O voto já é auditável, pare de lorotas. Existe auditoria no desenvolvimento dos programas, existe teste público de segurança, existe verificação pública das assinaturas digitais das urnas, existe o teste de integridade, existe a zeresima, o boletim da urna, o registro digital de voto, a possibilidade de totalização independente... Enfim, muitas etapas de auditoria, todas transparentes. O resto é conversa fiada de quem quer arranjar desculpas pra derrota.
Voto impresso é outra desculpa para quem não sabe perder.
Eu mesmo acho que é possível pensar em modelos de urnas que depositam uma versão física do voto (o tal VVPAT, Voter Verifiable Paper Audit Trail), paralelamente ao voto eletrônico. Mas você vive longe da realidade se acha que isso é fácil de ser feito na escala que precisamos.
Ainda no ano passado, especialistas no tema, como o Diego Aranha, já apontavam que era inviável implementar esse tipo de sistema para as eleições deste ano, pois é algo custoso e que demanda bastante tempo (para desenvolvimento, testes, adaptações, análises, etc). Então esse papo de condicionar as eleições ao voto impresso, além de ser um discurso de ataque frontal a um pilar institucional da democracia, não tem nenhum fundamento em termos de viabilidade prática.
Também sobre viabilidade, os comprovantes físicos estão sujeitos a alguns problemas, cujas soluções precisam ainda ser pensadas. Eleitores com deficiência visual, por exemplo, irão verificar seu voto como? E quando a impressora travar (quem tem mínima experiência com impressoras sabe que travar não é questão de “se”, mas sim de “quando”), como resolver o problema sem comprometer o sigilo do voto? Etc.
Então não venha com papo de "voto impresso" como varinha de condão. Em toda história de nossas votações eletrônicas, não houve nenhuma fraude evidente ou comprovada, o que aponta para a segurança do sistema. Isso não implica que a segurança seja perfeita (nunca será) e que fraudes são completamente impossíveis (não são em nenhum sistema). Só não podemos saltar daí para o discurso improdutivo - e errado - de associar imperfeição com alta probabilidade (ou mesmo certeza, para alguns) de fraudes, e com isso conturbar o processo eleitoral. Devemos, ao invés disso, pensar em termos de aprimoramentos contínuos, sem fazer acusações levianas de fraude, embasadas em nada a não ser vento na cabeça.
Pra pegar uma citação que vi por aí no twitter: estamos falando de eleições, não de concurso para flautista de Hamelin. Levar 100 mil pessoas a um comício num país de mais de 200 milhões de habitantes significa muito pouco. Em 2013 milhões foram as ruas protestar contra o governo, e mesmo assim ele foi reeleito no ano seguinte. No Chile, ruas foram tomadas por grandiosas manifestações em favor de uma nova Constituição, e mesmo assim esta foi derrotada nas urnas. As favelas são muito mais numerosas do que qualquer dessas manifestações bolsonaristas. Você já subiu um morro para mensurar o suporte ao seu político de estimação por lá?
E sim, já houve manifestações muito maiores na história do Brasil.
O "patriotismo" "redescoberto" nesse caso não tem a ver com real e sincera preocupação com o que constitui uma pátria: seus conterrâneos. Tem mais a ver com uma usurpação ideológica de chavões morais como armas políticas, e só. É fácil se esconder atrás do manto do patriotismo para criticar todos os supostos não-patriotas. Difícil é ser patriota na hora de ser minimamente humano em suporte às vítimas da Covid, ou na hora de colocar os interesses republicanos acima dos interesses familiares.
Já dizia aquela frase do Samuel Johnson: o patriotismo é o último refúgio do canalha.
Excelente ideia.
Tá achando que sou magnata, né?
Mileta não, mas coloco 200 dinheiros na aposta de que Bolsonaro não ganha no primeiro turno.