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Confessionário literário

  • Criador do tópico Criador do tópico Haleth
  • Data de Criação Data de Criação
mas toda hora quando estava prestes a acontecer um momento importante ele interrompia a narrativa para discorrer sobre o povo local ou o interior de um estabelecimento e suas regras...
Essa parece ser uma constante nas suas obras.

No meu caso, eu acho que tinha mais paciência quando era mais novo.
 
Tava comentando esses dias no Twitter que é estranho a crítica condenar a literatura de autores como Irving Wallace, Arthur Hailey, James Clavell, James Michener etc. enquanto elogia Victor Hugo sem questionamentos. É claro, não vou dizer que o que eles realizam seja comparável, pois para cada 50 páginas de descrição do esgoto de Paris, há uma imagem dramática belíssima. Mas no fim da contas são todos autores que miram em serem devorados e vendidos — incluindo Hugo.
 
A gente sabe que o "travamento" para ler não é coisa boba quando se dá conta de que parou de comprar livros! Sim, quando estou lendo, ativamente, ignoro a pilha de livros por ler e compro algum que me desperta o interesse. Acontece que, ultimamente, não apenas não tenho conseguido ler, como também não tenho conseguido me empolgar com nenhuma sinopse.​
 
Confesso que fico chateada, triste mesmo, quando quero muito ler um livro e quando consigo vejo que ele não era nada do que esperava.
"Senhorita Smilla e o Sentido da Neve" é o atual dessa categoria.
Descobri que ele existia no anos 1990 (!) através da adaptação pro cinema, o filme foi lançado na mesma década e me chamou a atenção por causa do Gabriel Byrne, por quem era apaixonada. Por razões que não lembro, não assisti o filme, e o livro, da Cia das Letras, era inviável de caro e acabou que os anos se passaram, viraram décadas e livro e filme caíram no esquecimento.
Recentemente, passeando por um sebo virtual, me deparei com um exemplar bem baratinho e comprei, toda esperançosa.
A história começa bem, o garotinho amigo da protagonista (a senhorita do título) morre logo nas primeiras páginas, ela desconfia das circunstâncias e parte em busca da verdade.
Aí começa a enrolação. Páginas e páginas de encheção de linguiça.
A tal ponto que a gente chega a esquecer o que afinal de contas aquela moça tá fazendo ali, interagindo com personagens estranhíssimos e correndo risco de vida. Ah, é verdade, uma criança morreu, provavelmente foi assassinada. :neutral:
Fiquei com a impressão de que, antes de escrever a história, o autor (Peter Hoeg) fez uma pesquisa extensa e complicada sobre assuntos tão diversos como povos originários da Groenlândia, clima polar, expedições científicas, navios da marinha mercante, medicina, espionagem, investigação policial, cristianismo e contabilidade (!) e, não tendo onde enfiar tanta informação, foi criando personagens que pudessem dar voz aos seus conhecimentos.
Resumindo, uma encheção de saco infinita.
E agora estou naquele dilema de leitor, abandono de vez ou sigo em frente já que estou um pouquinho além da metade do livro?
 
A história começa bem, o garotinho amigo da protagonista (a senhorita do título) morre logo nas primeiras páginas, ela desconfia das circunstâncias e parte em busca da verdade.
Aí começa a enrolação. Páginas e páginas de encheção de linguiça.
A tal ponto que a gente chega a esquecer o que afinal de contas aquela moça tá fazendo ali, interagindo com personagens estranhíssimos e correndo risco de vida. Ah, é verdade, uma criança morreu, provavelmente foi assassinada. :neutral:
Você acabou de descrever qualquer videogame de mundo aberto! :rofl: A experiência é sempre essa.
 
Confesso que fico chateada, triste mesmo, quando quero muito ler um livro e quando consigo vejo que ele não era
E agora estou naquele dilema de leitor, abandono de vez ou sigo em frente já que estou um pouquinho além da metade do livro?

Eu nunca abro mão da minha régua de 20 a 25% (min-max) pra qualquer livro. Se não me encanta nessa taxa de amostragem que pra mim é mais que suficiente pro autor mostrar a que veio e se a história é o que prometia, aí nem Deus e nem o capeta me fazem seguir adiante. Que venha o próximo livro, pois a fila de espera precisa andar.
 
Pior é quando empaca nos 50%, aí fica no dilema puts, isso aqui tá um saco, e ainda tem metade. Por outro lado tem o puts, mas eu já li metade, vai que melhora de novo.
 
Pior é quando empaca nos 50%, aí fica no dilema puts, isso aqui tá um saco, e ainda tem metade. Por outro lado tem o puts, mas eu já li metade, vai que melhora de novo.

passou de 50% eu termino, mas se em 30% não rolou o tcham eu largo sem dó.

(quer dizer, um pouco de dó pelo tempo perdido. quando estou empacada nas leituras normalmente é porque coleciono leituras de 30% que dariam um catatauzão.)
 
Nem sei se aqui é o tópico ideal para eu falar sobre a minha inquietação, mas confesso que, após começar a ler Fogo & Sangue, fiquei bastante triste de a série House of the Dragon não ter começado em "O Reinado do Dragão: As guerras do rei Aegon I". Gente, é sensacional ver o quanto o povo de Dorne é astuto e consegue vencer batalhas contra um povo que tem dragões e TODOS OS OUTROS SEIS REINOS DE WESTEROS. Sim, só Dorne não se submeteu ao rei Aegon, e não se submeteria por mais um século. Claro que os Targaryen não deixam por menos, o que faz com que a leitura fique extremamente prazerosa. Sério, não sei se o livro todo será assim (provavelmente, não será. Acho que algumas partes serão insuportavelmente chatas), mas estou amando essa parte.​
 
Não li tantas peças assim de Shakespeare, mas meu Deus, como Macbeth tem problemas! É uma peça rica em diálogos, em imagens, mas lendo ela inteira hoje consigo entender porque sempre mudam algo nela. As orientações de cena são vagas ou não fazem muito sentido, o ritmo se perde com cenas desnecessárias, tem falas que são claramente falhas de transcrição, tem mais personagens do que deveria... Creio que muito disso vem das alterações que o próprio autor fez ao longo das apresentações ou das transcrições e mesmo interpolações de quem passou o texto "final" porque o cerne da peça tá bem à vista — tudo gira em torno de Macbeth, Banquo, Lady Macbeth e as Feiticeiras e basta. Jogasse Macduff no final à la Fortinbrás, já que esqueceram de Malcolm e Donalbain mesmo, corta aquele enxerto de Lady Macduff e filho, lança Hécate fora... Macbeth é uma peça que só tem seu potencial extraído de fato quando alguém mexe nela.
 
Nem vem, bicho. :lol:
Eu tenho pra mim que a morte de Lady Macduff e filho e a conversa entre Ross, Macduff e Malcolm — com erros de continuidade, numa tragédia tão enxuta! — foram acrescentadas porque o Jaime I deve ter falado pro Will, "olha, eu até entendo que o vilão dá nome à peça, por isso ele tem tanta cena, e eu sei que você tá tentando puxar o meu saco aqui citando Banquo, Fleance e tal, mas dá pra colocar mais coisa, não?" E o Will deve ter ido pra casa pensando, "filho da p****, não gostou do meu efeito sensacional dos oito reis no caldeirão! Ok, vou dar a ele o que ele quer!" E na montagem final, Jaime deve ter pensado, "melhor eu não falar mais nada. Vai que ele dá mais um número musical a Hécate..."
 
Depois do Tolkien, incluindo os volumes da História da Terra-média, estava pensando em ler C.S. Lewis (a ficção, não as lorotas teológicas), e reler e retomar Bernard Cornwell e até aqueles livros péssimos do Witcher. Mas agora estou pensando em colocar Duna na frente até do Lewis, acho que vai ser uma ponte interessante pra Trilogia cósmica dele.

Tenho negligenciado muito literatura de fantasia, e acho que devia conhecer mais sobre o gênero, depois dos tempos de nerdola de Tolkien.
 
Depois do Tolkien, incluindo os volumes da História da Terra-média, estava pensando em ler C.S. Lewis (a ficção, não as lorotas teológicas), e reler e retomar Bernard Cornwell e até aqueles livros péssimos do Witcher. Mas agora estou pensando em colocar Duna na frente até do Lewis, acho que vai ser uma ponte interessante pra Trilogia cósmica dele.
Cara, eu tô lendo a Trilogia Cósmica do Lewis, e te digo, não tem como ler a ficção dele e não ler a teologia. O Perelandra é um livro em que nada acontece, basicamente, é um longo tratado do Lewis sobre a Queda. Mas os outros dois eu gostei muito.
 
Eu nem sabia que tinha ficção do Lewis para além d'As Crônicas. :dente:

As Crônicas eu li ainda na adolescência. Gostei de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa; de O Cavalo e seu Menino, de O Príncipe Caspian; e de A Viagem do Peregrino da Alvorada (então a minha preferida). Detestei as outras três. E tenho a impressão de que, numa eventual releitura, eu não iria gostar de nenhuma das sete. Mas acho que é um livro que eu não vou reler pra descobrir...
 
Eu não tenho nada contra ler teologia na obra, só espero que não seja uma coisa que diminua o valor literário.

Mas logo terei de interromper isso, pois preciso voltar os estudos de lei judaica pois retomo o processo de conversão mês que vem. Fora a pós que vou ter que fazer em 2023. Não é uma reclamação, adoro ler tratados de opiniões de rabinos se estapeando sobre qual benção correta a se usar quando você vai comer sorvete de casquinha.
 

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