Aliados acreditam que manifesto de presidenciáveis é o primeiro passo para união do centro em 2022
Lula não foi convidado para participar de documento de defesa da democracia assinado por Doria, Ciro, Leite, Huck, Mandetta e Amoedo
Sérgio Roxo e Gustavo Schmitt
31/03/2021 - 19:26 / Atualizado em 31/03/2021 - 22:10
O Globo -
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SÃO PAULO — Políticos que participaram da articulação do manifesto assinado por nomes de centro em defesa da democracia divulgado na noite desta quarta-feira (31) dizem que o texto é o primeiro passo para a construção de uma candidatura única na eleição de 2022.
O ex-presidente Lula não foi convidado a integrar o movimento. O documento é assinado pelos governadores João Doria e Eduardo Leite (PSDB), os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM), o apresentador Luciano Huck e o ex-presidenciável João Amoedo (Novo). Os seis são citados como possíveis presidenciáveis. No manifesto, divulgado no dia que o golpe militar de 1964 completa 57 anos, eles dizem que a democracia brasileira é ameaçada.
"Muitos brasileiros foram às ruas e lutaram pela reconquista da Democracia na década de 1980. O movimento 'Diretas Já' uniu diferentes forças políticas no mesmo palanque, possibilitou a eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República, a volta das eleições diretas para o Executivo e o Legislativo e promulgação da Constituição Cidadã de 1988. Três décadas depois, a Democracia brasileira é ameaçada", afirmam.
De acordo com um político experiente com bom trânsito em diversos partidos, depois da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin de anular as condenações de Lula e liberá-lo para discputar a eleição, a unidade das candidaturas de centro-direita e de centra-esquerda passou a ser uma necessidade. Antes, com outro petista como presidenciável, seria possível discutir a unidade apenas no segundo turno.
Agora, é necessário um nome que possa alcançar um patamar próximo aos 20 pontos e represente uma alternativa à polarização entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Já haveria "pinguelas" entre os grupos. Um aliado de um dos signatários também acredita que o caminho foi aberto para a união, mas ressalta que a consolidação do quadro só ocorrerá no próximo ano.
O manifesto começou a ser articulado na terça-feira. Mandetta procurou os outros cinco signatários com a ideia inicial de propor um projeto de lei para que fosse instituída uma data de celebração da democracia brasileira, mas a proposta acabou sendo alterada para a elaboração do documento.
O sexteto chegou a criar um grupo de WhatsApp para acertar a versão final do texto.
Ao GLOBO, Mandetta afirmou que o documento foi uma forma de mostrar que a luta pela democracia é algo que une os políticos que gravitam no centro do espectro político e que desejam ser uma opção diante da polarização entre PT e Lula.
— Estamos vendo Bolsonaro tensionar a democracia ao limite máximo. E a luta pela democracia é o ponto de convergência entre esse campo de centro — afirmou Mandetta. — Não é ser contra Lula ou Bolsonaro. A maioria do Brasil não quer nenhum e nem outro. Não tem salvador da pátria. A gente quer mostrar que tem diálogo é importante para a democracia e que cada um colabore para que não haja fragmentação — disse o ex-ministro.
Amoêdo fez coro de que o que aproxima os apoiadores do manifesto é buscar uma alternativa para a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Lula.
— Vários potenciais candidatos para 2022 têm essa preocupação de termos uma opção viável e sairmos desses extremos que entendemos que não seria o ideal pra nação. A ideia era ter uma sinalização de candidatos da centro-direita a centro-esquerda e fugir da polarização e de discursos populistas.
O documento faz uma enfática defesa da importância da democracia."A conquista do Brasil sonhado por cada um de nós não pode prescindir da democracia. Ela é nosso legado, nosso chão, nosso farol. Cabe a cada um de nós defendê-la e lutar por seus princípios e valores. Não há democracia sem Constituição. Não há liberdade sem justiça. Não há igualdade sem respeito. Não há prosperidade sem solidariedade. A democracia é o melhor dos sistemas políticos que a humanidade foi capaz de criar. Liberdade de expressão, respeito aos direitos individuais, justiça para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso só acontece em regimes democráticos. Fora da Democracia o que existe é o excesso, o abuso, a transgressão, o intimidamento, a ameaça e a submissão arbitrária do indivíduo ao Estado", escrevem os signatários.
No texto, não há menção direta ao presidente Jair Bolsonaro, mas os signatários dizem que o autoritarismo pode emergir se a sociedade se descuidar da defesa dos valores democráticos. "Exemplos não faltam para nos mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democráticos."
O sexteto também convoca por uma união nacional. "Homens e mulheres deste país que apreciam a liberdade, sejam civis ou militares, independentemente de filiação partidária, cor, religião, gênero e origem, devem estar unidos pela defesa da consciência democrática. Vamos defender o Brasil", concluem.
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Negrito meu... WTF, Ciro e esse pessoal agora virou "sexteto" e tão até em grupinho do ZapZap... Acho difícil essa aliança frutificar muito com o Ciro, mas vamos ver... Se bem que o único liberal raiz do grupo é o Amoêdo... Talvez a presença do Ciro mova o grupo mais pra esquerda econômica e a aliança frutifique mais pra frente, fique algo pouco liberal e pouco desenvolvimentista, um meio termo meio morno... Até porque, com o Lula no páreo e o Bolsonaro metendo o louco, é difícil ter grandes ambições econômicas, qualquer um que faça o feijão com arroz, já vai estar ótimo....