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Bela fala da deputada portuguesa Joana Mortágua


Ela recebeu pão com mortadela também? Ou recebeu da Lei Rouanet?

Porque muitos do Brasil adoram quando um gringo fala do Brasil, mas os jornais estrangeiros estão chamando tudo isso de golpe. Cadê os textões dos gringos?
 
Porque muitos do Brasil adoram quando um gringo fala do Brasil, mas os jornais estrangeiros estão chamando tudo isso de golpe. Cadê os textões dos gringos?

Ué, os textões dos gringos são justamente o que está aparecendo em veículos de mídia internacional. Só é a opinião do jornal quando sai no editorial do mesmo. Até agora o que eu vi foi só opinião de correspondente, não posicionamento do veículo em questão.

Mas falaí, são todos os "jornais estrangeiros" que estão chamando de golpe? Ou só alguns selecionados convenientemente? Qual a proporção destes para que possam representar "a mídia internacional"?

E a tal mídia internacional sabe melhor do que os próprios ministros do STF se o que ocorre é um golpe?
 
De repente, não mais do que de repente, os jornais gringos têm os mais confiáveis especialistas na Constituição Brasileira. A OAB, o STF, os nossos juristas aqui -- todos golpistas. Mas na prática ninguém esclareceu as pedaladas ainda.
 
Ué, os textões dos gringos são justamente o que está aparecendo em veículos de mídia internacional. Só é a opinião do jornal quando sai no editorial do mesmo. Até agora o que eu vi foi só opinião de correspondente, não posicionamento do veículo em questão.

Mas falaí, são todos os "jornais estrangeiros" que estão chamando de golpe? Ou só alguns selecionados convenientemente? Qual a proporção destes para que possam representar "a mídia internacional"?

sobre a imprensa internacional, achei esse comentário do facebook interessante:

Considerações isentonas sobre o meme “Toda a imprensa internacional está denunciando o golpe enquanto a imprensa brasileira se cala!”

Bom, eu li a tal da ~imprensa internacional~. Segue o que encontrei sobre a questão golpe x não-golpe:

1. Para o Washington Post: não é golpe. “Is Sunday’s vote actually a coup?
The short answer: No.
The long answer: No, but it’s not exactly democratic either.”

(http://wapo.st/1NBoWnY)

2. Para o Le Monde: não é golpe. "Brésil: ceci n’est pas un coup d’Etat."

(http://bit.ly/233as9E)

3. Para The Atlantic: não é golpe. "Yes, the recent vote in Brazil’s lower house of Congress to impeach President Dilma Rousseff was an exercise in democracy, strictly speaking. (The upper house votes next.)"

(http://theatln.tc/1SuzYmo)

4. Para Vox: está mais para golpe, embora o termo "coup d'état" não tenha sido utilizado: "What's happening is essentially a political attack on Rousseff's presidency. Her opponents are taking advantage of public anger at her government to replace her.”

(http://bit.ly/1VxsY8M)

5. CNN: em entrevista a Christiane Amanpour, Gleen Greenwald afirma que o processo de impeachment é “anti-democratic”, mas não chega a caracterizá-lo como um “coup d’état” (http://cnn.it/1pc6vjs).

6. Slate: publicou uma entrevista com uma jornalista brasileira (Daniela Pinheiro) que disse que é golpe sim: "Isaac Chotiner: Do you see this as an attempted coup, or do you have a different take?
Daniela Pinheiro: I absolutely agree with the idea that this is a coup."

(http://slate.me/1XGvCab)

7. Para o Página 12: é golpe sim. “Brasil elige hoy entre Dilma y un golpe blando”

(http://bit.ly/1qEPFuM)

De resto: Wall Street Journal, New York Times, Reuters, Irish Times, Al Jazeera, El País, La Nación, Granma, The Guardian – a questão golpe vs não-golpe simplesmente não se coloca, e isso é o que me parece mais interessante (obs.: claro que posso ter perdido alguma coisa – se alguém encontrar algum artigo desses jornais, ou de outros, dizendo claramente que há um golpe em curso no país, por favor avisem que eu corrijo este post). Esses veículos estão é estupefatos com o Congresso brasileiro. Em geral, o tom dos comentários é que o processo de impeachment é altamente discutível e os congressistas são em sua maioria ou palhaços ou bandidos, mas nenhum desses veículos está "denunciando o golpe", como o meme dá a entender.

PORÉM: todos os artigos gringos que li (inclusive os que dizem que não é golpe) são muito mais complexos, informativos e, principalmente, muitíssimo mais críticos do processo do que quase tudo que li na imprensa brasileira a respeito. Se é verdade que não encontrei uma avalanche de denúncias de golpe, também é verdade que não achei um texto estrangeiro sequer afirmando que o processo transcorreu dentro da mais absoluta normalidade democrática, que as instituições brasileiras estão de parabéns e que os brasileiros deveriam estar comemorando. Não encontrei nada que sequer se aproxime do clima de “agora vai” e “pra frente Brasil” que vemos em ~certas revistas~. Pelo contrário: há uma incredulidade geral com o fato de que uma presidente sobre quem não pesa nenhuma denúncia de corrupção esteja sendo julgada por Eduardo Cunha.

Portanto (1), a questão golpe x não-golpe é uma bucha fundamentalmente nossa. A gringaiada parece não estar se importando muito com isso não.

Portanto (2), minha versão isentona do meme é: “A imprensa internacional está fazendo jornalismo e sendo bastante crítica do processo de impeachment, coisa que a imprensa brasileira em geral se recusa a fazer”.

UPDATE 1: Incluí The Guardian na lista dos veículos que não estão discutindo se é golpe ou se não é golpe. Aproveito para linkar aqui o excelente editorial que o jornal publicou sobre o impeachment, qualificando-o de “uma tragédia e um escândalo”: http://bit.ly/1U3ub6A

UPDATE 2: Foram publicados vários artigos de opinião na imprensa internacional defendendo a tese do golpe (http://nyti.ms/1SuO30f), do não-golpe (http://nyti.ms/1NlPeQu) e até do pode ser que isso seja um golpe (http://bit.ly/1Vyg1MB). Sabem o que esses artigos (todos ótimos, aliás) têm em comum? Seus autores são brasileiros.

UPDATE 3: Incluí o Página 12 no início do post: ali se fala claramente em golpe de Estado no Brasil. Foi-me dito que a Der Spiegel também afirmou que se trata de um golpe, mas como não falo alemão, não posso checar isso diretamente. E paro os updates por aqui, senão isso não acaba nunca mais. Para quem tiver interesse no assunto, há farto material linkado nos comentários deste post.
 
Não estou surpreso com a surpresa internacional. Até porque, boa parte da imprensa estrangeira não leva em consideração que a nossa República não é solida e nem madura o suficiente quando se trata de seguir as leis; seja um cidadão ou Presidente eleito democraticamente.

A estrutura pública do Brasil é viciada desde a época de Dom João XI que distribuía cargos e lotes de terra para a nobreza em troca de favores. O processo é o mesmo, só mudou os atores e o sistema político. Enquanto não for feita uma reforma profunda na política para encaixá-la nos padrões republicanos, vai ser essa zoeira sem fim.
 
Enquanto não for feita uma reforma profunda na política para encaixá-la nos padrões republicanos, vai ser essa zoeira sem fim.

mas estamos andando em círculos sobre isso tem algum tempo, não? nos protestos de 2013 a conclusão foi essa: precisávamos de uma reforma política. foi prometida, não veio. e por que não vem? porque justamente quem se beneficia do sistema como está agora é quem poderia mudar o sistema. ou seja: não vão mudar. agora falamos em reforma, mais três anos falamos de novo, mais três, outros três...
 
mas estamos andando em círculos sobre isso tem algum tempo, não? nos protestos de 2013 a conclusão foi essa: precisávamos de uma reforma política. foi prometida, não veio. e por que não vem? porque justamente quem se beneficia do sistema como está agora é quem poderia mudar o sistema. ou seja: não vão mudar. agora falamos em reforma, mais três anos falamos de novo, mais três, outros três...

Meu receio é justamente isso, só com a lista da Odebrech citando 300 parlamentares ficará difícil fazer alguma reforma sem convocar novas eleições gerais e o problema será encontrar candidatos que estejam dispostos a levar adiante esse assunto.
 
Sobre imprensa internacional e golpe, esse daqui é bom também:

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A imprensa estrangeira não vê Golpe


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A imagem que ilustra o editorial desta semana da Economist.​


Há uma imensa confusão rondando as redes sociais a respeito do que dizem ou não os jornais estrangeiros a respeito da crise brasileira. Tornou-se comum, por algum motivo misterioso, afirmar que lá fora há um movimento condenando o que a presidente Dilma Rousseff chama de “golpe”. Não é verdade.

Qualquer jornal ocidental divide o que publica em dois grupos. Há notícia e há opinião. Notícias são matérias (mais curtas) ou reportagens (longas, em geral com apuração de fôlego) que saem do trabalho de um ou mais repórteres que tentam relatar os fatos e como as opiniões se dividem a seu respeito. Opinião é outra coisa. Há editoriais (a opinião do jornal), colunas (pessoas que o jornal contrata para manifestar sua opinião com frequência) e artigos avulsos, para quando alguém tem uma opinião para manifestar. Por fim, ali no meio do caminho entre a notícia e a opinião, estão as análises, que sem manifestar uma preferência pessoal tentam ajudar o leitor a compreender o contexto no qual um fato se dá.

É assim que se organizam jornais brasileiros, do resto das Américas e da Europa.

Um dos textos que mais vem circulando é The Real Reason Dilma Roussef’s Enemies Want Her Impeached, publicado pelo Guardian. É um artigo de opinião avulso, assinado por um cidadão brasileiro, David Miranda. Não é a opinião do jornal. É a opinião de um brasileiro.

O Guardian manifestou sua opinião em editorial: A Tragedy and a Scandal. Nele, o jornal aponta aqueles que considera responsáveis pela crise em que nos encontramos: “transformações da economia global, a personalidade da presidente, o PT ter abraçado um sistema de financiamento partidário baseado em corrupção, o escândalo que estourou após as revelações e uma relação disfuncional entre Executivo e Legislativo”. Sem poupar a Câmara ou Eduardo Cunha, em nenhum momento o jornal britânico sequer cita o termo “Golpe”.

Outros dois órgãos de imprensa importantes se manifestaram em editoriais.

O do Washington Post começa assim: “A presidente brasileira Dilma Rousseff insiste que o impeachment levantado contra ela é um ‘golpe contra a democracia’. Certamente não o é.” A partir daí, desanca tanto o governo Dilma quanto o Congresso Nacional. O único elogio que os editorialistas do Post conseguem fazer ao Brasil é que, no fundo, “este é um preço alto a pagar pela manutenção da lei — e, até agora, esta é a única área na qual o Brasil tem ficado mais forte.”

A revista The Economist também se manifesta a respeito do impeachment. “Em manifestações diárias, a presidente brasileira Dilma Rousseff e seus aliados chamam a tentativa de impeachment de Golpe de Estado. É uma afirmação emotiva que move pessoas além de seu Partido dos Trabalhadores e mesmo além do Brasil.” Seguem os editorialistas: “A denúncia de Golpes tem sido parte do kit de propaganda da esquerda.” O tom é este. O título: When a “coup” is not a coup. Aspas da revista. Para a Economist, o problema é que Dilma perdeu a capacidade de governar e, em regimes presidencialistas, quando isso ocorre a crise é sempre grave.

O principal jornal espanhol, El País, não publicou editorial a respeito do Brasil. Mas seu antigo correspondente e ainda colaborador, Juan Arias, escreveu uma análise. “Aquilo que para o governo e seus seguidores no PT é visto como um Golpe, para a oposição parece uma oportunidade de mudança de rumo político após 13 anos de poder.” Arias ressalta que Eduardo Cunha está envolvido em escândalos de corrupção, observa que há polarização política cada vez mais aguda mas, em momento algum, endossa a versão do Governo. Esta é a opinião do PT e pronto, não que a oposição seja inocente. Juan Arias, aliás, além de muito simpático está naquele time A de correspondentes estrangeiros, que conhece o Brasil profundamente.

A cobertura estrangeira é boa, é detalhista, com muita frequência põe o dedo em nossas feridas mais abertas. Nenhum dos editoriais de grandes veículos é superficial. E nenhum compra a ideia de que há um Golpe em curso. Basta lê-los.

Atualização: Mais dois veículos. Em artigo, o correspondente da mais influente revista em língua alemã, Der Spiegel, enxerga Golpe. O New York Times, em nota dos editorialistas, limita-se a informar que Dilma considera seu impeachment um “golpe”, aspas do jornal.

Além de escrever sobre tecnologia para Globo e Estadão, Pedro Doria publica semanalmente uma newsletter sobre História do Brasil e seu impacto no presente. A assinatura, gratuita, pode ser feita aqui.
 
Entendo a tentativa de humor, mas esse vídeo foi longe demais para mim... Comparar personagens e uma história que eu adoro com os seres que habitam nosso congresso (independente do alinhamento político) é ruim, muito ruim :(
 
Não há golpe em usar um artifício constitucional para se impedir um presidente, porém todos os antigos de fórum sabem que eu tenho uma forte ligação e simpatia pelo PSDB, votei no Aécio inclusive nas últimas eleições, mas não acredito que entregar ao partido mais oportunista do país seja a solução (não se pode ser situação em governos do PT e do PSDB, há uma forte divergência ideológica entre os mesmos), os fins nesses casos não justificam os meios, pensar que é possível pela via legislativa tirar o Temer do cargo após tirar a Dilma é pensar que o PMBD cortará a própria carne, visto que o partido possui a maior coligação partidária do Brasil, a única chance seria com a impugnação da chapa que derrubaria, Dilma e Temer de uma vez, mas duvido muito que o Exmo. Ministro Gilmar Mendes dará celeridade ao caso, o que ocorreria caso o Dias Toffoli ainda fosse o dono da cadeira.

O PT é um câncer para o país, isso não há dúvida, mas o PMDB está longe de ser o novo Messias.

O que está ruim, pode piorar - muito.
 
O que está ruim, pode piorar - muito.
concordei bastante com o que você escreveu.
Só não concordo com este final. Acho que com o PMDB piorar não deve, porque esse 2º governo da Dilma é só tiro no pé.
Quem sabe com a mudança tanto do ânimo dos oposicionistas, como na condução da economia pelo PMDB, o país tenha uns 2 anos de euforia e retomada de crescimento. Piorar acho bem difícil.
 
concordei bastante com o que você escreveu.
Só não concordo com este final. Acho que com o PMDB piorar não deve, porque esse 2º governo da Dilma é só tiro no pé.
Quem sabe com a mudança tanto do ânimo dos oposicionistas, como na condução da economia pelo PMDB, o país tenha uns 2 anos de euforia e retomada de crescimento. Piorar acho bem difícil.

Mercado deve ser uma variável a ser estudada, porém não a única.

O PMDB era da base aliada do PT, o que o diferencia tanto assim do PT?

Temer citado na Lava-Jato.
Renan Calheiros citado no Mensalão e na Lava-Jato.
Eduardo Cunha já pediu música no fantástico de tanto ser citado nas operações da PF.

Todos eles são do PMDB.

Eu não me surpreenderei se acontecerem escândalos de corrupção ainda maiores no Brasil.
 
Sobre incluir a Lava Jato/senado: "Mas a denúncia, neste particular, não foi admitida na Câmara. Foi rejeitada. Não pode julgar o que não foi admitido" Marcelo Semer. Olha que a Janaina Paschoal é PROFESSORA em direito penal, hein.
 
Como é um julgamento político nada mais correto a Janaína pedir para que os senadores levem em conta todos os crimes e não só os admitidos.
Má notícia é que dois ministros irão se afastar do cargo para votarem contra o impedimento, anotem os nomes dessa dupla: Armando Monteiro e Kátia Abreu.

Para descontrair:

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