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Lançamentos 2023

Estão al-Mussa-dos?

Box Compêndio Mítico do Rio de Janeiro​



Ver anexo 96579



Reunião inédita dos cinco romances do Compêndio Mítico do Rio de Janeiro, de Alberto Mussa, em box exclusivo com capas novas e texto de livreto de Hermano Vianna.



Alberto Mussa, vencedor dos prêmios Casa de las Americas, Biblioteca Nacional e ABL, entre outros, afirmou certa vez que uma cidade não se define pelo temperamento de seu povo ou pela sua cultura, mas pela história de seus crimes. Com este Compêndio Mítico, Mussa conta a história do Rio de Janeiro em cinco romances policiais instigantes, um para cada século desde a fundação da cidade, trazendo um recorte que expõe as entranhas e a poderosa mistura de culturas e povos da capital fluminense. Obras independentes, que podem ser lidas a qualquer momento, em qualquer ordem, os livros do Compêndio pertencem, cumulativamente, a cinco gêneros tradicionais do romance: o carioca, o histórico, o fantástico, o policial e o de adultério. Um deleite para os leitores.



A primeira história do mundo (256 páginas)

Em 1567, é registrado formalmente o primeiro assassinato no Rio de Janeiro: um homem encontrado morto a flechadas, um crime passional, que, entre suspeitos, acusados e testemunhas, envolveu 15% da população da cidade à época. A primeira história do mundo recria o Brasil em formação em um romance de aventura, com piratas, pilantras, heróis e aventureiros destemidos e ambiciosos numa terra sem lei.



O trono da rainha Jinga (128 páginas)

Cinco crimes, supostamente engendrados por uma irmandade secreta de escravos, a heresia de Judas, movem a trama. Para elucidar os fatos, Unhão Dinis, um juiz "por provimento régio", junto com o armador e baleeiro Mendo Antunes, irá ao encalço de pistas para solucionar o complexo quebra-cabeça dos delitos. Cada capítulo é narrado por um personagem diferente, com sua própria visão da história. Nesta viagem pelo Rio do século XVII, O trono da rainha Jinga tece um enredo envolvente sobre a influência da África na formação do Brasil.



A biblioteca elementar (192 páginas)

Um crime ocorre em 1733, na rua do Egito, que viria a se tornar o largo da Carioca. Na calada da noite, uma cigana testemunha quando um homem de casaca, pistola na mão, ameaça outro com capa à espanhola e botas de cano longo. Atracam-se. A arma dispara. O de casaca cai ferido mortalmente. A cigana logo identifica vítima e algoz, mas nada diz ― ela também tem muito a esconder. Com paixões e inimizades, medos e rancores, desejos, magias e mortos que voltam como sombras, A biblioteca elementar aposta no suspense para transportar o leitor para o Rio de Janeiro setentista.



A hipótese humana (176 páginas)

Tiros na noite e um crime: são misteriosas as circunstâncias que envolvem o assassinato de Domitila, filha do coronel Chico Eugênio, dentro da chácara da família no Catumbi, no ano de 1854. A investigação fica a cargo do detetive Tito Gualberto, primo da vítima e hábil capoeira, que tentará completar o quebra-cabeça do crime. A hipótese humana apresenta um Rio dos capoeiras que sabem matar como quem dança, dividido em territórios comandados por nações rivais, e o leitor terá o prazer de desvendar seus segredos.



O senhor do lado esquerdo (304 páginas)

O assassinato do secretário da presidência da República na Casa das Trocas, um prostíbulo de luxo no Rio de Janeiro, em 1913, é o ponto de partida de uma investigação crucial. A apuração dos fatos vai além de uma simples sucessão de acontecimentos e pistas que levam à identidade do assassino ― uma preocupação secundária do investigador, completamente absorvido pela figura sedutora de Aniceto, irmão da principal suspeita do crime, a prostituta Fortunata, que passou a noite com a vítima. O senhor do lado esquerdo conquistou os prêmios de Ficção da ABL e o Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional.


Este ano eu li "A primeira história do mundo" e fiquei simplesmente apaixonada pela história policial que se passa no Brasil recèm "descoberto", com portugueses e indígenas.
Amei a parte em que ele revela qual é a "primeira história".

Gostei muito mesmo, descobri o autor pelo Livrada! no youtube, em que o Yuri resenhou O Trono da Rainha Jinga e O Enigma de Qaf. Tentei ler este último mas não deu, achei meio confuso.

Quero muito os outros títulos, e ainda me aparece esse box... :no:
 
São ótimas. Especialmente A Primeira História do Mundo e A Biblioteca Elementar. Além dessas, já li O Trono da Rainha Jinga, que é legal mas não mantém o mesmo nível. Me falta ler as outras duas.

Mussa é bom demais. Um dos maiores prosadores em atividade no Brasil. O que o prejudica é o marketing malfeito da Record, que resulta em ninguém conhecê-lo enquanto os incensados queridinhos de outras grandes editoras estão por toda parte, a toda hora, inclusive faturando prêmios, sem chegar aos pés do Mussa. :dente:
Voto com o relator! É um ótimo romancista. Você vai gostar, Spartaco!
 
Ei, gente. Bom Dilma! Nunca li Mussinha. Também não li os textos explicativos (?) do Mavz (curti o post, serve? Não me odeie!), porque o café ainda não bateu, e não consigo ler nada muito extenso. Mas li os posts do Lufe e da Clarinha, e parece que o Mousse de limão é bom, hein? Fiquei interessada. Obrigada, gente.​
 
São ótimas. Especialmente A Primeira História do Mundo e A Biblioteca Elementar. Além dessas, já li O Trono da Rainha Jinga, que é legal mas não mantém o mesmo nível. Me falta ler as outras duas.

Mussa é bom demais. Um dos maiores prosadores em atividade no Brasil. O que o prejudica é o marketing malfeito da Record, que resulta em ninguém conhecê-lo enquanto os incensados queridinhos de outras grandes editoras estão por toda parte, a toda hora, inclusive faturando prêmios, sem chegar aos pés do Mussa. :dente:

Boto fé.

Mas esse Box da Record tá lindão. Será que agora resolveram promover a obra do Mussa como ela merece?
 
História dos Papas (3 volumes).jpgHistória dos Papas (volume 1).jpg
História dos Papas (volume 2).jpgHistória dos Papas (volume 3).jpg

Para quem se interessa pela história do cristianismo, a editora do Centro Dom Bosco está lançando a História dos Papas de autoria do Mons. Agostino Saba e Carlo Castiglioni (em 3 volumes).

DESCRIÇÃO:
Ao fundar a sua Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo tomou um dos seus apóstolos e o constituiu como seu Vigário e pastor de todos os seus fiéis. Aquele que era um simples pescador, um homem como os demais, foi instituído pelo próprio Cristo como seu representante na Terra. Para cumprir tão alta missão, Pedro foi dotado pelo Salvador de autoridade suprema sobre rebanhos e pastores, e passou a gozar de uma especial assistência do Espírito Santo para que seus ensinamentos fossem sempre um eco fiel das palavras de Cristo. Os dons concedidos a Pedro para governar a Igreja que duraria até o fim dos tempos foram transmitidos aos seus sucessores, os Papas, homens que perpetuamente estariam à frente do povo cristão.
Conhecer a História dos Papas é conhecer a História daqueles homens que dão continuidade à missão salvífica de Cristo, o que consiste em ensinar a verdade, afastar ou corrigir os erros, animar os fiéis, consolar os sofredores, admoestar os pecadores e reconduzi-los ao bom caminho.
Ficha técnica:
Tomo 1 - 712 páginas;
Tomo 2 - 636 páginas;
Tomo 3 - 624 páginas.
 
Em Áulida, junto ao estreito de Euripo, reúnem-se os exércitos gregos para expedição contra Troia, sob o comando de Agamêmnon, durante um tempestuoso inverno que impedia a navegação. O adivinho do exército, Calcas, anuncia que a Deusa Ártemis abriria o caminho do mar mediante o sacrifício de Ifigênia, filha de Agamêmnon. Coagido pelo compromisso de chefe da expedição, o rei aceita a condição imposta pelo oráculo, imola a filha no altar a Ártemis e pode, enfim, navegar para atacar Troia. A guerra dura dez anos, os gregos alcançam a vitória e voltam a seus lares. Ao chegar em sua pátria, Agamêmnon é assassinado por sua esposa, Clitemnestra, que assim pune o marido pela morte de Ifigênia, com a cumplicidade de seu primo e amante, Egisto, que desposa a rainha e passa a exercer com ela o poder em Argos. Electra, filha de Agamêmnon, subtrai seu irmão, Orestes, da sanha dos usurpadores e o entrega a um servo fiel, que o leva em segurança à Fócida, onde se abriga e chega à idade adulta. Para Electra o passar dos anos não abranda a dor do luto, o pranto e o desejo de justiça punitiva dos matadores de seu pai e usurpadores do trono. Ela sobrevive com a esperança de que Orestes um dia regressasse a Argos para punir a morte do pai e resgatar o trono paterno. O retorno de Orestes a Argos e suas consequências constituem o entrecho da tragédia "Electra", de Sófocles, agora apresentada em edição bilíngue na tradução de Jaa Torrano pelas editoras Ateliê Editorial e Mnema associadas. Acompanham a obra ensaios analíticos e interpretativos, bem como um glossário mitológico, elaborados pelo tradutor e por Beatriz de Paoli. Electra é o quinto volume do projeto de edição completa das sete tragédias supérstites de Sófocles, precedido de "Ájax", "As Traquínias", "Antígona" e "Édipo Rei", e seguido por "Filoctetes" e "Édipo em Colono". (José de Paula Ramos Jr.)

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Coleção Folha traça panorama de livros clássicos de Portugal e do Brasil

Série tem obras indispensáveis, como de Machado de Assis, e que renovam o cânone, como de Maria Firmina dos Reis

Para que o mar fosse desbravado, mães choraram, noivas foram abandonadas e filhos rezaram em vão. Ainda assim, a conclusão foi otimista. "Valeu a pena? Tudo vale a pena/ se a alma não é pequena." Os versos do livro "Mensagem", de autoria do poeta português Fernando Pessoa, tratam do oceano e da expansão marítima portuguesa.

O Atlântico separa —ao mesmo tempo que conecta— Brasil e Portugal. Suas águas profundas servem de metáfora para a Coleção Folha Clássicos da Literatura Luso-Brasileira, que será lançada no próximo domingo, 2.

A série é composta por 30 livros com o melhor da literatura clássica dos dois países. O idioma é um território comum entre as nações, o que remete mais uma vez a Pessoa, que escreveu "minha pátria é a língua portuguesa", no "Livro do Desassossego".

Aliás, tanto a obra "Mensagem", de poesia, como "Livro do Desassossego", em prosa, integram a coleção em um volume único. Os livros abrangem diferentes gêneros, incluindo romance, conto e teatro, bem como inúmeros autores que dão conta de representar diferentes escolas literárias e períodos históricos.

"Buscamos estabelecer um panorama da produção literária luso-brasileira que contemplasse um universo de autores já conhecidos e enriquecido com autores menos populares, mas nem por isso menos clássicos", diz Cléia Magalhães, gerente-geral de Marketing do Grupo Folha e uma das coordenadoras do projeto.

Autores indispensáveis como Lima Barreto, Cruz e Sousa e Eça de Queiroz estão ao lado de escritoras como a maranhense Maria Firmina dos Reis, autora de "Úrsula" e "Gupeva", a fluminense Júlia Lopes de Almeida, de "A Falência", e a gaúcha Maria Benedita Bormann, de "Uma Vítima". Estas últimas também caracterizam a renovação do cânone literário, que tem enfim reconhecido vozes negras, de mulheres e de diferentes regiões do Brasil.

"O primeiro romance publicado por uma mulher no Brasil torna abolicionista e negra a gênese da escrita feminina ficcional", afirma Fernanda Miranda, professora de teoria da literatura da Universidade Federal da Bahia sobre "Úrsula", publicado em 1859.

Os textos das contracapas foram escritos por críticos, jornalistas, escritores e pesquisadores como Alcir Pécora, Adriano Schwartz, Fernanda Miranda, João Pereira Coutinho, Naief Haddad, Noemi Jaffe e Sérgio Rodrigues. Eles contextualizam de forma breve os volumes, destacando a pertinência e não raras vezes a atualidade das questões abordadas.

Os livros, entretanto, não são apresentados de forma cronológica. O rompimento com a chamada linha do tempo amplia as possibilidades de relações entre temas e estilos.

"A Coleção nos permite ir e vir no tempo e no espaço de cada livro, sem levar em conta a cronologia que por vezes limita nossa interpretação da produção literária a relacionando somente com o que veio antes e com o que veio depois", diz Magalhães.

"Nesse contexto, os textos estabelecem suas próprias conexões, diálogos e apropriações. Pensar nessas obras como um movimento circular é poder rever, inclusive, a história que está instituída e recuperar lacunas que foram silenciadas", ela acrescenta.

Um exemplo são os dois primeiros escritores da série, o oitocentista Machado de Assis, e o quinhentista Gil Vicente, que espelham o Brasil e Portugal, respectivamente, de suas épocas históricas.

Machado de Assis foi definido como um autor de "máxima realização" da literatura brasileira. A definição é de Luís Augusto Fischer, crítico literário e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS, no seu livro "Duas Formações, Uma História: Das Ideias Fora de Lugar ao Perspectivismo Ameríndio".

A obra machadiana "Quincas Borba", de 1891, inaugura a coleção. O romance, narrado em terceira pessoa, conta a história de enriquecimento de Rubião, um professor humilde de Minas Gerais que herda a fortuna de Quincas Borba, um filósofo que não goza plenamente de sua sanidade mental.

É de Quincas Borba a famosa formulação "ao vencedor as batatas", algo similar à ideia de sobrevivência do mais forte ou mais adaptado. "Rubião se torna vítima da lei que enunciava sem conhecer seu significado. Darwin versão [Herbert] Spencer, mediante síntese biruta de Quincas Borba —ao vencedor, as batatas", analisa Homero Vizeu Araújo, professor da UFRGS, no livro "Machado de Assis e Arredores".

Isso porque, vivendo na corte do Rio de Janeiro após ascender socialmente, Rubião terá seu patrimônio dilapidado por figuras interessadas no seu dinheiro. Logo, as batatas não serão destinadas a ele."Machado de Assis, autor que se confunde com narrador, monta uma condenação satírica implacável do circuito chique do Rio de Janeiro oitocentista, apresentado como uma corja de parasitas", afirma Vizeu Araújo em seu livro.

O segundo volume é dedicado ao teatro de Gil Vicente, com três textos, "Auto da Barca do Inferno", de 1517, "Farsa de Inês Pereira", de 1523, e "Auto da Índia", de 1509.Gil Vicente escreveu "Farsa de Inês Pereira" a partir do ditado "mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube". Na peça, Inês é uma jovem que quer escolher o marido. Ela escolhe um pretendente letrado, mas que a prende em casa. Ele parte para a guerra e morre. Viúva, ela aceita se casar com Pero, um fazendeiro rico, porém, inculto.

O protagonismo feminino é um tema atual, mas já aparecia na obra vicentina por meio de uma personagem bem desenvolvida. Com rimas e humor, o texto é de fácil leitura. O gênero teatro pode causar alguma estranheza, mas não é impeditivo para sua fruição.

"No texto teatral, o narrador é ausente. Então, as personagens falam por si mesmas. Esse formato tem uma implicação importante, tudo que a gente precisa saber ficamos sabendo pelos personagens", afirma Douglas Ceccagno, professor de letras da Universidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

Gil Vicente era um autor cristão, mas crítico à Igreja. "No ‘Auto da Barca do Inferno’ aparece a crítica aos desvios morais dos clérigos. Ele aponta que alguns padres tinham relações com mulheres e recebiam benefícios", diz.

Segundo o professor, o texto segue atual em razão de temas universais como a luta entre o bem e o mal e o engano. "No ‘Auto da Barca’ alguns personagens acreditam que os objetos que eles querem levar após a morte os vão salvar, mas são aquilo que os condena", afirma Ceccagno.

Essa característica de se manter atual também forma um clássico, como lembra Cléia Magalhães, coordenadora do projeto. "Como disse Italo Calvino, o clássico é um livro que nunca acaba de dizer o que tem a dizer. Por isso, o lemos a vida inteira e várias vezes. E assim é com esta Coleção Folha. Gerações de uma mesma família frequentarão essa biblioteca, que manterá vivo o interesse pela nossa língua.


Se alguém ficou interessado, as capas da coleção são assim:
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Eu tinha visto isso aí quando a coleção pipocou nas propagandas do meu Instagram rs. Alguns títulos meio duvidosos, umas capas genéricas mas não necessariamente feias, e é isso. Um coleção pra quem está começando a compor uma bibliotequinha própria e não sabe por onde começar. Talvez ajude. Eu pessoalmente passo. Os títulos que poderiam me interessar eu já tenho em outras edições. ^__^ O mais legal foi ver que ao menos resgataram a Francisca Julia. Talvez pudessem ter resgatado igualmente a Narcisa Amália?


Já que esta efígie descentralizada na capa me agride:
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:rofl:
 
Eu tinha visto isso aí quando a coleção pipocou nas propagandas do meu Instagram rs. Alguns títulos meio duvidosos, umas capas genéricas mas não necessariamente feias, e é isso. Um coleção pra quem está começando a compor uma bibliotequinha própria e não sabe por onde começar. Talvez ajude. Eu pessoalmente passo. Os títulos que poderiam me interessar eu já tenho em outras edições. ^__^ O mais legal foi ver que ao menos resgataram a Francisca Julia. Talvez pudessem ter resgatado igualmente a Narcisa Amália?


Já que esta efígie descentralizada na capa me agride:

:rofl:
Acho legais essas coleções, mas o que me incomoda mesmo é o fato de elas serem "secas", só com o texto original, sem notas e textos de apoio — bom, não é mencionado nada sobre isso nessa matéria de divulgação, e eu tenho outra coleção da Folha de clássicos da literatura que também não tem nada a mais, então suponho que seja só isso mesmo. Se não tem nada a mais que o texto seco, por que eu compraria? Só pra ficar bonito na estante? É melhor comprar alguma edição mais completinha. Pra ler o texto seco tem os livros das bibliotecas públicas ou aqueles da Principis por dez reais...
 
Coleção Folha traça panorama de livros clássicos de Portugal e do Brasil

Série tem obras indispensáveis, como de Machado de Assis, e que renovam o cânone, como de Maria Firmina dos Reis

Para que o mar fosse desbravado, mães choraram, noivas foram abandonadas e filhos rezaram em vão. Ainda assim, a conclusão foi otimista. "Valeu a pena? Tudo vale a pena/ se a alma não é pequena." Os versos do livro "Mensagem", de autoria do poeta português Fernando Pessoa, tratam do oceano e da expansão marítima portuguesa.

O Atlântico separa —ao mesmo tempo que conecta— Brasil e Portugal. Suas águas profundas servem de metáfora para a Coleção Folha Clássicos da Literatura Luso-Brasileira, que será lançada no próximo domingo, 2.

A série é composta por 30 livros com o melhor da literatura clássica dos dois países. O idioma é um território comum entre as nações, o que remete mais uma vez a Pessoa, que escreveu "minha pátria é a língua portuguesa", no "Livro do Desassossego".

Aliás, tanto a obra "Mensagem", de poesia, como "Livro do Desassossego", em prosa, integram a coleção em um volume único. Os livros abrangem diferentes gêneros, incluindo romance, conto e teatro, bem como inúmeros autores que dão conta de representar diferentes escolas literárias e períodos históricos.

"Buscamos estabelecer um panorama da produção literária luso-brasileira que contemplasse um universo de autores já conhecidos e enriquecido com autores menos populares, mas nem por isso menos clássicos", diz Cléia Magalhães, gerente-geral de Marketing do Grupo Folha e uma das coordenadoras do projeto.

Autores indispensáveis como Lima Barreto, Cruz e Sousa e Eça de Queiroz estão ao lado de escritoras como a maranhense Maria Firmina dos Reis, autora de "Úrsula" e "Gupeva", a fluminense Júlia Lopes de Almeida, de "A Falência", e a gaúcha Maria Benedita Bormann, de "Uma Vítima". Estas últimas também caracterizam a renovação do cânone literário, que tem enfim reconhecido vozes negras, de mulheres e de diferentes regiões do Brasil.

"O primeiro romance publicado por uma mulher no Brasil torna abolicionista e negra a gênese da escrita feminina ficcional", afirma Fernanda Miranda, professora de teoria da literatura da Universidade Federal da Bahia sobre "Úrsula", publicado em 1859.

Os textos das contracapas foram escritos por críticos, jornalistas, escritores e pesquisadores como Alcir Pécora, Adriano Schwartz, Fernanda Miranda, João Pereira Coutinho, Naief Haddad, Noemi Jaffe e Sérgio Rodrigues. Eles contextualizam de forma breve os volumes, destacando a pertinência e não raras vezes a atualidade das questões abordadas.

Os livros, entretanto, não são apresentados de forma cronológica. O rompimento com a chamada linha do tempo amplia as possibilidades de relações entre temas e estilos.

"A Coleção nos permite ir e vir no tempo e no espaço de cada livro, sem levar em conta a cronologia que por vezes limita nossa interpretação da produção literária a relacionando somente com o que veio antes e com o que veio depois", diz Magalhães.

"Nesse contexto, os textos estabelecem suas próprias conexões, diálogos e apropriações. Pensar nessas obras como um movimento circular é poder rever, inclusive, a história que está instituída e recuperar lacunas que foram silenciadas", ela acrescenta.

Um exemplo são os dois primeiros escritores da série, o oitocentista Machado de Assis, e o quinhentista Gil Vicente, que espelham o Brasil e Portugal, respectivamente, de suas épocas históricas.

Machado de Assis foi definido como um autor de "máxima realização" da literatura brasileira. A definição é de Luís Augusto Fischer, crítico literário e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS, no seu livro "Duas Formações, Uma História: Das Ideias Fora de Lugar ao Perspectivismo Ameríndio".

A obra machadiana "Quincas Borba", de 1891, inaugura a coleção. O romance, narrado em terceira pessoa, conta a história de enriquecimento de Rubião, um professor humilde de Minas Gerais que herda a fortuna de Quincas Borba, um filósofo que não goza plenamente de sua sanidade mental.

É de Quincas Borba a famosa formulação "ao vencedor as batatas", algo similar à ideia de sobrevivência do mais forte ou mais adaptado. "Rubião se torna vítima da lei que enunciava sem conhecer seu significado. Darwin versão [Herbert] Spencer, mediante síntese biruta de Quincas Borba —ao vencedor, as batatas", analisa Homero Vizeu Araújo, professor da UFRGS, no livro "Machado de Assis e Arredores".

Isso porque, vivendo na corte do Rio de Janeiro após ascender socialmente, Rubião terá seu patrimônio dilapidado por figuras interessadas no seu dinheiro. Logo, as batatas não serão destinadas a ele."Machado de Assis, autor que se confunde com narrador, monta uma condenação satírica implacável do circuito chique do Rio de Janeiro oitocentista, apresentado como uma corja de parasitas", afirma Vizeu Araújo em seu livro.

O segundo volume é dedicado ao teatro de Gil Vicente, com três textos, "Auto da Barca do Inferno", de 1517, "Farsa de Inês Pereira", de 1523, e "Auto da Índia", de 1509.Gil Vicente escreveu "Farsa de Inês Pereira" a partir do ditado "mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube". Na peça, Inês é uma jovem que quer escolher o marido. Ela escolhe um pretendente letrado, mas que a prende em casa. Ele parte para a guerra e morre. Viúva, ela aceita se casar com Pero, um fazendeiro rico, porém, inculto.

O protagonismo feminino é um tema atual, mas já aparecia na obra vicentina por meio de uma personagem bem desenvolvida. Com rimas e humor, o texto é de fácil leitura. O gênero teatro pode causar alguma estranheza, mas não é impeditivo para sua fruição.

"No texto teatral, o narrador é ausente. Então, as personagens falam por si mesmas. Esse formato tem uma implicação importante, tudo que a gente precisa saber ficamos sabendo pelos personagens", afirma Douglas Ceccagno, professor de letras da Universidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

Gil Vicente era um autor cristão, mas crítico à Igreja. "No ‘Auto da Barca do Inferno’ aparece a crítica aos desvios morais dos clérigos. Ele aponta que alguns padres tinham relações com mulheres e recebiam benefícios", diz.

Segundo o professor, o texto segue atual em razão de temas universais como a luta entre o bem e o mal e o engano. "No ‘Auto da Barca’ alguns personagens acreditam que os objetos que eles querem levar após a morte os vão salvar, mas são aquilo que os condena", afirma Ceccagno.

Essa característica de se manter atual também forma um clássico, como lembra Cléia Magalhães, coordenadora do projeto. "Como disse Italo Calvino, o clássico é um livro que nunca acaba de dizer o que tem a dizer. Por isso, o lemos a vida inteira e várias vezes. E assim é com esta Coleção Folha. Gerações de uma mesma família frequentarão essa biblioteca, que manterá vivo o interesse pela nossa língua.


Se alguém ficou interessado, as capas da coleção são assim:
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Foi numa dessas coleções da Folha que editaram Agustina Bessa-Luís.
Bem que podiam lançar algum outro dela.
 
Última edição:
Acho legais essas coleções, mas o que me incomoda mesmo é o fato de elas serem "secas", só com o texto original, sem notas e textos de apoio — bom, não é mencionado nada sobre isso nessa matéria de divulgação, e eu tenho outra coleção da Folha de clássicos da literatura que também não tem nada a mais, então suponho que seja só isso mesmo. Se não tem nada a mais que o texto seco, por que eu compraria? Só pra ficar bonito na estante? É melhor comprar alguma edição mais completinha. Pra ler o texto seco tem os livros das bibliotecas públicas ou aqueles da Principis por dez reais...
Pessoalmente eu prefiro mais os textos sem notas ou textos de apoio, com exceção de explicação de termos usados antigamente que cairam e desuso e coisas assim.
No mais, prefiro ler a obra e tirar minhas prorpias conclusões sem influencias, antes de ler textos de apoio, comentarios e etc.
 
Não querendo floodar, mas já floodando...

Vários (re)lançamentos interessantes da Companhia das letras:

O mestre de Petersburgo e Vida e época de Michael K, do Coetzee, ambos com aquelas capas com uma faixa no meio colada com durex...
Paraíso, do Abdulrazak que ganhou o Nobel
Um, nenhum e cem mil, do Pirandello
Bioy & Borges, com colaborações dos autores

E mais vários que talvez interessem ao pessoal.
Muita coisa interessante. Eu também sublinharia o "Stalingrado" do Grossman. Não me recordo dele ter sido publicado em PT -BR.
 
Mano, eu andava bem pilhado de experimentar o Ligotti, daí por acaso lançam a tradução e... eu vou ler o preview da página de abertura, na Amazon, e fuém. Algo ali não me desceu. A tradução parece dura e desengonçada. O selo principal da Companhia sempre capricha nas traduções mas acho que a Suma não. :hihihi: Bem, se eu quiser muito ler o Ligotti, vai ser na Penguin em inglês. Azar. Deixar de ser preguiçoso. :loser:
 
E eu realmente não entendo editora grandona que faz pré-venda sempre sem desconto. Qual a vantagem para o leitor?
A Pipoca e Nanquim, que é pequena, dá sempre 30%. Companhia tá comendo mosca. XD
 
Acho que esse é indiscutível que todo mundo gostaria de comprar, né?

Outros que eu compraria, se não fossem os boletos:

Por que ler os clássicos (Edição especial) - do Ítalo Calvino. Tenho pdf da edição que todo o mundo conhece, mas essa edição especial tá enchendo os meus olhos desde que vi o anúncio.

O cerco - Alejo Carpentier. O Reino deste mundo é um dos livros responsáveis por eu amar a literatura. Então, quando vi a capa (lindíssima!) e li a sinopse (intrigante!) de O cerco, pensei: "É, isso aqui deve ser bom. Um dia, dou um jeito de ler".​
 
Ver anexo 96567
Nem sabia mas a Carambaia estava (talvez ainda esteja) fazendo frete grátis acima de R$ 99. Daí fui lá e dei uma ajudinha à editora: comprei esses dois lindinhos aí. :hihihi: Fica a dica.

Não querendo floodar, mas já floodando...

Vários (re)lançamentos interessantes da Companhia das letras:

O mestre de Petersburgo e Vida e época de Michael K, do Coetzee, ambos com aquelas capas com uma faixa no meio colada com durex...
Paraíso, do Abdulrazak que ganhou o Nobel
Um, nenhum e cem mil, do Pirandello
Bioy & Borges, com colaborações dos autores

E mais vários que talvez interessem ao pessoal.
@Jacques Austerlitz, o que você me falar sobre a obra "O Mestre de Petersburgo", trata-se de um romance histórico?
Muita coisa interessante. Eu também sublinharia o "Stalingrado" do Grossman. Não me recordo dele ter sido publicado em PT -BR.
@VictorSafe, realmente me parece que a obra de Vassili Grossman é inédita no Brasil. Também fiquei interessado.
 

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