Senador tentou evitar ser o portador de má notícia à presidente Dilma
MARIANA HAUBERT
DÉBORA ÁLVARES
LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA
11/05/2016 02h00
Mensageiro que deve levar pessoalmente a Dilma Rousseff a decisão do Senado de afastá-la, o senador Vicentinho Alves (PR-TO) diz que cumprirá a tarefa "com bastante respeito".
Primeiro-secretário da Casa, ele deve entregar a Dilma documento que levará a seu afastamento por até 180 dias.
Ele contou à Folha já ter encontrado a presidente "poucas vezes", mas não quis opinar sobre sua situação.
Pouco conhecido entre os seus próprios colegas, Vicentinho é tido como um parlamentar discreto, que chegou à função por um acordo entre partidos para exercer um trabalho que ninguém mais queria fazer.
Cabe a ele administrar e fazer a supervisão geral do funcionamento do Senado.
Vicentinho foi eleito para o Senado em 2010 e, segundo senadores, não tem uma atuação forte nos bastidores.
Quando soube que teria que levar a comunicação sobre o afastamento de Dilma pessoalmente à própria presidente, o senador consultou, mais de uma vez, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre a possibilidade de outro parlamentar fazer a comunicação, o que não foi permitido.
Vicentinho acredita que Dilma não estará "abalada" mas, sim, "preparada" para receber a notificação que irá entregar. Apesar de reconhecer o momento como complicado, ele não pretende dizer nada. "Só vou entregar, pedir que assine e me despedir. É um ato formal."
"Vou levar o dr. Bandeira comigo, porque é ele que entende se ela só tem que assinar mesmo", disse, em referência ao Secretário-Geral da Mesa Diretora do Senado, Luiz Fernando Bandeira.
Assim que sair do Palácio do Planalto, possivelmente ainda na manhã de quinta, Vicentinho Alves irá comunicar o vice-presidente Michel Temer (PMDB) que já notificou Dilma de seu afastamento. Neste momento, o peemedebista também é notificado e assume formalmente a Presidência da República.
Ex-prefeito de sua cidade natal, Porto Nacional, em Tocantins, Vicentinho foi também deputado estadual e federal. Nas eleições de 2014, ele apoiou a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República.