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Clube de Leitura 25º Livro: Drácula (Bram Stoker) [2.0]

Ih, a discussão era do dia 16 ao 22? 😬
Isso porque o tópico do "Bacanal Grande Sertão: Veredas" está parado. Se estivesse movimentado, aí que você iria confundir tudo, mesmo. :rofl:


Bom, eu já esperei um cadinho de tempo, então, vou ter de perguntar: sério que vocês não vão falar sobre o teor erótico que perpassa os quatro primeiros capítulos? Eu não queria ter de puxar a discussão, mas cês num falam, e eu sou empolgada. :timido:
 
Bom, eu já esperei um cadinho de tempo, então, vou ter de perguntar: sério que vocês não vão falar sobre o teor erótico que perpassa os quatro primeiros capítulos? Eu não queria ter de puxar a discussão, mas cês num falam, e eu sou empolgada. :timido:
Assim você vai fazer o Tolkien se revirar no túmulo.
 
Bom, podemos chamar atenção para o fato de Drácula ser nada mais nada menos que um panfleto comunista. Já nos capítulos iniciais temos uma orgia que acaba com uma criancinha sendo comida.
Tudo que a esquerda pervertida tenta impor nas nossas escolas. Não sei como ainda não sugeriram Drácula como leitura obrigatória para a o quinto ano.
 
Estou lendo a versão da Amazon Classics e, como disseram, o inglês é bem acessível. Tem algumas estruturas estranhas ao inglês contemporâneo, mas nada que não se supere pensando um pouquinho. As falas do conde têm sido a parte mais complexa até agora, e, mesmo assim, não são nada de outro mundo. Talvez faça parte da narrativa, aliás: pelo que eu saiba, dizem que o livro busca mostrar a decadência do antigo regime e ligá-la à imagem do Conde decrépito, sozinho no seu castelo e vivendo do sangue do campesinato (que seria alegoria para a exploração). Se assim for assim, faz sentido que o velho seja cheio de firulas, pomposidades e etiquetas, como de fato é, para evidenciar quão ridícula é a nobreza que quer se apegar a memórias das épocas anteriores à revolução industrial, fingindo ainda deter o poder e o status de antes. Não é à toa que o Draquinho entra numa espécie de transe voluptuoso quando conta a história da casa dele — é uma chance de reviver a mentira que ele conta a si mesmo: que ele é alguém. Em contraste a isso, ele diz querer ir a Londres para se tornar ninguém, mas isso pode ser interpretado como uma tentativa de fugir de um ambiente onde a mediocridade dele se tornou gritante.

O que mais me chamou atenção logo de cara, mesmo, foi o enorme orientalismo do Stokerzinho. O livro já começa descrevendo o exotismo e a anarquia da região bárbara. Além disso, nenhum dos locais é propiamente descrito, a única coisa que importa sobre eles é que são pobres, miseráveis e medrosos. Nossa, me dá ódio essa mentalidade imperialista de histórias sobre o homem civilizado adentrando o território dos selvagens abandonados por Deus...

Os períodos indicados acima correspondem aos dias em que os referidos capítulos serão abertamente discutidos, sem preocupação com spoilers; venham com a leitura feita antes, portanto.
Eu sou um analfabeto mesmo.

Também já li as 50 páginas da introdução, hoje.
50 páginas de introdução. x_x
Eu geralmente leio as introduções e prefácios por último, já que geralmente eles são mais bem entendidos (antes de particípio se usa "mais bem", né?) quando já se leu a obra. Além disso, alguns engraçadinhos gostam de colocar spoilers na introdução (alô, Tolkien). Fora que, algumas vezes, a introdução é 20, 30 páginas de um texto ininteligível escrito por um especialista querendo fazer show off.

Uma coisa que nunca ficou muito clara pra mim:
Nosso amigo Harker Jonathan -- quer dizer, Jonathan Harker -- em certo momento, pensa que o cocheiro era o próprio Drácula disfarçado, inclusive menciona os olhos avermelhados, a força extraordinária, etc. Mas pra mim sempre pareceu que ficou em aberto se era mesmo o Drácula ou não. O que vocês acham?
No começo eu imaginei o cocheiro como um lenhador canadense encapetado, mas, como o Finarfin disse, fica bem claro, nos capítulos posteriores, que se tratava do chupador.

Há umas inversões irônicas no texto que me rendem boas risadas. Por exemplo, na parte em que o Harker diz "Estávamos entrando na Garganta de Borgo", já sabendo o que esperar do romance, a gente pode estabelecer um paralelo entre a geografia do lugar e, claro, a geografia dos corpos por que passam os dentes, afinal, são os dentes que entram na garganta. :sacou:
Isso é coisa da tradução (ficou ótimo, aliás). No original é Borgo Pass.
 
Eu ia mencionar o orientalismo. Isso é tradição romântica bem clara. Eu achei legal como ele vai reclamando que os bárbaros ali são atrasados civilizacionalmente na mesma proporção em que se atrasam pra cumprir horários. rs Tem até uma frase lá, em que ele sugere que a coisa vá degringolando à medida que se avança para o Oriente, e diz algo como "imagino como deve ser na China". :lol: Tem uma frase que me fez rir também, quando ele está descrevendo as gentes pelo caminho e diz que "as mulheres parecem muito bonitas... mas só quando vistas de longe". (Citando tudo de cabeça, relevem erros) :rofl:


Enfim. O que eu não consigo entender no fim das contas é a razão que o Drácula tinha pra manter o Jonathan seu prisioneiro. Ele alega que precisava treinar o inglês pra perder o sotaque; mas a mim soa mais como uma mentira pra reter o homem lá... Só que pra quê? Ele impede que as vampiras o chupe dizendo "Este homem me pertence!". E promete que elas o poderão ter depois que ele o tiver usado. Mas em nenhum momento há relatado que o próprio Drácula tenha chupado o Harker. Então seu único uso era mesmo fornecer informações sobre Londres e treinar seu inglês? Porque o conde passa por todo um incômodo pra fingir que é o Jonathan, mandando cartas com a roupa dele etc... :think: Tudo isso pra quê?
 
É que o Durakku-chan ficou com vergonha de chegar no senpai.

to love ru lala GIF
 
Enfim. O que eu não consigo entender no fim das contas é a razão que o Drácula tinha pra manter o Jonathan seu prisioneiro. Ele alega que precisava treinar o inglês pra perder o sotaque; mas a mim soa mais como uma mentira pra reter o homem lá... Só que pra quê? Ele impede que as vampiras o chupe dizendo "Este homem me pertence!". E promete que elas o poderão ter depois que ele o tiver usado. Mas em nenhum momento há relatado que o próprio Drácula tenha chupado o Harker. Então seu único uso era mesmo fornecer informações sobre Londres e treinar seu inglês? Porque o conde passa por todo um incômodo pra fingir que é o Jonathan, mandando cartas com a roupa dele etc... :think: Tudo isso pra quê?

Creio que o Drácula não queria levantar suspeitas sobre si lá na Inglaterra, por isso toda a dissimulação pra fazer parecer que a morte do Jonathan não teria nada a ver com ele.
 
A band of Szgany have come to the castle, and are encamped in the courtyard. These Szgany are gypsies; I have notes of them in my book. They are peculiar to this part of the world, though allied to the ordinary gypsies all the world over. There are thousands of them in Hungary and Transylvania, who are almost outside all law. They attach themselves as a rule to some great noble or boyar, and call themselves by his name. They are fearless and without religion, save superstition, and they talk only their own varieties of the Romany language.
Disse que os caras são sem lei, sem religião e inclinados à servidão numa tacada só. :rofl:
 
Creio que o Drácula não queria levantar suspeitas sobre si lá na Inglaterra, por isso toda a dissimulação pra fazer parecer que a morte do Jonathan não teria nada a ver com ele.
Não, essa parte eu entendi. Mas ela só foi motivada pela insistência do próprio Drácula em ter o Jonathan consigo por longo um período. Se ele tivesse apenas tratado rapidamente de negócios, o cara não teria sumido, nem seria preciso simular nada. Era esse o meu ponto. :think:
 
Acho que, ao fim e ao cabo, o conde se sentiu inclinado à cumprir a fala sobre manter a segurança do hóspede, que veio estampada nas boas-vindas: "— Bem-vindo à minha casa. Entre livremente, para mais tarde partir em segurança. E deixe para trás um pouco da felicidade que trouxe consigo." (Sim, eu sempre me lembro de A Divina Comédia, com essas "boas-vindas", e sempre boto "esperança" no lugar de "felicidade":rofl:).

Acredito que todo esse trabalho para se passar pelo Jonathan e manter a ilusão de que ele estava em segurança foi o jeito de o Drácula, como bom dominador, se garantir para o caso de não resistir e acabar bebendo o leite o sangue do advogado comercial adjunto.

Além disso, tem toda aquela ambiguidade própria do conde, né? Ele diz ao hóspede que o manterá em segurança, mas também diz às três irmãs macabras: "Quando eu terminar com ele, vocês poderão beijá-lo o quanto quiserem".

E, sim, fica no ar (ou enterrado, no submundo do castelo, no inconsciente) o que realmente o Drácula queria do Jonathan. Há, ainda, a possibilidade de que ele tenha conseguido o que queria, que era, mesmo, aquelas orientações sobre sotaque e questões jurídicas; e acabou optando por manter o Jonathan vivo para não deixar "pontas soltas" que pudessem ligá-lo ao estranho desaparecimento do inglês. Pode ter sido uma escolha racional (ou passional, né? O AMOR VENCEU! :hihihi:).

P.S.: Cês lembram daquela parte, lá no início, quando o Harker entrega a carta que o Hawkins escreveu para o conde e, depois, comenta: "Meu anfitrião rompeu o selo e leu em silêncio, com expressão grave; depois, me devolveu a carta, com um sorriso que — devo confessar — era de fato charmoso."? Drácula num queria sozinho, não, minha gente. :rofl:
 
Haha isso do "devo confessar" não estava no texto original. Veja:

"I handed to him the sealed letter which Mr. Hawkins had entrusted to me. He opened it and read it gravely; then, with a charming smile, he handed it to me to read."
 
Ao que parece o conde só queria informações mesmo. E, como o próprio Jonathan disse, ele sabia demais, e o conde sabia que ele o sabia, para poder sair vivo de lá.
 
Ao contrário da semana passada, quando terminei de ler os quatro primeiros capítulos aos 45 minutos do segundo tempo, e fui salva pelos acréscimos, dessa vez eu terminei de ler os capítulos da semana com folga. Amanhã, dou um jeito de fazer um post comentando algumas coisas, porque já desliguei o computador, e digitar no celular é cansativo.
 
Nos quatro primeiros capítulos de Drácula, parece que a gente já vai direto para a ação. Algumas pessoas, como a Mina, são mencionadas, mas as informações sobre elas são escassas. A partir do quinto capítulo, entram outros personagens na história, e faz-se uma contextualização acerca deles. Sim, o quinto e o sexto capítulos são entediantes. Mas, não tem como fugir à tradição romântica, né? Então a gente precisa ficar sabendo de todos aqueles dramas amorosos. (Impossível não revirar os olhos enquanto a Lucy narra os três pedidos de casamento que recebeu. :hihihi:)

Nesse meio tempo, a gente fica curioso para saber o que aconteceu com o Jonathan, já que a última vez em que esteve em cena, ele estava considerando pular do penhasco. E essa curiosidade permanece durante boa parte dos capítulos seguintes, já que, só no oitavo capítulo, Mina recebe uma notícia de Jonathan. O sr. Hawkins reenviou uma carta que recebera à Mina. Esta, ao saber que o noivo estava doente, prepara-se para ir ao encontro dele. Mas esse "mistério" e o que aconteceu à Jonathan são coisas que serão abordadas mais adiante.

Reinfeld, paciente do Dr. Seward, é uma figura bastante interessante (muito antes das peripécias do oitavo capítulo, quando começa a chamar pelo Mestre). A obsessão que ele tem por insetos é peculiar. Quando ele engole uma varejeira, embora cause asco no médico, usa uma justificativa comum aos guerreiros de outrora, que acreditavam que absorviam a força dos inimigos que derrotavam. Nas palavras do médico: "Reinfeld replicou que comer moscas era algo perfeitamente saudável e nutritivo; que todo inseto era vida, vida intensa e forte; e, ao comê-los, ele assimila sua saborosa força vital". Cadeia alimentar, né? :dente: E o diagnóstico que o doutor fez do Reinfeld é bastante sugestivo: "Meu amigo maníaco-homicida pertence a uma categoria muito peculiar de loucura. Terei de inventar uma nova classificação para ele: é um maníaco zoófago (um devorador de vida); o que ele deseja é absorver quantas vidas for possível, e seu plano é realizar isso de forma cumulativa".

Há a proposição, mesmo que velada, de uma discussão ética do assunto aqui, ó: "Reinfield, enfim, fez um raciocínio perfeito; todos os loucos são racionais, dentro dos limites de sua loucura. Em seu sistema de contagem, qual será o valor de uma criatura humana? Valerá o equivalente a muitas vidas animais, ou deve ser contada como apenas 'uma vida'?"

Se formos costurar as coisas, para os vampiros, humanos não passam de insetos, dos quais tiram o sangue, isto é, a força vital. Há lógica nessa aparente insanidade do Reinfield? Há. O que poderíamos pensar é, a partir do Humanismo, como ficaria o enquadramento ético da coisa.

Apesar de estes capítulos, quinto e sexto, serem cansativos (sejamos justos: depois dos quatro primeiros capítulos do livro, é difícil manter o ritmo), eu acho muito bacana a construção do sr. Swales que, num primeiro momento, porta-se como a "voz racional" de Whitby, né? Apressa-se em desmentir os boatos sobre a Dama de Branco (aqui, temos um lindo exemplo de foreshadowing, né? É como se tivéssemos contato com a sombra de um objeto antes de olharmos diretamente para ele. Essa imagem da Mulher de Branco retorna quando Lucy, de camisola, branca, não apenas vai ao encontro do conde como também aparece, por algumas vezes, na janela do quarto, como Noiva do Drácula), bem como também de apontar a hipocrisia que cerceia os assuntos referentes à morte. A esse respeito, o velho ressalta que quem poderá dizer que alguém ainda se lembra dos poucos ossos que repousam abaixo daquelas lápides carinhosas. É significativo, também, ele racionalizando as coisas e dizendo que, a maioria das pessoas que morreram no mar, repousam por lá. Afinal, quem traria os corpos de tão longe?

E foi com o domínio da técnica narrativa que, depois, Stoker fez com que o senhor Swales abrisse mão do deboche e do ceticismo para assumir um tom premonitório: "Estou satisfeito: minha hora está chegando e a espera logo vai acabar. Talvez chegue enquanto falo ou enquanto penso. Talvez a Hora venha naquele vento que está se levantando lá no meio do mar, e que vai lançar muito desgosto e muita ruína sobre o mundo, tristes casos e fortes infortúnios. Olhe! Olhe! — ele exclamou de repente. — Tem algo nesse vento, algo nesse ronco que vem de longe, algo que tem o som, a face e o cheiro da morte. Está no ar; está vindo para cá; posso sentir."

Quando uma pessoa cética fala essas coisas, parece que elas ganham peso, porque, veja bem, não se trata de alguém que acredita em qualquer coisa. Por isso, a estratégia de, primeiro, apresentar o velho como alguém que não acreditava em superstições, e questionava até mesmo o destino dos mortos, sem poupar palavras para falar sobre eles, é essencial para que, quando ele diz que alguma coisa vem vindo com o vento, fiquemos atentos a ponto a sentir a maldade tocar o nosso rosto, por intermédio do vento. É de arrepiar. Coisa muito bem engendrada, mesmo. E isso desemboca na obra-prima que é o sétimo capítulo. É um dos meus capítulos preferidos do livro (eu não me lembrava de nenhum detalhe específico de Drácula, porque a primeira leitura foi feita há 84 anos, mas me lembrava de ter ficado fascinada pelo "capítulo da tempestade"). E, agora, vem a parte mais interessante: é um capítulo construído a partir de uma tempestade marítima e seus desdobramentos, e, vejam bem: eu nem sou fã do mar (mais mineira, impossível!). Então, quando alguma coisa relacionada ao mar consegue a minha total atenção, essa coisa tem de ser muito boa, mesmo. (Vide a minha loucura por O Velho e o Mar). Eu amo tudo, exatamente TUDO, nesse capítulo.
 
O final do capítulo 6 é importante porque é o gancho entre os 4 primeiro e o sétimo. E foi muito bem construído, com foi comentado pela Melian. Mas acho que antes o autor enrola demais, demorei 3 dias pra fechar esse capítulo, porque estou lendo à noite e esse capítulo 6 me pôs pra dormir duas vezes sem avançar muito na leitura. E não sei como foi feita a tradução, mas é cansativo ler o "dialeto" do véio (mas aí a limitação é minha, não do autor).
 

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