208 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-65-5525-120-3
2023 - 1ª edição
Brunetto Latini (c. 1220-1294) foi um literato e político de Florença, dos mais importantes em seu tempo. Conterrâneo e “mestre” de ninguém menos que Dante Alighieri, foi igualmente exilado de sua pátria por razões políticas. É durante o exílio que Brunetto compõe
A Retórica, obra em que traduz e comenta minuciosamente trechos do
De inventione, do filósofo Marco Túlio Cícero, sobre a arte da retórica. Homem à frente de seu tempo, foi movido por um espírito democratizante que Brunetto se dedicou a traduzir Cícero do latim para o vernáculo florentino, a língua do homem comum, não erudito. Assim, acabou por influenciar o próprio Dante, que depois escreveria algumas de suas principais obras, como a
Vida nova, o
Convívio e a
Comédia, também num registro mais próximo ao vernáculo de sua cidade. Tal como Cícero, Brunetto entende que a retórica deve andar de mãos dadas com a sabedoria, e que apenas líderes dotados de ambas são capazes de conduzir as coisas públicas com discernimento e equidade. A retórica é “a mais importante das ciências do homem, pela sua capacidade de produzir ambientes harmônicos em que prevalece a razão” — do que se depreende o valor não só histórico, mas civilizatório da presente obra. Esta tradução de Emanuel França de Brito, a primeira feita no Brasil, vem acompanhada de notas e de um alentado estudo introdutório do tradutor, professor de língua e literatura italianas na Universidade Federal Fluminense.
Sobre o autor
Brunetto Latini nasceu em Florença por volta de 1220 e morreu na mesma cidade, em 1294. Literato, tradutor e político, foi notário e chanceler de sua cidade até 1260, quando — em missão diplomática na corte de Afonso X de Castela, “o sábio” — foi impedido de voltar a Florença. Exilou-se então na França até 1266, onde compôs
A Retórica em italiano e o
Tresor, sua obra enciclopédica, em francês. De volta do exílio, ocupou cargos municipais de destaque, tendo sido um dos fiadores da paz entre guelfos e gibelinos, em 1280, e mais tarde eleito
Priore, em 1287. Entre outros textos, é autor do
Tesoretto, um poema didático-alegórico incompleto, do
Favolello, um poema epistolográfico-moral, e da canção
S’eo son distretto inamoratamente. Foi definido pelo importante cronista de sua época, Giovanni Villani, como um “iniciador e mestre em instruir os cidadãos de Florença, torná-los desenvoltos no falar bem e em saber guiar e reger nossa república segundo a Política” (
Nuova cronica IX 10). A imagem mais famosa de Brunetto a atravessar os séculos é dada pelos versos de seu célebre discípulo Dante Alighieri, que, no canto XV do
Inferno de sua
Comédia, lhe atribui o mérito de tê-lo ensinado a reconhecer como o homem transforma sua breve presença neste mundo em uma coisa eterna.
Sobre o tradutor
Emanuel França de Brito nasceu no Rio de Janeiro em 1981. É professor de língua e literatura italianas na Universidade Federal Fluminense desde 2017. Graduado em Letras pela Universidade Federal do Paraná (2000-2005), percorreu boa parte de sua trajetória acadêmica na Universidade de São Paulo (2007-2018), com períodos de pesquisa na Università per Stranieri di Siena (2008), na Università di Roma “La Sapienza” (2013-4) e na Università degli Studi di Pisa (2016-7). Traduziu e organizou duas obras de Dante Alighieri: o
Convívio (Penguin Classics Companhia das Letras, 2019) e, em parceria com Maurício Santana Dias e Pedro Falleiros Heise, o
Inferno (Companhia das Letras, 2021).
Fonte:
Editora 34