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Garr - A Criação

Alheia aos acontecimentos de toda Garr, Anuradha sentada no topo da montanha observava o céu. Tudo parecia tedioso.

Como um feixe de luz, ela deixou a montanha e a atmosfera de Garr, alcançando a estrela, entre alguns povos de Garr era conhecida como Gaja. Andava sobre a estrela normalmente como se esta tivesse chão. Sentada num ponto distante da estrela havia uma forma de luz branca que brilhava intensamente, a deusa foi até ela.
O ser sentiu a presença de alguém, pois virou rapidamente. Era o que parecia ser uma mulher de longos cabelos brancos cuja vestimenta era da mesma cor.
- Estava esperando-a. - sua voz era serena e tranquila.
- Perdoei-me pela demora, houveram alguns imprevistos.
- Não desculpesse, sei muito bem de suas obrigações, agora não é apenas uma estrela e sim um componente necessário para vida naquele mundo.
- Obrigada pela compreensão. Então porque me chamastes aqui?
- Cada coisa a seu tempo. Primeiro junte-se a mim.
Anuradha aproximou-se da mulher, esta com seus dedos finos apontou para uma pequena esfera verde, era Lancinäré.
- É linda a estrela que criastes.
- É linda mesmo, mas me consome muita energia.
- Bem o sei, e é por isso que está aqui. Quero conceda-me o controle de sua luz, assim poderei mantê-la iluminada, assim como mantenho todas as estrelas deste canto do universo, isso a privaria de mais perdas de energia.
- Eu não sei. Podem não concordar com isso.
- Ela é criação sua.
- Eu preciso pensar sobre isso. Bem se é só isso, vou-me. - ela deu as costas e já ia saindo.
- Anuradha, - segurou-a pelo pulso - as trevas estão mais perto do que imagina, espero que tome a decisão certa, porque quando a hora chegar se continuar desta forma, ira fraquejar, e deixar todo aquele mundo mergulhar na escuridão.

Anuradha nada disse, apenas ouviu. Quando a mulher soltou-a deixou a estrela da mesma forma que chegou, parando no topo da montanha. Novamente observou o céu pensativa.
 
Muito tempo tinha se passado sem que aquela montanha tivesse qualquer sinal de vida, era na verdade um vulcão imenso e estável, adormecido e a eras esperando o despertar.

Apesar de estar inativo, seu calor era intenso o bastante para afastar os filhos de Aracnel, e nele não habitavam qualquer ser, qualquer ser exceto um. No coração do grande vulcão um dos grandes Finerim acordava de um longo sono, não se sabe com certeza o que o despertara, mas ele estava acordando.

Chamas saíram então de sua face e de sua cabeça, formando barba e cabelo de puras chamas, Hallgrimr, Deus das Forjas, levantou-se do mar de lava na qual estava dormindo. Ele encontrou uma pequena caverna ao lado no vulcão e a adentrou.

A caverna levava direto para a superfície, e pouco a pouco ele subiu, até sair das raízes da montanha para contemplar o mundo de Garr.

Lá ele resolveu criar sua morada e aquela montanha seria conhecida para sempre como Bjodllir, a Montanha de Fogo.

Da própria rocha da montanha Hallgrimr moldou os Dvergar,homens barbudos e de pele da cor do cobre, sua primeira criação. Com o fogo de seu coração ele deu-lhes alma, e dizem, até hoje, que a chama da vontade dos Dvergar é talvez a mais imbatível de todos os mortais. A esses seres, Hallgrimr ensinou sua arte, e desde então todos da raça dos Dvergar seriam profundos conhecedores da forja e do artesanato.

Os Dvergar então começaram a cavar e a esculpir a montanha de fogo, para construir então uma magnífica cidade, que tomou o mesmo nome do vulcão.

Após se assentar e criar condições para seus filhos viver, Hallgrimr criou na raiz da montanha, num lugar onde nem mesmo os Dvergar conseguiriam alcançar por causa dos mares de lava, o seu palácio. Salões imensos e forjas poderosas em toda parte haviam na Casa de Hallgrimr, e como primeira obra, ele criou lá um ser, de sua própria essência, forte como uma montanha, nasceu Sloegrinn, o assistente ferreiro do deus das forjas. E com o fogo de seu coração incandescente Hallgrimr criou outro ser, com a forma de uma chama branca, e esse ele chamou de Eldrinn, a chama divina, e a ele cairia a responsabilidade de controlar o calor do fogo.

Quando tudo estava pronto e Hallgrimr satisfeito, o deus do fogo então resolveu dar uma explorada no mundo de Garr. Ao olhar pelo topo de Bjodllir o deus do fogo notou três dos seus irmãos juntos conversando, claro que ele sabia que eram seus irmãos, e sabia quem eram eles, pois conheceu-os na hora da criação do mundo, apesar de ter adormecido logo após chegar em Garr

Eldrinn se transformou em um cavalo de fogo e nele Hallgrimr voou pelos céus até chegar ao lado dos Finerim presentes, chegando até eles pousou levemente e saiu do cavalo.

Irmãos, não os conheço, mas sei quem são, vim me apresentar como um dos seus, Finerim do Fogo e da Forja, Hallgrimr. Me perdoe se interrompi alguma conversa, mas entendam que estou confuso pois ao invés de participar da criação do mundo cai num sono no coração de uma grande montanha que é agora meu lar. Gostaria de saber de vocês e dos feitos dos Finerim, se o tempo de vocês permitir.
 
Zyon viu aquele antigo ser, porém novo para ele e sabia, antes mesmo dele falar, que em sua excência, eram iguais.

De todos os acontecimentos, este era o menos previsto por Zyon e o mais inesperado. Um novo Finerim acordar? Agora? Será apenas coincidência mais um peso ser adicionado a balança, justo agora neste momento de discórdia entre os deuses?

Muitas perguntas corriam pela mente do finerim, mas não havia tempo para fazê-las. Precisava explicar ao novo Finerim os acontecimentos recentes, pois não havia a nescescidade de julgar o caráter do Finerim, pois assim como ele ele parecia um ser antigo, apesar de acabar de despertar, também parecia confiável.

- Seja mais que bem-vindo, irmão. Mas que momento oportuno para despertar! Apesar de saber de sua existência, nunca senti sua presença antes em Gärr. Seria um momento para festejar e nos apresentarmos devidamente, mas ifelizmente as circunstâncias não permitem. Deixe-me contar o que perdeu, irmão, para que decida qual seu próximo passo. Porém, se eu lhe contasse, muito tempo precioso seria tomado. Deixe-me lhe mostrar.

Então, o Fanwë o qual Zyon anteriormente estava montado, irrompeu em luz, luz esta que se dobrou e tomou a forma de uma esfera. Uma espera de pura energia, perfeita e que, vez ou outra, soltava pequenas descargas elétricas. De dentro dela, figuras foram se formando. Figuras que Zyon passava para o Fanwë. Desde a criação de Gärr, até a cituação atual, tudo foi mostrado.

Quando as cenas remediaram ao presente, o Fanwë novamente irrompeu em luz e tomou sua forma original. Zyon observava as reações do novo deus e disse-lhe:

-Após tudo isso que lhe mostrei, o que fará agora?
 
Hallgrimr observou tudo com cuidado, vendo os triunfos e as discordias dos seus irmãos, e em mais de uma das ocasiões ele sentiu um certo pesar, ou talvez até mesmo uma culpa, de não estar lá para ajudar nos momentos das decisões.

Em cada cena de maior importancia o deus da forja fazia um ou outro comentário, sem realmente esperar uma resposta, elogiando a calma de Zyon em frente ao que parecia uma provavel guerra eminente e tambem elogiando a imparcialidade completa do Deus do Sonhar. Tudo lhe parecia realmente um belo conto, daqueles que os grandes Bardos cantam em seus poemas e que as mais grandiosas cidades usam como entalhe em suas paredes.

Quando chegou ao ponto onde Horfael atacou o dragão de Tulyas, Hallgrimr sentiu uma imensa furia e seus pelos de fogo cresceram, mas ele nada disse. Se tinha algo que o deus da forja odiava era o desrespeito a criação, pois para ele a criação era tão sagrada quanto os criadores.

No final da história, quando a magnifica ave voltou a sua forma original Hallgrimr se pronunciou.

Ajudarei na confecção da grande prisão. Contarão com o poder dos meus ajudantes e garanto que a lua não se destruirá até o fim dos tempos, pelo menos na resistencia material eu lhes garanto uma eterna guarda, pois nunca as grades precisarão de manutenção, nunca as paredes quebrarão com o impacto e para sempre os seus portões se erguerão fortes e imutaveis! Esse é meu presente para o Conselho de Garr, o primeiro de muitos eu espero.

Com um estalar dos dedos, do chão da terra ergueu-se Sloegrinn, e em suas mãos estava o martelo sagrado de Hallgrimr, a Hallhamarr, tão pesada que só Sloegrinn ou um Finerim poderiam segurá-lo. O grande ajudante do deus da forja lhe passou o magnifico martelo e um brilho avermelhado parecia se ensinuar no metal.

Quando estiverem prontos me levem ao local da manufatura que ajudarei no que for preciso.
 
A respiração dos cavalos era acelerada, já estavam cavalgando a muito tempo e Ramiel esforçava o animal o quanto podia seguido pelos guerreiros mais leais do reino. Kaiken observava as imagens ansioso pelo que estava por vir e tinha razão por estar tão ansioso, muita coisa havia acontecido durante o tempo do conselho.

- Mais rápido! Meu filho nasce hoje!
- Chegaremos a tempo majestade.

Assim o grupo atravessou a entrada da cidade que festejava o anúncio do novo primogênito e Ramiel desmontou às portas do palácio deixando o cavalo aos cuidados dos serviçais. Atravessando os corredores e subindo a escadaria de pedra em espiral Ramiel ouvia os gritos do parto. Helena fazia força amparada por duas parteiras experientes e quando finalmente a criança saiu Ramiel atravessou a porta a tempo de ver seu pequeno filho sendo erguido ao mundo pela primeira vez. A parteira sorriu e exclamou o que Ramiel mais esperava ouvir...

- É um menino!!! Mylord, é um menino!
- É um menino! OUÇAM TODOS, EU TENHO UM FILHO!!!

O Rei gritou pela janela espalhando a notícia que era aplaudida pelo povo, Ramiel era o rei mais bondoso e mais amado de toda a região e a idéia que seu filho um dia cuidaria de seus filhos era um presente bem vindo dos deuses.

- Hoje festejaremos por toda a noite, acenderemos fogueiras que serão vistas pelos nossos aliados.

E sorrindo beijou a esposa e saiu pela porta, mas assim que deu os primeiros passos ouviu algo incomum...

- Me ajude aqui, algo não está certo com a raínha!
- Senhora, continue fazendo força.
- Não podemos deixar o segundo morrer.

Sem fala Ramiel deteve os passos e sem crer que aquilo estava realmente acontecendo voltou lentamente até a soleira da porta esperando que realmente existisse uma segunda criança.
Helena fazia força, apesar do medo não queria deixar seu outro filho morrer, então finalmente sentiu o segundo sendo retirado de seu ventre e o rosto assustado da parteira confirmou os medos que ela tinha.

- Pelos deuses, que punição é esta?
- Piedade deuses, piedade.

Assustado com a reação das parteiras Ramiel abriu a porta e horrorizado as viu ajoelhadas segurando um bebê de pele azulada com chifres e garras nos dedos.

- UM DEMÔNIO!!!

Kaiken foi retirado do sonho como quem sai de um transe do mesmo modo que Ramiel acordava daquela lembrança transformada em pesadelo...

- Como Ramiel lidou com isso? Preciso continuar ao próximo sonho.
 
Última edição:
Aracanel vê Hallgrimr finalmente despertar e apenas o observou durante sua conversa com Zyon e enquanto este lhe mostrava os acontecimentos, a poderosa luz do finerim incomodou um pouco Aracanel que afastou-se quando este começou a mostrar tudo a Hallgrimr.
Logo em seguida ao final de tudo Aracanel decidiu falar com Hallgrimr sem antes cutucá-lo:

-Um pouco tarde para despertar, não acha Hallgrimr? Assim como os demais eu também sabia de sua presença, eu a sentia muito fraca e sutil e achei que nunca acordaria...
 
Hallgrimr se vira para Aracanel, e ao ouvi-lo sente denovo a culpa. Realmente, por alguma razão ele demorara a despertar e imagina se algo pudesse ter sido feito de sua parte para ajudar nos eventos que ocorreram enquanto ele estava em seu longo sono.

A forma de Aracanel não lhe era muito agradavel, e pouco se sentia a vontade em sua presença, parecia que dele exalava uma aura maligna, mas ao responde-lo o deus do fogo tentou ignorar isso.

Aracanel, senhor dos insetos e do escuro, trazedor da noite e mantedor do ciclo, realmente, sinto-me um grande pesar por não ter despertado mais cedo... Mas o nosso Pai sabe o que faz, e se somente agora eu pude despertar, deve haver um motivo. Agora eu só quero ajudar no que for possivel, para podermos voltar todos em um momento de paz entre os Finerim, creio eu que com seu poder e auxilho tudo isso ficará mais facil ainda.

Era costumeiro de Hallgrimr tratar as pessoas com cortesia, especialmente quando ele se considerava o errado na história, como era naquela ocasião.
 
Então Aracnel respondeu:

-Tarde sim, mas o momento que você despertou foi coincidentemente oportuno e crucial...talvez nosso pai tenha planejado isso desde o começo e achou que este fosse o momento de sua vontade ser manifestada com seu surgimento, mas Hallgrimr coisas devem ser feitas com uma certa urgência, abaixo de meu reino o calor parece crescer, muitos de meus filhos estão sofrendo com isso, e só você pode controlar os elementos da sob as terras de Garr com mais perfeição, preciso que você equilibre o grande rio de chamas no interior de Garr, senão todos irão sofrer e meus filhos serão os primeiros, com meus poderes eu venho mantendo como posso mas esse material não pode ser controlado por outra pessoa a não ser você...
 
Hallgrimr coça a face, o mundo estava desequilibrado no elemento que ele comandava por causa de sua incapacidade de monitorá-la e ao saber que isso estava prejudicando as criações de um de seus irmãos sentiu-se obrigado a ajudar.

Ajudarei com toda certeza, o calor e as chamas não encomodarão seus filhos se eles não descerem demais, mas entenda que isso me coloca em uma situação delicada, pois muitos dos seus filhos demonstram certa agressividade, e o fogo de Bjodllir é o que impede que muitos deles invadam e ataquem as casas de minhas crias. Sujiro um pacto de amizade entre os dois grupos, para que não haja prejuizo para nenhum dos lados. Se assim for, abaixarei o magma até um ponto que seus filhos possam suportar sem dificuldade.

O deus da forja tentou ser delicado enquanto falava com o irmão, pois pelo que viu antes ele era de temperamento explosivo.
 
Aracnel ouve as palavras de Hallgrimr e responde de modo a justificar o pedido:

-Hallgrimr, eu não pretendo controlar meus filhos como fantoche, mas posso solicitar dar ordens para que eles não ataque seu povo, porém, muitos deles são malignos por natureza e nem todos eu poderei comandar, nem os punirei por nada, afinal, eles são livres para fazer o que querem.
Confrontos são inevitáveis em um mundo, lutas serão sempre travadas e percas dos dois lados acontecerão, esse é o ciclo da existência, ou você acha que meus filhos, seus filhos ou os filhos que qualquer um de nosos irmão convivem em paz eterna? Muitas das raças humanóides atacam meus filhos na superfície e muitos de meus filhos atacam e devoram também eles, isso mantém o equilibrio natural.
Minha sugestão é que reduza um pouco o fluxo do rio de chamas mesmo que custe vida de ambos os lados isso é inevitável, porém, se as coisas começarem a sair do controlo eu posso intervir.
 
Ao ouvir o deus do escuro Hallgrimr responde:

O ciclo deve ser mantido, mas minha criação acabou de se firmar em Garr, não tendo forças para se defender de um grande ataque. Irei diminuir o rio de lava, mas infelizmente até que os Dvergar criarem bases justas eu não poderei fazer muita coisa. Irei abaixa-lo até um ponto toleravel, mas sinto que os seus filhos não poderão descer muito mais do que já desceram sem correr o risco de sentirem o ardor das chamas. O ciclo deve ser mantido, mas sua especie está mais preparada do que a minha, fazendo com que qualquer guerra poderia destruir toda minha criação. Manterei eles isolados, na montanha de fogo Bjodllir, até tiverem se fortalecido.

Hallgrimr amava sua criação mais do que qualquer outra coisa, e mesmo que isso limitasse a atuação dos filhos de seu irmão, ele não permitiria que as crias de Aracnel tivessem chance de atacar os seus tão cedo, não até isso ser pelo menos sustentavel.
 
Aracnel faz um sinal de positivo e mesmo não muito satisfeito com a quantidade da redução do rio completa:

-Não é a quantidade desejada, mas o mínimo para meus filhos já é alguma coisa...
 
Samael permanecera em silêncio durante todo o tempo. De fato, ele sequer se mexera. Seus olhos fitavam continuamente o espaço infinito. Quando o silêncio por fim veio, ele se levantou calmamente, se pronunciando então:

"Zyon, não há necessidade de se preocupar. Horfael jamais conseguirá fugir do reino de nosso irmão. A única pressa que temos é para que ele se incomode com o prisioneiro pelo menor tempo possível. Quanto ao outro assunto que deseja falar comigo, não se preocupe. Meu tempo será todo seu assim que aprisionarmos o Conspurcador."

"Hallgrimr, meu irmão, fico feliz de saber que seu sono teve fim, assim como também o fico por podermos contar com sua habilidade na construção da prisão. Certamente seus talentos terão papel fundamental na força que ela terá."

Após um calmo suspiro, ele segue com sua fala:

"Se não se importarem, eu tive uma idéia de como a faremos, assim como onde ela estará localizada, e como será vigiada. Permitam-me expôr o fruto de minhas reflexões..."

Apontando para as estrelas logo acima, ele continua:

"A prisão ficaria ali, no céu de Garr. Faríamos dela uma terceira lua, longe do alcance dos mortais, mas facilmente ao nosso. Estaria sempre suscetível aos nossos olhares, e nada lhe aconteceria sem que soubessemos imediatamente."

"Com relação às outras duas luas, à elas caberia o papel de proteger Garr da presença maléfica de Horfael, o que nem mesmo nossos poderes em conjunto podem fazer completamente."

"Dois dentre nós abençoariam cada um uma das luas, para que elas possam servir como escudo à influência profana do Conspurcador, e colocariam cada um um guardião nelas, que seriam responsáveis por vigiar a prisão e destruir qualquer ser inferior a um Finerim que tente interferir com a mesma. Eles também seriam os responsáveis por nos informar quaisquer anormalidades que ocorressem, tendo poder para lidar com elas ou não."

"Ao observar as órbitas de ambas, e após um breve insight no efeito que a gravidade da prisão teria nelas, pude chegar à conclusão de que na maioria esmagadora do tempo, pelo menos parte dela estaria coberta por pelo menos uma das luas, o que deve bastar para conter o poder da mera presença de Horfael."

"Dessa forma, teríamos uma prisão apenas ao nosso alcance, sempre em frente aos nossos olhos e com guardiões em eterna vigilância, garantindo que nada de inesperado aconteça, pelo menos sem que também saibamos."

"Gostaria de saber o que acharam da idéia, ou se mais alguém deseja sugerir algo."

O olhar do Juiz dos Mortos era calmo e sereno, assim como suas palavras. Mas ele achava que isso era proveniente mais de uma certa melancolia do que de paz de espírito em si...
 
O local de construção da prisão já havia sido definido e os Finerim estavam prontos para começar o trabalho que daria uma nova lua negra a Garr, de fato com a maldade de Horfael mesmo com o poder dos Finerim seria impossível evitar que o brilho daquela nova lua viesse a se tornar escuro e aquilo com o tempo causaria mudanças nos seres e lugares de Garr. Kaiken continuava seu objetivo e era envolvido pelas inscrições do segundo sonho que contava o que havia se passado na vida do Paladino Ramiel Ritarashi durante o tempo do Conselho.

- Mentiste para mim.

A voz do Paladino trazia raiva e angustia...

- O que deveria fazer? Sujeitar-me a vossa espada? Teria me salvo mesmo assim?
- Mostre sua verdadeira face, maldita.

Então aos poucos apareceu a visão da planície do reino de Ramiel, o paladino e Helena conversavam afastados dos olhares curiosos.

- Não me importa mais... Se é vossa vontade meu marido, sou sua e minha vida tanto quanto minha morte está em vossas mãos.

Helena se sentou no chão e aos poucos a face dela começou a mudar... Marcas apareceram pelo rosto dela e os cabelos negros foram sendo substituídos por um vermelho cor de sangue, Helena havia assumido uma aparência sedutora e maléfica aos olhos de Ramiel.

- Pelos Deuses, o que fizeram? Não posso ver isto.
- Olhe... OLHE RAMIEL! É ISTO O QUE SOU!

Transtornado ele tentou evitar olhar para ela e puxou a espada. Helena no entanto não mudou de expressão e inclinou um pouco a cabeça esperando o golpe de misericórdia de seu marido. Ramiel então virou o rosto olhando diretamente para ela e com a mão tremendo sob o cabo da espada se ajoelhou e a abraçou.

- Deuses... O que fizeram...

E os dois assim permaneceram até que Ramiel quebrou o silêncio.

- Te salvei, te protegi e te amei, tanto do primeira vez quanto agora neste dificil momento. Como posso eu escolher entre minha obrigação divina e o amor em meu peito?
- Ramiel... Não mate nosso filho...
- Eis algo que não posso aceitar, como o povo reagirá ao saber que o mal está entre aqueles que devem cuidar deles? Aquele demônio deve morrer agora enquanto podemos controlá-lo.
- Te imploro meu senhor, é tão vosso filho quanto meu, o sangue nobre corre na pequena criatura que agora o causa repulsa.
- Esqueça isso e recomponha-se, nosso povo não pode vê-la assim, vamos voltar ao nosso reino minha Helena. Os Deuses terão que me responder por isto e eu irei onde precisar ir para cobrar esta resposta.

Mas Helena não desistiu, amparada pela benevolência de Ramiel ela conseguiu que o filho fosse poupado e exilado para o inferno dentro da montanha em que eles haviam se conhecido.

Na manhã seguinte Ramiel e seu cavaleiro mais leal desciam ao calabouço que pelo desuso era usado como maternidade de cavalos, abrindo a porta recêm lacrada os dois se depararam com uma cena grotesca, o pequeno bebê demônio estava coberto de sangue agarrado a um potro morto. Os outros cavalos se afastavam o quanto podiam com medo, alguns estavam exaustos e machucados de tanto tentar fugir.

- Que inferno... O que esta coisa fez?
- ...Estava se alimentando Ramiel, veja.

E realmente o pequeno bebê tinha a boca suja pelo sangue do animal morto e chorava de modo assustador...

- Cavaleiro, levai esta coisa daqui, coloque-a em uma caixa bem lacrada e prepare uma carroça para Helena, é responsabilidade dela este erro.
- Sim majestade.
- Conversarei com as criadas para que cuidem do meu filho, avise os cavaleiros que se preparem, sairemos em missão. Os Deuses me devem uma explicação.

Uma hora depois Ramiel e Helena se despediram na carroça, ela estava usando um capuz na saída sul da cidade. Ramiel não chegou a desmontar o cavalo pois os cavaleiros o esperavam a alguns metros, os dois conversaram prontos a seguir seus rumos.

- Quer mesmo voltar àquele lugar Helena?
- Eu preciso, agora sou muito mais forte e além disto aquelas eram minhas irmãs, elas terão que me ouvir.
- Suas irmãs estavam prestes a lhe matar.
- Você não entenderia...
- Diga a elas que se algo acontecer eu pessoalmente cortarei-lhe as cabeças. Estou indo desejai-me êxito.
- Nomeaste teus filhos?
- Edgar será bem cuidado em nossa ausência e as parteiras manterão discrição assim como meu mais leal cavaleiro.
- E seu segundo filho?
- Esta coisa não é meu filho.
- Me aceitaste, aceita-o também.
- Não é o mesmo.
- Nomeia-o, ele é parte de nós.
- É uma parte de vergonha e terror.
- NOMEIA-O!
- ... Se tanto assim deseja nomeio-o. Pow será seu primeiro nome, assim não terei que me lembrar dele por muito tempo. Que o inferno para onde ele vai se encarregue de sua alma.
- Ele vai sobreviver Ramiel, um dia você aceitará nosso filho. Pow Ritarashi não será assim tão fácil de esquecer.
- Eu olho para ele e tudo o que consigo querer agora é esquecê-lo, eu o quero morto Helena. Não me insulte mais com tais palavras, siga seu coração e seguirei o meu.

E com olhares sérios seguiram seus caminhos, Helena em busca de um lugar onde o filho bastardo pudesse continuar vivo e Ramiel em busca da verdade sobre o desejo dos deuses. E o sonho se desfez deixando Kaiken pensativo por instantes...

- Preciso voltar a Garr e ver os acontecimentos com meus próprios olhos.
 
Última edição:
Biorn ouvia com interesse a ideia de Samael.

Concordo. Se me permitir, eu cuidarei da construção fisica da Lua, farei certo que ele não escapará da prisão por nenhum meio fisico. Mas conte, quem serão os guardiões das duas luas sagradas? De certo devemos escolher o mais belicamente poderoso entre os nossos irmãos, para ter certeza da força da proteção.
 
Aracanel entende que seu irmão acha que dois dos Finerim serão escolhidos pessoalmente para serem guardião, então tenta explica-lo:

-Creio que nenhum dos finerim serão os guardiões em si, mas os mais poderosos entre nossas crias, duas das crias mais poderosas deverão ser escolhidas para protegerem as luas...
 
Hallgrimr vê que não se expressou corretamente e responde a Aracnel:
Perdão, o que quis dizer com "Guardião" não foi literalmente quem ficaria na lua vigiando o Deus Insano, mas sim quem seria incarregado de tal vigia, qual dos nossos irmãos seria o responsavel para tal coisa. Por isso que sugerir fazer os mais belicamente poderosos entre os nossos irmãos trabalharem nisso, pois por consequencia suas crias mais poderosas seriam melhores guardas.
 
Tulyas que até então apenas estivera observando os detalhes sendo acertados finalmente se pronuncia.

"Eu cuidarei dos guardiões. Kalfyra foi minha única criação, mas muito poderosa se me permite dizer. Chamo-os dragões, criaturas de corpo resistente e forte, e suas mentes mais ainda. Um criatura muito forte sem a devida capacidade para não sucumbir à vontade de Horfael, o Corruptor, será apenas perca de tempo. Permita que eu crie um guardião à cada Lua e Samael e Zyon os embuirão com seus poderes também, formando as criaturas mais poderosas que existiram em Garr. Poderosos são os dragões, mas muito tempo se leva para amadurecerem, pediremos ajuda do grande Finerim da vida para que eles já sejam anciões, pois o tempo não as enfraquece, mas sim as fortalece em corpo e sabedoria. Assim nunca Horfael escapará nem agira sem nosso conhecimento. E nem as corromperá, pois Kalfyra dotei-os de vontade muito poderosa para ser domada ou corrompida."
 
Incrivel é sua criação, meu irmão. E se assim for deles serem os guardiães das duas luas, então permita-me dar-lhes um presente digno. Sinto neles o potencial pelo meu elemento, e gostaria, se me permitir, despertá-los para esse poder. Eles produzem fogo, mas suas almas não queimam com a chama sagrada, isso eu posso mudar, dando lhes acesso ao Coração de Fogo.
 
Tulyas ficara intrigado com a proposta do recém acordado Finerim e curioso:

"Se assim poderá melhor contribuir para a defesa da prisão então que assim seja. Mas se me permite a curiosidade... o que seria esse tal coração de fogo?"
 

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