Líderes mundiais afirmam monitorar situação da Rússia após rebelião de Grupo Wagner
Reino Unido desaconselhou viagens para a Rússia, enquanto a França demonstrou foco no apoio à Ucrânia. Presidente Lula evitou comentar conflito.g1.globo.com
Entenda o caso
- Yevgeny Prigozhin, o chefe do grupo, entrou abertamente em campanha para destituir o ministro de Defesa da Rússia nesta sexta-feira (23). O grupo luta ao lado da Rússia na guerra contra a Ucrânia.
- Prigozhin acusou o próprio Ministério de Defesa da Rússia de atacar acampamentos da organização e prometeu retaliação.
- O Ministério da Defesa emitiu rapidamente um comunicado no qual afirma que as acusações de Prigozhin "não correspondem à realidade e são uma provocação informativa".
- A segurança de Moscou foi reforçada após a movimentação nas ruas aumentar e o prefeito da capital russa, Sergei Sobyanin, declarou que estão sendo tomadas medidas antiterroristas.
- Em um vídeo divulgado neste sábado, Prigozhin disse que todos as sedes militares da Rússia em Rostov-on-Don estão sob controle do Grupo Wagner.
- A agência Reuters afirmou que instalações militares de Voronezh, a 500 km de Moscou, também foram tomadas pelo grupo.
- Putin classificou o caso como "facada nas costas" e disse que traidores serão punidos.
- Em resposta, Prigozhin afirmou que Putin está errado em acusá-lo.
O desentendimento
O "Wagner" é uma espécie de organização paramilitar ligada ao governo russo. O grupo surgiu em 2014, composto por ex-soldados de elite altamente qualificados.
Com a invasão da Ucrânia, acredita-se que o grupo tenha se expandido recrutando prisioneiros para lutar a favor da Rússia. Os mercenários reforçaram a linha de frente e atuaram em várias batalhas, incluindo na conquista de Bakhmut.
A relação entre o grupo e o Ministério da Defesa da Rússia já estava estremecido há alguns meses. Nesta sexta-feira, a crise se intensificou depois de Yevgeny Prigozhin acusar o governo russo de promover um ataque contra acampamentos da organização.
Prigozhin prometeu retaliações. Isso levou o procurador-geral da Rússia a abrir uma investigação contra ele por "suspeita de organizar uma rebelião armada".
O Exército russo nega o ataque contra o Grupo Wagner e classificou as acusações como uma provocação.
Mesmo assim, após a ameaça de Prigozhin, o governo russo reforçou a segurança em Moscou. Já na cidade de Rostov-on-Don, que foi invadida pelos paramilitares, o prefeito pediu para que a população não saia de casa.
Já diziam os espanhóis: Cría cuervos y te sacarán los ojos. Quem alimenta grupo de mercenários e recorre a ele pra fazer seu trabalho sujo não pode depois reclamar de ser traído. Por definição, mercenário não tem lealdade nenhuma além do dinheiro. Se fode aí, Putinho. Torço pela treta.
Ontem conversei com duas amigas russas. É engraçado dizer isso, já que tudo que é russo anda tão estigmatizado. Sim, tenho amigos russos aqui em Strasbourg - uma que é nascida russa e naturalizada francesa, que conheci através de uma amiga francesa, e um casal de russos que vieram para strasbourg quando ele veio trabalhar no Conselho da Europa antes da guerra e da subsequente expulsão da Rússia do Conselho da Europa.
A minha amiga russa naturalizada francesa já está na França há anos e não tem tanto motivo para temer represálias, então ela foi uma ativista extremamente vocal em favor da Ucrânia e inclusive abrigou uma refugiada ucraniana na casa dela. Já o casal russo ainda tem muito a arriscar se for abertamente pró Ucrânia, mas são contra a guerra e querem que a guerra acabe logo.
Pois bem.
A russa naturalizada francesa me disse: acho que tem que esperar uns dias pra saber no que vai dar isso. De qualquer forma, isso é necessariamente positivo para a Ucrânia. No pior cenário para a Ucrânia, Wagner e o exército russo vão se enfraquecer. No melhor cenário, é o início de uma guerra civil na Rússia. (isso foi antes da retirada do grupo Wagner). No mais, é bom que pelo menos movimenta as coisas, mas tem que lembrar sempre que o cara do grupo Wagner é tão ruim ou pior que o putin.
Já sobre os outros russos, não falei com o cara, mas encontrei com a moça. Ela também disse que está muito cedo para entender o que aconteceu e como isso vai influenciar o futuro. E ela frisou como grande parte do que vem da Rússia é fake news e que tem que se ver qualquer informação com muita desconfiança. Eu falei para ela do ditado brasileiro: na briga entre X e Y, tô torcendo pela briga. A minha visão é essa: na briga entre Rússia e grupo Wagner, estou torcendo pela briga.