Já aviso que não sou economista, então os realmente entendidos podem me corrigir. Primeiro, não existe valorização 'real', porque a indexação do salário mínimo ao índice de inflação não corrige o deságio crônico, apenas suaviza seu impacto, segundo, porque a vinculação direta apenas transfere a alta da inflação a fenômenos de segunda ordem na inflação, encarecendo produtos e serviços. Isso vai ter reflexos orçamentários e, consequentemente, políticos e sociais, com ode fato teve. Não sou contra (jamais) o aumento do mínimo, mas simplesmente indexação pela inflação não resolve o problema, nem dá bons prognósticos para o futuro.
Paganus, o problema aqui é que a sua resposta não dialoga com a pergunta. A política de valorização real do salário mínimo, tal como definida pela MP 421/2006, não se restringe à indexação pela inflação. Essa é a política atual, do governo Bolsonaro.
Sobre o seu argumento seguinte, de que o aumento real do salário mínimo apenas transferiria a alta da inflação para fenômenos de segunda ordem, encarecendo produtos e serviços, vejamos:
Pelo gráfico acima, vê-se que a inflação caiu de 12,5% em 2002 para 5,9% em 2010, último ano do segundo governo Lula. Portanto, o efeito por você projetado não se verificou, na prática.
À parte essa questão, há diversos analistas que apontam que a valorização real do salário mínimo havida nos anos de governo Lula teve maior impacto na redução da pobreza do que políticas sociais compensatórias, como o Bolsa Família. O coeficiente de Gini passou de 0,597, em 2001, para 0,527 em 2011. Há
quem diga que a valorização real do SM respondeu por 70% dessa redução. Tampouco sou economista, mas uma busca rápida no Google Acadêmico aponta uma série de papers discutindo o impacto da valorização real do SM na redução da desigualdade.
Na entrevista ao Ratinho, ele apontou que vai adotar a mesma política que adotou sobretudo a partir do seu segundo governo. Dito isso, entendo mesmo que há um conjunto de perguntas mais relevantes a serem feitas ao Lula, a começar por essas duas, talvez: Como ele pretende retomar o crescimento econômico? Como ele pretende induzir criação de empregos e maior nível de formalização do trabalho? O que temos até agora realmente é uma receita genérica, a partir de entrevistas aqui e acolá, que falam em retomada do investimento público, do papel indutor do Estado, da recuperação da capacidade de consumo das famílias, etc. Como vocês já apontaram, não será apresentado um plano antes do 1o turno das eleições.