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Clube de Leitura 15º Livro - Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas? (Philip K. Dick)

Alguém puxa a discussão da semana aí, é que eu terminei o livro já e os capítulos são muito curtos, daí não sei mais o que aconteceu em cada capítulo, se eu for tentar vou acabar mandando spoiler em todo mundo. :(
Vamulá:

Capítulo 5
O teste voigt-kampff na Rachel: o exame se baseia em várias perguntas envolvendo situações de moral duvidosa, e a reação a elas precisa ser rápida - que foi o que no fim (apesar de Rick já ter meio que suspeitado da Rachel ser uma Androide mas ter sido dissuadido malandramente pelo dono da corporação Rosem) desmascara sua real condição. Por ela ter reagido tarde demais sobre uma pasta feita de couro de bebe. Como se realmente não importasse para eles (androides) as situações, por não terem a capacidade de empatia, mas soubessem raciocinar o que é ou não aceitável na sociedade. Acho que o mais perigoso disso numa pessoa com embotamento de empatia (mais ou menos como eles colocam) é que em casos assim, como numa pessoa com depressão, por exemplo, ela vai ser provavelmente ser tida como um andy e ser aposentada...

Capítulo 6 e 7
Mais sobre nosso amigo cabeça de galinha John Isidore. Descobrimos que sua recém chegada vizinha é a Rachel (bem capaz dela ter ficado com medo, depois de descobrir ser uma andy e o risco que ela corria, e se refugiou num lugar aparentemente abandonado. Algumas dicas de que talvez esse tal mercerismo seja mais uma tentativa falsa de controlar (ou consolar) a mente das pessoas tanto quanto o programa do Buster Gente Fina (que, parece, é um andy trabalhando 24/7). Btw, estou curioso sobre qual vai ser essa revelação bombástica do Buster dentro de dez horas.
O gatenho que o Isidore traz para conserto é um gato de verdade. Interessante ele se sentir mal pelo bichinho morrendo mesmo pensando ser de mentira. Os bichos artificiais estão tão avançados que de longe confundem. Mas acho que não vai confundir o dono do gato essa cópia exata do bichano...

Capítulo 8
Começa a caça aos andys fugitivos. O primeiro será o que atacou o colega de Deckard, Polokov. Será que a polícia não tinha nenhuma foto do sujeito pra não confundirem um agente da polícia soviética com o androide? De qualquer maneira, Rick consegue ser mais rápido no gatilho e aposenta polokov disfarçado de Kadalyi. Antes disso Rachel tinha ligado oferecendo ajuda, dizendo como os nexus-6 são mais rápidos e tal, mas o Rick, todo se achando, e talvez ainda guardando rancor por quase ter sido enganado, recusa a ajuda. A qual ele reconsidera depois do ataque surpresa de Kadalyi-Polokov (mas não antes de ver por si só se a próxima andy não será mais facil de capturar, já que ela não sabe que está sendo caçada).

Novamente vemos a esposa de Deckard, que acabou escolhendo as seis horas de depressão autoacusativa... rick está farto dela e reconsidera o divorcio. Seguindo umas fantasias, ele se vê pensando o quão atraentes as andys conseguem ser, sugerindo que uma relação amorosa humano/andy mora logo ali na esquina. E, afinal, com uma mulher tão apática quanto uma andy, qual seria a diferença?
Veremos como a aproximação de Rick a Luba Luft terminará? Será que nosso herói colocará o rabo entre as patas e finalmente pedirá a ajuda de Rachel?
 
Gostei do termo "bagulhificação" (cap. 6). Ele significa, basicamente, a Segunda Lei da Termodinâmica: a desordem das moléculas sempre aumenta. Nesse caso não seriam moléculas, e sim móveis, eletrodomésticos roupas e etc :lol:
Não entendi como a vizinha de John Isidore pode ser a Rachael. O headquarter da Associação Rosen fica longe. Ok, ela pode fazer essa viagem de ida e volta todos os dias, mas e se for outra andy, mas idêntica em aparência (e personalidade?)?
Será que a polícia não tinha nenhuma foto do sujeito pra não confundirem um agente da polícia soviética com o androide?
É mesmo! Curioso que não tem foto, mas tem fichas super detalhadas sobre os andys.
Antes disso Rachel tinha ligado oferecendo ajuda
Tb desconfiei dessa ajuda hein. Tá muito estranho.
 
Já no primeiro capítulo da semana que vem a coisa fica um tantão mais interessante :)
 
to atrasado e com medo de ler os coments de vocês.
Li 4 ou 5 capítulos, inclusive a experiência da empatia. Uma vantagem é q n vi o filme, então estou achando tudo bem inovador. Já na fissa pra terminar e ver o filme. Depois que der uma adianta leio os coments de vocês e tento dar mais pitacos.
 
to atrasado e com medo de ler os coments de vocês.
Li 4 ou 5 capítulos, inclusive a experiência da empatia. Uma vantagem é q n vi o filme, então estou achando tudo bem inovador. Já na fissa pra terminar e ver o filme. Depois que der uma adianta leio os coments de vocês e tento dar mais pitacos.
Eu vi (ok que foi há uns dois anos, então tbm não lembro muito), mas do que eu lembro, tem nada igual. Tudo diferente :) Vai ser bacana assistir depois de novo; o autor - em material extra no livro - disse que, ao ler o roteiro, achou que o filme e o livro são distintos e se complementam.
 
Passei dos primeiros 4 capítulos agora. Muita coisa para comentar já. Depois leio os comentários sobre os demais e comento também (E bem-vindos, Diego e Gabriel. Participem mais aqui!)

Começo estranho, sabemos que vamos ler uma ficção científica envolvendo andróides e daí nos contam algo sobre uma tartaruga de 200 anos, como será que isso se conecta com o resto?
Fiquei pensando na sua pergunta. Talvez algo relacionado com o fato de ser um presente, que denote empatia, ou com o tratamento que a tartaruga recebia segundo a notícia (era tratada como um chefe). Ou talvez tenha ligação com o fato de tartarugas (edit: era um sapo. Errei a leitura) e burros serem os animais favoritos de Mercer (no capítulo 2 vemos isso). A tartaruga me pareceu também um símbolo de algo como em uma fábula de La Fontaine ou Esopo. A decifrar.

Marte é uma das opções mas não só, em algum trecho alguém cita “planetas” então a exploração espacial já está rolando solta
No capítulo 2, Isidore pensa que é execrado em 3 planetas. Se a gente contar a Terra e as colônias de Marte sobra um não citado ainda. Talvez Vênus?

Aqui também a gente tem um longo trecho sobre a caixa negra de empatia, não sei se captei a ideia, mas é uma espécie de simulador de realidade, e ela dialoga com o tal do Wilbur Mercer que até o momento me passa a ideia de ser o profeta de uma nova religião, não tenho a menor noçao do que tá rolando nesse pano de fundo religioso aí.
Isso dá todo um significado para duas coisas: a caixa de empatia e a fusão com Mercer, que seria uma experiência completamente humana
Hahahah, também fiquei perdido nisso aí, e ó... até o final do livro a situação não vai melhorar muito cada vez que surgir a caixa de empatia ou o mercerismo. Até o final a gente debate isso aí, mas pra mim ficou como questão aberta ou eu que brisei em algum momento importante e perdi o fio da meada

Também precisei reler esse trecho do capítulo 2. Pelo que entendi é o seguinte: a caixa de empatia é como uma televisão que permite alguma forma de identificação total com esse Wilbur Mercer. Você vive a vida dele. E a vida dele teria sido a seguinte:

Nascido em alguma colônia, veio parar na Terra e teria sido adotado. Descobriu-se que era Especial ou mutante e tinha o poder (?) de ressuscitar animais. Foi o auge da jornada, a subida do morro. Foi perseguido (daí a pedrada) e usaram radiação para matar a parte do cérebro que guardaria o poder. Ele perdeu o poder (o fundo do poço da jornada). Talvez aí tenha acontecido a Guerra Terminus e ele se viu cercado de animais mortos ou tenha sido só a incapacidade de cura que o fez ver isso (já que a guerra teria acontecido 5 ou 6 anos antes do começo da nossa história). Mercer depois descobriu que o poder tinha voltado. Fim.

Essa história me pareceu bem interessante. Mostra que os Especiais já existiam antes da Guerra e que eles são uma espécie de mutante, né? Também identifiquei a figura de Mercer com Moisés ao ser adotado (quem será o povo escolhido?), São Francisco, no amor pelos animais, e com a de Jesus na ideia de guardar todos os sofrimentos humanos. Uma figura do sofrimento humano ou a da empatia máxima.

Interessante que no cap. 3 temos um mandamento de Mercer: "Matarás apenas os Matadores". Que pela história de vida dele seriam os que matam animais ou os que perseguiam ele, mas aparentemente houve uma distorção e viraram os androides.

como ter a companhia de um robô-empregado pode servir de estímulo pra ir embora
Parece que houve uma propaganda enganosa aí, pelo que a gente vê na televisão de Isidore. Pelo depoimento de uma mulher, os robôs seriam a coisa mais confiável em tempos instáveis. São leais e livres de problemas. Mas como vemos, Rick é um caçador de androides. Alguns deles conseguem matar seus donos/amos e fugir. Ou seja, são um perigo.

E me intrigou a mulher do protagonista - ela não quer estar sujeita a uma desejo alheio ao dela própria em certo momento. E em outro, ela diz experimentar vez ou outra, por escolha, o sentimento da depressão. Parece uma personagem tão vazia por dentro que é preferível sentir mesmo a dor do que nada
Por que na maioria das histórias de sci-fi as esposas dos protagonistas são umas chatas de galocha?
Eu gostei da Iran, hahah. Acho que o Gabriel falou bem sobre ela no post dele quando mencionou ela. A Iran tem uma profundidade a mais em relação aos demais personagens da história, salvo exceção o Rick, que parecem já estar completamente resignado àquele mundo.

Ah! Eu não achei ela vazia não. Achei ela depressiva. Lembrou da Mildred de Fahrenheit 451, Clara?

Talvez sejam chatas por serem uma representação (inconsciente?) de mulheres de classe média nos países ricos das décadas de 40-60 quando os clássicos da ficção científica foram produzidos. Enquanto os maridos saiam para trabalhar, elas ficavam em casa entediadas, cheias de produtos de consumo.

Esse fenômeno parece ser o que Betty Friedan analisa no livro A mística feminina. Mas talvez eu esteja extrapolando demais. (https://en.wikipedia.org/wiki/The_Feminine_Mystique#Synopsis).

A qual distância a gente está dos androides perceberem que os humanos são praticamente um fardo para o planeta e resolverem se livrar de nós?
Pois é. Pensei se a Guerra e a cinza atômica não teriam sido causadas pelos androides ou por uma inteligência artificial como em O Exterminador do Futuro. A teoria não é tão absurda, já que no cap. 2 Isidore pensa que ninguém lembra como começou a guerra ou quem venceu. E não parece ter sido começada pelos soviéticos que também sofrem as consequências.

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O argumento é que, inteligência por inteligência, animais também possuem em graus variados, mas a empatia seria algo intrinsecamente humano.
Sobre isso e a religião da empatia tenho mais a comentar.

Sabia que tinha um livro publicado sobre o tema, mas pensava que era do Steven Pinker. Acabou que não. É de um pesquisador holandês. Vê a descrição:

Em A era da empatia, Frans de Waal mostra como diversos animais, incluindo os seres humanos, foram dotados pela evolução da capacidade de se colocar no lugar do próximo, de se apiedar da dor do vizinho e, em casos extremos, até de salvar-lhe a vida, colocando a própria em risco.

Esse “instinto da compaixão” se choca com a visão tradicional do “gene egoísta”, segundo a qual os animais são programados apenas para satisfazer seus próprios interesses. Tomando por base estudos com macacos-prego e chimpanzés, De Waal mostra que o “gene egoísta” não se traduz em indivíduos ou sociedades egoístas. Ao contrário, parece haver, ao longo da evolução, uma tendência à empatia estabelecida há centenas de milhões de anos. Ao se colocar no lugar dos outros, os animais sociais ajudam a construir grupos mais coesos - o que, por sua vez, auxilia sua sobrevivência.

De Waal nos mostra camundongos piedosos, macacos socialistas, cachorros invejosos e chimpanzés que coçam as costas dos outros sem receberem nada em troca. Bem-humorado, repleto de casos instigantes, erudito e ao mesmo tempo escrito em linguagem acessível e informal, A era da empatia é um ótimo antídoto para estes tempos de individualismo extremado.
(http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12813)

Fiquei com mais vontade de ler o livro. Também tem outro publicado ano passado pela Zahar:

O poder da empatia: A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo
Me parece um pouco menos confiável por ser de autoria de um filósofo e historiador da cultura. Mas o autor é um dos fundadores do museu da empatia, em Londres. Parece interessante, vejam:

Museu da Empatia permite que as pessoas se coloquem no lugar das outras
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Temos ainda algumas coisas interessantes como a teoria de Rick sobre os animais empáticos sendo os herbívoros ou onívoros e que os carnívoros não o são. Significa que os androides são predadores de humanos? Seriam os humanos ovelhas e os androides lobos?

No início do livro temos um simulador de emoções: é possível simular empatia? E para os androides, seria (se usassem alguma máquina)?

Se Rick e os humanos podem sentir empatia por animais elétricos como a ovelha (sentem?), sentiriam por um androide?
 
Última edição:
Morrendo de vontade de ler A Era da Empatia. =]

E sua explicação sobre a caixa de empatia faz mesmo sentido, @-Jorge- .

Talvez sejam chatas por serem uma representação (inconsciente?) de mulheres de classe média nos países ricos das décadas de 40-60 quando os clássicos da ficção científica foram produzidos. Enquanto os maridos saiam para trabalhar, elas ficavam em casa entediadas, cheias de produtos de consumo.
Mas é mesmo.
Estive lendo uns livros de contos de sci-fi e fantasia, a maioria escrita no final dos anos 60 e elas são todas assim.
E as mulheres "bacanas" são descritas como "morena estonteante especialista em genética", "a física nuclear era uma loira de corpo escultural" e coisas do tipo.
Enche o saco, inclusive. :/
 
Sobre o capítulo 9, pra quem viu o filme:
Tem mil versões do filme, a última que assisti foi a Final Cut de 2007. Nesse corte, tem a cena do sonho com o unicórnio e o desenrolar disso no final do filme, com o origami de unicórnio, que deixa claro que Rick é sim um replicante, enquanto que a maioria dos cortes anteriores não inclui a cena final do origami e deixa a pergunta no ar. Como o livro parece ser diferente do filme em muitos aspectos, confesso que estou curiosíssima para saber se vai haver este esclarecimento ou não.
 
Os capítulos de 9 a 12 são contínuos e seguimos os passos de Rick na caça aos andys.

Primeiro ele subestimou Luba Luft; se meteu numa enrascada tão tensa que não pude evitar ficar ansiosa pra saber como ia sair dessa!
Os androides se mostraram muito inteligentes inseridos em um ambiente policial (apesar de eu não ter entendido muito bem como aquele prédio inteiro possa ser de desconhecimento das autoridades da cidade); Rick aponta que, pra azar deles, a questão da falta de empatia acaba atrapalhando seus planos de se mesclar/fugir dos humanos de uma forma ou outra. Um androide simplesmente não se importa com outro androide, como ele faz questão de enfatizar (já aqui temos um vislumbre do que está por vir).
O personagem que "rouba a cena" nestes capítulos é Phil Resch. Um caçador de recompensas (comprovadamente humano, a despeito do relato de Garland) que contrabalanceia nosso protagonista, e o faz mais uma vez refletir sobre o que é ser humano e o que é ser androide. A confiança de Rick está em xeque, culminando em um pequeno teste em si próprio, mas este é diferente: ele quer saber não apenas o grau de empatia com humanos e animais, e sim empatia com androides. E esta reação empática é detectada em relação à Luba Luft... e ele se achando o máximo por pensar que sempre tratou andys apenas como "máquinas" ou "coisas".

Então, ter empatia com androides torna alguém mais androide ou mais humano?
Se a resposta for "androide", partindo do argumento que ele entende que é um igual a ele, tem um problema: androides não deveriam ter empatia. Se a resposta for "humano", humanos deveriam entender que andys são "coisas", e não tem sentido lógico ter empatia por eles.
Ao mesmo tempo, parece muito humano "se deixar enganar" por uma imitação. Vide ovelha elétrica e afins. Mas pensando bem, Rick não parece ter realmente amor por animais elétricos, é mais uma convenção social, enquanto que no caso de Luba Luft parecia um sentimento real.
 
Apenas fiquei na dúvida se o sentimento por Luba Luft foi empatia ou foi tesão/paixão mesmo. Principalmente após o diálogo com o Phil, que o aconselha a transar antes de matar.
Isso me lembrou de algo que já está se tornando realidade no Japão, os otakus.
Realmente brilhante este livro escrito há tanto tempo e que acertou algumas coisas que viriam a acontecer hoje em dia, não dá mesma maneira, mas semelhante.
 
@Spartaco , não vai participar da leitura? =(

Ainda alguns comentários sobre os capítulos passados (de 5 a 8 e de 9 a 12).

- Sobre o mercerismo: temos então no capítulo 7 a ideia de que Mercer não é uma pessoa, mas uma entidade arquetípica recebida na Terra. No capítulo 3 Rick já comentava que as caixas de empatia "apareceram na Terra", como que caídas do céu.

Fico imaginando se o mercerismo é uma religião alienígena mesmo ou se foi forjada por alguma empresa. Eram os deuses astronautas? (rs) (aliás, o livro de Erich von Däniken foi publicado no mesmo ano que esse de K. Dick, 1968. Coincidência?)

Me parece também uma paródia do Cristianismo, como havia dito. Buster, por outro lado, me parece uma paródia da cultura de massa, como a "família" a que Mildred assistia em Fahrenheit 451 (acho que Buster não é um andróide, Gabriel, mas um personagem de computador, um holograma, talvez?).

Nesse caso, o pensamento de Isidore sobre a guerra entre os dois seria, em outros termos, uma guerra entre Cristianismo e cultura de massa e, como notam Isidore e seu chefe, Buster está ganhando. Se for isso mesmo, é irônico ver autores de ficção científica criticando cultura de massa quando eles eram criticados por fazerem parte dela. Por outro lado, Bradbury e K. Dick não perceberam que o Cristianismo se adaptaria muito bem aos novos tempos e se tornaria de consumo também.

Capítulo 8
Começa a caça aos andys fugitivos.

De qualquer maneira, Rick consegue ser mais rápido no gatilho e aposenta polokov disfarçado de Kadalyi.
Pois é, nesses capítulos (8-12) temos um romance policial, né? Seria hardboiled? Achei que podia ser mas buscando na Wikipédia, uma característica é o cinismo do policial. Rick é cínico? Além disso, não vi muito bem como ele descobriu que era Polokov. Foi pela arma? Depois pensei, relendo, que nunca existiu um investigador russo, era só a agência paralela usando isso para ter acesso à polícia real.

Interessante ele se sentir mal pelo bichinho morrendo mesmo pensando ser de mentira
Seguindo umas fantasias, ele se vê pensando o quão atraentes as andys conseguem ser, sugerindo que uma relação amorosa humano/andy mora logo ali na esquina.

A confiança de Rick está em xeque, culminando em um pequeno teste em si próprio, mas este é diferente: ele quer saber não apenas o grau de empatia com humanos e animais, e sim empatia com androides. E esta reação empática é detectada em relação à Luba Luft...

Mas pensando bem, Rick não parece ter realmente amor por animais elétricos, é mais uma convenção social, enquanto que no caso de Luba Luft parecia um sentimento real.
Apenas fiquei na dúvida se o sentimento por Luba Luft foi empatia ou foi tesão/paixão mesmo. Principalmente após o diálogo com o Phil, que o aconselha a transar antes de matar.
- Sobre empatia: Fiquei em dúvida quanto a Rick ser ou não um androide no cap. 8, porque como a Clara e a Mireille falaram, ele não sente muita empatia pelos animais. A posse é mais como um prêmio. E aí temos a sentença de Luba de que Rick deve ser um androide por não sentir empatia por eles também. O que não parece ser verdade.

Complicadas as voltas que a empatia dá nesses capítulos. Por mais que negue, Rick sente empatia por eles. Temos as mulheres, Rachel Rosen e Luba Luft: Depois de matar Polokov e conversar com Iran, Rick se considera atraído por Rachel. Depois tem toda a dúvida sobre a atração por Luba Luft. Rick pensa se androides tem almas e que ela poderia ser útil ainda. Mas temos também Phil Resch, um homem: quando Garland mente para Rick, ele fica com pena de Phil.

Então não é só sexo, como eles parecem dizer. Fato é que "matar" androides é tão penoso e perturbador quanto matar pessoas e os caçadores de recompensa ficam sim com traumas, como a discussão sobre chamar eles de "coisa" indica. Mas não só os caçadores, porque alguém foi lá e colocou um lençol sobre Luba morta.

A questão parece ser o assassinato. É possível sentir empatia para com assassinos? Não seria melhor reprogramar um androide assassino? Matar um assassino torna você igual a ele?

Isso me lembrou também um curta do Animatrix sobre o primeiro assassinato de um humano por um robô, no capítulo The Second Renaissance - Parte 1 (meio violento aliás). Deem uma olhada.

- Sofrimento de ser androide: temos desde o cap. 5 a possibilidade de que alguém seja androide e não saiba e depois vemos quanta angústia isso pode causar através de Phil Resch. Mas temos também as declarações de Garland (no cap 11) de que na Terra os androides são menos considerados que animais. Em que os vermes são considerados melhores que eles. E a descrição do sentimento de um androide é o quadro O Grito de Munch, para Phil. (Aliás, interpretar os sentimentos alheios é mostra de empatia, Phil!)

Mais sobre isso nos próximos cap. parece.

- Sobre declínio: não entendi ainda o subtexto sobre o declínio e sobre "bagulhificação", relacionado com o mercerismo. Vemos isso desde a apresentação de Isidore (cap. 2) em que ele considera que tudo está declinando e sente necessidade de unificação com Mercer. Depois a explicação de Isidore no cap. 6 de uma guerra contra o declínio de tudo em que o bagulho vencerá afinal. E sua consideração de que ele mesmo está declinando (cap. 7) e virando bagulho vivo. Para Isidore, parece ter relação com o silêncio também.

Mas também com Rick e sua consideração (cap. 8) de que a indústria do lixo se tornou muito importante no mundo deles e de que a Terra morreria sob uma camada de bagulho, como se o problema maior fosse o lixo, mais ou menos como em Wall-E (rs), não a radiação. E depois, de que Mozart também um dia seria esquecido (cap. 9) e que ele, Rick, é parte do processo de destruição, entropia.

Alguém tem alguma ideia?


Não entendi como a vizinha de John Isidore pode ser a Rachael.
Acho que não é. Ela tinha usado essa identidade sem contar que alguém fosse conhecer talvez. Mas vamos ver sobre isso nos próximos capítulos.
 
Última edição:
@Spartaco , não vai participar da leitura?

@-Jorge-, dessa vez estou fora, por alguns motivos: não tenho o livro e acabei não o adquirindo, uma vez que comprei muitos outros livros neste mês; além disso, estou lendo vários ao mesmo tempo.

Desse modo, infelizmente, não deu para participar, mas, sempre que posso, venho a este tópico para ver as observações abalizadas do pessoal. Espero que no próximo eu consiga participar.

Abraço e obrigado pela lembrança.
 
Terminei. Acabou que estava errado em algumas coisas aí em cima.

E que deixei de sentir empatia por androides, em grande parte pelo nojentinho do Roy Baty (kkk).

Mas vamos discutindo. Muito bom, o livro.
 
Última edição:
Foi o primeiro livro do Dick que eu li, gostei tanto (muito melhor do que o filme) que corri para ler outras obras dele. De lá pra cá li "O Homem do Castelo Alto", "Valis" e o meu preferido dele "Ubik".
 

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