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Ainda não li o artigo, mas eu estava pensando nessa estátua aqui:
Losing Faith: The Suffering of Trees in Amazon’s The Rings of Power
Trees are particularly important in Tolkien's milieu. How is The Rings of Power using their imagery to subtly inform its story? Let's explore!www.theonering.net
Em geral, procuro fazer tantas concessões quanto o meu bom-senso permite e me deixar entreter, mas isso é o tipo da coisa que se alguém vê todo o sentido nela, não acho nada ruim passar por burro. Essa cena da escavação pareceu a duplicação de uma BR aqui do meu estado: sempre que a gente passa, vê dois operários aqui e mais dois daqui a 5 km e assim a obra se arrasta desde 2014. Aí eu fiquei: será que a cena vai sair do buraco e mostrar uma gigantesca operação? Não! Por quê? O meu palpite é que imediatamente daria azo à especulação: serão os alicerces de Barad-dûr? Tudo de mais fraco dessa série vem desse jogo de gato e rato que os produtores resolveram jogar com os consumidores. Parece que eles não entenderam que para quem nunca leu Tolkien tanto faz esconder ou revelar e para quem leu, também!
É só fazer um apanhado das críticas aqui mesmo: em grande medida, a galera está assistindo para ver em movimento o que elas imaginaram ao ler.
Não vou selecionar um trecho, porque ao longo do resumo e já antes na crítica do primeiro e segundo episódios, você pontuou muito bem esse pula-pula de uma cena para outra que deixa ao espectador a tarefa de preencher um grande número de lacunas.Primeira cena: Arondir sendo levado pelos Orcs. Bom, todo potencial que eu esperava se foi. Mas tem algo realmente estranho nessa história. Essas mãos que agarram ele absolutamente não são de Orcs. Não são pálidas como as dos outros e com certeza são feitas de galho. É por esse tipo de coisa que eu acho que tem alguma questão sobre a escolha de roteiro, alguma coisa que deu errado ou que deveria ser revelada.
Ver anexo 94097
Os Orcs são mostrados em um túnel coberto por farrapos. Só que o Sol está entrando do mesmo jeito. Num frame podem ser vistas várias pessoas presas numa jaula. O interessante é que na parte da frente da escavação do túnel só têm uns gatos pingados mas esses prisioneiros estão lá sem fazer nada só pra dar um clima de tráfico humano na cena. Várias cenas depois volta para Arondir na escavação onde todos os seus amigos Elfos estão trabalhando. Sem explicação alguma de como a tropa foi pega. Os Orcs por gostarem de sofrimento auto-infligido e de queimar no Sol (interessante que são pálidos como vampiros) decidem escavar túneis de dia e não desviar da raiz de uma árvore. Os Elfos começam a fazer uma militância sem sentido sobre as árvores, mesmo estando acorrentados, e um Orc oferece água pra eles. Depois de uma cena bem demorada o Orc corta a garganta de um Elfo sem motivo algum, só para no minuto seguinte Arondir dizer que ele vai cortar a própria árvore, o que não faz sentido já que o problema era a raiz. Daí ele faz uma reza lá pra árvore pra logo em seguida meter a machadada no tronco (e a raiz?). Enfim, o motivo disso era pra que ele visse acima do buraco da escavação, mas não muda nada essa cena.
Corte pros Orcs que estão todos no Sol como se não fosse nada.
Daí vai pra Galadriel, que na teoria estava como cativa no palácio de Númenor mas foge igual uma personagem do Assassin's Creed pelas janelas e só dois guardas bobalhões procuram ela.
Numa cena anterior Míriel dá uma espada nas mãos de Elendil. Se era pra matar Galadriel ou fazer a guarda dela, ele não fez nenhum dos dois e ela foi passear por aí. Daí Elendil encontra ela prestes a roubar um barco (na frente dos guardas, de todo o povo e do dono do barco?), e ela ameaça ele com uma faca na barriga. Do nada eles estão cavalgando naquela cena 100/10, como se ela tivesse ficado 1000 anos dentro de um cativeiro e visse a luz pela primeira vez.
Ver anexo 94115
Pula para o Halbrand naquela cena linda dele falando que vai roubar as mulheres de Númenor pra ele e fazendo cara de psicopata, pra no minuto seguinte exercer sua sociopatia dizendo que vai pagar a bebida de todos. E claro, eles acreditam, porque são tão tolos quanto Elendil que recebe feliz o abraço de um cativo e nem nota nada de errado. Tudo BR, cheios de afeto por estranhos. Daí do nada ele já é amado por todos, sem nem mostrar o contexto do que aconteceu, e vai saindo de fininho com o broche roubado do outro bobão. Termina com uma cena horrível dele dando golpe de krav maga e quebrando o braço de um dos caras que bateu nele. É uma cena agoniante e explícita, sem nenhuma censura. Eles começam o episódio reprisando o tornozelo quebrando do Hobbit e depois isso. É absolutamente grotesco. Eu não quero nem imaginar o motivo dessas cenas, mas grande chance de ser uma preparação para cenas explicitas de sacrifício humano que vazaram que teria. E bom, eu sinto em dizer que alguns na internet já estão idolatrando o sociopata Halbrand e ilustrando essa admiração por ele com montagens da cena do braço quebrando como se fosse algo lindo. Minha aposta foi sim que eles iriam glamourizar sacrifício humano, e quem viver verá.
Corte pra Galadriel com Elendil vendo uma arte do pinterest na parede e falando de um tal de rei aprisionado. Daí se revela que na verdade a tal marca do Sauron é o mapa de Mordor, que como se pode ver, forçaram até o limite pra fazer tal comparação. Interessante saber o que realmente é esse símbolo, porque a série não vai explicar, pelo visto.
Ver anexo 94099
Indo para os Hobbits eles estão fazendo o desfile da primavera do Homem de Palha. Curioso como eles falam em união, estarem lado a lado se protegendo, em "ninguém ficar pra trás", como se fosse um lema obrigatório da aldeia, mas os pais da Nori estão preocupados sobre como não vão ficar pra trás já que ninguém vai ajudá-los com a carroça quando o pai da menina está doente. Vai acontecer o memorial dos Hobbits que sim, ficaram pra trás e ninguém ajudou, e depois da Nori roubar um mapa da constelação do Estranho do livro do Sadoc, começa o discurso na cerimônia onde eles lembram de cada Hobbit que morreu. A morte de um dos últimos, por picada de abelha, é digna de risadas para a aldeia, que sim, "não deixa ninguém pra trás". Interessante esse clima de memória misturado ao fato de que eles abandonam os amigos e seguem a viagem migratória quando surge um problema e riem de alguém que morreu inchado e sufocando com a alergia das abelhas. Realmente segue a risca a inspiração. O pessoal interpretou essa vila "proto-Hobbit" como unida, mas a única que fala de união e amizade mesmo é a Nori, não eles. Ouvir mais que ver. Aceitar mais que entender.
Do nada o Estranho brota do vácuo e rouba a folha do livro do Sadoc que por alguma razão ele sabia o que era e onde estava e que a Nori deixou jogada em cima de uma mesa apesar de ser tão importante. Um gigante anda por trás dos Hobbits que apesar de terem sistema de camuflagem e comunicação em código não viram nem ouviram. O mesmo maluco que controla o fogo taca fogo no papel e não consegue apagar, e então é descoberto pelos Hobbits. Nori recebe uma bronca da vila e sua família é punida ficando por último na marcha das caravanas. O Estranho é completamente ignorado e fica lá observando como se não fosse nada. Ninguém teme dele ser um espião ou uma ameaça pro grupo, por alguma razão desconhecida.
Indo para Númenor, Elendil está fazendo barraco no meio do povo e tendo uma conversa irrelevante com os filhos e essa cena é mostrada.
Ver anexo 94100
Ver anexo 94101
Galadriel, uma puppet?
Antes disso é mostrado ela lutando contra um gigante para defender Míriel, porque todo mundo na série é profeta, até o manipulador de marionetes.
Corta para Galadriel que até onde se sabia estava foragida entrando tranquilamente na cadeia do palácio sem mais nem menos para ver Halbrand que de alguma forma mágica ela sabia que estava preso.
Ele diz que foi preso e ela pergunta a razão. Ele diz que foi briga por mulher e ela nos proporciona seu característico semblante, o mesmo de todas as outras cenas. Em seguida ela revela, na história mais furada de 2022, que ele é um rei, por motivo concreto algum, já que sim, ele é um ladrão e poderia ter roubado aquele sinal de alguém morto. Ou ele poderia tê-lo sem ser rei. Ou comprado num camelô. Mas ele é estabelecido como rei e ponto final. Então ela convida ele pra que redima seu povo no Sul e ela redima seu povo também. Não sei por que e como ela quer redimir os Elfos numa situação dessa (se apaixonando por Sauron talvez), mas enfim.
Míriel é mostrada subindo na torre do rei isolado pra dizer que a Elfa chegou. Mais uma vidente.
Daí, na melhor cena de todas, os Hobbits estão se matando pra carregar a carroça. E no momento seguinte, descobrimos a razão. O folgado do Estranho estava lá tirando uma pestana. Daí ele sai e Nori diz que ele é a solução. Ele vai ajudá-los. Mas será que ela não percebeu que era ele que estava fazendo todo o peso?
Corta pra cena final, os Elfos. Arondir realmente tacou a árvore abaixo e estão eles lá ainda, presos atrás das raízes. Começa uma cena de luta de correntes contra os Orcs e Arondir taca o barraco dos farrapos abaixo. O que não adianta nada porque os Orcs são bipolares e saem no Sol quando querem. Eles ainda brincam de cabo de guerra. Então vem nosso mascote de Rings of Power: Pipiu, o híbrido de humano com hiena.
Ver anexo 94103
Com seus super movimentos gráficos playstation 2, ele morde todos os Elfos, que nas feridas não tem nenhuma profundidade e parece que estão manchados de suco de morango. Daí Pipiu toma um rolo do Arondir e cai dentro do vácuo do espaço, quer dizer, da raiz da árvore, nessa cena Ultra 4k HD. Depois disso Arondir arranca um pedaço da raiz da árvore, que aparentemente sai melhor com a mão que com machado e mata um Orc. Daí o amigo do Arondir sobe o buraco pra fugir mas é atingido por flechas, por, veja só, Orcs que estavam o tempo todo sob o Sol. O episódio acaba com o Scar chegando e as hienas se ajoelhando pra ele.
Sim, estamos prestes a assistir O Rei Leão 4: O Retorno de Scar & Mufasa.
Bom, a próxima análise será do fim de temporada porque, enfim, não vi nada sobre Tolkien e deu pra mim.
Gente! 
E aí, vai ter essas cinco temporadas ou é lorota?! Oito horas por temporada será que não bastam para contar uma estória em que a gente siga o movimento das personagens sem tomar um susto com o que parece teletransporte?
Exatamente. Tudo é misteriozinho sem sentido. Quem será o Homem do céu? Como será o rosto do Adar? O que será que eles estão procurando na terra? E toda a fonte da discórdia: cadê o Sauron que ninguém perdeu? Daí se deriva o caos.Em geral, procuro fazer tantas concessões quanto o meu bom-senso permite e me deixar entreter, mas isso é o tipo da coisa que se alguém vê todo o sentido nela, não acho nada ruim passar por burro. Essa cena da escavação pareceu a duplicação de uma BR aqui do meu estado: sempre que a gente passa, vê dois operários aqui e mais dois daqui a 5 km e assim a obra se arrasta desde 2014. Aí eu fiquei: será que a cena vai sair do buraco e mostrar uma gigantesca operação? Não! Por quê? O meu palpite é que imediatamente daria azo à especulação: serão os alicerces de Barad-dûr? Tudo de mais fraco dessa série vem desse jogo de gato e rato que os produtores resolveram jogar com os consumidores. Parece que eles não entenderam que para quem nunca leu Tolkien tanto faz esconder ou revelar e para quem leu, também!
Tudo isso porque a história não tem base nem sinopse e o único assunto que resta é discutir mistérios que foram colocados na trama justamente pra ter alguma coisa pra falar sobre. Sem isso, não teria nada. Ou seja, um roteiro escrito pra tapar buraco na própria vida real. E aí dá no que dá.
Parece que esses episódios fast food bem porcos são uma encheção de linguiça pra chegar na parte importante. A parte que eu tenho uma noção de qual seja. Ali talvez o teleporte e corte repentino pare. Agora é só pra dar um ar de que os outros personagens importam.Não vou selecionar um trecho, porque ao longo do resumo e já antes na crítica do primeiro e segundo episódios, você pontuou muito bem esse pula-pula de uma cena para outra que deixa ao espectador a tarefa de preencher um grande número de lacunas.
De fato, é um aperreio tão grande em mostrar todas, todos e tudo e apressar a estória que me dá a impressão de que a série vai acabar daqui a quinze dias!
Para o leitor de Tolkien, o impacto aumenta, porque ele é um criador de jornadas: Túrin, Bilbo, Frodo... Dá para ir lendo e traçando o avanço capítulo a capítulo num mapa.
Quando a Galadriel vai falar algo, eu penso:De longe o melhor episódio, quase tudo foi perfeito. A única coisa que me incomodou nele é que reforçou algo que está me incomodando desde o início: GALADRIEL TÁ UM PORRE! Eu já não tinha gostado de como transformaram uma personagem ambiciosa, poderosa e em muitos aspectos "divina" em uma guerreira comum, com uma motivação clichê e que sequer é dela (cumprir a promessa do irmão)... mas vá lá, estou tentando encarar quase tudo na série como coisa nova, esquecendo a obra original... acontece que, mesmo como personagem nova, ela está intragável! Não respeita ninguém, não demonstra um fio de emoção (aqui já me pergunto se a deficiência é da atriz), tem o comportamento de uma adolescente (apesar de ser milenária). Estava me irritando a forma como ninguém presta a reverência que Galadriel merece, mas de repente ficaria estranho, porque toda a caracterização da personagem não está justificando despertar isso, mesmo. Só Isildur demonstrou a admiração devida, talvez justamente porque não interagiu com ela.
Eu não vejo incongruência entre a despedida dos pés-peludos na série e os hobbits na obra literária publicada do autor (para não dizer cânone e causar frisson...). Acho que ninguém ousará pôr em causa o carisma dos hobbits de Tolkien, o qual, a meu juízo, P.J. e a sua equipe souberam reproduzir muito bem. Mas em contraposição a um coração generoso como o de Samwise havia corações mesquinhos como o de Lobélia.Perfeito
Em tempo:
"Não, eles comem e bebem, Sam. A Sombra que os gerou só pode zombar, não pode fazer; não coisas novas e reais por si mesma. Não acho que tenha dado vida aos orques, apenas os arruinou e perverteu; e se eles têm de viver, devem viver como as outras criaturas viventes." - Frodo, O Senhor dos Anéis
"Pois os Orques tinham vida e se multiplicavam à maneira dos Filhos de Ilúvatar; e nada que tivesse vida por si mesmo, nem a semelhança de vida, podia Melkor jamais criar desde sua rebelião no Ainulindalë antes do
Princípio: assim dizem os sábios." Da Vinda dos Elfos e do Cativeiro de Melkor, O Silmarillion
Não use mais essa frase bizarra. Considere esse esclarecimento uma cortesia da casa ainda que você tenha sujado o piso com lama impregnada nos seus sapatinhos. Pra limpar é mais fácil do que você imagina, caso tenha interesse, claro.
nossa obrigada por falar, não aguento mais esses comentários idiotas, chega da vergonha
O problema aqui é você reduzir Tolkien ao Senhor dos Anéis, quando sabemos que o grosso do legendarium não tem muito a ver com isso.
Agora,
O problema é eu não fiz isso.
Apenas disse que Tolkien é um criador de jornadas. Se a sua contrariedade é por achar que não, tá. 
É exatamente isso que você fez.O problema é eu não fiz isso.
Bom, vamos lá. O que você acha que eu fiz me é indiferente, pois me importa o que eu acho que fiz.
