Acho que você está vendo demais a putaria, Eru
Há claro os exarcebados, mas como tudo na vida é minoria. A maioria tá lá apenas para fazer número (para que a passeata seja grande) e e não para "tirar o atraso". Claro que se as pessoas sorriem e se divertem é melhor.
Agora pensemos em termos de estratégia: se fosse um movimento sério e sisudo, atrairia as pessoas que não gays e lésbicas? Haveria os simpatizantes no meio?
Os movimentos estudantis, grevistas etc., atraem pessoas que não sejam estudantes ou grevistas?
Fato: não, greves e estudantes protestantes não atraem. Temos de encarar isso: uma passeata gay sisuda teria o mesmo efeito de outras manifestações sérias.
Ninguém quer saber do problema de outras pessoas.
E exarcebados e histéricos, há os mesmos mesmo em movimentos sérios. Ou seja, por causa de uns poucos que não dá para levar a sério vamos ter o problema de estereotipar um todo por conta de uns poucos.
Há chances de serem mal interpretados? Sim. Mas essa interpretação errônea se dá in loco, e não distante na comodidade do sofá do cidadão comum. Que é o que acontece com movimentos sérios: as pessoas não vão lá conferir porque ficam com medo. Porque ficam entediadas.
E só porque tem música e diversão não significa que não há seriedade no movimento. Claro que ninguém fica fazendo dissertação no meio da manifestação, mas o que se põe em cheque é um aprendizado EMOCIONAL. Pois as pessoas não tem o problema de lidar com isso racionalmente, mas emocionalmente. (nojo, repulsa, ódio, etc)
Eu mesma tinha esse preconceito contra a parada gay (acho que deixei em algum lugar por aqui no fórum), mas vendo amigos se divertindo e relaxando em presença de homossexuais nessas passeatas, cheguei a conclusão que a seriedade do movimento não estava na conscientização racional da população. Mas do emocional, da parte que mesmo entendendo que é direito das pessoas serem o que são, lá dentro no fundo da alma a pessoa não quer ver aquilo acontecendo porque acha errado.
E na verdade, acha errado por conta do desconforto em estar na presença de pessoas esquisitas. E o desconforto normalmente sentimos quando temos receio que a pessoa faça algo que nos assuste ou nos machuque.
Não há como controlar os histéricos e porras-loucas, seja em movimentos sérios ou festivos.
Pois uma das coisas que o resto de nossos hermanos latinos mais estranham em nós é que as datas de independência não comemoramos como data festiva, mas como data sisuda. E por outro lado, carnaval e futebol são mais queridos para nós que nossa independência. (apesar de que a gente não tem muito do que se orgulhar com a independência ou proclamação da república ao contrário do resto da América que lutou mesmo... mas dá para entender como isso nossa psique coletiva é meio estranha quando um mexicano, peruano, etc vem aqui...
).
Só nós é que não conseguimos entender direito esse negócio de festejar, relaxar e ao mesmo tempo ser sério.