Se a pessoa entende que outros fatores são mais importantes que a inexistência de uma condenação (seja porque entende isso mesmo, seja porque não acredita no julgamento) ela deve ser considerada bandida? Você entendeu que meu post foi em resposta a essa declaração?
Isso que você mencionou agora foi apenas parte do que foi dito, e uma parte menos relevante, afinal se é ou não é bandida, é só uma expressão verbal superficial do assunto disputadi, é pedante querer fundamentar a discussão em cima disso... É o mesmo que um vegan falar "quem come carne é um assassino de animais" e você, ao invés de discorrer sobre a legitimidade de comer carne (que é a essência da disputa), defender que quem come carne (provavelmente) não foi a pessoa que matou o animal e logo não pode ser uma assassina... A essência da fala do David Hume é que quem vota em bandido (cuja bandidagem é evidenciada na condenação) comete imoralidade, e a essência da refutação é que essa imoralidade é desculpável por motivos utilitários ou é inexistente porque é necessário ir até às últimas instâncias para que seja caracterizada de forma segura a bandidagem do culpado. O primeiro caso é "rouba mas faz", o segundo tentei abordar no parágrafo mais longo do meio do post.
Qual a pauta liberal do Bolsonaro?
Flexibilização da CLT, diminuição de impostos, diminuição de ministérios.... De qualquer forma, achei a pergunta um tanto quanto deslocada, já que não quis defender as pautas liberais de Bolsonaro no post. Meramente citei de passagem que votaria no Bolsonaro em certa situação (uma vez que João Amôedo e Flávio Rocha tivessem fora), para em seguida discorrer do porquê de eventualmente achar interessante votar no Alckmin. Bem poderia ser o caso de Bolsonaro não ter nenhuma pauta liberal, e ainda assim ser preferível para os liberais. Do mesmo jeito que, sei lá, um social-democrata é preferível a um comunista, ainda que nenhum dos dois tenham pautas liberais, e liberais mais radicais do alto de sua pureza levantem o nariz para ambos ou possam até acabar involuntariamente beneficiando o comunista. Entre Ciro Gomes e Bolsonaro, acho difícil sustentar que do ponto vista liberal a coisa seja indiferente. Ciro Gomes é um opositor ferrenho do liberalismo. Bolsonaro é, na mais crítica das interpretações, um cara ou coroa a esse respeito.
Mas não é a minha interpretação. Ele é o candidato (com chances plausíveis de vitória e do passado recente) que mais se mostra simpático ao liberalismo. Chegou a afirmar em mais de uma vez que quer como ministro da fazenda o Paulo Guedes, que é um liberal bem estrito. No cenário mais otimista em um governo Bolsonaro, isso se concretizaria e ele deixaria a política econômica na mão do cara. Claro, há várias objeções que podem ser levantadas ao Bolsonaro do ponto de vista do liberalismo, algumas posições antiliberais por parte dele, é possível que seu liberalismo seja fogo-fátuo e no final ele nem se mostre um liberal (ou não dê margem a um ministro liberal). Mas eu aposto que, como ele não manja nada de economia e tem ciência dessa limitação, vai colocar um liberal graúdo e vai interferir muito pouco em seu ministério - ao menos foi isso que indicou até agora, e só dessa indicação existir e esse cenário ser plausível, trata-se do caminho mais esperançoso de vermos uma política econômica mais liberal já em 2019. Afinal, o outro caminho é apostar em Ciro Gomes, na Marina ou no PSDB...! De qualquer forma, não é preciso confiar em minha aposta para votar em Bolsonaro, isso vai ficar mais certo até agosto com o plano de governo e com a indicação de todos os ministros (que ele se comprometeu a estabelecer junto com o plano).
Responda aí: por que Bolsonaro é o menos pior para você?
Aposto que você sabe muito bem, mas tá mais interessado em ter uma oportunidade de prolixar com textão em cima do post alheio do que meramente saber minha opinião.
Aliás, menos pior no fundo não é, dado que votaria no João Amôedo, por exemplo. Se não coloquei a exceção na frase, é (1) devido ao tom mais jocoso e descompromissado dessa primeira parte do post, (2) porque isso fica dito mais tarde no post, (3) assumo o ponto de vista de quem vai anular o voto e não o meu próprio. Até o G. Asaph acima apareceu pra servir de exemplo, tem toda a cara que julgaria o candidato de direita menos pior, mas vai anular o voto...
Um candidato que prega o estupro NUNCA é menos pior.
Concordo. Só não acho que o Bolsonaro se enquadre na frase, por no mínimo três motivos. Em outro tempo perderia meu tempo justificando, mas não vejo motivo para justificar uma tréplica de uma réplica de uma única linha que sequer tenta contextualizar-se ou procurar se adiantar às objeções mais prováveis, desenvolvendo as ideias.