Acho que da perspectiva da cultura de massa, o terceiro episódio é um triunfo notável: quem assistiu a ele vai querer ver o quarto, ao menos aqueles que têm a boa vontade de consumir o produto.
Isso porque o que o dinheiro compra — tecnologia e elenco — fez uma grande entrega hoje, efetivamente de encher os olhos e deleitar o espírito. Mas também porque o roteiro melhorou consideravelmente em relação ao primeiro e segundo episódios.
É claro que ainda há más escolhas, a meu ver, como a necessidade de criar um diálogo de efeito entre Galadriel e Halbrand na chegada a Númenor, quando ela deveria ter reconhecido os númenóreanos assim que subiu ao convés do navio e viu que tipo de embarcação era, como se vestia e falava a tripulação. Mas, de fato, quem não é leitor de Tolkien nem se percebe essas coisas. Percebe, sim, a necessidade de criar outro diálogo entre os dois na prisão e o teletransporte dela de um lado para o outro da ilha.
Contudo, nesse terceiro episódio observei menor quantidade desses subterfúgios, que no primeiro e segundo eram quase a regra.
A esse tipo de espectador — leitor de Tolkien — creio que, mais do que estranhar, a tal da compressão temporal atordoa. Ainda assim, até esse aspecto ficou mais bem trabalhado, pois agora se sabe que tudo foi comprimido para caber no tempo das vidas de Elendil e de seus filhos. No entanto, me pergunto,
caso esse período de tempo abranja toda a série, de onde é que vão tirar tanta matéria para cinco temporadas. Afinal, a fonte do roteiro, digamos assim, é apenas o fim da Segunda Era. E como disse Sadoc, é o fim mesmo
A propósito, finalmente vi Tolkien!
Os "proto-hobbits" nesse episódio estão bastante tolkienianos. Quase todas as falas deles soam familiares ao leitor de Tolkien, a julgar pelo meu ouvido. A cerimônia de partida ficou comovente. Ô Amazon, promova quem escreveu essas cenas a roteirista-chefe que vai ser sucesso!
O ponto baixo, para mim, continua sendo essa protagonista histérica e vingativa. Gente, aquela fala dela na Sala do Trono é, em Tolkien, própria das personagens de coração mais endurecido ou malévolo.
Também tenho indagações, mas vou separá-las da crítica propriamente dita.