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Gandalf, pagão ou cristão?

  • Criador do tópico Criador do tópico Schoppen
  • Data de Criação Data de Criação
Realmente, o post é muito comprido... mas ao que me parece, ele perdeu o seu objetivo principal no meio do caminho...xD
Bem, acredito que Gandalf era um mago típico de contos que vemos por aí, o seu esteriótipo, entretanto, afirmar esse tipo de coisa não é o correto, afinal Gandalf era também um mago singular e bem, pagão. Já que o propósito não era discutir a religião e sim o "formato" do mago no livro. Acredito que ele tenha a ver mais com a mitologia nórdica do que com a cristã.

Posso ter falado besteira, mas enfim...
 
Ok, ok. Lembrando que mitologia também era religião. Mas é que começou a se falar sobre outros aspectos das religiões, mitologias e daí o Gandalf ficou de lado... =(
lerei o post completo quando puder para tirar minhas dúvidas.
 
Ok, ok. Lembrando que mitologia também era religião. Mas é que começou a se falar sobre outros aspectos das religiões, mitologias e daí o Gandalf ficou de lado... =(
lerei o post completo quando puder para tirar minhas dúvidas.

Mitologia não é necessariamente religião, religiões são dogmáticas, mitologias não.
 
Mitologia não é necessariamente religião, religiões são dogmáticas, mitologias não.

Sou obrigada a discordar, Morfindel

Os gregos realmente acreditavam em Zeus, Afrodite, Hera, Atena, Eros, Áries, Apolo, etc... eles faziam rituais, rezavam, construiam templos em homenagem aos deuses, estátuas e tudo que se tem direito fazer numa religião.
Mas HOJE nós chamamos a religião deles de "mitologia grega".
Toda religião é baseada em alguma mitologia [inclusive a cristã. Muitas das coisas presentes na bílbia não devem ser interpretadas como acontecimentos literais]. Vide a religião Hindu, politeísta, viva e forte até hoje, na qual acredita-se em um deus com corpo de homem e cabeça de elefante [Ganesha], fora os vários outros...
 
o dogma está ligado a religiões organizadas e racionais, isto é, teológicas, mas mesmo estas tem suas mitologias. E mito não é fantasia, mito tem todo um significado simbólico, alegórico.
 
Sou obrigada a discordar, Morfindel

Os gregos realmente acreditavam em Zeus, Afrodite, Hera, Atena, Eros, Áries, Apolo, etc... eles faziam rituais, rezavam, construiam templos em homenagem aos deuses, estátuas e tudo que se tem direito fazer numa religião.
Mas HOJE nós chamamos a religião deles de "mitologia grega".
Toda religião é baseada em alguma mitologia [inclusive a cristã.

Eles acreditavam, mas não havia rligião oficial com dogmas, dizendo com deveriam adorar aos deuses, podia haver a tradição, mas não imposta.

Muitas das coisas presentes na bílbia não devem ser interpretadas como acontecimentos literais].

Disso eu sei.
 
Foi o que eu apontei, a dogmatização segue-se a uma primeira organização e racionalização do culto, a não ser no caso de reformas religiosas profundas como o judaísmo e o cristianismo.
 
Após um longo tempo sem postar aqui devido a problemas de saúde, finalmente eu voltei. Percebo que o assunto principal ficou um pouco de lado, e agradeço ao Ilmarinen pelos seus ótimos posts, aprendi muito com eles. E sobre as religiões, como sou católico não estudo muito as outras e nem entendo muito, mas pelo o que vi em posts anteriores estavam debatendo sobre Jesus ser o Primeiro filho de Deus. Na religião católica, Jesus é ao mesmo tempo Deus, pelo o que entendo, pois a Santíssima Trindade é: Deus Pai, Deus Filho(Jesus) e Deus Espírito Santo(estando dentro de nós). Abraços.
 
Nem um, nem outro...

Tolkien utilizou-se de fragmentos, ícones e símbolos de outras religiões e mitologias como referência, criando uma nova mitologia totalmente diferenciada e ao mesmo tempo similar. Todavia percebe-se as influências que o escritor utilizou para criar sua história.

Valendo à pena salientar que todas as religiões e culturas são embasadas em outras culturas anteriores ou da mesma época em que existiram.
 
Nem um, nem outro. O legal em Tolkien é nos desligarmos desses conceitos de nosso mundo, é adentrar num outro completamente diferente. Apesar de influências dessa nossa "dimensão" (da qual Tolkien bebeu na fonte como inspiração), é legal ler sem pensar muito nessas coisas. Senão perde o encanto, né? Ademais, Gandalf era um istari!
 
Última edição:
Nem um, nem outro. O legal em Tolkien é nos desligarmos desses conceitos de nosso mundo, é adentrar num outro completamente diferente. Apesar de influências dessa nossa "dimensão" (da qual Tolkien bebeu na fonte como inspiração), é legal ler sem pensar muito nessas coisas. Senão perde o encanto, né? Ademais, Gandalf era um istari! .

Eu, particularmente, discordo dessa forma de fruir o trabalho de Tolkien. Acho que dá tanta margem a mal-entendidos que não vale o dilema no qual, eventual mas invariavelmente, tende a desembocar, já que lança uma "cortina de fumaça" sobre uma obra que, Tolkien mesmo disse, teve a "fé cristã como, de longe, a sua fonte mais poderosa". Haja vista a confusão que ignorar esse subtexto lança , por exemplo, sobre a questão da natureza da demonicidade dos Balrogs e sobre a origem do Mal.

É válida se contribui pra fruição pessoal de cada um; e muita gente, deve-se reconhecer,como expliquei logo adiante, prefere "laicizar" a obra, mas, na pergunta de se Gandalf é cristão ou pagão, a melhor resposta, sempre que nos dedicamos, principalmente em grupo, a refletir sobre o significado do trabalho de JRRT em geral ou sobre o que ele quis ou não dizer, é que o que é realmente aplicável é, como já explicado antes, que ambos os conceitos são pertinentes, até porque a "dimensão" da qual a Terra-Média faz parte só está removida da nossa no tempo e não no espaço, por força do que o próprio Tolkien já disse. A Terra-Média não era um outro mundo em outra dimensão mas a nossa Terra mesmo no passado distante da nossa realidade

Aqui vale uma transcrição do que já foi dito sobre esse assunto pra própria Sindar Princess numa ocasião passada em post deletado no crash do início do último ano.

Ilmarinen
Humano Saltitante


Reconhecimentos

Total de Prêmios: 1
Re: Dúvida: Sauron pode ser enquandrado como Deus Menor, Deus Intermediária ou semi-D

Mas o que eu acho, de verdade, é que não deveríamos comparar o legendarium tolkieniano com as diversas culturas e religiões existentes. Sabemos que Tolkien era católico fervoroso e que inspirou-se em muitas culturas européias, mas é bom relembrar que o legal de Tolkien é vivenciar tudo sem comparações.

Aí eu discordo. Por mais que nesse ponto entre um certo grau de gosto pessoal (sempre há os que gostam de comparações e aqueles que não gostam) o próprio Tolkien usava comparações para explicar os conceitos de maneira sintética nas cartas e tem coisas no Legendarium dele que , simplesmente, não são inteligíveis sem essas comparações e analogias como é, por exemplo, a noção de que os Valar recebiam uma veneração estilo culto católico aos Santos no Catolicismo e como é o caso das referências à Providência e a Graça Divinas para as quais Tolkien aludiu ao explicar o que estava ocorrendo nos "bastidores" da cena entre Gollum e Frodo nas Sammath Naur (carta 246).Se Tolkien não quisesse que as comparações fossem feitas não iria rechear a mitologia dele de Easter Eggs, "prêmios" sob a forma de alusões metatextuais pra diversas mitologias, já com a intenção de telegrafar a intenção dele ou a filosofia subjacente na criação das histórias.

As comparações não só ajudam a compreender o que já está escrito na obra como, inclusive, já ajudaram a adivinhar coisas pensadas por ele antes mesmo de aparecer os textos que comprovavam o raciocínio do autor. Logo mais à frente tem um exemplo simples.

Comparações não só com o Cristianismo que fique bem entendido.Paralelos com o mito celta ajudam a entender o status dos Nazgûl, o paradeiro de Aman e Erëssea, a questão da Mudança do Mundo, a provável origem de Tom Bombadil ( e da reticência de Tolkien em falar sobre ele).

Ajudam a compreender o que realmente teria acontecido entre Thingol e Melian quando os dois ficaram 230 anos em Nal Elmoth( pessoalmente eu não acho que eles ficaram , literalmente, parados na clareira com as mãos dadas debaixo de chuva, sol, queda de folhas das árvores, neve, neblina, e coisas assim durante 2 séculos, que é o que a leitura ao pé da letra do texto do Silmarillion poderia dar a entender.

É por essas e outras que eu também falo que não se deve interpretar o texto do Silmarillion à ferro e a fogo pq nem tudo que está lá é verdade "literal" mas, sim , a versão "artística" , poética, dos fatos "reais"..

Comparações com Nietzsche ajudam a entender a função teológica de Melkor no Legendarium e a terminologia adotada por Tolkien em Mitos Transformados, assim como comparações com H.G.Wells ajudam a entender o que poderia constituir "Outer Darkness"( do qual Ungoliant era uma encarnação no Book of Lost Tales) do ponto de vista metafísico e teológico

A sensação de que o mundo criado por Tolkien é tão real, que temos muitas e muitas teorias psicológicas, filosóficas, etmológicas, sociológicas, religiosas, históricas e etc. para tentar analisá-la.
Tolkien usou teorias e idéias psicológicas, mitológicas e teológicas preexistentes no nosso mundo para criar o Legendarium dele como ele mesmo falou em uma das "novas cartas" que eu fui achar recentemente.


'' Tolkien states his belief that ``no one of us can really invent or ``create'' in a void, we can only reconstruct and perhaps impress a personal pattern on ``ancestral'' material...''


Pra mim é simples: entre nele e vivencie. E ponto. Era isso que o Professor queria.

O "vivenciar" para Tolkien, em se tratando de obras literárias como a dele e de C.S.Lewis, implicava em fazer esse tipo de "comparação" ou analogia com idéias e noções de teologia, filosofia, história, moral e linguística existentes no nosso mundo.Tentar desentranhar isso tudo só na letra da obra dele sem fazer analogias só conduz a erros de julgamento ao se analisá-lo.

Olhe só o que Tolkien falou sobre Voyage to Arturus um dos livros modernos teológico-espirituais prediletos dele e de C.S.Lewis ao comentar o Além do Planeta Silencioso( o primeiro romance de ficção-científica/fantasia de Lewis.

Carta 26 para Stanley Unwin (seu editor do Hobbit)Mas eu deveria ter dito que a história possuía para o leitor mais inteligente um grande número de implicações filosóficas e míticas que a aprimoram sem depreciar a “aventura” superficial´(...)

Achei a combinação de vera historia com mythos irresistível. Existem, é claro, certos elementos satíricos,inevitáveis em qualquer história similar de viajantes, e também uma pitada de sátira sobre outras obras de ficção “científica” superficialmente similares —tal como a referência à noção de que uma inteligência superior estará inevitavelmente combinada com crueldade. O mito subjacente é obviamente aquele da Queda dos Anjos (e da queda do homem neste nosso planeta silencioso); e o ponto central é a escultura dos planetas, que revela o apagamento do sinal do Anjo deste mundo. Não consigo compreender como alguém pode dizer que esta história lhe incomode, a menos que (a) eleconsidere esse mito em particular uma “balela”, que não é digno de uma atenção adulta (mesmo em um plano mítico); ou (b) veja uma aplicação injustificada ou talvez mal-sucedida da história.

Li “Voyage to Arcturus” com avidez — a obra mais comparável a do Sr. Lewis, embora seja tanto mais poderosa como mais mítica (e menos racional, e também menos como uma história — ninguém pode lê-la meramente como um thriller e sem interesse em filosofia, religião e moral). Fico pensando o que o seu leitor acha dela. Mesmo assim, ficarei aliviado, em meu próprio nome, se o segundo leitor apoiar o meu gosto um pouco mais!

Foi essa tendência de fazer a leitura do Senhor dos Anéis e do Silmarillion só com base em experiência ou crença(ou falta dela) pessoal descurando das analogias intencionais de Tolkien que levou à criação de "lendas urbanas" brasileiras como a dos orcs ( e balrogs) não demoníacos e sem características não-humanas.

Foi isso também que fez algumas pessoas saírem entendendo que Melkor era "menor" que Sauron por causa de uma leitura ao pé da letra ( mais uma!) de uma carta onde Tolkien falava só sobre o Senhor dos Anéis e dizia que Sauron era o"mais próximo do Mal Absoluto existente na sua "estória" (SdA e não o Legendarium como um todo). Isso pq a pessoa em questão não dava importância ou não sabia que Tolkien chamava explicitamente Melkor de Diabolos ( e de Satã em uma das cartas novas) enquanto Sauron (e semelhantes) eram só "daemons"( demônios de menor estatura).

Como é que alguém, seriamente, consegue ler o Silmarillion( se é que realmente leu) e não saca que Melkor é o análogo de Satã e, portanto, a entidade suprema do Mal no Universo tolkieniano mesmo sem ter lido as cartas em questão? Algo assim acontecendo num país predominantemente cristão(e(ainda) católico!) é uma anomalia tragicômica, vão me perdoar a franqueza.

Esse tipo de leitura tende a fazer com que o leitor insira no texto de JRRT a sua ideologia pessoal sem prestar a devida atenção no que está colocado lá por simbolismo ou inferência pelo próprio Tolkien (já que ele mesmo admitiu ter colocado simbolismo católico inconscientemente na redação mas conscientemente na revisão). E foi Jorge Luis Borges (na introdução da Máquina do Tempo de Wells) mesmo que comentou que "aquele que fala que obra de arte não deve propagar ideologias costuma se referir a ideologias contrárias às próprias".

O que, no caso de alguns brasileiros ( e alguns estrangeiros tb), na leitura "pessoal" do público médio contemporâneo, parece que anda implicando em "paganismo puro" ou agnosticismo/ateísmo, coisas como se interpretar Melkor como herói injustiçado prometeano e similares.

E, no meu entender, isso seria levar a aplicabilidade da qual ele falava muito mais longe do que ele queria. Foi esse tipo de "aplicabilidade" que fez Hitler usar o Anel do Nibelungo para propagar o Nazismo enquanto outros leitores como Bernard Shaw o viam como um libelo pró-socialista, exatamente o extremo oposto.

E ambos estavam limitando completamente a própria leitura do material e cooptando Wagner e sua obra para seus próprios interesses.Acho que brasileiro talvez tenha que começar a pensar que leitura "não-cristã" da mitologia do Silmarillion ou o não uso de analogias também serve para propagar ideologias e "agendas" pessoais. O autor tinha a dele, quem publicou a obra também, mas quantas mais será lícito ver no meio dela por "aplicabilidade"? Quantas ou quais mais? Tudo isso é coisa pra gente pensar.
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So great is the bounty with which he has been treated that he may now, perhaps, fairly dare to guess that in Fantasy he may actually assist in the effoliation and multiple enrichment of creation.

Tolkien no ensaio "On Fairy Stories"
 
Última edição:
Gandalf nem era cristão nem Pagão, mas sim é um istari (mago, de aspecto semelhante ao do Homem, mas possuindo capacidades físicas e mentais muito maiores. Era imortal.)
Ele era um Maia, espírito angelical do mundo tolkienano.
 
Tolkien era estudioso da mitologia nórdica e também era cristão devoto, o que daria margem para as duas interpretações... No entanto, tirar o personagem Gandalf do contexto dele para inserir em outro (cristão ou pagão) parece um erro pra mim.

Apesar das influências que o cristianismo e o estudo da mitologia nórdica exerceram sobre Tolkien (mesmo que inconscientemente) sabemos que ele tinha bastante cuidado com as alegorias, e sabemos que no imaginário da Terra Média não existe nem uma e nem outra coisa.

Então concordo com quem disse que Gandalf não é nem pagão e nem cristão - é um Istari, e não precisa ser visto de outra forma.
 
Se formos ver dessa forma, em certo sentido seria cristão... pois Eru é um deus único, inspirado obviamente no mesmo deus cristão, Jeová. Toda a moral de SdA é voltada para a moral cristã.

Porém, é inegável a influência e o uso de fontes pagãs... assim, ele seria, a muito grosso modo ou uma mescla de ambos ou nenhum dos 2. Copo meio cheio ou meio vazio?

Na mitologia, na história, na influência mitológica há muito de pagão... na personalidade, nos conselhos, no modo de agir e de pensar, é cristão.
 

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