Como vocês sabem (ou não sabem?) eu já fui evangélica, da Assembleia de Deus (sim, eu conheci o Marco Feliciano muito antes de vocês pensarem em conhecê-lo; isso não é um mérito, é um demérito). Uma das coisas de que me lembro, dessa época, é que quando algum irmão ou alguma irmã ficava irritado (a) com alguém, costumava dizer: "Fulano me tirou da graça".
Como vocês também sabem (ou não sabem?), muito antes de ser evangélica, eu fui católica; cresci como católica, e quase fui freira (Clarissa-Franciscana). Embora, há um bom tempo, eu não professe nenhuma religião, não as desprezo, muito pelo contrário; acredito que, de longe, eu consigo visualizar melhor as religiões e aplicar as coisas boas que aprendi com elas (deixem de cinismo! Não me torçam o nariz!) em outros aspectos da vida. Por outro lado, não consigo nem mensurar os estragos que a Culpa Cristã já causou, e continua a causar, na minha vida.
Uma coisa ruim, que também é boa, (BRINCADEIRA, GENTE!) que aprendi com os irmãos evangélicos é a colocar a culpa de tudo no diabo. É mais fácil, né, gente? Assim, ninguém precisa se responsabilizar por nada. Então, eu poderia dizer que a irritação que certos posts deste tópico me causa é fruto de os migos que fizeram tais posts terem sido usados pelo diabo. Mas eu não vou fazer uma crueldade dessas com o diabo. Também não vou permitir que os migos e o seu rancor pela esquerda me tirem da graça. (Cês perceberam que esse parágrafo foi costurado pelos fios da troça, né?)
E, nesse ponto, entra algo que aprendi com o meu neurótico preferido: São Francisco de Assis; vou tentar ser mais compreensiva do que compreendida; onde houver desespero vou tentar enxergar a esperança. E é isso o que eu enxergo quando vejo que, em meio a tanto preconceito, a tanto crime de ódio, tivemos pessoas trans eleitas para a vereança, no país; tivemos o Suplicy, cuja vida foi dedicada à defesa do menos favorecido, sendo eleito com uma votação expressiva; tivemos o Boulos indo para o segundo turno, semeando esperança, não ódio, levando amor onde o ódio tem prevalecido. Eu quero que o Boulos vença, mas todos sabemos que ele já venceu. Ele já mostrou que, embora pareça que está tudo perdido, não está.
Quanto à Manuela, que é a preferida dos desdenhadores de plantão, também acho que ela fez uma campanha bonita e propositiva; concentrada na esperança e na verdade. Vocês sabiam que ela é uma das candidatas que mais têm de lidar com as notícias falsas? Até hoje eu preciso desmentir as mentiras que os ditos cristãos espalham sobre ela, desde 2018, baseados no fato de ela fazer o que Jesus disse para fazermos: amarmos uns aos outros. Repito o que disse sobre o Boulos, ela pode não vencer o pleito eleitoral, mas sempre será uma inspiração por combater, dia após dia, o ódio com o amor.
Não sou uma menininha idealista, embora possa soar como uma, vez ou outra. Sou uma mulher de trinta e quatro anos, e não sou uma pessoa cujo discurso rume, sempre, para a conciliação, não, porque eu acredito que há coisas que são inconciliáveis. E que o irmão Francisco de Assis não me julgue, mas eu não sou, sempre, um instrumento de paz (meu próximo post, neste tópico, pode ser um post típico da Melian: mandando todo mundo para lugares que prefiro não nomear
); mas ter esperança faz parte de quem eu sou. Pensar que as coisas podem melhorar, mesmo que não seja tão rápido quanto a gente quer, é o que faz de mim a mulher que sou; é o que faz com que eu acredite que a vida é luta, mas também é amor.