Eru, o Único. Ele criou primeiro os Ainur, os Sagrados, gerados por seu pensamento, e eles lhe faziam companhia antes que tudo o mais fosse criado. - A partir do tema que lhes indiquei, desejo agora que criem juntos,em harmonia, uma Música Magnífica. E, como eu os inspirei com a Chama Imperecível, vocês vão demonstrar seus poderes ornamentando esse tema, cada um com seus próprios pensamentos e recursos, se assim o desejar. Eu porém me sentarei para escutar; e me alegrarei, pois, através de vocês, uma grande beleza terá sido despertada em forma de melodia.

Vê-se a existência de entidades caóticas que fazem parte da criação do universo, quase uma formação do existir a partir de "um nada". Me lembra muito a noção grega do caos: http://en.wikipedia.org/wiki/Cornelius_Castoriadis#Chaos

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This is a concept that one encounters frequently in Castoriadis' work (in all the references above for example). According to that, the Greeks developed an imaginary by which the world is a product of Chaos, as narrated by both Homer and Hesiod. The word has since been promoted to a scientific term, but Castoriadis is inclined to believe that although the Greeks had sometimes expressed Chaos in that way (as a system too complex to be understood), they mainly referred to it as nothingness. He then concludes what made the ancient Greek society different to other societies is exactly that core imaginary, which essentially says that if the world is created out of nothing then man can indeed, in his brief time on earth, model it as he sees fit,[41] without trying to conform on some pre-existing order like a divine law. He contrasted that sharply to the Biblical imaginary, which sustains all Judaic societies to this day, according to which, in the beginning of the world there was a God, a willing entity and man's position therefore is to understand that Will and act accordingly.

Ungoliant poderia ser o equivalente grego da "filha" do caos: http://en.wikipedia.org/wiki/Nyx

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Nyx (Ancient Greek: Νύξ, "night") – Nox in Latin translation – is the Greek goddess (or personification) of the night. A shadowy figure, Nyx stood at or near the beginning of creation, and was the mother of other personified gods such as Hypnos (Sleep) and Thánatos (Death). Her appearances in mythology are sparse, but reveal her as a figure of exceptional power and beauty. She is found in the shadows of the world and only ever seen in glimpses. In Hesiod's Theogony, Nyx is born of Chaos. With Erebus (Darkness).

Ademais, do link da Weird Tales que Ilmarinen disponibilizou, tem uma descrição interessante da Deusa Aranha Atlach-Nacha, fala-se de sua morada numa caverna localizada em um continente mítico, que possuí, por sinal, uma montanha. A aranha veio de fora também (onde é que vimos isso?), e teve sua prole maldita pertubando o mundo: http://en.wikipedia.org/wiki/Clark_Ashton_Smith_deities - ademais, as teias da criatura possuem capacidades especiais que, para mim, remetem à alteração caótica de

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In the short story The Seven Geases (1934), Atlach-Nacha is the reluctant recipient of a human sacrifice given to it by the toad-god Tsathoggua.

Atlach-Nacha resembles a huge spider with an almost-human face. It dwells in a huge cavern deep beneath Mount Voormithadreth, a mountain in the now vanished kingdom of Hyperborea in the Arctic. There it spins a gigantic web, bridging a massive chasm between the Dreamlands and the waking world. Some believe that when the web is complete, the end of the world will come, because it will create a permanent junction with the Dreamlands allowing monsters to move freely into the waking world.

Atlach-Nacha probably came to Earth from the planet Cykranosh (or Saturn as we know it today) with Tsathoggua. Because of its appearance, Atlach-Nacha is often referred to as the Spider-God(dess) and is believed to be the regent of all spiders. Furthermore, the giant, bloated purple spiders of Leng are thought to be its children and servitors.

There is some disagreement about its gender. In Smith's original story, Atlach-Nacha is referred to as a male, but in later stories by other authors, it is implied to be a female.
 
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Ademais, do link da Weird Tales que Ilmarinen disponibilizou, tem uma descrição interessante da Deusa Aranha Atlach-Nacha, fala-se de sua morada numa caverna localizada em um continente mítico, que possuí, por sinal, uma montanha. A aranha veio de fora também (onde é que vimos isso?), e teve sua prole maldita pertubando o mundo: http://en.wikipedia.org/wiki/Clark_Ashton_Smith_deities - ademais, as teias da criatura possuem capacidades especiais que, para mim, remetem à alteração caótica de

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Bem observado Ragnaros, eu também tinha visto isso anos atrás , a diferença é que na época, o Conto de Clark Ashton Smith não estava disponivel na Internet.

Realmente, a similaridade com a topografia e posicionamento "polar" de Ungoliant em Avathar com a localização hiperbórea de Atlach Nacha é muito grande mesmo. Isso, a origem "extraterrestre" e tudo o mais batem MUITO MESMO.

The Seven Geases

E vale lembrar que outro deus sapo dos "mitos de Cthulhu" ( esse já criado por Robert E. Howard), junto com o Tsathoqua que reparte comida com Atlach, se chama...Gol Goroth.

E, agora sabemos mais uma das fontes prováveis de Spidera, a coisa feia aracnídea de Thundercats.

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- Melkor, Urânio e a devastação do universo: O Urânio é um elemento químico com propriedades radiotivas, muito utilizado nas reações que geram grandes explosões (e Melkor invocou enormes fogueiras contra as águas de Ulmo). Necessário lembrar que ao ser expulso de Arda (antes de assumir forma física), Melkor partiu para outras regiões do Eä e "lá fez o que quis". Levando-se em conta sua natureza niilista, é possível imaginar a destruição cósmica nesse período. E, surpreendentemente, tal devastação ecoa no ódio do inimigo para com Varda (a Star-maker), pois fora a partir de tal devastação que a poeira cósmica chegou à terra como ingrediente inicial para a criação dos filhos das estrelas. Sim, somos filhos dessa poeira estelar e o oxigênio, o carbono vêm dessas explosões: http://super.abril.com.br/tecnologia...g-437397.shtml - E o ódio de Melkor para com Manwë e Ulmo (quem sabe) gerou a água. E a rivalidade com Aulë e Yavanna deu origem à seleção natural das espécies, bem como as extinções em massa.

Adorei: ademais, cumpre mencionar que uma das cinco extinções em massa da Terra nas Eras do Passado, a segunda maior, pode ter sido por bombardeamento de radiação gama causada pela destruição de uma estrela, uma hipernova.

XIIIIII, estou amando, porque adaptaram Atlach Nacha pra uma visual novel e aí ...

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Atlach Nacha-Tv Tropes

Não posso ver o arquétipo de Yomi ( do Ga-Rei e Ga-Rei zero que tb já empowerizou se mesclando com monstros do folclore japonês com forma de aranha como o Jorogumo).

Agora o que a incorporou numa cena kaiju foi esse tipo aí : Tsuchigumo
 

Anexos

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Esse tópico é uma tremenda viagem, mas no bom sentido da palavra. Realmente muito do que foi discutido sobre Ungoliant aqui faz sentido e eu tendo a concordar com a sua origem como entidade primitiva da escuridão (ao invés de ser Maiar). Considerando a analogia com os buracos negros, eu fiquei curioso sobre a suposta morte de Ungoliant, a qual Ragnaros fez menção, mas não encontrei explicitada. O trecho que tenho em mente é o seguinte:

... some have said that she ended long ago, when in her uttermost famine she devoured herself at last.

Esse fim não parece muito condizente com o destino dos buracos negros.

De qualquer forma, acho que esse tópico merece entrar na lista de tópicos importantes da área Tolkien.
 
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Bom, quanto destino das jóias e ao "processo digestivo" de Ungoliant, lembrei-me desta passagem muito interessante do "Silmarillion":

"... And thus the fear of Yavanna that the Silmarils would be swallowed up and fall into nothingness did not come to pass ..."

Ou seja, o que quer que fosse que Ungoliant engolisse, este não poderia ser recuperado, pois o seu interior era uma porta para o "nothingness" (Nada? Vácuo? Vazio?).

Cheguei a pensar nela como a valië dos buracos negros, a anti Varda por excelência, a sepultadora de estrelas e como parte de algum panteão de valar extraterrestres, mas a primeira versão oferecida pelo Professor (de que Ungoliant é o espírito da escuridão primordial) é simplesmente perfeita.

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Tem toda razão, Akira-kun. No tocante ao 'bolsão', ou seja, uma espécie de estômago onde ficasse alojado esse vazio dimensional, cuja porta de entrada é a boca. A perda da estabilidade a qual se refere é o súbito desejo de devorar a si mesma, na tentativa de matar a fome atroz que a consumia - uma vez que ela atente contra seu veículo carnal, pode ter havido sim uma desestabilização que levou ao colapso, e ela se autoconsumiu. Não necessariamente 'se devorando com a boca', mas consumindo a si mesma.

Mesmo que Ungoliant fosse feita de 'escuridão materializada', ter um hröa que a possibilitasse de procriar também não significaria peremptoriamente que seu corpo estivesse vivo e ela fosse de fato uma aranha: basta que os seres com a qual ela copulou e procriou (inclusive ela os comia após a cópula, eca) também seriam feitos dessa mesma 'escuridão materializada'. Basta que sejam feitos da mesma matéria que ela própria, projetados como figuras-pensamento por Melkor, e assumam formas compatíveis à dela. Pronto, temos Laracnas e outras porcarias de oito pernas... :lol:




Concordo plenamente, Lindoriel. Essa teoria que você descreveu é fantástica, e defendi um conceito muito semelhante várias vezes aqui no fórum. :joinha:

De fato, quanto mais próximo à matéria, mais vulneráveis e menos poderosos os seres implicados se tornam, no campo de ação da metafísica - o que compreende a magia, e a fenomenologia pura e simples. Isso remonta ao acontecimento com Gandalf, que ao confrontar o balrog, passou por um processo de 'depuração': aparentemente seu hröa foi morto, seu fëa retornou ao vazio original (como se ele tivesse sido 'formatado'. Desculpem, foi a única definição que consegui obter agora, neste momento) ele retomou uma nova forma e se tornou 'O Branco', dotado de maior poder e consciência. É como se o hröa fosse o detentor de memórias, mas também um limitador de poder. Isso pode ser perfeitamente aplicado a Melkor, Melian e até mesmo a Ungoliant - cujo motivo de colapsar a ponto de se auto-devorar pode ter sido o contato com a matéria física, no ato de devorar a luz das árvores e o que mais viu pelo caminho. Isso reforça a teoria de que seu hröa poderia ser constituído de antimatéria.



Perfeito, Ilmarien!
Isso também reforça a ideia de que Ungoliant teria sim uma dimensão paralela semelhante a um buraco negro dentro de si, e a complexidade deste personagem vai além do que imaginamos. A única diferença é que o horizonte de eventos estaria limitado à boca dela, já que ela não possui um campo gravitacional multidirecional, como de fato um buraco negro. Vou ler com mais atenção o seu link. :D

Em tempo:



Tar-Marion, verdade que a energia que ela consumia servia somente a ela, enquanto detentora de um hröa. Tanto que a energia ia para algum lugar, fosse para aumento físico de tamanho, ou para a produção de nuvens e teias de antiluz. Mas me refiro, hipoteticamente falando, claro, ao ela abandonar seu hröa e retornar ao seu nada original. A quantidade de energia consumida por ela foi tamanha que ainda sobraria algo em seu fëa para servir de matéria prima para a criação de outros elementos materiais.

Um outro ponto importante que eu imaginei que acabaria acontecendo foi o ponto indicado pelo Ilmarinen. De que existe o antes e o depois para o conceito de Ungoliant de Tolkien e que dentro do Silmarillion também existe um antes e um depois para Ungoliant (que podem ser diferentes entre si se forem comparados).

Para tudo que é dito no Silmarillion existe uma história por trás, assim como em nosso mundo existe uma história por trás de tudo que é dito.

Nos tempos de Melkor corria uma fama sinistra de que Melkor capturava ou abordava uma criatura e a transformava em algum tipo de monstruosidade (a história de elfos em orcs por exemplo) e que ele podia pegar um corpo e corrompê-lo diante de sua vontade.

Ora, estamos diante daquilo que ele disse que prometeu a Ungoliant nos dias anteriores a destruição das árvores. E mais que isso, estamos diante daquilo que ele disse que estava pago quando ela cobrou que fosse alimentada com as Silmarils, no que ele criticou a barriga dela e ela se defendeu negando que desejava engolir o mundo, ou ter o mundo em sua barriga.

Se Ungoliant mentiu naquele momento sobre a fome para com o mundo só podemos especular, afinal um buraco negro tentaria, se pudesse, engolir todo o universo. Mas corria também a história no Silmarillion de que as forças do escuro (Melkor e Sauron) as vezes pagavam uma dívida de traição na mesma moeda. Uma traição com outra traição, como era comum de ocorrer com as falsas promessas feitas para os guerreiros capturados nas guerras do norte.

Se somarmos A + B veremos que Ungoliant detinha um corpo X antes de se encontrar com Melkor e passou a ter um corpo X + Z depois de ouvirmos o Vala caído dizer que a dívida estava paga.

Essa história ecoa naquilo que fora dito da queda inicial dos corpos de homens e elfos no começo dos tempos que tanto homens quanto elfos haviam diminuído de estatura na direção da destruição por causa de algum plano de Melkor. (diálogo de Finrod e Andreth)

Em outras palavras, até que ponto a promessa de poder de Melkor pode ter diminuído em estatura o equilíbrio de Ungoliant é uma matéria de análise, uma vez que recai sobre ele o fato de ter ido cutucar um monstro que estava quieto e dar dimensões colossais aos piores defeitos que aquele monstro tinha.

E Oromë poderia ainda não estar sabendo, ou pensava ele que estaria lidando com a velha Ungoliant pré-contato com Melkor que era mais fácil de ser caçada. De todas as maneiras, a passagem de Melkor, ou seu deslocamento na direção de Ungoliant uma criatura que podia ter uma capacidade biológica X antes do encontro e que passou a ter características biológicas diferentes ao fim do "contrato contrato demoníaco" contribuiu para a mudança no corpo dela.
 
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Se fizermos a "perícia" do caso, as coisas ficam, mais ou menos, assim:

- Melkor procura Ungoliant devido a capacidade desta absorver qualquer forma de energia, após convencê-la a participar do "atentado", ele transfere parte de seu poder a ela para ampliar esta capacidade e poder sugar toda a seiva das árvores e todo o conteúdo dos poços de Varda. Em condições normais, Ungoliant talvez ficasse satisfeita com, digamos, 20% da quantidade de seiva de uma das árvores e só voltasse a sentir fome após um longo período de tempo. E tempo era algo de que Morgoth não dispunha em grande quantidade, o sucesso da empreitada dependia de muita rapidez e ele sabia disto. A fome incontrolável e o crescimento absurdo de Ungoliant, ao que tudo indica, foram efeitos colaterais da transferência de poder do vala caído e do consumo da descomunal quantidade de energia contida nos poços e nas árvores. Melkor pareceu surpreso e ficou atemorizado com estas mutações sofridas por Ungoliant, o que nos leva a deduzir que ele não esperava por elas.

De qualquer forma, tendo em mente o fim que ela teve, fica a pergunta implícita no post do Akira: Ungoliant foi uma vítima de Morgoth?

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Pois é Tar, fica impregnado na obra de Tolkien o contexto da época em que viveu. Marcas de um tempo em que Einstein, bombas atômicas e nazistas contribuíram para que Tolkien escolhesse um tipo específico de significado para formar uma idéia sobre as relações de maldade e poder entre as criaturas. Tipo essa análise:

http://www.sffworld.com/authors/t/tolkien_jrr/articles/areflectionontolkiensworld.html

A Reflection on Tolkien's World - Gender, Race & Interpreted Political, Economic, Social & Cultural Allegories

The conclusions of both "The Silmarillion" and "The Lord of the Rings" are moving and provide a powerful allegorical message. The end of the "War of the Ring" like World War II brings about a sociopolitical and cultural change, fascism was conquered, but the foreshadow of the powerful tyrant of Soviet fundamentalist Marxism and Bolshevism still survived under the incompatible pact between the Democratic powers and the USSR which deteriorated into cold war. The Elves begin to depart west across the sea, Sauron like Hitler is gone, like the "West" had overcome the shadow of Nazism, so too have the Western Kingdoms of Middle Earth defeated the eastern armies of Mordor. The battle for freedom against enslavement and totalitarianism in "The Lord of the Rings" is a direct parallel to both World Wars and human history. Peace is achieved through diverting both cultural and social paranoia, Denethor is established as the symbol of this paranoia that threatens to disunify the collective effort in "The Lord of the Rings" when he takes his own life; like the USSR did when it signed its peace Treaty with Nazi Germany against a Western alliance who hoped to isolate and confine Nazism; (which Hitler betrayed in the German invasion of the USSR in the "Operation of Barabarossa" in 1943.)

Quer dizer, para obter, para trocar, para conceder poderes, Melkor podia fazer experimentos biológicos de tortura e aquele que concordasse podia obter poder em troca de torturar a si mesmo. Lancinante.
 
Esse tópico é uma tremenda viagem, mas no bom sentido da palavra. Realmente muito do que foi discutido sobre Ungoliant aqui faz sentido e eu tendo a concordar com a sua origem como entidade primitiva da escuridão (ao invés de ser Maiar).

De qualquer forma, acho que esse tópico merece entrar na lista de tópicos importantes da área Tolkien.


Simplão, avalie o tópico ali em cima, do lado direito! :D

Algumas dessas hipóteses estão se embaralhando na minha cabeça. Vou ler tudo com calma.

Pois é Tar, fica impregnado na obra de Tolkien o contexto da época em que viveu. Marcas de um tempo em que Einstein, bombas atômicas e nazistas contribuíram para que Tolkien escolhesse um tipo específico de significado para formar uma idéia sobre as relações de maldade e poder entre as criaturas.

Quer dizer, para obter, para trocar, para conceder poderes, Melkor podia fazer experimentos biológicos de tortura e aquele que concordasse podia obter poder em troca de torturar a si mesmo. Lancinante.

Sim, ao que parece. Viver o horror da guerra e escrever nas trincheiras certamente ampliou muito o conceito de bem e mal, certo e errado que Tolkien poderia ter acerca do ser humano. O mais interessante é que ele criou alegorias para esses medos, e como durante essa primeira ela o material era muito próximo ao espiritual, as criaturas poderiam assumir as formas que melhor se aproximam de seus verdadeiros intentos. As figuras-pensamento deformadas de Melkor - em forma de monstros, animais terríveis e criaturas hediondas - nada mais eram do que o reflexo do próprio Melkor, e sua visão distorcida. O mais incrível é que, como católico, Tolkien tivesse tanto conhecimento sobre o campo da mitologia/teologia de outras culturas, e sobre a metafísica acerca da criação de figuras-pensamento, e até mesmo 'tulpas'.


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Se fizermos a "perícia" do caso, as coisas ficam, mais ou menos, assim:

- Melkor procura Ungoliant devido a capacidade desta absorver qualquer forma de energia, após convencê-la a participar do "atentado", ele transfere parte de seu poder a ela para ampliar esta capacidade e poder sugar toda a seiva das árvores e todo o conteúdo dos poços de Varda. Em condições normais, Ungoliant talvez ficasse satisfeita com, digamos, 20% da quantidade de seiva de uma das árvores e só voltasse a sentir fome após um longo período de tempo. E tempo era algo de que Morgoth não dispunha em grande quantidade, o sucesso da empreitada dependia de muita rapidez e ele sabia disto. A fome incontrolável e o crescimento absurdo de Ungoliant, ao que tudo indica, foram efeitos colaterais da transferência de poder do vala caído e do consumo da descomunal quantidade de energia contida nos poços e nas árvores. Melkor pareceu surpreso e ficou atemorizado com estas mutações sofridas por Ungoliant, o que nos leva a deduzir que ele não esperava por elas.

De qualquer forma, tendo em mente o fim que ela teve, fica a pergunta implícita no post do Akira: Ungoliant foi uma vítima de Morgoth?

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Essa teoria é muito interessante, Tar. Realmente, se Ungoliant 'desceu' a Arda em forma de escuridão após tomar consciência de sua existência, era apenas escuridão, portanto um ser amoral.
Somente a associação com Melkor deu a ela a noção da maldade, pois sendo ela um reflexo da maldade de Melkor, ela não era necessariamente má, apenas tinha fome. Ela se tornou má por pura tendência, e por ser a unica coisa que aprendera, além de devorar coisas. Foi o contato com Melkor que a tornou o que era. A pergunta é: e se fosse outro Valar a influencia-la? Como teria sido? Certamente não teria sido usada como uma 'máquina de guerra'.

Acredito sim, que ela era uma vítima potencial de Morgoth.
Foi usada sem nenhum escrúpulo, irremediavelmente corrompida, e suas reações correspondem a reações de um raciocínio simplista - você me usou, eu não gostei e vou te matar/devorar - típico de seres manipulados.
Seu 'ser' era de uma complexidade incrível, mas seu raciocínio era simplista, puro até, eu diria.
 
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Também considero Ungoliant amoral e até mesmo pura e ingênua, afinal considerá-la maligna (no sentido de escolher ser mau/má) é o mesmo que considerar terremotos, maremotos etc perversos.

E também penso que ela tinha consciência de que havia sido abusada por Morgoth, basta ver do que ela o chamou quando ambos retornaram à Terra-Média, ela o chamou de "blackheart" (o que pode ser traduzido como "canalha velhaco" em minha opinião).

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Sim, ao que parece. Viver o horror da guerra e escrever nas trincheiras certamente ampliou muito o conceito de bem e mal, certo e errado que Tolkien poderia ter acerca do ser humano. O mais interessante é que ele criou alegorias para esses medos, e como durante essa primeira ela o material era muito próximo ao espiritual, as criaturas poderiam assumir as formas que melhor se aproximam de seus verdadeiros intentos. As figuras-pensamento deformadas de Melkor - em forma de monstros, animais terríveis e criaturas hediondas - nada mais eram do que o reflexo do próprio Melkor, e sua visão distorcida. O mais incrível é que, como católico, Tolkien tivesse tanto conhecimento sobre o campo da mitologia/teologia de outras culturas, e sobre a metafísica acerca da criação de figuras-pensamento, e até mesmo 'tulpas'.

Tinha um tópico por aqui que comentava algo sobre Frankenstein. A partir da reação de atrito entre Ungoliant e Melkor percebemos um toque da idéia de estranheza ou de aberração que vivia no imaginário popular da época. Algo estranho com uma força descomunal adquire um propósito por um doutor isolado em seu laboratório (Melkor e Sauron).

Os cientistas tinham fama sinistra devido aos casos terríveis das guerras (imaginemos 2 guerras mundiais em menos de 50 anos). Que tipo de conflito psicológico habitava a mente privilegiada da primeira metade do século 20?

Human experimentation
Block 10 – Medical experimentation block in Auschwitz

Mengele used Auschwitz as an opportunity to continue his research on heredity, using inmates for human experimentation. He was particularly interested in identical twins; they would be selected and placed in special barracks. He recruited Berthold Epstein, a Jewish pediatrician, and Miklós Nyiszli, a Hungarian Jewish pathologist, to assist with his experiments.

As a forced-labor prisoner under Mengele's direction, Epstein proposed a study into treatments of the disease called noma that was noted for particularly affecting children from the camp.[15] While the exact cause of noma remains uncertain, it is now known that it has a higher occurrence in children suffering from malnutrition and a lower immune system response. Many develop the disease shortly after contracting another illness such as measles or tuberculosis.[16]

Mengele took an interest in physical abnormalities discovered among the arrivals at the concentration camp. These included dwarfs, notably the Ovitz family – the children of a Romanian artist, seven of whom were dwarfs. Prior to their deportation, they toured in Eastern Europe as the Lilliput Troupe.

Mengele's experiments also included attempts to change eye colour by injecting chemicals into children's eyes, various amputations of limbs, and other surgeries such as kidney removal, without anaesthesia.[17] Rena Gelissen's account of her time in Auschwitz details certain experiments performed on female prisoners around October 1943. Mengele would experiment on the chosen girls, performing sterilization and shock treatments. Most of the victims died, because of either the experiments or later infections.

"Once Mengele's assistant rounded up fourteen pairs of Roma twins during the night. Mengele placed them on his polished marble dissection table and put them to sleep. He then injected chloroform into their hearts, killing them instantly. Mengele then began dissecting and meticulously noting each piece of the twins' bodies."[13]

At Auschwitz, Mengele did a number of studies on twins. After an experiment was over, the twins were usually killed and their bodies dissected. He supervised an operation by which two Roma children were sewn together to create conjoined twins; the hands of the children became badly infected where the veins had been resected; this also caused gangrene.[13]
Jewish twins kept alive to be used in Mengele's medical experiments. These children from Auschwitz were liberated by the Red Army in January 1945.

The subjects of Mengele's research were better fed and housed than ordinary prisoners and were, for the time being, safe from the gas chambers, although many experiments resulted in more painful deaths.[18] When visiting his child subjects, he introduced himself as "Uncle Mengele" and offered them sweets. Some survivors remember that despite his grim acts, he was also called "Mengele the Protector".[19]

Mengele also sought out pregnant women, on whom he would perform vivisections before sending them to the gas chambers.[20]

Former Auschwitz prisoner Alex Dekel has said:

"I have never accepted the fact that Mengele himself believed he was doing serious work – not from the slipshod way he went about it. He was only exercising his power. Mengele ran a butcher shop – major surgeries were performed without anaesthesia. Once, I witnessed a stomach operation – Mengele was removing pieces from the stomach, but without any anaesthetic. Another time, it was a heart that was removed, again without anaesthesia. It was horrifying. Mengele was a doctor who became mad because of the power he was given. Nobody ever questioned him – why did this one die? Why did that one perish? The patients did not count. He professed to do what he did in the name of science, but it was a madness on his part."[21]

A former Auschwitz prisoner doctor has said:

"He was capable of being so kind to the children, to have them become fond of him, to bring them sugar, to think of small details in their daily lives, and to do things we would genuinely admire.... And then, next to that,... the crematoria smoke, and these children, tomorrow or in a half-hour, he is going to send them there. Well, that is where the anomaly lay."[22]

The book Children of the Flames, by Lucette Matalon Lagnado and Sheila Cohn Dekel, chronicles Mengele's medical experimental activities on approximately 1,500 pairs of twins who passed through the Auschwitz death camp during World War II until its liberation at the end of the war. By the 1980s only 100 sets of these twins could be found. Many recalled his friendly manner towards them, and his gifts of chocolates. The older ones "recognized his kindness as a deception—yet another of his perverse experiments to test (our) mental endurance."[23] He would also kill them without hesitation, sometimes administering injections to the children or shooting them himself, and would dissect them immediately afterwards. On one evening alone he killed fourteen twins.[12]

In 1960 Hans Sedlmeier returned from Asuncion, Paraguay with a statement from Mengele that said, "I personally have not killed, injured or caused bodily harm to anyone." Mengele repeatedly insisted that he had not committed any crime, and that instead he had become a victim of a great injustice.[24][25]

Transplante de cabeças de cães no começo do século 20:


Quer dizer, Melkor e Ungoliant tinham coisas em comum e dividiam uma aliança superficial, algo no nível da aliança entre Ossë e Melkor, que era vista como temporária e desconfiada, no que Ossë teve Uinen para se aconselhar mas Ungoliant não teve ninguém. Mas ocorria que Melkor conhecia o propósito de Ungoliant mais a fundo do que ela mesma e conhecia a aliança que estava propondo com maior profundidade do que ela sabia.
 
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Ungoliant como um dos Ainur

Os Ainur- “Os Sagrados”- são os espíritos engendrados a partir do pensamento de Eru Ilúvatar, o Criador, Pai de Todos. São potências “angelicais” nascidas antes do surgimento do Universo. Desses Ainur, o mais poderoso, Melkor, se corrompeu insurgindo-se contra os desígnios de Ilúvatar, e espalhando a discórdia que criou todos os males que afligem o mundo em que vivemos.

Em sua queda, ele atraiu para o seu partido uma miríade de espíritos menores recrutados dentre as legiões de Maiar , os Ainur de categoria inferior à que o próprio Melkor pertencia, a ordem dos Valar, os “Poderes do Mundo”, regentes do Mundo Material, Eä , o nosso Universo.

Ao se manifestarem na Terra, os Ainur se valem de “fánar”, “véus”, formas moldadas pelo seu próprio pensamento, e que, consoante a sua vontade, podem imitar a aparência de Homens ou Elfos. É em função dessa capacidade de auto-encarnação que uma teoria muito difundida sobre a origem de Ungoliant passou a existir.

Ora, todos os textos referentes à Ungoliant são unânimes em afirmar que ela "tomou a forma de uma aranha”.Tal afirmação, é claro, sugere que essa não é a sua forma original, mas sim que a mesma foi adotada dentro de Arda por escolha da própria Ungoliant. Uma vez que os Mirroanwi , “os Encarnados”, Homens e Elfos, nascem com uma forma física definida ( o hröa) onde seus respectivos espíritos ( fëar) são alojados a conclusão é óbvia: em sua origem, Ungoliant era uma entidade puramente espiritual ( fairë) que, à semelhança dos Valar e Maiar, era capaz de adotar uma forma visível dentro de Arda.

Os textos que compõem o Silmarillion também sugerem que Ungoliant podia ser um espírito que nos primórdios de Eä foi cooptado por Melkor para a sua causa. Uma passagem muito relevante de um dos textos componentes do Silmarillion ( HOME 10- Morgoth`s Ring- The Later Silmarillion )parece corroborar essa versão pois nela Melkor se dirige a Ungoliant nos seguintes termos:

“APROXIMA-TE!!”- ELE DISSE. : “TRIPLAMENTE TOLA PRIMEIRO POR ME ABANDONARES, POR HABITARES AQUI, DEFINHANDO AO ALCANCE DE INDESCRITÍVEIS BANQUETES, E AGORA POR POR ME EVITARES, PORTADOR DE DÁDIVAS, TUA ÚNICA ESPERANÇA! APROXIMA-TE E VÊ! EU TROUXE PARA TI UM PENHOR DE UMA RECOMPENSA MAIOR A BUSCAR. Vamos considerar, para efeitos desse ensaio, que essa passagem seja mesmo uma indicação de que,outrora, Melkor havia sido o mestre de Ungoliant. Vamos ignorar que o mesmo texto contém uma passagem repetida com algumas variantes, em todas as versões da história, dando a entender que o trecho todo do encontro de Melkor e Ungoliant, no que tange a esse pormenor, pode resultar de especulações dos elfos, uma vez que nele se diz que:

“NÃO SE SABE DONDE ELA VEIO, MUITO EMBORA , ENTRE OS ELDAR SEJA DITO QUE EM ERAS ANTERIORES ELA HAVIA DESCIDO DAS TREVAS QUE JAZEM EM TORNO DE ARDA, QUANDO MELKOR OLHOU PELA PRIMEIRA VEZ COM DESPEITO PARA A LUZ NO REINO DE MANWË. MAS ELA HAVIA ABANDONADO SEU MESTRE, DESEJANDO SER SENHORA DE SUA PRÓPRIA COBIÇA, TOMANDO TODAS AS COISAS PARA ALIMENTAR O SEU VAZIO.”É um dos casos onde a narração feita pelos cronistas elfos pode diferir e não corresponder, exatamente, ao que o Tolkien, como escritor onisciente, pensaria. A passagem toda é , em última instância, uma “estória” élfica, uma criação dos cronistas com base em suposições e rumores ouvidos ao longo de séculos para suprir uma lacuna em seus registros, sobre fatos que não foram presenciados em primeira mão.

Feitas essas considerações, vamos esquecer as dúvidas e considerar como fatos os seguintes pressupostos:
• Ungoliant é uma entidade espiritual que se manifesta no mundo visível sob a forma de uma aranha
• A mesma Ungoliant foi ,outrora, uma serva de Melkor corrompida ou atraída por ele na aurora do tempo.

Esses dois fatos, por si sós, garantem que ela era um dos Ainur? Se ela era uma dos “Sagrados”, a qual ordem ela pertenceria? Aos Valar ou aos Maiar?

Bem, o Tolkien disse que, dos Ainur, aqueles que penetraram dentro do Universo, Eä, e que eram mais poderosos se tornaram Valar. O leitor e, durante um certo tempo, o próprio Tolkien, tiveram como um fato o conceito de que todos os Valar do Universo vieram para Arda e são conhecidos por aqueles que aqui habitam. Entretanto, o Tolkien quando avaliou mais detidamente seus conceitos cosmogônicos e a natureza do “Reino” de Arda (HOME 10 -Myths tranformed) chegou à conclusão de que:

“EXISTIAM OUTROS, INCONTÁVEIS PARA ALÉM DO NOSSO PENSAMENTO, EMBORA CONHECIDOS E NUMERADOS NA MENTE DE ILÚVATAR, CUJO LABOR JAZ EM OUTRO LUGAR E EM OUTRAS REGIÕES E HISTÓRIAS DO GRANDE CONTO, ENTRE ESTRELAS REMOTAS E MUNDOS ALÉM DO ALCANÇE DO MAIS LONGíNQUO PENSAMENTO. MAS DESSES OUTROS, NÓS NADA SABEMOS E PODEMOS SABER, AINDA QUE OS VALAR DE ARDA, TALVEZ, SE RECORDEM DE TODOS ELES” É de se presumir que essas outras cortes de Valar tivessem seus respectivos séquitos de Maiar como acontecia com os Valar “telúricos”ou “terrestres”.

Considerando que Ungoliant é proveniente da escuridão fora de Arda, é tentador supor que ela poderia ser um desses espíritos Ainur corrompidos , talvez, até mesmo, uma Valië “extraterrena” que houvesse atendido ao chamado de Melkor quando ele foi expulso da Terra durante a Primavera de Arda. Mas Tolkien disse que, muito embora haja uma hierarquia entre os Valar, por força da qual os Aratar sejam os mais reverenciados e Manwë seja considerado seu soberano, eles não são servos uns dos outros no sentido correspondente à vassalagem devida pelos Maiar a seus respectivos senhores Valar. Se Ungoliant era uma “serva” de Melkor é improvável que ela fosse uma dos Valar que teriam originalmente habitado outras regiões de Eä .Além disso, a idéia de que Ungoliant fosse um espírito Ainu esbarra em alguns entraves inarredáveis.

Em primeiro lugar, a natureza de seus poderes que consiste na habilidade de absorver Luz e gerar as Trevas que são, não a ausência de luz, mas a presença de uma coisa nova, dotada de ser próprio, não são condizentes com os atributos de qualquer dos Maiar e Valar. Mesmo Melkor, que era considerado Senhor das Trevas e que tinha espiritos de sombra como seus servidores não era capaz de criar a Antiluz de Ungoliant. Os Balrogs caminhavam embuçados em trevas, mas a escuridão que os encobria carecia das propriedades da Antiluz : sua tangibilidade ( as teias de Ungoliant aprisionaram Tulkas) e a capacidade de estrangular e subjugar a vontade de suas vítimas( um poder herdado por Laracna pois suas teias tinham essa mesma capacidade).

Ungoliant também possuía uma habilidade que lhe era peculiar: o Dom de absorver o poder armazenado em receptáculos e construtos místicos mesmo que eles NÃO FOSSEM previamente designados para esse fim ( transferir o poder para ela, como era o caso das carnes com as quais Morgoth deu de comer a Carcharoth) quer fossem eles produto do labor de espíritos Ainur, (as árvores de Valinor , os poços de Varda), quer fossem originados pelos Eldar ( as jóias de Valinor que os Noldor aprenderam a criar, onde parte do seu poder ficava alojado).

Isso é uma coisa que, até onde sabemos, nem sequer os Ainur são capazes de fazer( pelo que vimos dela, ela drenaria o poder de Sauron se devorasse o Anel, por exemplo). E muito menos, é claro, um Hröa formado pela matéria de Arda. O que reforça mesmo a tese de que ela era a única do seu tipo.
Agora, o principal indício de que Ungoliant não era um membro dos Ainur consiste no sequinte fato: Ungoliant, à semelhança de Melian, gerou uma prole com seres encarnados em Arda.Tolkien sugere que o caso de Melian foi uma concessão feita por Eru Ilúvatar, pois, no caso dela, o corpo com o qual ela concebeu Lúthien Tinúviel era um organismo real, um Hröa nutrido pela substância física de Arda e não um fána com o qual os Ainur se “vestem” no mundo visível.

Tal informação consta de uma nota ( a de nº 53) no texto SHIBOLLETH OF FËANOR no livro The Peoples of Middle Earth, HOME 12:

“LÚTHIEN FOI ATRAVÉS DE SUA MÃE, MELIAN, DESCENDENTE, TAMBÉM, DOS MAYAR ( MAIAR) O POVO DOS VALAR, CUJO SER COMEÇOU ANTES QUE O MUNDO FOSSE FEITO. MELIAN, ÚNICA DE TODOS AQUELES ESPÍRITOS, ASSUMIU UMA FORMA CORPÓREA, NÃO APENAS COMO UMA VESTIMENTA MAS COMO UMA HABITAÇÃO PERMANENTE EM FORMA E PODERES IDÊNTICA AOS CORPOS DOS ELFOS. ISSO ELA FEZ POR AMOR A ELWË; E TAL FOI PERMITIDO SEM DÚVIDA PORQUE ESSA UNIÃO JÁ TINHA SIDO PREVISTA NO COMEÇO DAS COISAS, E FOI TECIDA NO AMARTH* DO MUNDO, QUANDO ERU PRIMEIRO CONCEBEU O SER DE SUAS CRIANÇAS, ELFOS E HOMENS COMO É CONTADO( NA MANEIRA E DE ACORDO COM A COMPREENSÃO DE SUAS CRIANÇAS) NAQUELE MITO QUE É CHAMADO A MÚSICA DOS AINUR.” Isso só pode significar duas coisas: Que o caso de Melian não era tão singular assim e que outros "apetites" que não o amor podem fazer um Ainu suportar a provação de ser preso pelas cadeias da carne de Arda, e que ,no caso de Ungoliant, isso possa se dar com uma certa frequência e facilidade, mesmo sem que isso faça parte dos desígnios de Eru ( o que eu duvido), OU que a natureza de Ungoliant seja MESMO diferente da de outros espíritos, como os Ainur, em consonância com o que já foi dito e sugerido em outras partes dos livros do Tolkien. ( o que eu acho mais provável).

É óbvio que as características de Ungoliant não se coadunam com os aspectos nem dos fánar( manifestações dos Ainur no plano material) nem dos hröar ( corpos físicos). A forma adotada por Ungoliant parece ter uma natureza híbrida similar àquela com a qual Gandalf foi devolvido à vida por Eru Ilúvatar ( conforme consta da carta nº 158 ).Tolkien disse que aquela forma era um corpo material, como aquele no qual os Valar o enviaram para a Terra Média, mas esse novo corpo “trajava-se de branco e se tornou uma chama radiante mas ainda velada , salvo em momentos de grande necessidade” * ) e era imune a armas convencionais , a julgar pelo que Gandalf disse em seu encontro com Aragorn, Legolas e Gimli em Fangorn- O Cavaleiro Branco, livro III cap 5) (“ De fato meus amigos, nenhum de vocês possui qualquer arma capaz de me ferir”)

(*Contos Inacabados, ensaio sobre os Istari)

Assim sendo, eu acredito que o corpo de Ungoliant era uma forma intermediária entre hröa e fána, capaz de procriar com Encarnados mas ainda apta a manifestar os poderes do seu espírito. Essa forma não pode ser criada pela vontade de seres como os Ainur, no caso de Gandalf, ela proveio da vontade de Eru, e é um dos seus “Milagres” ( consistente na inserção dentro de Eä de elementos não prefigurados na canção dos Ainur). Além disso, a tendência de Tolkien, no caso do Silmarillion, seria dizer, explicitamente, que ela era uma maia, assim como ele fez no caso de Sauron, mas ele não agiu assim.

Em o Senhor dos Anéis, como a história é predominantemente marcada pelo ponto de vista dos hobbits, uma omissão como essa ou falta de afirmação é até lugar comum.

No Senhor dos Anéis não foi só o Tom Bombadil que não teve a sua natureza revelada pois o mesmo ocorreu com os Istari , com o próprio Sauron e com Goldberry( esposa de Bombadil). Os nomes maia ou maiar não são sequer mencionados, e, até mesmo nos Apêndices , Tolkien se referiu à Melian apenas como um membro do "povo dos Valar"

Mas o Silmarillion é um livro de escopo totalmente diverso. Nele, a intenção dos cronistas fictícios, cujos trabalhos Tolkien teria adaptado e compilado por intermédio do Bilbo* seria, justamente, a de traçar o perfil de toda a cosmogonia e de seus principais protagonistas, ainda que de maneira abreviada, e, naturalmente, limitada ao ponto de vista élfico. Muito provavelmente, se Tom Bombadil fosse um elemento tão importante para o desenrolar da trama central do Silmarillion, a sua natureza teria sido, pelo menos, sugerida, como ocorreu com os lobisomens, ents e Thuringwethil.

*( Cristopher Tolkien comenta na introdução do Livro dos Contos Perdidos que O Silmarillion, como chegou até nós, seria os dois volumes de "Traduções do Élfico" feitos por Bilbo em Rivendell)

Assim sendo, o silêncio de Tolkien sobre Bombadil no Senhor dos Anéis é perfeitamente compreensível pois o intento do livro é narrar uma guerra ao invés de discorrer sobre a natureza do Mundo e seus habitantes ( além de que a omissão resulta de uma intenção expressa da parte dele no sentido de deixar algumas vistas inatingíveis.) mas, no caso de Ungoliant, o fato de Tolkien evitar discorrer sobre a sua natureza parece resultar de um intento um pouco mais amplo.

No caso de Bombadil, as vistas inatingíveis que a sua origem oculta o são apenas para nós mas não para indivíduos tais como os Maiar e Valar. Gandalf, no final de O Senhor dos Anéis( portanto depois de ter se tornado o Cavaleiro Branco e ter recuperado pelo menos parte do seu conhecimento como Olórin, o mais sábio dos Maiar), dá a entender que sabe muito bem o tipo de ser que Bombadil era, a ponto de tecer comparações entre ambos ( Senhor dos Anéis , livro VIII cap 7, A caminho de casa).

Mas no tocante à Ungoliant ,no Lost Tales, Tolkien diz que nem os Valar sabem a sua origem, ao passo que, no Silmarillion, ele afirma que os Eldar (pupilos de Valar e Maiar) também desconhecem donde ela proveio. A vista inatingível à qual Ungoliant corresponde é muito mais do que um artifício para se produzir a famosa "impressão de profundidade" porque a tendência dos cronistas da Quenta Silmarillion é a de dar palpite até sobre assuntos dos quais são ignorantes. ( o que será objeto de outro ensaio) Portanto, o silêncio de Tolkien sobre um assunto desses no Silmarillion é mais significativo do que seria no Senhor dos Anéis e no Hobbit É uma sugestão de que o conhecimento dos Valar sobre a natureza dos seres não é completo, de que há mistérios sobre os quais os escritores élficos nem sequer estavam cientes.

A omissão do escritor é uma exceção ao princípio que rege a composição do livro. E o fato é que, segundo esse princípio, Tolkien teria dito que Ungoliant era uma maia se essa fosse a sua intenção.

Ungoliant como uma manifestação da discórdia entre os temas da Ainulindalë

“PROVENIENTES DAS DISCÓRDIAS DA MÚSICA-NÃO DIRETAMENTE DE NENHUM DOS TEMAS, SEJA O DE ERU OU O DE MELKOR, MAS DA DISSONÂNCIA ENTRE UM E OUTRO - COISAS MALÉFICAS SURGIRAM EM ARDA, AS QUAIS NÃO DESCENDEM DE NENHUM PLANO DIRETO OU VISÃO DE MELKOR: ELAS NÃO ERAM “SUAS CRIANÇAS”; E , PORTANTO, UMA VEZ QUE TODO MAL ODEIA, ODIAVAM-NO TAMBÉM. A PROGENITURA DAS COISAS FOI CORROMPIDA. Essa noção de que determinadas criaturas possam ter surgido da dissonância dos temas da Ainulindalë é bastante interessante e pode explicar alguns pontos obscuros da mitologia de Tolkien, mas, pessoalmente, eu não penso que essa idéia fornece uma explicação adequada para a existência de Ungoliant. Os motivos que me levam a pensar dessa maneira são basicamente dois:

• Os seres maléficos originados pela dissonância teriam passado a existir dentro de Arda ao passo que, em todos os textos que tratam de Ungoliant, consta sempre a afirmação de que ela é originária de fora de Arda e talvez de fora do próprio Universo (Eä)
• na carta nº 144 Tolkien disse que: “AS ARANHAS GIGANTES ERAM APENAS A DESCENDÊNCIA DE UNGOLIANT A PRIMORDIAL DEVORADORA DE LUZ, QUE EM FORMA DE ARANHA AUXILIOU O PODER NEGRO MAS QUE NO FIM CONTENDEU COM ELE. NÃO HÁ, ENTÃO, ALIANÇA ENTRE SHELOB ( LARACNA) E SAURON , O SUBSTITUTO DO PODER NEGRO , APENAS UM ÓDIO COMUM.” Ora o uso da palavra primordial( primeval) no trecho transcrito acima indica que Ungoliant seria um ser “primevo” que ela antecederia a própria criação de Eä. Logo, ela não poderia ser primeva e ao mesmo tempo ter sido gerada pela dissonância da Ainulindalë, que foi o que deu origem ao Universo. Há uma contradição lógica entre os conceitos

Descartadas essas duas hipóteses , a de que ela seria um dos Ainur e de que ela seria produto da Dissonância na Ainulindalë, resta uma terceira teoria a qual , a meu ver, fornece a melhor explicação para a origem e natureza de Ungoliant.

Ungoliant como encarnação da Noite Primordial

Essa "noite" primeva não pode ser aquela que existe fora dos círculos do mundo, fora de Arda, porque, sendo "primordial", existia antes do nosso universo, de Eä e ,consequentemente, antes da própria criação. Ungoliant ou Ungweliantë, como é chamada nos "Contos Perdidos", é uma forma avatar do Vazio, da ausência de luz divinizada que jaz fora de Eä ( fora dos Círculos do Mundo com maiúscula) e das habitações de Eru Ilúvatar, as Mansões eternas( The Timeless Halls). Como tal, aparentemente ela NÃO é uma criação de Ilúvatar mas uma manifestação de uma força independente

É bom destacar que foi enquanto vagava pelo Vazio que Melkor começou a ter idéias diferentes das dos demais Ainur . E, apesar de que parte desse vácuo original está agora preenchido por Eä, essa Noite primeva, esse vazio que jaz além das Portas da Noite, guardadas por Eärendil, ainda existe e é, segundo o Silmarillion, o lugar para onde Melkor foi banido no final da Primeira Era (na verdade Tolkien desmentiu essa noção mais tarde, justamente no MYTHS TRANFORMED do Morgoth`s Ring, HOME 10) ,.

Essa interpretação do duplo sentido da palavra "noite" na cosmologia do Silmarillion é um fato mencionado pelos especialistas. Robert Foster, autor do The Complete Guide to Middle Earth, recomendado pelo próprio Cristopher Tolkien no Unfinished Tales ( Os Contos Inacabados), comenta sobre a existência de DUAS "Portas da Noite" : A Porta da Noite entre Eä e o Vazio e a Porta da Noite entre Arda e Ilmen, o lugar onde estão as estrelas. Vê-se que, nesses casos, "noite" ora é identificada com o Vazio, ora com Ilmen, e que a Noite primordial, da qual Tolkien disse que Ungoliant é personificação não pode ser outra coisa que não o Vazio. Esse problema ocorrido com o termo Noite também aconteceu com outras expressões ( círculos do mundo por exemplo)e em todos esses casos, os motivos remontam a uma origem comum que vai ser tratada em outro ensaio.

Indícios da Permanência da Noção Original na Mitologia

A Carta nº 144 ,à qual já foi feita referência, parece combinar muito bem com a idéia do The Lost Tales, até mesmo no que corresponde à terminologia empregada. O glossário do Lost Tales diz que Ungoliant era uma “encarnação da Noite primordial”, enquanto que a Carta redigida décadas mais tarde , depois da publicação do Senhor dos Anéis, diz que ela era a “devoradora primordial da luz”.

No caso das demais alterações feitas por Tolkien em sua mitologia, as modificações implicaram em tranformações substanciais da caracterização dos personagens e da ambientação. Nienna, por exemplo, foi completamente modificada em relação à sua concepção primitiva que a tornava muito mais próxima da deusa nórdica dos mortos, a filha de Loki, Hela. Idéias como a dos filhos dos Valar foram abandonadas sem a menor sombra de dúvida, mas, no que diz respeito à Ungoliant, a realidade é outra.

A personagem reteve todas as suas características, e a origem de Ungoliant, como contada nos Contos Perdidos, não contraria detalhes do Silmarillion ,mas ,pelo contrário, elucida-os, apesar de, inevitavelmente, resultar em questionamentos sobre a estrutura da mitologia como um todo.

Aliás, os pormenores acrescentados pelas versões posteriores combinam muito bem com o conceito de personificação da Noite primordial. Em passagens do Silmarillion como essas reproduzidas abaixo, a relação de Ungoliant com o Vazio está implícita pois a dissolução aparente do próprio ser é um efeito colateral da Antiluz, e o Vazio é caracterizado pela ausência do Fogo Secreto que confere ser e vida independente às coisas. Essa vinculação com o Vazio exterior explica a sua fome insáciável por luz e o fato de que os poderes e a natureza de Ungoliant sempre remetem ao conceito de vácuo , de vazio, de ausência de ser.

MAS ELA HAVIA ABANDONADO SEU MESTRE, DESEJANDO SER SENHORA DE SUA PRÓPRIA COBIÇA, TOMANDO TODAS AS COISAS PARA ALIMENTAR O SEU VAZIO. UMA CAPA DE NEGRUME TECEU UNGOLIANT sobre si mesma: UMA ANTILUZ, NA QUAL AS COISAS PARECIAM DEIXAR DE SÊ-LO E QUE OS OLHOS NÃO PODIAM PENETRAR , POIS ERA VÁCUO. Curiosamente, enquanto as árvores são análogas aos atributos do Sol e da Lua, a Antiluz da "Gloomweaver" evoca as qualidades de um buraco negro do qual nem sequer a luz logra escapar. É interessante reparar que, no centro de um buraco negro, o tempo pára, enquanto o Vazio está fora dos limites do tempo.Tais habilidades me parecem combinar muito bem com uma criatura avatar do Vazio primordial.

Aliás, essa noção de que Ungoliant era um ser avatar, uma personificação de uma força atemporal e primeva, parece ecoar no nome escolhido por Tolkien para batizar a região de Aman na qual ela se ocultava quando Melkor veio à sua procura: Avathar.

Eu penso que, à semelhança de muitos outros nomes de mitologias “reais” que foram adaptados para as línguas élficas, ( Atalantë, Avalonnë, Eä, etc) retendo, não obstante, uma vinculação marginal com suas raízes, o termo Avatar foi escolhido por Tolkien pela sua conexão com a idéia de personificação.

A palavra Avatar vem do sânscrito e significa literalmente “Aquele que desce”. É um termo aplicado às múltiplas manifestações de Vishnu, o preservador da mitologia hindu, no plano terrestre que enverga um corpo humano para restaurar a ordem das coisas. Rama e Krishna são tidos como avatares e os avatares são exatamente o que Ungoliant parece ser: a personificação de uma entidade cósmica.

Já no Tolkien, a explicação para a etimologia de Avathar é a seguinte: a palavra resulta da composição de três radicais élficos: awa, que significa “exterior”, elemento presente em Ava Kúma ( o nome da Noite Primordial, significando literalmente “Vazio exterior”) e Avalonnë; wath , que significa “sombra” e thar que quer dizer “através” ou que, segundo alguns, no caso, seria uma expressão representando a forma plural.

É, no mínimo, muita coincidência que Ungoliant, que, nos Lost Tales, seria a encarnação do Vazio ou Noite exterior, no Silmarillion, habite uma região cujo nome significa precisamente ou “sombra estendida sobre o exterior” ou “sombras exteriores”. ( do lado de fora da Muralha da Pelóri que confinava a Luz das Árvores) e que tem uma contraparte em sânscrito, certamente de conhecimento do Tolkien, que designa a encarnação de um ser divino.
Quem quiser ver o material inteiro,peguei isso daqui http://http://de-vagaesemhybrazil.blogspot.com.br/2009/09/ungoliant-dualismo-e-livre-arbitrio-nos.html?m=1
 
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Outra coisa meio "nada a ver" mas que reparei:

“APROXIMA-TE!!”- ELE DISSE. : “TRIPLAMENTE TOLA PRIMEIRO POR ME ABANDONARES, POR HABITARES AQUI, DEFINHANDO AO ALCANCE DE INDESCRITÍVEIS BANQUETES, E AGORA POR POR ME EVITARES, PORTADOR DE DÁDIVAS

Já repararam que tanto Melkor como Sauron ficam usando esse disfarce de "Senhor dos Presentes/Dádivas", mais de uma vez? Sauron acho que é o mais conhecido, quando apareceu na forma de "Annatar" para os elfos de Eregion. Mas Melkor não fica atrás, pq além de ter-se apresentado assim para Ungoliant, também apareceu assim no conto de Adanel, autodenominando-se como "Aquele que traz presentes".

[q]Eles ficavam fazendo cosplay de Papai Noel ou o que? :P[/q]
 
Outra coisa meio "nada a ver" mas que reparei:



Já repararam que tanto Melkor como Sauron ficam usando esse disfarce de "Senhor dos Presentes/Dádivas", mais de uma vez? Sauron acho que é o mais conhecido, quando apareceu na forma de "Annatar" para os elfos de Eregion. Mas Melkor não fica atrás, pq além de ter-se apresentado assim para Ungoliant, também apareceu assim no conto de Adanel, autodenominando-se como "Aquele que traz presentes".

[q]Eles ficavam fazendo cosplay de Papai Noel ou o que? :P[/q]

Mas é óbvio, Lin.

Imagine que vc é o Senhor do Escuro que só quer zoar com tudo e todos. Como vc vai convencer as pessoas a te ajudar? Oferecendo presentes, claro!
(Lembrando que presentes podem ser desde um ursinho de pelúcia até um reino inteiro)
 
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Ungoliant não tinha a menor vocação para "dark lady", era tímida e auto centrada demais para isto.

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