Ae vai outro...
Tormento
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Vida, ó ilusão de vida que se apresenta,
Transforma-me num ator desinibido
Para atravessar situações que me sustenta,
Encenar os mais íntimos casos já perdidos,
Aprendendo com meus erros iludidos
Para que minha pessoa nunca se ausenta.
A mente numa antítese se transforma,
De um lado um demônio que se combate,
Do outro, um anjo que não toma forma,
O celeste e o inferno entram num embate
Que de momento, sem brio te abate,
Mas deixa revelar o perspicaz que te orna.
Como pássaros que das próprias cinzas jazem,
Após o último canto de tormento,
Explode tuas asas de fogo que te fazem
Voar para longe de teu sofrimento,
E enquanto planar, durante este momento,
Solte silvos de vitória para os que não os trazem.
A plenitude em que o belo consiste
Em ver tuas lágrimas limpar tuas mãos,
Perceber, singelo, que delas ainda existe
Muito sangue caído de teu coração,
É a vitória com a felicidade em emoção,
E compreender o por quê que o amor insiste.
O caminho a trilhar tem beleza extrema,
Porém ressaltado de trechos tortuosos,
A vida não os coloca de forma amena,
Os sugere para conter nossos atos orgulhosos,
Das experiências que nos torna mais virtuosos
Faz perceber que da vida faz parte este poema.