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Clube de Leitura 4º Livro: Admirável Mundo Novo – Aldous Huxley

Nível de comparação (achei genial isso):
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ja li o livros mas vou le-lo mais uma vez para discutir.. as discussoes vao ser nesse topico mesmo....( diago aqui memso )..

desculpe mas vc disse assim : ( Coloquei lá no primeiro post mas repito aqui.) E por isso perguntei..

Obrigado pela paciencia.
 
Última edição:
ja li o livros mas vou le-lo mais uma vez para discutir.. as discussoes vao ser nesse topico mesmo....( diago aqui memso )..

desculpe mas vc disse assim : ( Coloquei lá no primeiro post mas repito aqui.) E por isso perguntei..

Obrigado pela paciencia.

Legal, Tribe.

Só tome cuidado pra seguir o cronograma e comentar conforme o desenvolvimento da leitura. :yep:
 
Povo Leitor!!!!!!
Que sensação engraçada ao começar reler a obra.
Resgatei a mesma angústia que senti qdo o li pela primeira vez. Naquela época, talvez minha indignação fosse mais superficial.....não tinha muita experiência de vida e assim....me limitava a indignação frente ao controle absoluto sobre a vida alheia.
Hoje, depois de ser responsável pelo desenvolvimento de meus filhos, preocupada em oferecer estímulos certos pra "mudarem de fase" a cada nova jogada que a vida impõe, fico chocada com o conteúdo do livro.
Por um lado me fascina o fictício, gosto destas literaturas, sou fã de um MATRIX.....tanta criatividade na construção do cenário, nas idéias de seres alfa, beta e etc....ipsilon. Realmente vai despertando uma certa angústia aflitiva. Um sufoco sobre os limites impostos na vida de cada ser. Uma dó daquelas cças sendo submetidas a estimulos brutais.....
Um absurdo que choca.

Na minha cabeça gero perguntas:
Que necessidade é essa em querer ser deus!!!!
Que necessidade é essa em obter o controle absoluto sobre tudo!!!!
Provavelmente o espírito não é levado em consideração.
Criam pessoas como máquinas....apenas um número diferente das outras, mas com o objetivo de que todas sejam iguais.
Não há a individualidade, pelo menos para os que não pertencem à casta das primeiras letras do alfabeto.

Vamos caminhando na leitura....e vendo quais absurdos mais vão surgir!!!

Tô gostando de reler.....sob um ouuuuuuuutro ponto de vista, menos jovem porém mais sábio.
Bj até

O cenário branco, limpo, claro ofuscante, tudo de um "clean" apavorante......querem um "quê" celestial. Contexto celestial para que se sintam realmente um deus.
O prazer em controlar nas mãos, diga-se o D.I.C., a formação de seres humanos padronizados em tudo.
 
Povo Leitor!!!!!!
Que sensação engraçada ao começar reler a obra.
Resgatei a mesma angústia que senti qdo o li pela primeira vez. Naquela época, talvez minha indignação fosse mais superficial.....não tinha muita experiência de vida e assim....me limitava a indignação frente ao controle absoluto sobre a vida alheia.
Hoje, depois de ser responsável pelo desenvolvimento de meus filhos, preocupada em oferecer estímulos certos pra "mudarem de fase" a cada nova jogada que a vida impõe, fico chocada com o conteúdo do livro.

Ana, também estou relendo essa obra - já li os primeiros dois capítulos, e tive a mesma sensação que você. Parece incrível como a ciência pode querer dominar a vida; é o que até agora dá a entender o autor.
 
No terceiro capítulo achei muito interessante a maneira como Huxley apresenta várias cenas acontecendo ao mesmo tempo, a troca de confidências entre Lenina e sua amiga Fanny, Bernard Marx conversando com seu colega, Sua Fordeza Mustafá Mond com os estudantes, etc.

Não sei se os demais foristas gostaram desse jeito de narração.
 
No terceiro capítulo achei muito interessante a maneira como Huxley apresenta várias cenas acontecendo ao mesmo tempo, a troca de confidências entre Lenina e sua amiga Fanny, Bernard Marx conversando com seu colega, Sua Fordeza Mustafá Mond com os estudantes, etc.

Não sei se os demais foristas gostaram desse jeito de narração.

Estou lendo pela primeira vez e gostei da narrativa, sim.

Achei muito bacana o início do livro com o mundo e a sociedade sendo explicados (a nós, leitores) através dos estudantes recém-chegados, principalmente pelas perguntas dos mais "burrinhos". :lol:

Mas confesso que me senti mal com a parte dos bebês da casta Delta sendo condicionados a rejeitar flores e livros.
Fiquei com dor de cabeça quando li essa parte. :tsc:
 
Mas confesso que me senti mal com a parte dos bebês da casta Delta sendo condicionados a rejeitar flores e livros.
Fiquei com dor de cabeça quando li essa parte. :tsc:

Realmente, esta parte foi particularmente chocante, principalmente quando é mencionado o choque elétrico.
 
Terminando orgulho e preconceito hoje, começo a leitura de Huxley pra discutir com vocês. o/
 
Também estou um pouco atarefado... E acabei que não comprei o Retorno ao Admirável Mundo Novo =|

Mas vou dar uma relida nele esse fim de semana.

Por hora, queria abordar uma parte que sempre acho muito interessante no livro: o prefácio. O Huxley diz que cometeu um erro grave de não ter considerado os avanços nucleares... Então, queria levantar essa dúvida pra irmos pensando ao longo do Clube: vocês acham que o livro seria muito diferente se ele a tivesse considerado?

Outra parte que só dei uma passada de olhos mesmo, e que vi que vocês já abordaram, é a parte da educação das crianças. Também fiquei chocado quando li com esse tratamento com base em eletrochoques... Se bem que o tratamento de ensino durante o sono é também muito violento. Estão usurpando, meio que literalmente, os sonhos dessas crianças. Como disseram:

Rosas e choques elétricos, o cáqui dos Deltas e exalações de assa-fétida -- indissolùvelmente ligados antes de a criança poder falar. Mas o condicionamento sem palavras é imperfeito e global; não pode proporcionar as distinções mais sutis, não pode inculcar os padrões mais complexos de comportamento. Para êsses deve-se poder dispor da palavra, mas palavras sem raciocínio. Em suma, da hipnopédia.

(p. 52, final do cap. 2)

É de quando tem uma voz dizendo pras crianças Delta etc que elas são estúpidas e são burras...

E pensar que esse tipo de coisa não é tão irreal quanto se pensa, não é mesmo? Quantas crianças não cresceram ouvindo de seus pais, professores, dos adultos que são burras, que isso, que aquilo, simplesmente porque elas não se encaixavam, não se adaptavam a UMA forma específica de aprender? A uma forma que não engloba as múltiplas possibilidades de aprendizado? Uma forma "imperfeita e global", que "não pode proporcionar as distinções mais sutis, não pode inculcar os padrões mais complexos de comportamento", mas tão somente "palavras sem raciocínio"?

E o que acho mais irônico é que, enquanto, no berçário, crianças aprendem a rejeitar flores e livros na base da violência física, ou são forçadas a aprender que não podem aprender a partir da invasão nefasta em todas as esferas de sua privacidade -- enquanto isso, como abre o capítulo 3, no jardim...

Fora, no jardim, era recreio. Ao sol quente de junho, seis ou sete meninos e meninas corriam nus sôbre a grama, dando gritos estridentes, ou jogavam bola, ou bem se distraíam acocorados silenciosamente em grupos de dois ou três entre os arbustos em flor. (...) O ar estava acalentador com o murmúrio das abelhas e dos helicópteros.

(p. 55, começo do cap. 3)

Acho esse "e dos helicópteros" fantástico. E não pude deixar de comparar essa passagem, em especial o das crianças nuas, entre os arbustos de flores, com a imagem do riso infantil atrás das ramagens na poesia do poeta britânico T. S. Eliot:

Go, said the bird, for the leaves were full of children,
Hidden excitedly, containing laughter.

(de Burnt Norton, parte I)

No poema, a imagem das crianças contendo o riso costuma ser interpretada como uma metáfora dos primórdios da humanidade. No contexto do poema, de uma devastação total e apática das coisas, o riso dessas crianças acaba sendo irônico, mordaz: elas estão rindo do que a humanidade se tornou. É como se um empresário de sucesso, mas infeliz, pudesse se encontrar com a criança que ele foi, aquele menino alegre, e esse menino simplesmente começasse a rir de desdém.
 
Última edição:
No terceiro capítulo achei muito interessante a maneira como Huxley apresenta várias cenas acontecendo ao mesmo tempo, a troca de confidências entre Lenina e sua amiga Fanny, Bernard Marx conversando com seu colega, Sua Fordeza Mustafá Mond com os estudantes, etc.

Não sei se os demais foristas gostaram desse jeito de narração.

Cheguei no final do terceiro capítulo hoje, Spartaco.

E realmente essa parte é genial.
Começa com o administrador explicando como era a vida antigamente e o diálogo entre Fanny e Lenina, aí vai tudo misturando e crescendo: o pensamento contrariado do Marx, a conversa fútil das moças, as frases repetidas para as crianças que dormem.
Muito bom mesmo!
Estou adorando a narrativa do Aldous Huxley. :yep:


Outra parte que só dei uma passada de olhos mesmo, e que vi que vocês já abordaram, é a parte da educação das crianças. Também fiquei chocado quando li com esse tratamento com base em eletrochoques... Se bem que o tratamento de ensino durante o sono é também muito violento. Estão usurpando, meio que literalmente, os sonhos dessas crianças. Como disseram:

É de quando tem uma voz dizendo pras crianças Delta etc que elas são estúpidas e são burras...

E pensar que esse tipo de coisa não é tão irreal quanto se pensa, não é mesmo? Quantas crianças não cresceram ouvindo de seus pais, professores, dos adultos que são burras, que isso, que aquilo, simplesmente porque elas não se encaixavam, não se adaptavam a UMA forma específica de aprender? A uma forma que não engloba as múltiplas possibilidades de aprendizado? Uma forma "imperfeita e global", que "não pode proporcionar as distinções mais sutis, não pode inculcar os padrões mais complexos de comportamento", mas tão somente "palavras sem raciocínio"?

Então.
Aí é que está.
E talvez seja tão chocante porque a gente sabe que, de certa forma, essas coisas acontecem em nosso tempo, no dia a dia.

Claro que no livro é tudo elevado à décima potência, mas veja o caso da pessoas destinadas à determinadas castas que são criadas através de diminuição do oxigênio e têm elementos adicionados ao sangue quando ainda são fetos.
Está provado que se uma gestante (e/ou uma criança, quando ainda bebezinho) não tiver os nutrientes necessários para o desenvolvimento físico e mental do feto, no futuro a criança terá dificuldades de aprendizado e problemas físicos e até neurológicos.

Não disponibilizar um acompanhamento e prevenção durante a gravidez e a primeira infância não é, de certa maneira, um meio de criar "castas" já que as pessoas que nascem e crescem nesse meio terão muitas dificuldades no futuro?
Sem esquecer o acesso ao conhecimento e educação que as pessoas de classe mais baixa raramente têm, ou quando têm é sempre permeado de dificuldades as mais duras e diversas como: começar a trabalhar logo cedo, ainda na infância ou adolescência (geralmente trabalhos braçais e cansativos, com longas jornadas); moram em periferia de grandes cidades, em lugares insalubres; alimentam-se mal; não têm acesso a boa assistência médica; escolas públicas com ensino de péssima qualidade, e por aí vai.
A base do desenvolvimento é prejudicada desde cedo.

E parece que tudo naquele "Admirável Mundo" é voltado para o consumismo.
No nosso mundo não ouvimos durante o sono "adoro roupas novas" ou "adoro andar de avião" nós ouvimos isso o tempo todo! Acordados!
Nas ruas, na TV, no rádio, no cinema, na escola, na internet, no ambiente de trabalho...
Até a religião, em muitos casos, virou consumismo. =/
(Casar ou batizar uma criança na igreja Y é mais chique do que na igreja X; vestidos de noiva caríssimos que só serão usados uma vez; casamentos com festas de arromba onde os noivos gastam os tubos, etc.).

No Admirável Mundo de Huxley não existe imaginação, romantismo e nem infância.
O puxasaquismo está mais vivo do que nunca, as mulheres ainda são tratadas como objeto e muitas acham isso o máximo (wtf uma "garota pneumática"? :blah: ).

Eles não têm religião nem Deus, mas têm Ford.
Qual a relação disso com o Ford que conhecemos, e que também foi o criador do Ford T?
Ainda não entendi essa referência.

Bernard Marx detesta tudo isso e parece que será o herói da história.
Parece que ele é o revolucionário, mas é evidente que está apaixonado pela linda e fútil Lenina.
Fútil, que não se importa (parece que até gosta) de ser vista como um pedaço de carne, mas muito linda.
Claro que Bernard Marx não ia se apaixonar por uma moça feia como ele ou de casta mais baixa, né? :roll:

(Revolucionário meu koo.)
 
Então, como Bernard Marx é parecido com a gente, não?

Sabe que algo está errado no mundo em que vive mas não exatamente o quê, e mesmo que soubesse, teria coragem de abandonar aquilo tudo em troca de uma vida "mais verdadeira"?

Passa os dias mergulhado na autocomiseração e revolta muda com uma sociedade na qual se acomodou e está tão inserido e é tão dependente dela quanto a Lenina.
Aliás, eu não sei quem é mais irritante, a Lenina repetindo aquelas frases feitas ("estou tão feliz de não ser uma ípsilon!" :blah: ) ou a pose pseudo-revoltada do Bernard Marx querendo ser "iconoclasta" e "irreverente" ao mesmo tempo que se preocupa com o quanto vai gastar por ter deixado a torneira de perfume aberta, além de ficar com o cu na mão ao saber que provavelmente será transferido pra Islândia.

E, que engraçado, eu imaginava que aquela moça havia deliberadamente "se perdido" no mundo dos selvagens.
Tipo alguém que havia se cansado da vida artificial e, a contrário do bunda mole do Bernard Marx, resolveu viver com os selvagens e ser um ser humano verdadeiro.

Mas não foi nada disso.
Como é triste a vida daquela mulher, Linda, e seu filho, John. =(

Uma coisa bacana no livro está sendo descobrir os nomes dos personagens, todos nomes de figuras famosas ligadas aos mundos da ciência, do comunismo, totalitarismo e do capitalismo.

Ford, Rothschild, Hoover, Helmholtz, Deterding;

Marx, Bakunin, Lenin, Bradlaugh, Benito.

Alguém descobriu mais dessas referências?
 
Uma coisa bacana no livro está sendo descobrir os nomes dos personagens, todos nomes de figuras famosas ligadas aos mundos da ciência, do comunismo, totalitarismo e do capitalismo.

Ford, Rothschild, Hoover, Helmholtz, Deterding;

Marx, Bakunin, Lenin, Bradlaugh, Benito.

Alguém descobriu mais dessas referências?

Realmente também achei muito bem bolado os nomes dos personagens; até Benito Mussolini, que no início de sua vida política era socialista, foi "homenageado".
 
Clara, eu ia fazer exatamente a mesma observação que você sobre o nome das personagens. Mas vou me ater ao que você disse num post anterior:

Bernard Marx detesta tudo isso e parece que será o herói da história.
Parece que ele é o revolucionário, mas é evidente que está apaixonado pela linda e fútil Lenina.
Fútil, que não se importa (parece que até gosta) de ser vista como um pedaço de carne, mas muito linda.
Claro que Bernard Marx não ia se apaixonar por uma moça feia como ele ou de casta mais baixa, né?

(...)

Aliás, eu não sei quem é mais irritante, a Lenina repetindo aquelas frases feitas ("estou tão feliz de não ser uma ípsilon!") ou a pose pseudo-revoltada do Bernard Marx querendo ser "iconoclasta" e "irreverente" ao mesmo tempo que se preocupa com o quanto vai gastar por ter deixado a torneira de perfume aberta, além de ficar com o cu na mão ao saber que provavelmente será transferido pra Islândia.

Não é irônico isso? E isso lembra, de certo modo, o próprio Marx... Alguns pensadores modernos, como Slavoj Zizek, acusam a obra marxiana de não ser revolucionária o suficiente. Marx analisou magistralmente o capitalismo, mas possui falhas graves ao propor um conceito de superação do mesmo. Ele é iconoclasta, e eu diria até mesmo que é irreverente (basta ler obras dele [e do Engels] como "A Ideologia Alemã"), mas parece ir até aí. "Só isso".

E a Lenina... Ah, aí a crítica é mais pro lado do Lênin, né? O fato da Lenina só repetir uma coisa, só bater na mesma tecla, não seria justamente o erro do pensamento leniniano? O de ter se baseado "apenas" (entre aspas pois não foi assim, literalmente) no pensamento marxista?

Outra passagem interessante, com cutucadas a fundo da Revolução Russa, foi essa aqui, no capítulo 3:

-- Como você se chama?

-- Polly Trotsky.

-- É um nome excelente, disse o Diretor. Agora corra e vá ver se encontra outro menino para brincar.

A menina fugiu saltando entre os arbustos até se perder de vista.

Qualquer pessoa que conhece um mínimo da vida do Trotsky sabe ver o gritante que essa cena, tão pequena, mostra...

Outra passagem que achei interessante, ainda no capítulo 3:

Lar, lar -- alguns quartos exíguos e sufocantes (...); uma prisão sem condições de esterilidade; escuridão, doença, mau cheiro.

(...)

Lenina saiu do banho, enxugou-se, pegou um longo tubo flexível ligado numa parede, colocou o bocal no peito como se pretendesse suicidar-se, apertou o gatilho. Uma onda de ar tépido empoou-a com o mais fino talco. (...)

Na perspectiva apocalíptica e desolada de Huxley, dá pra dizer que Lenina não se suicidou? Considerando que a vida no Admirável Mundo Novo é uma morte a cada dia... a preparação para a vida é a preparação para a morte. Talvez seja algo parecido com a vida de alguém que convive com seu estuprador. Acordar todos os dias, se arrumar, isso tudo num lar "tão sujo psíquica quanto fisicamente"... A comparação não me parece tão fora da realidade do texto -- pois o que dizer dos Substitutos de Gravidez?

Gostaria de citar mais uma passagem, sobre essa coisa do lar:

O lar era tão sujo psíquica quanto fisicamente. Psiquicamente, era uma toca de coelho, um monturo, fervente de atritos da vida apertada e amontoada, enfumaçado pelas emoções. Que intimidades sufocantes, que relações perigosas, insanas, obscenas entre os membros do grupo familiar!
 
Não é irônico isso? E isso lembra, de certo modo, o próprio Marx... Alguns pensadores modernos, como Slavoj Zizek, acusam a obra marxiana de não ser revolucionária o suficiente. Marx analisou magistralmente o capitalismo, mas possui falhas graves ao propor um conceito de superação do mesmo. Ele é iconoclasta, e eu diria até mesmo que é irreverente (basta ler obras dele [e do Engels] como "A Ideologia Alemã"), mas parece ir até aí. "Só isso".

Muito boa essa observação.
Marx fez a teoria mas a prática não, já que sempre esteve inserido no mundo burguês. :yep:


Outra passagem interessante, com cutucadas a fundo da Revolução Russa, foi essa aqui, no capítulo 3:

-- Como você se chama?

-- Polly Trotsky.

-- É um nome excelente, disse o Diretor. Agora corra e vá ver se encontra outro menino para brincar.

A menina fugiu saltando entre os arbustos até se perder de vista.

Qualquer pessoa que conhece um mínimo da vida do Trotsky sabe ver o gritante que essa cena, tão pequena, mostra...

Sei pouca coisa da vida do Trotsky...
O que essa cena mostra? :pipoca:
 
http://blogdozepaulo.blogspot.com.br/2009/02/stalin-x-trotsky.html
Nesse link tem uma história resumida da rixa Stálin vs. Trostky. Basicamente, o Trotsky foi um dos pioneiros na Revolução Russa, e, após a morte do Lênin, era tido como o preferido pra continuar a gestão da revolução. Só que o Stálin deu um jeito de pegar a dianteira e assumir as rédeas. Só que como o Trotsky defendia ideais diferentes (era mais próximo da concepção marxista), o Trotsky foi sendo isolado na URSS até ser expulso.

Foi morto no México, ao que tudo indica por mandado do Stálin...

No link que passei mostra também como o Stálin buscou apagar o Trotsky da história. Acho uma coisa ainda mais brutal que a morte física... Não sei se o Huxley aborda muito disso; tenho a ligeira impressão de que esse tema de apagar a história (pois apagar a história é apagar o presente e inviabilizar o futuro) foi tratado pelo Orwell.

Então essa coisa da Polly Trotsky se enveredar no meio dos arbustos até se perder de vista... É o que, no final, o Stálin queria fazer com Trotsky. Não apenas matá-lo, mas torná-lo uma mancha estranhamente invisível até que o perdêssemos de vista.
 
No link que passei mostra também como o Stálin buscou apagar o Trotsky da história. Acho uma coisa ainda mais brutal que a morte física... Não sei se o Huxley aborda muito disso; tenho a ligeira impressão de que esse tema de apagar a história (pois apagar a história é apagar o presente e inviabilizar o futuro) foi tratado pelo Orwell.

O Stalin apagava o Trotsky até das fotos, o safado! :lol:

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E os selvagens, hein?

Alguém tem alguma teoria do porque eles ainda existem naquele mundo?

Eu sou da opinião de que eles sobrevivem daquela maneira primitiva (propositadamente na pobreza, doença e imundície) para mostrar às pessoas do novo mundo como a vida era ruim e impedi-los de ter "ideias" pra tentar, de alguma maneira, mudar a sociedade.
"Agora sim somos todos felizes".
 
Admirável Mundo Novo é um dos meus livros favoritos, acho que vou reler para poder participar mais ativamente. Até porque gostaria de discutir do meio para o final, quando chega a parte do "selvagem".

Achei interessantíssimo essa questão dos nomes, nunca havia me ocorrido.


Eles não têm religião nem Deus, mas têm Ford.
Qual a relação disso com o Ford que conhecemos, e que também foi o criador do Ford T?
Ainda não entendi essa referência.

Ford foi o criador do sistema de produção em massa revolucionando a indústria automobilística, no universo do livro as pessoas são "fabricadas" através desse mesmo modelo. O tempo o autor nos fala da desumanização, tudo nesse universo é mecânico e impessoal. Não há espaço para sentimentos, pois esses carregam em si instabilidade e o impulso da mudança. Por isso bebê produzidos em linha de produção condicionados a cumprirem seus papéis socias, a ojeriza ao conceito materno, a proibição do amor e a estimulação do sexo. Não existe ligação entre os indivíduos que se enxergam como objetos de consumo. Coroando tudo isso, temos o Soma que funciona como uma castração química. A ferramenta de controle final. A capa da edição que eu tenho mostra uma linha de montagem.

ADMIRAVEL-MUNDO-NOVO.jpg

Bernard Marx detesta tudo isso e parece que será o herói da história.
Parece que ele é o revolucionário, mas é evidente que está apaixonado pela linda e fútil Lenina.
Fútil, que não se importa (parece que até gosta) de ser vista como um pedaço de carne, mas muito linda.
Claro que Bernard Marx não ia se apaixonar por uma moça feia como ele ou de casta mais baixa, né? :roll:

(Revolucionário meu koo.)

Bernard Marx não detesta tudo isso, o que ele detesta, ao meu ver, é o fato de ser diferente fisicamente, o que o faz se sentir inferiorizado, não conseguindo por isso se encaixar adequadamente na esfera social a que pertence.

Lenina ainda é o padrão feminino ideal em nossa própria sociedade. Um caso recente que serve de exemplo: Mulheres aprendem a "desmunhecar" em curso para "atrair partidão"

Para a psicóloga Ana Letícia Pereira, 30, o capítulo foi bastante proveitoso. Ela acredita que perdeu um partidão por ter feito um pedido diretamente para o garçom durante um jantar. "Demonstrei ser independente demais."

O que se fala à mesa também é importante: nada de tagarelar sobre trabalho. "Deixe esse assunto para eles, que já se sentem muito inferiorizados", ensina.

As magnéticas são maleáveis, "batem cabelo" (jogo de cabeça para os lados), quebram os pulsos (sim, desmunhecar) e movem os quadris enquanto conversam.

Quem quer relacionamentos duradouros não deve transar na primeira noite, e o homem é quem paga o primeiro jantar. Mas a magnética também pode ser ousada e ligar no dia seguinte para agradecer o passeio.
 

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