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Clube de Leitura 25º Livro: Drácula (Bram Stoker) [2.0]

Cadê o pessoal que está lendo Drácula?
Queria ouvir primeiro as impressões de quem vai lendo pela primeira vez.
O @Níra pareceu surpreso com o final do capítulo III... Quem quer começar?
:g: (sim, estou enrolando, mas cumpri o cronograma durante a madrugada...)
 
Eu também estou curiosa pelas impressões de quem está lendo pela primeira vez. Além disso, antes de comentar, preciso ler o segundo, o terceiro e o quarto capítulos. VOU COMENTAR AINDA HOJE, GENTE. :timido:
 
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Gostei bastante dos primeiros quatro capítulos. Já assisti a duas adaptações da história do Dracula: o filme do Francis Coppola (do qual só me lembro que tem o Gary Oldman nele rs) e Nosferatu (desse ainda me lembro de um detalhe ou outro), então o que acontece no decorrer do livro talvez não seja inteiramente uma novidade.

Dessa parte inicial, me chamou atenção, num primeiro momento, a descrição da floresta e dos arredores do castelo do conde: Stoker conduz uma viagem que parece banal, introduzindo uma natureza bem viva (com o perdão do trocadilho). Talvez até mais do que o castelo, a sua redondeza é um personagem a parte: mesmo na contemplação de Jonathan, se constitui como uma "ameaça tímida" mas que, da altura das montanhas ao uivar dos lobos, está sempre a mostrar suas garras.

O ponto alto da minha leitura ainda é o fim do capítulo III. Aliando uma boa escrita, que já tinha sido desenvolvida desde o início, ao elemento surpresa (uma vez que não me lembro de ter visto nos dois filmes)... O capítulo IV é tão bem escrito quanto o anterior, mas o que acontece lá eu ainda me lembrava do longa do Murnau, enfim

Quanto ao idioma, também achei um inglês não tão difícil; quando tem algum substantivo, adjetivo ou verbo que eu desconheça o significado, dou uma de @Eriadan e consulto o dicionário do iBooks :timido: .
 
Uma coisa que nunca ficou muito clara pra mim:
Nosso amigo Harker Jonathan -- quer dizer, Jonathan Harker -- em certo momento, pensa que o cocheiro era o próprio Drácula disfarçado, inclusive menciona os olhos avermelhados, a força extraordinária, etc. Mas pra mim sempre pareceu que ficou em aberto se era mesmo o Drácula ou não. O que vocês acham?
 
Essa questão da paisagem é bem interessante. Relendo agora, a descrição que ele faz da paisagem ainda durante a viagem do Jonathan é bastante pitoresca. Uma vez atravessei a Eslováquia de ônibus e a descrição que ele faz me reavivou claramente as memórias daquela viagem. É um lugar impressionante. Nunca li nada da biografia do Stoker, mas imagino que ele conheceu pessoalmente a região.

Uma curiosidade é que comecei a ler no mesmo dia que havia lido o conto "A Porta no Muro", do H. G. Wells. A parte que a mulher fala para o Jonathan não ir para o castelo naquela noite, e ele reponde que tem um negócio a fazer que não pode deixar nada interferir com isso me remeteu na hora ao conto do Wells. Essa ideia de que, cegos, nos deixamos controlar por obrigações que regem nossa vida, geralmente provocadas por anseios externos e artificiais - que me soou bem ridícula e afetada no caso do Jonathan.

A cena do espelho acho que dá spoiler antes da hora. Tudo bem que hoje em dia não é surpresa pra ninguém que o conde é um vampiro. Mas pensando no desenvolvimento da narrativa, se o Jonathan apenas tivesse notado na primeira vez e ficado em dúvida, ao invés de conferir de novo e ter certeza que o conde não tinha reflexo, acho que deixaria um ambiente de mistério por mais tempo. Uma aura de que tem algo errado, mas não sabemos bem o que é, nossas dúvidas se mesclariam com as dúvidas do narrador. Mas quando ele confere a segunda vez e tem a certeza que o conde não pode ser visto no reflexo, ele entrega o sobrenatural, a condição não-humana do conde de uma vez. Acho que um crescendo até o encontro no fim do capítulo 3 traria um clima mais condizente com a narrativa. Mas, em pleno séc XXI, isso é só um detalhe.

Sobre a questão do cocheiro, na minha interpretação ele e o conde são a mesma pessoa. As características são muito similares: a força, o toque da mão, o mesmo gesto para controlar os lobos. Tem a demora do Jonathan em ser recebido dentro do castelo e o detalhe do conde usar a janela como entrada e saída do castelo que reforça isso pra mim.

Em certa passagem é dito "(...) with his cloak spreading out around him like great wings."
A questão que fica é, o Drácula tem asas? Seria ele um Balrog?
 
Terminei o capítulo VII. Em qual vocês estão? Não quero dar spoiler.
Conforme o cronograma, esta semana é pra tratar dos capítulos 1–4. Qualquer coisa que tenha acontecido aí pode ser mencionada sem medo de spoiler.

Uma coisa que nunca ficou muito clara pra mim:
Nosso amigo Harker Jonathan -- quer dizer, Jonathan Harker -- em certo momento, pensa que o cocheiro era o próprio Drácula disfarçado, inclusive menciona os olhos avermelhados, a força extraordinária, etc. Mas pra mim sempre pareceu que ficou em aberto se era mesmo o Drácula ou não. O que vocês acham?
Pra mim não resta dúvida nenhuma. É muito claro o domínio que o cocheiro exerce sobre os lobos, a força extraordinária mencionada e sobretudo a ausência de criadagem no castelo, como só mais tarde o Harker vai notar, ao flagrar o próprio conde arrumando a cama do hóspede e botando a mesa numa certa ocasião. Daí ele liga uma coisa à outra e concluiu que o cocheiro só poderia ser o próprio conde.
 
Respondi ao Giu antes de ler sua respostas, Finarfin; já estava dada a solução. Só acrescento mesmo que o momento da epifania foi quando ele flagrou o conde arrumando as coisas.
A cena do espelho acho que dá spoiler antes da hora. Tudo bem que hoje em dia não é surpresa pra ninguém que o conde é um vampiro. Mas pensando no desenvolvimento da narrativa, se o Jonathan apenas tivesse notado na primeira vez e ficado em dúvida, ao invés de conferir de novo e ter certeza que o conde não tinha reflexo, acho que deixaria um ambiente de mistério por mais tempo. Uma aura de que tem algo errado, mas não sabemos bem o que é, nossas dúvidas se mesclariam com as dúvidas do narrador. Mas quando ele confere a segunda vez e tem a certeza que o conde não pode ser visto no reflexo, ele entrega o sobrenatural, a condição não-humana do conde de uma vez. Acho que um crescendo até o encontro no fim do capítulo 3 traria um clima mais condizente com a narrativa. Mas, em pleno séc XXI, isso é só um detalhe.
Concordo em gênero, número e grau. Teria deixado mais suspense no ar.

Em certa passagem é dito "(...) with his cloak spreading out around him like great wings."
A questão que fica é, o Drácula tem asas? Seria ele um Balrog?
:rofl:
 
É, deve ser mesmo. Aliás, se não estou lembrando errado, no filme Nosferatu de 1922 o cocheiro era o próprio Drácula (sei que nesse filme ele não se chama Drácula, mas whatever).
 
Pra mim não resta dúvida nenhuma. É muito claro o domínio que o cocheiro exerce sobre os lobos, a força extraordinária mencionada e sobretudo a ausência de criadagem no castelo, como só mais tarde o Harker vai notar, ao flagrar o próprio conde arrumando a cama do hóspede e botando a mesa numa certa ocasião. Daí ele liga uma coisa à outra e concluiu que o cocheiro só poderia ser o próprio conde
Me chamou a atenção, também, a reação dos que estavam acompanhando Jonathan quando viram o "cocheiro", dizendo uma frase em alemão que o autor traduziu como "for the dead travel fast".. meio que implicitamente, já faz um paralelo entre o cocheiro e a figura do conde mais tarde.
 
Aquela galerinha tava muito mais apavorada que o Jonathan. O coitado nem sabia direito o que tava acontecendo.
 
Falando em alemão, repararam que durante o percurso até o castelo, ante de entrar na caleche do conde, ele passa por uma região entre colinas que se chama "Mittel Land?

Isso só reforça meu ponto aqui:
Em certa passagem é dito "(...) with his cloak spreading out around him like great wings."
A questão que fica é, o Drácula tem asas? Seria ele um Balrog?


Aquela galerinha tava muito mais apavorada que o Jonathan. O coitado nem sabia direito o que tava acontecendo.
Acho engraçada a parte que o Jonathan comenta algo sobre conversar com o conde sobre essas superstições, meio em tom de deboche.
 
Só para deixar registrado, eu cumpri o cronograma, e terminei de ler os quatro primeiros capítulos. Vou postar e, depois, editar, procês verem a hora. :hihihi:



Eu adoro todo aquele clima de "vai dar merda" que a gente pode depreender, a partir dos relatos do Harker, dos rostos e dos gestos das pessoas com as quais ele tem contato enquanto se dirige para o castelo. E é bacana, também, ver a arrogância do cético debochando de todo aquele clima de superstição para, momentos depois, admitir que parecia ter sido contaminado por aquela atmosfera.

Todo o trajeto do Jonathan Harker para o castelo é magnífico, porque cuida de construir a "imagem" do Drácula sem que ele, efetivamente, esteja presente em cena. Assim, quando o Jonathan finalmente descreve as feições do conde, a gente tem a sensação de já ter visualizado, na descrição das curvas, dos abismos, da vegetação, entre outros, as peculiaridades que caracterizam seu anfitrião.

Seu rosto era aquilino — muito aquilino. Tinha nariz adunco e afilado, com narinas peculiarmente arqueadas; a testa era alta e recurva. O cabelo era escasso ao redor das têmporas, mas crescia em abundância no resto do crânio. As sobrancelhas eram maciças, quase unidas acima do nariz, com pelos hirsutos e emaranhados. A boca (até onde eu podia ver, sob o enorme bigode) era um ricto cruel, com dentes brancos e estranhamente agudos, que se projetavam sobre os lábios — cujo rubor denotava um vigor espantoso em um homem de sua idade. Suas orelhas eram pálidas, com extremidades pontiagudas; o queixo era amplo e forte; as faces eram firmes, embora muito magras. A impressão geral era de uma lividez extraordinária.

Há umas inversões irônicas no texto que me rendem boas risadas. Por exemplo, na parte em que o Harker diz "Estávamos entrando na Garganta de Borgo", já sabendo o que esperar do romance, a gente pode estabelecer um paralelo entre a geografia do lugar e, claro, a geografia dos corpos por que passam os dentes, afinal, são os dentes que entram na garganta. :sacou:

Gosto, muito, também, de momentos da narrativa como este: "pairava sobre nossa cabeça um manto de inquietas nuvens negras". É como se a "sombra" do conde se estendesse por todos os caminhos. Todos os caminhos levam ao Castelo Drácula, porque o livro é, em última análise, o corpo do vampiro. Corpo este percorrido pelo leitor com a mesma avidez com que percorre as páginas do diário de Jonathan Harker.
 
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