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Cancelamentos/Remoção de homenagens

Então tirar a estátua tem maior impacto na vida futura, já que não existe custo de manutenção e preservação.

Mas não entendo o seu ponto de protestar contra um passado opressor não ser impactante na vida futura. Talvez não te impacte, mas e se te afetasse, inclusive na forma que você lida com a sociedade, você se importaria?

Concordo quanto ao custo de manutenção/preservação e justamente por isso se querem protestar o lugar certo pra isso, era fazer de forma ordeira em frente a prefeitura, além de fomentar de forma progressiva discussões públicas civilizadas com toda a sociedade questionando a validade de manter o monumento dedicado a uma figura polêmica apresentando todos os argumentos comprobatórios, recolham assinaturas, ou seja, se não querem que lutem com as ferramentas legais contra isso, mas tendo a paciência e dignidade de fazer como cidadãos e não como marginais

Eu de minha parte não dou a mínima pra existência. Como turista priorizo natureza, culinária, cultura, comércio e festas locais e a ultima coisa que vou pensar é perder meu tempo pra ver estátua.
 
Monumentos não necessariamente glorificam pessoas, podem ser apenas um ode à sua memória, seja ela boa ou mesmo ruim. Não por um acaso a Polônia mantêm Auschwitz de pé, para que os horrores ali ocorridos não sejam esquecidos.
Eu falei que ia ficar burro. Não durou uma linha. Mas fica aqui o parabéns por conseguir me parafrasear. Legal mesmo, mas ai você consegue confundir o memorial e museu de preservação a memória e horrores vividos pelas vitimas do holocausto com o monumento (estatua) de um explorador escravagista histórico.

Não da sabe, é muita burrice condensada se a pessoa não consegue tirar a cabeça do esgoto
Ad hominem pra variar um pouco, ajuda a manter a discussão no raso, né?
ad channer. Quando parar de consumir material channer, ai você começa a se requalificar como membro da sociedade e talvez ser tratado como homem. até lá, vai ser tratado como channer. Ai o debate permanece onde você consegue pezinho. :beijinho:

se querem protestar o lugar certo pra isso
Não. você quer designar um local para que perpetuar opreção. Você propõe o silenciamento da voz dos oprimidos. Não existe local certo para protesto. Existe protesto.

era fazer de forma ordeira em frente a prefeitura, além de fomentar de forma progressiva discussões públicas civilizadas com toda a sociedade questionando a validade de manter o monumento dedicado a uma figura polêmica apresentando todos os argumentos comprobatórios, recolham assinaturas, ou seja, se não querem que lutem com as ferramentas legais contra isso, mas tendo a paciência e dignidade de fazer como cidadãos e não como marginais
Claro, porque fazer o que sistema que historicamente silencia, oprime e impede uma equalização da sociedade vai funcionar. Pelo seu argumento, o levante sufragista foi um absurdo. Abolição da escravidão também. Fim do trabalho infantil, etc. Todos foram batalhas de minorias contra o sistema. As pessoas protestam porque elas cansaram de serem sistematicamente silenciadas por gerações.

O sistema não foi feito para acolher e criar uma rede de inclusão e equalização. Defender o sistema é defender a opressão.
 
Eu falei que ia ficar burro. Não durou uma linha. Mas fica aqui o parabéns por conseguir me parafrasear. Legal mesmo, mas ai você consegue confundir o memorial e museu de preservação a memória e horrores vividos pelas vitimas do holocausto com o monumento (estatua) de um explorador escravagista histórico.

1-O memorial de Auschwitz, assim como outros monumentos, museus. casas e estátuas espalhados pela Europa possuem o mesmo sentido: A preservação da História, certo? O mesmo é feito com estátuas, esculturas, obras brasileiras. Inclusive o significado de monumento no dicionário é bem explicativo:
"monumento - substantivo masculino
1. obra, ger. grandiosa, construída com a finalidade de perpetuar a memória de pessoa ou acontecimento relevante na história de uma comunidade, nação etc.
2. qualquer edificação de grande estatura, cujas dimensões, estética, imponência despertam admiração."


Memoriais, estátuas, prédios, fontes, diversas obras criadas pelo homem entram nessa definição. Inclusive o "Monstrumento" do Borba Gato. E monumentos como Auschwitz, mesmo que a princípio possuíssem outras finalidades, patrimônios culturais da humanidade. Outros exemplos seriam o Farol da Barra, o pelourinho e diversos outras construções espalhadas por aí. Cada um com um signifcado diferente, todos importantes para a nossa civilização, em maior ou menor grau. São todas construções que simbolizam algo, ou alguém, um período histórico importante para determinada cultura ou contexto. Podem ser igrejas, mesquitas, palácios, estátuas, memoriais de guerra, ou uma obra na av. Santo Amaro.

Ficou bem desenhado agora? Qualquer dúvida pode pesquisar na internet e aprender algo novo, é sempre bom.

2-O homem usado como inspiração para o monumento em questão não era escravagista, fato documentado inclusive com fonte já citada no tópico. Borba Gato foi um explorador, um homem que passou a vida buscando minas no interior do Brasil. Viveu entre nativos de forma pacífica inclusive lutando uma guerra ao lado deles contra colonos portugueses. Você ou seja lá quem for falar que era senhor de escravos simplesmente não muda o passado, só demonstra ignorância.

3-Indo um pouco pra fora do debate: Chega a ser triste como você foi se atrofiando ao longos dos anos, uma pena como se tornou incapaz de dialogar corretamente, usando argumentos, fatos e análises feito como uma pessoa inteligente. Virou isso aí que estamos vendo, um cara desagradável e indesejado por geral. Realmente sinto pena por essa sua situação, espero que consiga melhorar um dia.

Não da sabe, é muita burrice condensada se a pessoa não consegue tirar a cabeça do esgoto
:blabla:

ad channer. Quando parar de consumir material channer, ai você começa a se requalificar como membro da sociedade e talvez ser tratado como homem. até lá, vai ser tratado como channer. Ai o debate permanece onde você consegue pezinho. :beijinho:
:rofl: Entendi, então você banca o burro propositalmente, baseado em suposições de que eu consumo material de fórum channer? Patético, cara. Melhore.
 
caralho

tem que se esforçar em ser burro. sério.
Wiki sobre Monumento:
"A monument is a type of structure that was explicitly created to commemorate a person or event, or which has become relevant to a social group as a part of their remembrance of historic times or cultural heritage, due to its artistic, historical, political, technical or architectural importance. Some of the first monuments were dolmens or menhirs, megalithic constructions built for religious or funerary purposes. Examples of monuments include statues, (war) memorials, historical buildings, archaeological sites, and cultural assets. If there is a public interest in its preservation, a monument can for example be listed as a UNESCO World Heritage Site."

E sobre Auschwitz atualmente: "MEMORIAL AND MUSEUM AUSCHWITZ-BIRKENAU FORMER GERMAN NAZI CONCENTRATION AND EXTERMINATION CAMP"

Para o planeta, e exatamente como eu escrevi, monumentos são muito mais do que homenagens, e no caso específico do antigo campo de concentração que eu citei de exemplo, é um monumento, um memorial, como eu bem didaticamente desenhei. Mas pro Omykron, tá tudo errado, porque ele quer, mesmo que não tenha a menor capacidade de explicar seu ponto de vista. E segue ignorando todo o restante de argumentos simplesmente porque é limitado, ou sabe que tá errado a respeito de quem foi Borba Gato, mas arrogante demais pra admitir que é ignorante sobre o assunto.

________________

Voltando ao assunto do tópico:

Preso, ativista 'Galo' assume que incendiou Borba Gato 'para abrir debate'

"o rapaz disse que o objetivo era abrir um debate sobre o monumento a um genocida e abusador de mulheres"

Acho válido um debate, principalmente como críticas à narrativas construídas sobre a História do Brasil. Mas o problema é que ao mergulhar na biografia do Borba Gato, vejam só: Ele não foi genocida de porra nenhuma e não existe nada sobre abuso a mulheres, o único registro a respeito de mulheres em sua vida é seu casamento com a filha de Fernão Dias. De resto foi uma trajetória de vida ao lado de índios, com quem conviveu por anos em paz e respeito mútuo, inclusive lutando com eles na guerra dos Emboabas.

Sobre isso, segue trecho de livro citado no tópico a respeito da sua vida entre indígenas:
"levou a se refugiar nos inexplorados sertões do rio Doce, no sudeste de Minas, e lá viver homiziado por quase duas décadas. De fato, de acordo com o relato registrado por um certo Bento Furtado, Borba Gato retirou-se para o coração do misterioso “Reino dos Mapaxó” e lá, por cerca de quinze anos, “viveu barbaramente, sem concurso de sacramento algum, nem comunicação com mais criaturas desse mundo” além do grupo de indígenas “que domesticou à sua obediência, vivendo entre eles, respeitado
como um cacique”. Pesquisas mais atualizadas sugerem que “Mapaxó” eram os nativos hoje conhecidos como Botocudo (cujo território tribal de fato se espraiava pelas cercanias do rio Doce), mas que Borba Gato não teria permanecido tanto tempo sem contato com a civilização, uma vez que, em 1689, teria sido o principal responsável pela descoberta de ouro e pela fundação do arraial de Barra das Velhas, às margens do rio São Francisco."


Resumidamente: O Cara ateou fogo a uma estátua sem nem saber quem era o homem que inspirou aquela construção. Ele só ouviu de alguém que era um genocida, e mesmo tendo acesso a todo o conhecimento da internet mundial em mãos, não conferiu nada. E por um motivo bem simples: Não convêm ao que ele acredita Borba Gato não ser um genocida. Então por ideologia, o pessoal se nega a buscar a verdade. É um comportamento doentio, exatamente igual ao de bolsonaristas que eles tanto criticam. E o mais curioso: Gerou comoção entre milhares de pessoas que também não sabem, aposto que já já ele se lança como candidato a deputado ou vereador pelo PSOL.
 
Falar "que domesticou à sua obediência" é ainda pior que dizer apenas que "escravizou".
Ah cara, vamos lá, ele viveu sozinho entre os índios. Ele é criticado por isso, veja: “viveu barbaramente, sem concurso de sacramento algum, nem comunicação com mais criaturas desse mundo” O cara escreveu essa de "domesticou" porque para o cronista da época índios eram quase animais, por isso um termo tão podre. Tanto que ainda fala "vivendo entre eles, respeitado como um cacique". Não tem como negar uma boa convivência lendo isso, muito menos forçar essa escravização, na boa. Tanto que anos depois disso ele ainda lutou com outros paulistas a guerra dos Emboabas com apoio dos mesmos indígenas, contra colonos de outras províncias que eram apoiados por portugueses.

Inclusive esse mesmo livro que eu peguei o trecho, fala bastante sobre como eram essas colônias dos bandeirantes, com expedições feitas majoritariamente por mestiços e nativos, numa São Paulo que tinha inclusive outro idioma que não era o português, e sim uma mistura de dialetos indígenas, esses caras ganharam "ares europeus" com o revisionismo no século XX que queria dar aos Bandeirantes uma aura civilizatória e europeia que "humanizou" o interior do Brasil. Mas na realidade sempre foram mestiços mesmos, que vivam na expansão comercial e buscas por riquezas minerais, com influências indígenas na língua geral paulista (idioma mais falado em toda essa região por séculos), culinária, uso de plantas medicinais e uma porção de outros costumes. O uso de escravos nessa região inclusive era beeem menor do que em províncias ricas no nordeste, que vivam de plantações e etc, enquanto aqui a agricultura não floresceu até o ciclo do café já no século XIX. Vale muito a pena essa leitura inclusive.

É o que eu estou falando desde o começo: Bandeirantes não foram heróis brancos pintados pelos governos do século XX. Mas também não eram todos demônios brancos como colocam agora, embora algumas figuras sejam realmente podres mesmo para a época. Foram homens de origens diversas, que falavam e vivam entre os nativos, lutando muitas vezes ao lado deles em conflitos com colonos de outras regiões do Brasil. Inclusive o estado de São Paulo só foi perder muito dessa miscigenação com as ondas de imigração europeias para trabalhar nas fazendas de café. Até então era um estado conhecido por essa mistura, esse povo "Mameluco" que teve início ainda com João Ramalho e a filha do cacique Tibiriçá, Bartira.

O que não dá é estudar esse trecho da História do Brasil como se fosse uma ficção entre heróis e mocinhos, né? O maniqueísmo estraga qualquer narrativa, estamos falando de uma época onde ainda existia canibalismo nessas terras, cometido por ameríndios, por exemplo. Houve aqui um choque entre culturas gigantesco, mas justamente o movimento das bandeiras era composto de uma miscigenação enorme, das maiores vistas em toda a América colonial.
 
Última edição:
Sim, ele não foi nem herói nem vilão, foi um homem de seu tempo e lugar. Do mesmo jeito que tentar pintá-lo como diabo na terra é sem sentido, tentar defendê-lo como boa coisa também o é.
Pros padrões atuais, ele foi uma pessoa abjeta, mas é anacrônico fazer esse julgamento. O que me espanta é muita gente aceitar esse anacronismo no julgamento mas não enxergar que uma homenagem a ele, hoje em dia, é tão anacrônica quanto.
E a estátua do Borba Gato, como e onde está, é uma homenagem idealizada às bandeiras, não tem nada de memorial ou de crítica. Se não é vilão, tão pouco é herói, pra que a homenagem então?
A idealização do movimento das bandeiras foi uma manobra política dos paulistas, muito tempo depois do que hoje é chamado de bandeiras ter existido.
O tempo passa, as pessoas mudam, a cidade muda. Nada mais natural que homenagens percam seu sentido e possam ser até ofensivas em muitos casos com as mudanças que a sociedade experienciam.
E a história também muda. Ilusão e ingenuidade achar que só existe uma história e que ela é feita de mármore (ou de concreto queimado, no caso do velho Borba) que resiste ao tempo.

Eu, por mim, já disse, gosto de estátua, até das feias, até das ofensivas. Prefiro um Borba Gato de pé lá que possa, de tempos em tempos, ser queimado, do que não ter nada. Algo que, originalmente era um símbolo de homenagem pode ser transformado pela reação social em um símbolo de escárnio. Um chamado à resistência contra aquilo que ele representa. Mas essa é minha opinião. Eu entendo e respeito quem se ofende com uma homenagem totalmente anacrônica e prefira não ver espaços públicos ocupados por esse tipo de coisa. Acho que é uma causa válida, mesmo não aderindo pessoalmente a ela.
 
Sim, ele não foi nem herói nem vilão, foi um homem de seu tempo e lugar. Do mesmo jeito que tentar pintá-lo como diabo na terra é sem sentido, tentar defendê-lo como boa coisa também o é.
Pros padrões atuais, ele foi uma pessoa abjeta, mas é anacrônico fazer esse julgamento. O que me espanta é muita gente aceitar esse anacronismo no julgamento mas não enxergar que uma homenagem a ele, hoje em dia, é tão anacrônica quanto.
E a estátua do Borba Gato, como e onde está, é uma homenagem idealizada às bandeiras, não tem nada de memorial ou de crítica. Se não é vilão, tão pouco é herói, pra que a homenagem então?
A idealização do movimento das bandeiras foi uma manobra política dos paulistas, muito tempo depois do que hoje é chamado de bandeiras ter existido.
O tempo passa, as pessoas mudam, a cidade muda. Nada mais natural que homenagens percam seu sentido e possam ser até ofensivas em muitos casos com as mudanças que a sociedade experienciam.
E a história também muda. Ilusão e ingenuidade achar que só existe uma história e que ela é feita de mármore (ou de concreto queimado, no caso do velho Borba) que resiste ao tempo.

Eu, por mim, já disse, gosto de estátua, até das feias, até das ofensivas. Prefiro um Borba Gato de pé lá que possa, de tempos em tempos, ser queimado, do que não ter nada. Algo que, originalmente era um símbolo de homenagem pode ser transformado pela reação social em um símbolo de escárnio. Um chamado à resistência contra aquilo que ele representa. Mas essa é minha opinião. Eu entendo e respeito quem se ofende com uma homenagem totalmente anacrônica e prefira não ver espaços públicos ocupados por esse tipo de coisa. Acho que é uma causa válida, mesmo não aderindo pessoalmente a ela.
Perfeito, nisso concordamos em boa parte do que disse. Meu problema no tópico todo é essa desinformação em respeito da figura queimada, seja de qualquer lado, não foi heroi nem vilhão. O mesmo autor do livro que eu quotei aqui acabou de dar entrevista na folha sobre isso, olha a manchete:

Queimaram a Estátua Errada - Diz Eduardo Bueno

(vale a leitura, abre em aba anônima)

Ele até fala que o Borba não escravizou, mas muito porque provavelmente ele não precisou, "Não calhou", até porque os índios da região onde ele vivia/atuava não era "boa" pra escravizar, por mais bizarro que isso possa parecer. Porque pra época tal ato que hoje é um crime contra a humanidade, era visto como aceitável inclusive entre os índios que também praticavam escravidão contra tribos e povos derrotados. É difícil pra gente aceitar essa banalização de algo tão agressivo, mas para ver História temos que separar sim, senão vamos considerar todas as pessoas nascidas antes dos anos 80 como "vilões", onde até o autor das Obras que inspiram esse fórum vai ser taxado de racista.

Sobre o movimento das bandeiras, é isso mesmo, o autor até fala isso na entrevista acima, de que até o nome "Bandeirantes" não existia na época, eles eram só paulistas, essa mudança na narrativa veio séculos depois, e nesse contexto ergueram o monstrumento.

E sobre derrubar monumentos, é um debate gigantesco e complexo, vai muito do quê estamos falando, de épocas, de qual seria a intenção por trás disso e assim por diante. E no caso do paulistano queimado, o que vi nesse debate foram apenas generalizações erradas, por isso a entrevista acima me agradou: "Queimaram o cara errado". :lol:
 
Eu quero saber é se queimar a porra da estátua da Havan era tão mais difícil assim.
Não tem Havan em São Paulo-SP. Tem na região metropolitana, acabei de descobrir alias, até na Terra do Lula já estão construindo uma unidade, mas não achei nada sobre estátuas. :lol:
 
Esse lance das estátuas...

Acho, sinceramente, que aqui isso é coisa importada. Nossa esquerda identitarista é muito pautada pelo identitarismo americano.

No sul dos EUA, por exemplo, onde você tem monumentos aos Confederados - monumentos estes que foram erguidos muito depois da Guerra Civil americana e com um sentido abertamente racista - eu acho mesmo que essa questão é bastante sensível. Ali há um trauma associado e tremendamente contemporâneo, com marcas que ainda hoje estruturam a realidade americana. Porra... a questão da conquista dos direitos civis pelos negros americanos data de ontem. Ali eu acho mesmo que toda essa discussão faz sentido.

Por aqui, vão buscar vilões do século XVII, reinventando o processo histórico como um conto ruim sobre mocinhos e bandidos.

E veja... com isso, eu não estou negando a violência da Conquista e o que isso historicamente significou para povos indígenas e, posteriormente, para negros escravizados. Só que o nosso processo histórico seguiu trilhas diferentes e essa coisa toda do Borba Gato aqui me parece tremendamente artificial. Não há, hoje, um trauma associado à memória desse processo histórico. Aliás, pro grosso da sociedade civil, bandeirantes é pouca coisa mais que o nome de uma emissora de TV/Rádio.

Acho que, para nós, há outros espaços de memória que são bastante mais sensíveis que o Borba Gato. Um exemplo: torturador do Regime Militar dar nome a ruas e praças - aliás, uma questão bastante contemporânea, considerando que este regime democrático de 1988 recém elegeu um sujeito que sempre valorizou o que a ditadura teve de pior: os assassinatos, a tortura, os desaparecimentos, as perseguições e o autoritarismo.
 
Última edição:
Ok, eu me rendo, São Paulo é a melhor das cidades.
Finalmente, tardou mas chegou o momento da verdade, fico feliz de finalmente enxergar a luz. Aguardo sua mudança para nossa cidade. :cerva:

(Mas gostaria de ressaltar que em Salvador também não tem)

(Mas há rumores de que tá chegando uma 😭)
Poxa, algo demorando pra chegar na Bahia. Quem diria.
 
Brasil, Uma História, do historiador Eduardo Bueno, o livro inclusive trás textos da época, como uma citação do período em que o Borbao da massa estava vivendo entre os índios.
Pois é o mesmo erro cometido por quem ler Laurentino Gomes, ambos são jornalistas não são historiadores, eles não fazem historiografia, fazem uma análise jornalista de um evento passado, o que os leva sempre a fazerem uma análise positivista de um determinado evento histórico.

Jornalista, médicos e advogados que fazem livros sobre pessoas ou eventos do passado, não sabem trabalhar historicamente, não sabem lidar com as problematicas que se trará ao ler uma documentação, eles não percebem os pequenos detalhes que são necessários quando se olha o passado.

" levou a se refugiar nos inexplorados sertões do rio Doce, no
sudeste de Minas, e lá viver homiziado por quase duas décadas. De fato, de
acordo com o relato registrado por um certo Bento Furtado, Borba Gato
retirou-se para o coração do misterioso “Reino dos Mapaxó” e lá, por cerca
de quinze anos, “viveu barbaramente, sem concurso de sacramento algum,
nem comunicação com mais criaturas desse mundo”
além do grupo de
indígenas “que domesticou à sua obediência,
vivendo entre eles, respeitado
como um cacique”. Pesquisas mais atualizadas sugerem que “Mapaxó”
eram os nativos hoje conhecidos como Botocudo (cujo território tribal de
fato se espraiava pelas cercanias do rio Doce), mas que Borba Gato não
teria permanecido tanto tempo sem contato com a civilização, uma vez que,
em 1689, teria sido o principal responsável pela descoberta de ouro e pela
fundação do arraial de Barra das Velhas, às margens do rio São Francisco."
Vamos lá, para se analisar uma fonte é necessário saber bem as questões sociais, econômicas e etc. sobre o tempo histórico, mas já que temos apena sesse trecho vamos trabalhar com o que temos para percebe o equívoco cometido.

Temos aqui o ponto de vista de alguem que aparentemente não obteve a informação vinda do próprio Borba e sim de terceiro, “viveu barbaramente, sem concurso de sacramento algum, nem comunicação com mais criaturas desse mundo”, e pelo método de escrita, sabemos que ele tinha intensões, intenções essas que só podem ser vista com o uma analise aprofundada do documento, portanto temos uma situação que deveria ser vista com um outro ponto de vista, para saber se tudo realmente aconteceu, como foi relatado.

“Borba Gato não teria permanecido tanto tempo sem contato com a civilização, uma vez que, em 1689, teria sido o principal responsável pela descoberta de ouro e pela fundação do arraial de Barra das Velhas, às margens do rio São Francisco.” - ou seja se ele passou tanto tempo em um determinado local escondido, sem comunicação com “civilização” outros estavam fazendo isso no lugar dele, ou seja, ele não foi o único a se esconder no lugar, não se esquecendo que ele matou alguem influente e mesmo estando escondido no meio do mato, sem a ajuda de outros não teriam passado despercebido.

“além do grupo de indígenas “que domesticou à sua obediência” – isto aqui não é viver pacificamente, domesticar não significa “não escravizou índio algum”, para a linguagem da época isso literalmente é adentrar na aldeia massacrar, e tornar os sobreviventes cativos, e para "domesticar uma aldeia nesse momento histórico havia duas alternativas, ele ter se juntado aos jesuítas, o que não parece ser o caso, ou massacrar para isso ele precisava de outras pessoas, ou que parece ele não estava sozinho, e muito menos estava vivendo em paz e harmonia com os nativos "domesticados".
 
Ah cara, vamos lá, ele viveu sozinho entre os índios. Ele é criticado por isso, veja: “viveu barbaramente, sem concurso de sacramento algum, nem comunicação com mais criaturas desse mundo” O cara escreveu essa de "domesticou" porque para o cronista da época índios eram quase animais, por isso um termo tão podre. Tanto que ainda fala "vivendo entre eles, respeitado como um cacique". Não tem como negar uma boa convivência lendo isso, muito menos forçar essa escravização, na boa. Tanto que anos depois disso ele ainda lutou com outros paulistas a guerra dos Emboabas com apoio dos mesmos indígenas, contra colonos de outras províncias que eram apoiados por portugueses.

Inclusive esse mesmo livro que eu peguei o trecho, fala bastante sobre como eram essas colônias dos bandeirantes, com expedições feitas majoritariamente por mestiços e nativos, numa São Paulo que tinha inclusive outro idioma que não era o português, e sim uma mistura de dialetos indígenas, esses caras ganharam "ares europeus" com o revisionismo no século XX que queria dar aos Bandeirantes uma aura civilizatória e europeia que "humanizou" o interior do Brasil. Mas na realidade sempre foram mestiços mesmos, que vivam na expansão comercial e buscas por riquezas minerais, com influências indígenas na língua geral paulista (idioma mais falado em toda essa região por séculos), culinária, uso de plantas medicinais e uma porção de outros costumes. O uso de escravos nessa região inclusive era beeem menor do que em províncias ricas no nordeste, que vivam de plantações e etc, enquanto aqui a agricultura não floresceu até o ciclo do café já no século XIX. Vale muito a pena essa leitura inclusive.

É o que eu estou falando desde o começo: Bandeirantes não foram heróis brancos pintados pelos governos do século XX. Mas também não eram todos demônios brancos como colocam agora, embora algumas figuras sejam realmente podres mesmo para a época. Foram homens de origens diversas, que falavam e vivam entre os nativos, lutando muitas vezes ao lado deles em conflitos com colonos de outras regiões do Brasil. Inclusive o estado de São Paulo só foi perder muito dessa miscigenação com as ondas de imigração europeias para trabalhar nas fazendas de café. Até então era um estado conhecido por essa mistura, esse povo "Mameluco" que teve início ainda com João Ramalho e a filha do cacique Tibiriçá, Bartira.

O que não dá é estudar esse trecho da História do Brasil como se fosse uma ficção entre heróis e mocinhos, né? O maniqueísmo estraga qualquer narrativa, estamos falando de uma época onde ainda existia canibalismo nessas terras, cometido por ameríndios, por exemplo. Houve aqui um choque entre culturas gigantesco, mas justamente o movimento das bandeiras era composto de uma miscigenação enorme, das maiores vistas em toda a América colonial.
Neithan os nativos não eram formados de tribos únicas, tribos rivais se uniam aos "brancos" para acabarem com seus adversários, para que você entenda melhor esse contexto de índios que iam em expedições com bandeirantes, faço aqui uma analogia com os dias de hoje.

Negros que são racistas.
Gays que são homofobicos.
Brasileiro que são nazistas.

Como você disse não existe essa história de mocinhos e bandidos, mas assassino é assassino, não importa se ele lutou na guerra dos emboabas para poder ter poderio sobre a terra contra os portugueses.
Você acha que a resistência indigência veio com flores e musicas de paz, eles usaram dos "brancos" para obter armas e aliados para resistirem contra os bandeirantes, muitos povos indígenas foram massacrados nesse interim.
 
Pois é o mesmo erro cometido por quem ler Laurentino Gomes, ambos são jornalistas não são historiadores, eles não fazem historiografia, fazem uma análise jornalista de um evento passado, o que os leva sempre a fazerem uma análise positivista de um determinado evento histórico.

Jornalista, médicos e advogados que fazem livros sobre pessoas ou eventos do passado, não sabem trabalhar historicamente, não sabem lidar com as problematicas que se trará ao ler uma documentação, eles não percebem os pequenos detalhes que são necessários quando se olha o passado.


Vamos lá, para se analisar uma fonte é necessário saber bem as questões sociais, econômicas e etc. sobre o tempo histórico, mas já que temos apena sesse trecho vamos trabalhar com o que temos para percebe o equívoco cometido.
Eu vi umas três pessoas também desqualificando o Peninha dessa forma, ao mesmo tempo que não apresentam nada "contra" o Borba Gato além do raciocínio de que "se ele era branco, ele era cruel". O cito por não ter não ter lido mais nada que cite o Borba de forma nominalmente além desse livro, muito menos algo que o condene como um "genocida, abusador e escravagista" como estão gritando aos quatro cantos.

E de qualquer forma os livros dele são cheios de fontes também, e tudo que vejo contra o autor são críticas ao seu comportamento pessoal, não incoerências ou mentiras ditas nos livros.

Temos aqui o ponto de vista de alguem que aparentemente não obteve a informação vinda do próprio Borba e sim de terceiro, “viveu barbaramente, sem concurso de sacramento algum, nem comunicação com mais criaturas desse mundo”, e pelo método de escrita, sabemos que ele tinha intensões, intenções essas que só podem ser vista com o uma analise aprofundada do documento, portanto temos uma situação que deveria ser vista com um outro ponto de vista, para saber se tudo realmente aconteceu, como foi relatado.

“Borba Gato não teria permanecido tanto tempo sem contato com a civilização, uma vez que, em 1689, teria sido o principal responsável pela descoberta de ouro e pela fundação do arraial de Barra das Velhas, às margens do rio São Francisco.” - ou seja se ele passou tanto tempo em um determinado local escondido, sem comunicação com “civilização” outros estavam fazendo isso no lugar dele, ou seja, ele não foi o único a se esconder no lugar, não se esquecendo que ele matou alguem influente e mesmo estando escondido no meio do mato, sem a ajuda de outros não teriam passado despercebido.

“além do grupo de indígenas “que domesticou à sua obediência” – isto aqui não é viver pacificamente, domesticar não significa “não escravizou índio algum”, para a linguagem da época isso literalmente é adentrar na aldeia massacrar, e tornar os sobreviventes cativos, e para "domesticar uma aldeia nesse momento histórico havia duas alternativas, ele ter se juntado aos jesuítas, o que não parece ser o caso, ou massacrar para isso ele precisava de outras pessoas, ou que parece ele não estava sozinho, e muito menos estava vivendo em paz e harmonia com os nativos "domesticados".
Sim, é possível que ele tenha ido com outros homens para as matas, mas esses mesmos homens que não são citados poderiam ser inclusive mestiços, bem comum entre os paulistas da época. A gente simplesmente não tem material o suficiente pra constatar nada além do citado acima, a não ser que você tenha fontes que eu não encontrei.

Acho bem difícil ele ter se juntado a jesuítas, paulistas e a ordem jesuíta não se davam, né? Inclusive boa parte das fontes que registram a crueldade de bandeirantes vêm de jesuítas, que estão bem longe de serem imparciais nos relatos.

Quanto à domesticação ser escravidão, como disse em outra mensagem acima (da entrevista do Eduardo à Folha) esse povo indígena não era considerado "bom" para escravidão, pelo comportamento deles inclusive. Como o Peninha mesmo disse, é bem provável que o Borba escravizasse algum índio se lhe fosse conveniente para sua vida, mas nada em sua biografia indica que ele tenha de fato feito isso. Então fica bem complicado a gente cravar que ele fez algo só porque ele "poderia" ter feito, concorda?

Quando você olha essas fontes todas, só passa a impressão do paulista ter sido muito mais um explorador, no sentido de buscar riquezas minerais, do que qualquer outra coisa. E para o contexto da época isso tá longe de ser o suficiente para condená-lo de qualquer forma, o único crime registrado foi contra um representante da Coroa, perdoado posteriormente pela mesma Coroa, em troca de mapas.
Neithan os nativos não eram formados de tribos únicas, tribos rivais se uniam aos "brancos" para acabarem com seus adversários, para que você entenda melhor esse contexto de índios que iam em expedições com bandeirantes, faço aqui uma analogia com os dias de hoje.

Negros que são racistas.
Gays que são homofobicos.
Brasileiro que são nazistas.

Como você disse não existe essa história de mocinhos e bandidos, mas assassino é assassino, não importa se ele lutou na guerra dos emboabas para poder ter poderio sobre a terra contra os portugueses.
Você acha que a resistência indigência veio com flores e musicas de paz, eles usaram dos "brancos" para obter armas e aliados para resistirem contra os bandeirantes, muitos povos indígenas foram massacrados nesse interim.
Concordo com tudo que disse, e seria muito bom se as pessoas realmente enxergassem assim, pois nessa narrativa toda só vemos uma coisa dita: Brancos malvadões, índios bonzinhos. Todos tinham interesses, ambições e desafetos, por isso tivemos tantas alianças e guerras entre diferentes povos indígenas e portugueses, inclusive contra outros estrangeiros como Franceses no RJ e Holandeses em PE.

E aí volto ao que disse antes, sobre a colonização portuguesa ser menos agressiva do que outras que vimos na América, até pelo fato de termos poucos portugueses vindo viver no Brasil em comparação com Inglaterra e Espanha, e também levando em consideração seu tamanho absurdo, e por isso sempre buscou uma cooperação com nativos. Claro que em vários momentos de forma bem cruel, escravizando quem não colaborasse, ou de forma que também é condenação, levando "a civilização" para eles por meio de conversões e doutrinações mesmo. Mas também houve uma absorção de milhares de índios à sociedade colonial, e onde isso mais ocorreu foi no planalto paulista, que era aonde menos portugueses iam devido à dificuldade de passar pela Serra do Mar, diferentemente de colônias no nordeste que prosperavam com enormes plantações e engenhos. Essas vilas de São Paulo, Santo André da Borda do Campo, Santana de Parnaíba e outras que se tornaram a base para a expansão para o interior da colônia eram cheias de miscigenação, de nativos convivendo e criando uma cultura própria com direito a idioma único que durou por muitos anos.

Enfim. Fora isso não mais muito a ser dito, Mercúcio matou a pau a questão.
 

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