Depende do que se entende por autoritário. Não quer dizer necessariamente uma pretensão de instalar uma ditadura, mas uma tendência a desobedecer leis e ditames democráticos em prol de um maquiavelismo institucional, que ele demonstrou nitidamente em sua atuação na Lava-Jato, por exemplo: trocando figurinhas com o Ministério Público, publicizando documentos sigilosos sem motivação, expedindo ordens de condução coercitiva sem resistência anterior, enfim, cometendo todo tipo de ilegalidade e arbitrariedade sob a égide do "é pelo certo!".
Não só isso. Moro, por exemplo, encampou, como Ministro de Estado, a tese do excludente de ilicitude, secundando um esforço do governo Bolsonaro para ampliar a licença dos agentes de segurança para matar. O pacote anticrime original do Moro (não o aprovado pelo legislativo) tinha o mesmo respeito pelas garantias individuais que ele próprio tinha como juiz. Ou seja...
As 10 medidas contra a corrupção, encampadas por ele e por Dalagnol, caminhavam na mesma linha. Inclusive, se aquilo tivesse passado, Moro e Dalagnol estariam fodidos considerando o que veio a público sobre a Lava Jato. Mas, uma vez ameaçados, reclamaram as mesmas garantias que intentaram implodir.
Moro também secundou o libera geral das armas e munições. Claro que se pode defender, democraticamente, uma regulamentação mais permissiva das armas, sem que necessariamente isso implique em ser autoritário. Mas as coisas acontecem num contexto, não é verdade? O discurso das armas e da morte era o discurso do governo ao qual Moro se integrou e ele foi o braço executivo da coisa. As portarias que, por exemplo, dificultam o controle e rastreamento de munição no país, que interessam mais à milícia que ao cidadão que eventualmente tenha adquirido uma arma, é outro feito de sua gestão.
Também nesse contexto da política das armas e da morte, da defesa do excludente de licitude para agentes de segurança, depois que um senador da República foi baleado por policiais amotinados, o que fez o Moro? Foi pro Ceará subir em palanque com aqueles "heróis" e reavivar um movimento que já estava em declínio.
Acho que você tem razão,
@Paganus , ao dizer que Moro não é tão extremo como Bolsonaro. Mas no fim, ele fala para o mesmo eleitorado bolsonarista e o seu discurso como que integra boa parte da sua agenda.
Tudo isso que o
@Eriadan colocou, considerando a prática do juiz, virou agenda política com o Moro político.