Gildor disse:
Vou tentar ser mais simplista: por que no caso de Gandalf, dos anões, de Laracna, dos Noldor,
fly deve ser interpretado como
fugir e quando é com os Balrogs vocês querem que
fly seja
voar? É bastante cômodo pensar assim, não é?
Meu.... hehehehe... a gente tá meio que dando voltas.... como eu já disse antes pra vc eu até admito que os Balrogs descritos nos primeiros anos pelo Tolkien poderiam ter sido visualisados sem asas e sem a habilidade de voar. Mas contrastando com o detalhismo e a vividez que o cara relatava os fatos e descrevia os seus personagens, os cuidados que ele teve com os Balrogs foi quase zero a ponto de não se poder afirmar se ele era muito muito alto ou só alto, se ele era escuro ou de sombras, ou se tinha chifres ou rabo, forma humana ou só humanóide, ou se tinha garras e dentes e fogo saindo pelas cabeleiras ou asas. As informações sobre a verdadeira aparência dos Balrogs nunca são específicas.
A única vez que ele nos dá um vislumbre relativamente detalhista desses seres é quando nós somos confrontados diretamente por ele em Moria. Aquele Balrog é o Balrog oficial já que aquele texto foi o texto que ele aprovou e publicou. Então assim como em muitos pontos ao longo de toda a história, ele teve que adaptar seus escritos prévios para a realidade criada por ele em o Senhor dos Anéis. Infelizmente ele não era perfeito e muitas inconsistências existem sim.
Agora eu não acho que eu é que esteja em uma posição confortável. Na verdade acho que é exatamente o contrário. Vc é que está muito confortável pois existe uma série de textos que falam sobre os Balrogs (textos escritos por Tolkien antes de seu SdA) aonde não existem menções sobre asas, ou velocidade alada, ou tempestade de fogo. Essas metáforas, que vc diz serem tão comuns, nunca foram utilizadas por ele para descrever os Balrogs até aquele ponto. Então com base nisso vc simplesmente assume que eles não tinham asas porque existem mais provas (sim existem mesmo) quanto a isso mesmo apesar da descrição vívida e sob certo ponto de vista óbvia que ocorre no SdA. Confortabilíssimo.
O estilo de Tolkien era rabiscar em algum lugar (pra não esquecer) futuras alterações ou versões diferenciadas pra determinadas passagens dos seus textos. Se ele queria abrir caminho pra uma dualidade desse tamanho, ficou só na cabeça dele, e eu não acredito nisso. Ele não deixaria de ter escrito uma notinha sequer sore o assunto.
Existem muitas incongruências nas obras dele (Glorfindel, orcs, animais inteligentes, dentre outros), mas eu concordo que era do feitio dele deixar alguma nota quanto a uma mudança desse tipo, a não ser que a mudança dele tenha sido tão óbvia (como acho que foi) que ele tenha achado que não era preciso isso.
A única coisa certa que nós temos é que o Balrog de Moria tinha algum tipo de asa feita de sombra ou sombra em forma de asa que não era uma sombra no sentido físico da palavra mas sim uma verdadeira extensão de seu corpo. Magia. Eu acho que o uso repetido, na mesma frase, de metáforas "aladas" (de asas) dá uma indicação óbvia que aquilo era mais do que uma sombra. Caso contrário Tolkien seria um péssimo escritor com muita falta de imaginação pra ficar usando o mesmo truque descritivo.
Pode até ser que eu esteja errado mas pra mim existe uma grande diferença entre o Balrog descrito em Moria e os Balrogs falantes e andantes e cavalgantes da Primeira Era. Não que isso tenha sido um erro de criação do Tolkien, mas sim parte de um processo criativo não terminado.