Pois é o mesmo erro cometido por quem ler Laurentino Gomes, ambos são jornalistas não são historiadores, eles não fazem historiografia, fazem uma análise jornalista de um evento passado, o que os leva sempre a fazerem uma análise positivista de um determinado evento histórico.
Jornalista, médicos e advogados que fazem livros sobre pessoas ou eventos do passado, não sabem trabalhar historicamente, não sabem lidar com as problematicas que se trará ao ler uma documentação, eles não percebem os pequenos detalhes que são necessários quando se olha o passado.
Vamos lá, para se analisar uma fonte é necessário saber bem as questões sociais, econômicas e etc. sobre o tempo histórico, mas já que temos apena sesse trecho vamos trabalhar com o que temos para percebe o equívoco cometido.
Eu vi umas três pessoas também desqualificando o Peninha dessa forma, ao mesmo tempo que não apresentam nada "contra" o Borba Gato além do raciocínio de que "se ele era branco, ele era cruel". O cito por não ter não ter lido mais nada que cite o Borba de forma nominalmente além desse livro, muito menos algo que o condene como um "genocida, abusador e escravagista" como estão gritando aos quatro cantos.
E de qualquer forma os livros dele são cheios de fontes também, e tudo que vejo contra o autor são críticas ao seu comportamento pessoal, não incoerências ou mentiras ditas nos livros.
Temos aqui o ponto de vista de alguem que aparentemente não obteve a informação vinda do próprio Borba e sim de terceiro, “viveu barbaramente, sem concurso de sacramento algum, nem comunicação com mais criaturas desse mundo”, e pelo método de escrita, sabemos que ele tinha intensões, intenções essas que só podem ser vista com o uma analise aprofundada do documento, portanto temos uma situação que deveria ser vista com um outro ponto de vista, para saber se tudo realmente aconteceu, como foi relatado.
“Borba Gato não teria permanecido tanto tempo sem contato com a civilização, uma vez que, em 1689, teria sido o principal responsável pela descoberta de ouro e pela fundação do arraial de Barra das Velhas, às margens do rio São Francisco.” - ou seja se ele passou tanto tempo em um determinado local escondido, sem comunicação com “civilização” outros estavam fazendo isso no lugar dele, ou seja, ele não foi o único a se esconder no lugar, não se esquecendo que ele matou alguem influente e mesmo estando escondido no meio do mato, sem a ajuda de outros não teriam passado despercebido.
“além do grupo de indígenas “que domesticou à sua obediência” – isto aqui não é viver pacificamente, domesticar não significa “não escravizou índio algum”, para a linguagem da época isso literalmente é adentrar na aldeia massacrar, e tornar os sobreviventes cativos, e para "domesticar uma aldeia nesse momento histórico havia duas alternativas, ele ter se juntado aos jesuítas, o que não parece ser o caso, ou massacrar para isso ele precisava de outras pessoas, ou que parece ele não estava sozinho, e muito menos estava vivendo em paz e harmonia com os nativos "domesticados".
Sim, é possível que ele tenha ido com outros homens para as matas, mas esses mesmos homens que não são citados poderiam ser inclusive mestiços, bem comum entre os paulistas da época. A gente simplesmente não tem material o suficiente pra constatar nada além do citado acima, a não ser que você tenha fontes que eu não encontrei.
Acho bem difícil ele ter se juntado a jesuítas, paulistas e a ordem jesuíta não se davam, né? Inclusive boa parte das fontes que registram a crueldade de bandeirantes vêm de jesuítas, que estão bem longe de serem imparciais nos relatos.
Quanto à domesticação ser escravidão, como disse em outra mensagem acima (da entrevista do Eduardo à Folha) esse povo indígena não era considerado "bom" para escravidão, pelo comportamento deles inclusive. Como o Peninha mesmo disse, é bem provável que o Borba escravizasse algum índio se lhe fosse conveniente para sua vida, mas nada em sua biografia indica que ele tenha de fato feito isso. Então fica bem complicado a gente cravar que ele fez algo só porque ele "poderia" ter feito, concorda?
Quando você olha essas fontes todas, só passa a impressão do paulista ter sido muito mais um explorador, no sentido de buscar riquezas minerais, do que qualquer outra coisa. E para o contexto da época isso tá longe de ser o suficiente para condená-lo de qualquer forma, o único crime registrado foi contra um representante da Coroa, perdoado posteriormente pela mesma Coroa, em troca de mapas.
Neithan os nativos não eram formados de tribos únicas, tribos rivais se uniam aos "brancos" para acabarem com seus adversários, para que você entenda melhor esse contexto de índios que iam em expedições com bandeirantes, faço aqui uma analogia com os dias de hoje.
Negros que são racistas.
Gays que são homofobicos.
Brasileiro que são nazistas.
Como você disse não existe essa história de mocinhos e bandidos, mas assassino é assassino, não importa se ele lutou na guerra dos emboabas para poder ter poderio sobre a terra contra os portugueses.
Você acha que a resistência indigência veio com flores e musicas de paz, eles usaram dos "brancos" para obter armas e aliados para resistirem contra os bandeirantes, muitos povos indígenas foram massacrados nesse interim.
Concordo com tudo que disse, e seria muito bom se as pessoas realmente enxergassem assim, pois nessa narrativa toda só vemos uma coisa dita: Brancos malvadões, índios bonzinhos. Todos tinham interesses, ambições e desafetos, por isso tivemos tantas alianças e guerras entre diferentes povos indígenas e portugueses, inclusive contra outros estrangeiros como Franceses no RJ e Holandeses em PE.
E aí volto ao que disse antes, sobre a colonização portuguesa ser menos agressiva do que outras que vimos na América, até pelo fato de termos poucos portugueses vindo viver no Brasil em comparação com Inglaterra e Espanha, e também levando em consideração seu tamanho absurdo, e por isso sempre buscou uma cooperação com nativos. Claro que em vários momentos de forma bem cruel, escravizando quem não colaborasse, ou de forma que também é condenação, levando "a civilização" para eles por meio de conversões e doutrinações mesmo. Mas também houve uma absorção de milhares de índios à sociedade colonial, e onde isso mais ocorreu foi no planalto paulista, que era aonde menos portugueses iam devido à dificuldade de passar pela Serra do Mar, diferentemente de colônias no nordeste que prosperavam com enormes plantações e engenhos. Essas vilas de São Paulo, Santo André da Borda do Campo, Santana de Parnaíba e outras que se tornaram a base para a expansão para o interior da colônia eram cheias de miscigenação, de nativos convivendo e criando uma cultura própria com direito a idioma único que durou por muitos anos.
Enfim. Fora isso não mais muito a ser dito, Mercúcio matou a pau a questão.