O Nascimento do Nacional Capitalismo no Brasil
29 de outubro de 2018
Fonte:
http://lpbraganca.com.br/
A centralização do sistema presidencialista tem um efeito comum em todos os países que o adota: todos acabam com a real democracia, que é aquela feita no distrito, na comunidade, no município ao alcance do eleitor.
Os modelos presidencialistas existentes nas Américas (EUA incluso) se tornaram democracias de massa. Como chaga desse modelo a opinião pública passa a ser movida por “grandes” pautas nacionais, ou mesmo globais, criadas por grandes grupos de interesse.
Na democracia de massa o eleitor se sente impotente de fazer qualquer diferença. Os problemas parecem ser tão distantes do cidadão comum que suas resoluções também parecem distantes.
Essa emasculação do eleitor frente ao desafio criou os marqueteiros políticos, os partidos políticos, os cabos eleitorais, e é claro, o rádio e a TV como intérpretes das vontades da grande massa. A máquina cria seus próprios líderes: seres polidos pelo sistema de discurso inócuo, mas que se colocam como os únicos capazes de operar a máquina para resolução dos “grandes” problemas.
(Crédito da imagem acima: Gazeta do Povo)
Tempo de televisão dos partidos no primeiro turno da eleição de 2018. Compare o tempo de exposição na TV com o resultado das urnas, exposto abaixo. (Crédito da imagem abaixo: Floresta Notícias)
Esses heróis da máquina são figuras tecnocratas do sistema, altamente alinhados com a oligarquia que comanda a burocracia, já que na visão da democracia de massa somente a máquina conhece e pode reparar ela mesma. O resultado é uma limitação de escolhas que torna a democracia de massa, ao mesmo tempo, em um sistema autocrático e burocrático.
Mas nessa alternância somente entre os representantes capazes de operar a máquina, fiel aos oligarcas, não há mais espaço para a real democracia. Essa sai de cena e dá lugar ao império da democracia de massa, das hordas majoritárias, das grandes mobilizações nacionais.
Como nenhum sistema é perfeito e as deficiências da máquina produzem seus “erros de sistema”, os anti-heróis. Esses aparecem esporádicamente na figura do populista, o destruidor do sistema como um todo. Geralmente esses heróis populistas tem sido mais ditatoriais que a própria máquina que prometiam derrotar: Vargas, Peron, Chavez, Castro, Jango, Allende são nomes que vem em mente. E todos eles são de esquerda.
A exceção recente é o surgimento do herói de direita, que tinha em Trump o único expoente. Para o editor-chefe da revista Breitbart, publicação de destaque da direita americana, Donald Trump encarna o que ele chama de “populista nacional”. Pessoalmente prefiro classificar o presidente americano na categoria “nacionalismo capitalista”, em contra-posição ao nacionalismo socialista dos políticos mencionados anteriormente.
Presidente Donald Trump (Crédito: McLeans)
O nacional capitalismo é algo novo. Estamos trilhando com ele agora no século 21. É um caminho pelo qual o Brasil e todos os países do ocidente que vivem asfixiados pelo socialismo e globalismo devem passar.
Gera um governo reintrincheirado em nação-estado e com disposição mercantilista do século 17 e 18. É um modelo que tem um grau de protecionismo sobre o que é de interesse nacional: coloca nação contra nação na política externa, mas adota-se uma política interna liberal, capitalista.
Em suma o nacional capitalismo é um governo zelador dos interesses da nação no contexto internacional, mas que defende uma economia interna livre, com menos burocracia.
Nacional capitalismo é a versão atualizada do que sempre foi modelo norte americano para o mundo pós-globalismo. E é isso o que o Trump almeja resgatar.
A proposta de Jair Bolsonaro coloca o Brasil em uma política similar, inédita na história nacional recente. No século 20 o país passou pelo nacional socialismo, que defendia o interesse nacional com estatização e aumento do Estado. Agora teremos a política da defesa do interesse nacional através da defesa de empresas privadas, que atuam para trazer recursos do exterior para dentro do país.
O novo governo brasileiro foi eleito pelas comunidades, que enxergaram nas propostas do candidato Jair Bolsonaro uma solução para o problema real. Foram deixados de lados os candidatos da máquina, com as grandes soluções para grandes problemas, ambos distantes da realidade da comunidade. Perderam os marqueteiros, os infindáveis minutos de televisão e a retória populista tradicional. Venceu a real democracia dos distritos cansados da política distante e da burocracia massacrante.
Para finalizar.
Para o Brasil esse modelo é a alternativa para equacionar nossa economia e reposicionar o país no foro global. Um possível subproduto desse sistema menos burocrático talvez seja real democracia.
Sem burocracia massacrante a real democracia, aquela onde as comunidades surgem para resolver seus próprios problemas locais, tem uma grande chance de sucesso. Talvez a única chance de ressurgir no século 21.
O capitalismo só consegue sobreviver sem burocracia massacrante. E disto depende o Brasil.
Autor: Luiz Philippe formou-se em administração de empresas pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP em 1991, fez mestrado em ciência política 1993 pela Stanford University nos EUA e MBA pela INSEAD na França em 1997. Em agosto de 2014 iniciou suas atividades de ativista politico e em fevereiro de 2015 foi co-fundador do Movimento Liberal Acorda Brasil (acordabrasil.org). Foi eleito como deputado federal em 2018.