Ilmarinen, se vai sinalizar virtude, troque pelo menos o seu avatar. Acho ruivos extremante ofensivos a minha cútis negra e meu cabelo ruim.
Não acho que me divertir com a noção de que pessoas que saem falando que a cor branca da pele dos personagens é condição sine qua non pro simbolismo e idéias centrais do Tolkien agem como "supremacistas brancos" como o do vídeo no último post seja "sinalizar virtude".
É mais apontar lógica falaciosa mesmo. Onde há um completo desvio no sentido de trocar continente por conteúdo e os fins pelos meios utilizados.
Os "Monsterized saracens" da mitologia do Tolkien era um artíficio pra dar verosimilhança numa midia não audiovisual e trazer ecos dos mitos e da história do noroeste europeu não um pseudo clamor por arregimentação e pureza etnocêntricas Pró identitarismo Europeu ocidental e laivos eugênicos aplicável pros dias de hoje como essa galera mais extremista costuma alegar ( ou como era, explicitamente, a intenção do Robert E. Howard* quando fez o mesmo que Tolkien e potencialmente o influenciou em parte). Era pra ser um "atalho" pra facilitar assimilação e conceitualização imaginativa e dar ressonância com os materiais fontes que o Tolkien conhecia bem.
* Como o conto abaixo de 1931 ilustra muito bem.
Crash Go the Civilizations: Robert E. Howard’s Use of History and Anthropology
www.academia.edu
Thesis title: “The Creative Uses of Scholarly Knowledge in the Writing of J.R.R. Tolkien
Mas isso não devia impedir que as pessoas pudessem imaginar a mesma história, enredo e personagens transcorrendo nas mesmas linhas gerais num contexto etnocêntrico completamente diferente. Como Hamlet pode ser adaptado tanto como um excelente filme "nórdico", o Northman e como The Bad Sleep Well do Kurosawa assim como Macbeth virou tanto filme com Orson Welles e o Trono Manchado de Sangue de Kurosawa.
That a literary work should mirror such conceptualizing is not a call
for readers to embrace it themselves. Nor, by the same token, does it offer
“proof ” of the author’s embrace of such conceptualizing. Understand-
ing should not, in my view, be confounded with advocacy.
Further, recent scholarship urges us not to equate the fictive mirror-
ing we have traced in the Secondary World of The Lord of the Rings with
the personal belief system of Tolkien the historical man. This is espe-
cially true since we have clear extra-textual evidence (such as personal
letters, lectures and essays from the Primary World) expressing his views
about race and marginalization (as Chance in particular has demonstrat-
ed) and about how the word “race” should be used and about whether
or not race has any link with language, culture and/or nation (as Fimi
has shown). The novel’s resolution celebrates the forgiveness and love
practiced by Aragorn in Gondor and Frodo in the Shire as well as the
empathetic imagination of Sam. These are the values that triumph, not
those implicit in Tolkien’s chosen methods of construction
Ou seja a "mimetização" das linhas de combate "racialistas" do nosso passado historiográfico global não era pra servir como base pra um escalonamento "etnológico" moralmente relevante nem pro mundo secundário e MUITO menos pro primário. O que a obra do Tolkien permite inferir claramente é que o que forma a corrupção de algumas "raças" ou espécies de povos falantes são condições geopolíticas e não cor da pele, vestuário ou estirpe "racial".
Então o alinhamento "moral" aparentemente racialista do Tolkien podia perfeitamente estar virado do avesso ou mesmo resultar num mix color blind se as condições geopolíticas fossem divergentes. Dar o race swapping nos personagens do Tolkien é uma excelente maneira de mostrar esse ponto importante da obra dele.
OPINION: A backlash against ‘race swapping’ in "The Rings of Power" reflects a dangerous misinterpretation of Tolkien that gatekeeps the fantasy classic within a racialized framework, argues Yifei Cheng PO ‘24.
tsl.news
Na obra do Tolkien a miscigenação de raças não gera corrupção "verdadeira" , é JUSTAMENTE a segregação geopolítica das raças que gerou as divisões e o mal entre as raças diferentes e povos da Terra, uma situação criada sem querer pelos próprios Valar ao se retirarem pro Ocidente e deixarem a Terra-média oriental ao "Deus dará".
Meu conselho é entender esse tipo de iniciativa como algo análogo mesmo ao Mahabharata da dobradinha Peter Brook-Jean Claude Carriere onde se afirma que a escolha de elenco não é colour blind casting mas sim "colour rich".
theshillongtimes.com
Afora que dá margem a iniciativas como essa daí: