Dirhil disse:
Ah sim.... é estranho ver dois homens de beijando.... eu mesmo acho isso
Até eu acho estranho, sabia?
O que quer dizer que é pura questão de não estarmos acostumados a ver.
Aliás, todo esse lance é praticamente questão de costume. Quem tem preconceito geralmente não tem o costume de ter contato com homossexuais. Por isso, a maneira mais eficiente para fazer com que uma pessoa perca o preconceito, é botando-a para conviver com pessoas diferentes, e não tentar explicar oralmente. Por mais que o discurso soe bonito e humanitário, quem está ouvindo já tá com a mente bloqueada demais para procesar essas informações de modo a chegar a uma conclusão saudável.
Ou seja: eles não
querem ser convencidos. Eles acham que a noção de que homossexualismo é errado está mais do que formada e certa, por isso simplesmente ignorarão qualquer argumento, ao invés de ponderá-los.
Eu lembro que uma vez estávamos eu e minha tia vendo um filme, e num momento rolava um beijo entre dos homens. Ela soltou algumas pérolas, mas abusado do jeito que eu sou, não fiquei quieto não.
Ela: Que nojo.
Eu: O quê?
Ela: O beijo.
Eu: Você não gosta?
*Ela olha pra mim com cara de quem acabou de escutar uma pergunta inteiramente idiota*
Eu: Toda mulher gosta de ver homem com homem.
Ela: Mas é errado.
*Eu, vendo que entrar na discussão do que é certo ou errado não levaria a lugar algum, decido entrar no jogo dela*
Eu: Eu sei que é errado, mas você tem que gostar mesmo assim, senão você não é mulher.
*Levo esporro por falta de respeito*
Eu: Mas, sério, por mais que você considere isso errado, duvido que você não goste. Tem coisas que a gente gosta porque a nossa natureza manda a gente gostar, e aí é isso o que vai acontecer, não importa se você considere tais coisas certas ou erradas. Mas você não tem culpa de gostar, por isso você não está errada. E eles também não.
*Silêncio*
Ou seja, nesse dia eu aprendi que tentar convencer alguém só falando é muito difícil, o jeito é jogar psicologia reversa.
Anyway, voltando ao assunto... eu dizia que preconceito é gerado pela falta de contato.
É o que acontece com os pais de vocês. Eles não tiveram esse contato. Meus pais também não o tiveram, acho, mas dei sorte porque eles não têm preconceito mesmo assim, pois sabem que colocar os humanos em níveis diferentes não tem cabimento; abençoado sejam aqueles que descobriram isso sozinhos.
Minha mãe, por exemplo, é mente aberta o suficiente para que uma vez ela decidisse ir a uma parada gay, só pra ver como era a animação. Ela chegou e disse que tinha sido muito legal, que tantos os gays quanto as lésbicas com os quais ela conversou mostraram-se bastante simpáticos e inteligentes. Ela ainda soltou: "Se eu tivesse um filho gay eu não ia dar a mínima!". Mesmo sabendo que ela aceitaria (e mesmo que demorasse um pouco para cair a ficha) eu não conto a ela por pura vergonha mesmo, e por achar que não há muita necessidade.
Enfim, o resultado é que, quando ela foi a essa parada e teve um contato mais íntimo com aquela gente, ela perdeu ainda mais o receio (se é que tinha algum) que tinha dela. Contato é o essencial. O negócio é botar pra ver, não pra escutar. Com isso, eu imagino que, ainda que seus pais falem absurdos como os que vocês exemplificaram aqui, a maioria com certeza pararia para rever seus conceitos se descobrisse que seu filho era gay. O problema é que esse pode ser um processo lento e difícil, por isso você tem que estar preparado para enfrentar uma possível barra.