Esse livro foi o melhor da série pra mim, até agora, e um dos melhores livros que já li. Muito suspense, traições, armações mil, guerras se sucedendo aqui e ali, reviravoltas, enfim, é um livro impressionante.
Jon Snow:Jon esteve muito vulnerável durante boa parte do livro. Foi uma surpresa pra mim ele fugir daquele jeito dos selvagens, demonstrou uma lealdade muito grande aos seus votos, talvez ser um bastardo como ele tenha ajudado. Quando começa a lutar contra os selvagens, já vemos o esboço de um comandante militar, e esse esboço vai ficando mais nítido até culminar naquelas intriguinhas entre os irmãos negros e. daí, sua eleição como 998º Comandante da Patrulha da Noite.
Eu esperava isso acontecer desde o primeiro livro, desde que ele foi nomeado intendente pessoal do Velho Urso. Mas fiquei com muito medo dele escolher Winterfell, era uma tentação muito grande, tentação pessoal, familiar, e tentação política e ele terminaria como o pai, eu acho, envolto em jogos políticos e retomando a guerra do irmão morto contra os Bolton e os Greyjoy, e sendo uma marionete do Rei Stannis. Fiquei feliz com a eleição. Agora o jovem Comandante está mais que preparado pra liderar a Patrulha da Noite e lidar com os Outros, principalmente com a oferta de paz que Stannis quer oferecer aos selvagens, povoando a Dádiva e os castros e fortalezas da Muralha, embora eu não entenda como o r'llhorismo seja verdadeiro em suas profecias sobre o Fogo e o Gelo, motivação básica do Rei para reinar no Norte e concentrar seus esforços para salvar o reino.
Gostei bastante dos selvagens, mas são uma piada em disciplina e organização militar. Senti por Ygritte, foi uma daquelas coisas inevitáveis para outras coisas acontecerem.
Samwell: O que chama a atenção é o horror que o Sam enfrenta nesse livro, como sofre e cresce com as dificuldades. De Sor Porquinho para Sam, o Matador, foi mesmo uma reviravolta. Mas o que é melhor nos seus POVs é o medo constante que se sente, um certo desespero. A cena dele com os irmãos no chiqueiro que é aquela casa do Craster, a revolta deles, a morte de Mormont em seus braços, são coisas intensas. A intriga que ela planta pra impedir que Janos Slynt seja escolhido Comandante também é notória.
Sor Alliser Thorne
: Esguio, traiçoeiro, nojento como sempre, mas termina o livro se lascando. Mas estremeço de pensar no tipo de oposição que fará ao comando de Lorde Snow.
Pyp, Grenn, outros irmãos negros: Estão apresentando um crescimento interessante, principalmente Grenn e Pyp.
Rei-para-lá-da-Muralha Mance Rayder; Camisa de Chocalho; Styr, o Magnar de Then; Ygritte; Val; Goiva; Tormund, o Ama-Corvos: Os selvagens são livres, desimpedidos, vivem uma vida sem muitas preocupações, exceto comer, beber, foder e guerrear. Uma vida perfeita no gelo, mas eles querem a liberdade no sul. Personagens interessantes, principalmente Mance e Ygritte, com seu fim trágico.
Catelyn: Não acho a Cat essa completa imbecil passional que muitos pensam. Bem, ela ama seus filhos, não há dúvida. É leal à sua família. Faz de tudo pra salvar as filhas, até libertar Jaime Lannister, mas o que impressiona mais é como ela lida com as burradas de Robb, como ela faz de tudo pra protegê-lo e faz vistas grossas, observa tudo para proteger seu lobinho. Infelizmente, confiou demais na honra dos Frey, comprados por Lorde Tywin, e pagou o preço. Mais uma fatalidade do destino.
Seu zumbi terá uma forte presença no futuro, creio eu. Uma pressão psicológica muito poderosa.
Robb: Robb foi um idiota. Seu pai cometeu o mesmo erro de se apaixonar por outra mulher, mas Ned gerou um bastardo, não se casou com a prostituta, porque não era imbecil. Já Robb caiu nas teias do amor, fez a burrada de se casar por amor, ignorando o compromisso com os Frey, notórios covardes e de honra duvidosa, motivando-os a aceitarem o suborno de Tywin. O que aconteceu com Robb poderia ter sido evitado, ele poderia ter retomado Fosso Cailin com seu plano, seguido pelo Norte e continuar enfrentando os homens de ferro e os Bolton, reconquistando o Norte. Planos frustrados pelo Casamento Vermelho. Robb foi muito idiota. Nos Sete Reinos, os nobres casam por terras, espadas e títulos, não por amor. Imbecil!
Por outro lado, Cat tem sua parcela de culpa por libertar o Regicida. Não fosse por isso, os Karstark seriam ainda uma formidável força aliada do do Rei do Tridente, e o próprio Jaime não perderia o que perdeu, não sofreria o que sofreu.
Os Frey: Impossível não odiá-los, ou pelos menos Walder Frey, pelo desrespeito à sagrada lei da hospitalidade. O Casamento Vermelho foi uma infâmia, aos olhos dos deuses, antigos e novos, e aos olhos dos homens. Aceitar ouro de Tywin e querer se vingar dessa forma tão covarde e abjeta foi o cúmulo. Devem ser a Casa mais repulsiva dos livros, desde o primeiro.
Sor Jaime Lannister: Eu esperava uma reviravolta moral em Jaime, ou esperava ter me enganado sobre ele. Nenhuma das duas coisas ocorreu. Ele é arrogante mesmo, não é calculista, mas toma o que quer, quando quer, como quer, é o típico comandante guerreiro de cabeça quente e grande valor. Mas aí me lembrei de como ele parecia Uhtred Ragnarson.
Ele se tornou menos detestável pra mim pelo que sofreu nas mãos dos Bravos Companheiros e, nas censuras de Brienne, todas as humilhações que sofreu por ter matado o Rei Louco, Aerys II Targaryen. Esses conflitos morais compensam até mesmo o amor incestuoso que ele tem pela vaca da irmã.
Perder a mão parece ter lhe ensinado humildade pela humilhação. E parece que terá de se humilhar mais. Admiro em Jaime o amor pelo irmão, que enxerga além da deformação física, e as reservas para com
Brienne: Chama a atenção pela honra ingênua dela, como ela censura Jaime e como esse relacionamento conturbado evolui para algo mais profundo e próximo. Ela deixa de ver Jaime como o Regicida, sem honra nem dignidade. E Jaime passa a vê-la como ela é, além da vontade de ser um cavaleiro, do desajeitamento, da feiura da pobre moça.
Aliás, o destino dos Saltimbancos Sangrentos foi bem merecido, principalmente o de Vargo Hoat, o Bode. Mereciam bem mais, inclusive, por deceparem a mão de Jaime.
Arya Stark
: Arya foi um pouco decepcionante. Não ela, mas os desafios, talvez por ter sido protegida pelo bando de Lorde Beric, que dela queria o preço do resgate. Foi muito intenso o 'julgamento' de Cão de Caça. Se já gostava dele, passei a gostar mais, vê-lo lidando com a outra moça Stark, tão diferente do seu 'passarinho', essa lobinha tão selvagem e nada cortês, que dizia o que vinha na telha.
Seria de se esperar que ela odiasse ainda mais Cão de Caça pelo seu rapto, mas eu previa utra coisa, pelo tanto que conviveram juntos e o horror que ela viu, o tanto que sofreu com as mortes da mãe e do irmão. Apesar de tudo, vemos uma loba mais adulta. Cresceu com seu ódio, aliviou-o ao saber de algumas mortes, tornou-se mais feroz ao causar algumas outras, abandonou o Cão para morrer como um cão. Por não querer lhe conceder misericórdia.
No final, ela está sozinha embarcando em um destino mais sangrento, já que as últimas mortes dela valeram a falta de estocadas mortais no todo do livro. Acompanhando o bando de Beric, parece ter crescido também, ver como era a 'real' do campo de batalha, a vida dos fora-da-lei.
Começa a nascer a mulher-de-rapina Arya Stark.
Edric Storm e Gendry
: Um mistério. Depois que Arya se separa do grupo de Beric, só os deuses sabem o que o aguarda e se se verão de novo. Edric é uma incógnita também, foi levado por homens de Davos para Ponta Tempestade, provavelmente. Veremos o que espera os dois bastardos do Rei Robert I Baratheon.
Bran: A jornada de Bran, Jojen e Meera para o Norte parece uma loucura, mas não dá pra dizer isso depois que eles se separam de Sam em Fortenoite. Parece chato vê-los se esgueirando pelo Norte até a Muralha mas é interessante ver como a história dele se entrelaça com a de Jon, meio por acaso. Paixonite óbvia dele por Meera. Jojen é um personagem muito interessante.
Bando de Lorde Beric Dondarrion
: Justiceiros, fora-da-lei, bandidos? O bando de Lorde Beric é bem Robin Hood, e anima o leitor. O que assusta um pouco é Thoros de Myr e o poder de seu novo deus. Beric já é um cadáver assustador. Cat é ainda mais.
Os Greyjoy:
Misteriosamente quietos, provavelmente se digladiando após a morte do Rei de Ferro.
Roose Bolton:
Homem frio, terrível de uma forma também misteriosa. Aguardo mais tramoias.
Tyrion Lannister
:Tyrion está muito diferente do poderoso Mão do Rei, ainda que fosse interino, porque a situação em Porto Real está diferente. Agora Joffrey deve seu Trono de Ferro aos Tyrell e eles enchem a cidade ao mesmo tempo que ganham terras, títulos e um casamento (Margaery Tyrell) com o Rei. Amarrando essa aliança pela sua bem-vinda ajuda na Batalha da àgua Negra, liderados pelos Lordes Mace Tyrell e Tywin Lannister. Tywin retoma seu cargo de Mão do Rei e deixa Tyrion como senhor da moeda, um cargo menor e sem honrarias, o que o indispõe contra o pai, e exige Rochedo Casterly já que Jaime vestiu o branco e não poderia herdá-lo. Recebe uma negativa e o leitor passa a odiar Tywin e a forma que ele trata o filho.
Para completar sua humilhação, temos o casamento do anão com Sana, a jovem infeliz que odeia ainda mais os Lannisters ao saber da morte de seu irmão e de sua mãe. O intento de Tywin é que Tyrion herde Winterfell, algo que parece distante da realidade. Tyrion vai sendo apunhalado por muitas pessoas e a cidade parece esquecer que foi o anão que os salvou, tendo sua horrível cicatriz no rosto para prová-lo. Ele tenta acalmar os ânimos dos dorneses , principalmente do Príncipe Oberyn, que exigem justiça pelo estupro e morte de Elia Martell e seus filhos, mortos pela mão de Sor Gregor Clegane.
No casamento, sentimos pena de Tyrion, constantemente humilhado pelo sobrinho e depois acusado de sua morte, e condenado após Oberyn perder a luta contra a Montanha, no julgamento de espadas. Nesse livro, parece que todo o mundo se volta contra Tyrion, ele é cercado de todos os lados e nem toda a sua astúcia podem salvá-lo. Se sua irmã é uma das principais responsáveis por suas derrocadas e Joffrey, pelas humilhações, é o seu pai que lhe tira todo o poder e o despreza mais.
No fim, temos a compensação. Tyrion foge com a ajuda de Jaime e de Varys e assassina o pai. Merecidíssimo. Morreu cagando.
Espero um futuro difícil para o fugitivo Duende.
Lorde Tywin Lannister
: Odiei esse homem. Difícil não torcer pro Robb mas mesmo sem isso... é um velho crápula, manipulador, poderoso demais, aparentemente intocável. Arya devia tê-lo matado com Jaqen há tempos, teria evitado muito sofrimento, inclusive a traição dos Frey. Tywin conseguiu encarnar bem o papel do vilão, não exatamente um demônio, mas um senhor detestável, até pela forma como usa seus filhos, casanto Tyrion com Sansa, querendo casar Cersei de novo e fazer Jaime renegar seus votos na Guarda Real para se casar também!
Cersei Baratheon
: Uma vaca, manipuladora, ardilosa, facínora, mas menos fria que Tywin, tão esquentada quanto Jaime. Espero ainda que o Regicida se canse dela, ela não merece tamanho amor, sendo uma criatura tão cheia de ódio e com essas paixões obsessivas que tem. As garras delas se estenderam por todo o livro anterior e nesse, só o pai pode lhe por freio, mas não impediu suas maquinações na farsa que foi o julgamento do Duende.
Rei Joffrey I Baratheon
: Crapulazinho. Essa coisinha nojenta fez pocuo mais que se fazer de cortês mas não deixou de humilhar seu tio de diversas formas em seu casamento. Morreu. Bem morrido, bem merecido.
Sansa Stark
: Sofreu muito nesse livro, especialmente durante sua cerimônia de casamento e após ela, esperando que o plano de Sor Dontos desse certo. Por mais madura que fosse, Sansa ainda alimenta sonhos, ainda acreditava que o Sor Manguaça era um tipo de Florian. Se o casamento com Tyrion não foi um inferno, não foi um paraíso saber da queda dos Stark. Sentindo-se abandonada, vemos as decepções dela com Sor Dontos e o fatídico encontro com Mindinho. Sofre mais nas mãos da tia Lysa, mas... bem, Mindinho parece ter outros planos pra Sansa. Espero que tudo se encaminhe bem com ela.
Lorde Petyr Baelish (Mindinho)
:Tornou-se um dos meus personagens preferidos. Mostra como se usou de várias pessoas, manipulou outras, comprei algumas para ter poder nas mãos, mantê-lo e aumentá-lo. O final do livro só vem a mostrar isso. Planos dele para a Sansa são meio óbvios. A jornada de Mindinho e sua personalidade é que o colocam no rol dos personagens mais fascinantes da série.
Lysa Arryn: Praticamente deu o Ninho da Águia a mindinho, pobre diaba, morreu crendo piamente no amor dele. Morreu de forma trágica mas não tive pena. Mesmo.
Lorde Davos Seaworth
: Antes eu simpatizava com a devoção dele ao Rei Stannis, agora admiro imensamente a força de vontade dele, desde a tramoia para 'despachar' Edric Storm pelo mar até seus ousados conselhos como Mão do Rei Stannis, sua participação na destruição dos exércitos de Mance ao Norte da Muralha. Sua uqerela com Melisandre parece estar longe do fim.
Rei Stannis I Baratheon
: O Rei Stannis tem sido uma surpresa. Não é imune aos conselhos de Melisandre mas é um tipo de homem que não se deixa manipular facilmente, tem sido osso duro de roer. A firmeza moral dele é admirável, sua mão de ferro no governo, a honra imaculada que ele protege, a justiça metodicamente aplicada. Seus planos para Jon foram ousados, mas frustrados. Mas não prevejo nada pra esse Rei, não quando todos morreram de forma tão trágica.
Melisandre: Não sei o que pensar sobre ela, começo a crer que posso confiar nela em algumas coisas.
Daenerys Targaryen
: O clima de guerra envolvendo sua história, a tomada das Cidades dos Escravos faz crer que tudo está se encaminhando bem pra ela, mas eu tenho a impressão de que isso só piorou a leitura. Há um desconforto crescente nesse livro, talvez por causa do amadurecimento à força de Dany, que constrasta com o otimismo do livro anterior. As coisas caminham sim, mas caminham de forma meio caótica, tensa, com clima de desconfiança, parece uma corte de verdade se formando em torno dela e ela tem de aprender a lidar com isso.