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Confessionário literário

  • Criador do tópico Criador do tópico Haleth
  • Data de Criação Data de Criação
Será que eu devo arriscar confessar que muitas vezes eu gosto mais da literatura moderna e contemporânea do que da clássica? :tsc: Mas por outro lado eu não preciso pedir desculpas por gostar do que eu gosto. Entendam, muitas obras clássicas tem um ritmo diferente daquelas de hoje em dia, e eu sempre preferi uma leitura mais leve (que é uma característica também presente em algumas obras clássicas, mas não tantas).
 
estava pensando nisso dia desses. tenho lido muito mais contemporâneos, e agora relendo o machado pra aula comecei a ficar nessas de "puxa, tem tanto clássico que ainda não li, tinha que ler mais clássicos", mas aí sempre sai livro novo e aaaargh
 
A cultura muda, assim como a literatura. Tem formas de se narrar uma história que na época em que foram escritas eram inovadoras mas que pra nós às vezes não tem nada demais ou são simplesmente chatas. Às vezes também acontece de obras antigas conterem referências a eventos históricos e personagens públicos que nós não conhecemos e, portanto, não entendemos tais referências. Isso sem falar em formas de humor que nós não achamos mais graça etc.
Daqui 150 ou 200 anos suponho que as pessoas vão achar estranha a literatura da nossa época.

Mas o principal motivo por eu preferir romances contemporâneos (assim como poesia) é porque acho uma literatura mais fluida, sem arcaísmos ou exageros. Claro que existem exceções, mas de maneira geral eu tenho que fazer um esforço mental pra ler os livros antigos, enquanto que os modernos eu leio de forma mais tranquila.
 
Última edição:
Confesso que eu já esperava que a leitura de cabo a rabo da Bíblia seria chata, mas não tanto! Tô cobiçando a última folha do Velho Testamento mais do que Gollum cobiçava o Anel.
 
Confesso que eu já esperava que a leitura de cabo a rabo da Bíblia seria chata, mas não tanto! Tô cobiçando a última folha do Velho Testamento mais do que Gollum cobiçava o Anel.
Seria melhor ter começado pelo Novo Testamento. :g: Não é uma boa ideia ler de capa a capa na ordem "normal".
 
Seria melhor ter começado pelo Novo Testamento. :g: Não é uma boa ideia ler de capa a capa na ordem "normal".
Sim, eu já vi que a leitura do Novo é bem mais agradável, mas tenho tique de começar pelo "meio". :dente: E de qualquer forma é algo que eu sempre quis fazer. Mas livros como Salmos e Provérbios eu fiz aquela leitura dinamicona mesmo.
 
Sim, eu já vi que a leitura do Novo é bem mais agradável, mas tenho tique de começar pelo "meio". :dente: E de qualquer forma é algo que eu sempre quis fazer. Mas livros como Salmos e Provérbios eu fiz aquela leitura dinamicona mesmo.
Não só por ser mais agradável, mas porque cada livro da Bíblia tem um objetivo diferente. O Pentateuco (os cinco primeiros livros) não são simplesmente lidos pelos judeus de uma vez só, como se fosse um romance. Esses livros foram feitos para ser lidos de pouquinho em pouquinho (a parsha diária) acompanhados de comentários que registram a tradição oral. Ler só a Bíblia isoladamente sem a explicação é dificílimo e não se entende quase nada. E o mesmo vale no caso do Novo Testamento, só que aí na visão cristã ao invés da judaica (pois o Novo Testamento não faz parte da Bíblica hebraica, só da cristã).
 
Não só por ser mais agradável, mas porque cada livro da Bíblia tem um objetivo diferente. O Pentateuco (os cinco primeiros livros) não são simplesmente lidos pelos judeus de uma vez só, como se fosse um romance. Esses livros foram feitos para ser lidos de pouquinho em pouquinho (a parsha diária) acompanhados de comentários que registram a tradição oral. Ler só a Bíblia isoladamente sem a explicação é dificílimo e não se entende quase nada. E o mesmo vale no caso do Novo Testamento, só que aí na visão cristã ao invés da judaica (pois o Novo Testamento não faz parte da Bíblica hebraica, só da cristã).
É isso, talvez eu devesse ter pegado essas dicas antes.
 
É isso, talvez eu devesse ter pegado essas dicas antes.
O Talmude é a coletânea de livros judaicos onde está registrada a tradição oral com comentários e explicações de cada versículo. No cristianismo há também comentários da Igreja Católica que é quem explica o significado de cada passagem. No caso da tradição protestante há também comentários, mas eles dão menos ênfase pra esse tipo de coisa e focam mais só no texto, mesmo, sem se ligarem tanto assim na tradição oral.

E só pra deixar claro: independentemente da pessoa ser religiosa ou não, as histórias da Bíblia contêm um profundo simbolismo que simplesmente não é captado com uma leitura superficial. Se você ler alguns bons comentários vai se impressionar com o conteúdo do texto (independente de você acreditar ou não se o texto é de origem divina). Há passagens onde você não entende qual é o ponto de tudo aquilo (principalmente genealogias e leis ritualísticas na Torá), mas a verdade é que é tudo carregado de significados profundos.
 
Confesso que uma das piores coisas que fiz neste ano foi reler "As Bruxas de Salém". É uma peça brilhante, mas, salvas as devidas questões contextuais, é muito real, é muito visceral, e eu não estou num bom momento para lidar com isso. Além de ser uma alegoria do Macartismo, a peça choca (e dessa vez, me chocou ainda mais) por retratar os perigos de um processo penal pautado na delação, em que não há distinção entre justiça humana e julgamento religioso. Extrapolando os limites do texto, eu considero a Abigail como uma alegoria das redes sociais (sim, estou sendo anacrônica, mas tô tentando tornar claro o quanto foi difícil reler essa obra), o ponto chave para o desencadear de uma histeria coletiva fodida. Enfim, "A história se repete. Primeiro, como tragédia. Depois, como farsa" e a literatura é o que fica, tanto de uma quanto de outra.
 
Confesso que uma das piores coisas que fiz neste ano foi reler "As Bruxas de Salém". É uma peça brilhante, mas, salvas as devidas questões contextuais, é muito real, é muito visceral, e eu não estou num bom momento para lidar com isso. Além de ser uma alegoria do Macartismo, a peça choca (e dessa vez, me chocou ainda mais) por retratar os perigos de um processo penal pautado na delação, em que não há distinção entre justiça humana e julgamento religioso. Extrapolando os limites do texto, eu considero a Abigail como uma alegoria das redes sociais (sim, estou sendo anacrônica, mas tô tentando tornar claro o quanto foi difícil reler essa obra), o ponto chave para o desencadear de uma histeria coletiva fodida. Enfim, "A história se repete. Primeiro, como tragédia. Depois, como farsa" e a literatura é o que fica, tanto de uma quanto de outra.

também reli este ano sentindo as mesmas porradas. e dia desses, logo depois que saiu aquele discurso de "petralhada, vcs vão todos para a ponta da pedra", lembrei de um trecho da introdução ao primeiro ato e joguei lá no meu tumblr.

http://hellfireclub.tumblr.com/post/179389284748/the-witch-hunt-was-not-however-a-mere

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ontem eu tive uma aula linda sobre esaú e jacó. eu acho que é um livro maizomeno do machado (pelo menos se for comparar com memórias póstumas), mas a aula do meu professor foi um negócio espetacular, porque ele chamou a atenção para um monte de ponto que ainda é atual. o principal, e a frase eu até anotei no caderno porque né "o tempo passa mas não se acumula experiência histórica". e é isso. vamos cometendo os mesmos erros.

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PS: amo muito o arthur miller, queria que ele estivesse vivo e fosse meu melhor amigo. :~~
 
ontem eu tive uma aula linda sobre esaú e jacó. eu acho que é um livro maizomeno do machado (pelo menos se for comparar com memórias póstumas), mas a aula do meu professor foi um negócio espetacular, porque ele chamou a atenção para um monte de ponto que ainda é atual. o principal, e a frase eu até anotei no caderno porque né "o tempo passa mas não se acumula experiência histórica". e é isso. vamos cometendo os mesmos erros.
Lembrei dessa citação:
"We learn from history that we do not learn from history". - Georg Hegel
 
Confesso que estou feliz em saber que as Crônicas Eletrônicas de Bêda Marques, até então diluídas em pílulas em algumas edições da antiga publicação Aprendendo e Praticando Eletrônica, além de outras que nunca foram publicadas serão finalmente reunidas num único livro. Desde a sua morte em 2004, era um desejo antigo de seus leitores e fãs um livro que reunisse tudo, já que era um das poucas pessoas que escrevia sobre eletrônica, de uma forma nada técnica e sim romantizada, poética bem leve e divertida. Até quem não tinha a menor afinidade com o tema acabava amando suas crônicas.
 
Confesso que, apesar de fascinado por Conan Doyle, tenho me irritado profundamente com a sua deficiência, ou preguiça, ou desprezo, para elaboração de personagens femininas. Você lê uma série de contos de Sherlock Holmes e tem a impressão de que a mulher - sempre única - que figura em cada um deles é a mesmíssima. Todas as moças que adentram a Baker Street 221B são extremamente belas, graciosas, emotivas, vulneráveis. Todas impressionam Watson por sua formosura. Todas fazem alguma súplica dramática: "Oh, Sr. Holmes!..." Talvez fosse o estilo da época: o romantismo da mulher indefesa dos Faroestes. Mas acho que transparece ligeiramente a opinião do autor sobre os únicos atributos valiosos em personagens femininas - não que seja isso que me incomode: não concordo com uma imposição do "politicamente correto" na literatura, como se o autor devesse rever ou suprimir os seus preconceitos; o problema é que as histórias realmente perdem muito com essa limitação. E nossa, como é irritante.
 
Última edição:
Confesso que acho Virginia Woolf um porre de chato. Comprei dois livros della, e só não me lhes desfaço porque a edição é bem bonita hehe
Confesso tambem que li as cento e poucas primeiras paginas de O Som e A Furia, igual um louco (igual o narrador na historia), numa sentada só, mas, acabado a narração retardada daquele doente mental e normalizando tudo, achei mais porre de chato do que a Woolf e larguei hahaha
** Posts duplicados combinados **
Confesso que eu já esperava que a leitura de cabo a rabo da Bíblia seria chata, mas não tanto!
Tem umas partes chatas mesmo (a da Lei e a das genealogias). Mas Genesis é interessante, e os livros de historia mesmo. É daora ir conectando os ponctos, Abraham que fez Ismael (de quem os arabes descendem, segundo o Lore haha) e Isac. Isac faz Jacob, que teve o nome mudado para Israel, e teve doze filhos, as doze tribos. Ahi vem a historia de Joseph; os hebreus se mudam para o Egipto, são escravizados, vazam de lá, etc. Instituem um Rei, Saul; elle faz merda, trocam de Rei: David. David mata um de seus generais pra pegar a mulher delle; dessa mulher, Batseba, nasce Salomão, e como punição de tal pecado, um dos filhos de David, o primeiro da linhagem que tinha direito ao trono, estupra a propria irmã. Depois, rola uma treta doida; as tribos se desfazem, e resta a de Judah, da qual se originam os judeus.
Tem ares de epopéa, amigo.
 
Última edição:
Confesso que nunca li a Bíblia, o Corão, o Mahabarata, a Kalevala, as Mil e Uma Noites, Sêneca, Ovídio, Boccaccio, Cervantes, Milton, Tasso, Ariosto, Corneille, Villon, Johnson, Sterne, Austen, Brönte, Camilo, Herculano, Lope de Vega, Dumas pai, Dumas filho, Hugo, Tchekhov, Dickens, Mann, Joyce, Woolf, Pound, Verne, Baudelaire, Rimbaud, Apollinaire, Yeats, Auden, Coleridge, Wordsworth, Wittman e mais uns mil nomes que eu gostaria. :timido:
 

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