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Formação do sistema nervoso central e desenvolvimento do comportamento fetal
A complexidade do desenvolvimento estrutural do SNC (Sistema Nervoso Central) é refletida na complexidade de seus desenvolvimentos sensorial-motor, cognitivo, afetivo e comportamental.
A ocorrência dos primeiros movimentos fetais espontâneos entre a 7ª-8ª semana pós-concepcional coincide com a formação das primeiras sinapses e atividade elétrica cerebral. Os primeiros movimentos reflexos são fortes e indicam um número de sinapses ainda muito limitado nessa fase.
As mãos iniciam sua atividade reflexa por volta da 10ª semana, enquanto que os membros inferiores iniciam sua participação nesses reflexos por volta da 14ª semana. O número de sinapses aumenta então significativamente entre 13ª e 15ª semanas, na 15ª semana, cerca de 15 diferentes movimentos fetais podem ser observados. Apenas no final desse período, um número considerável de sinapses aparece precedendo ao córtex cerebral, provavelmente formando um substrato para o início da atividade elétrica cortical, observada na 19ª semana.
A influência das estruturas supraespinhais no comportamento motor fetal, no período entre 17 e 20 semanas, foi confirmada por estudos em fetos anencéfalos. O trato espinotalâmico é estabelecido na 20ª e mielinizado por volta da 29ª semana de gestação; as conexões tálamo-corticais penetram na placa cortical entre 24-26 semanas. Na 29ª semana, é estabelecida a conexão funcional entre periferia e córtex em funcionamento.
Entretanto, algumas investigações indicam que os reflexos faciais em resposta à estimulação somática, que poderiam indicar reação emocional à dor, desenvolvem-se precocemente na gestação. Esses reflexos parecem ser coordenados pelos sistemas subcorticais e, provavelmente, refletem o desenvolvimento destes circuitos cerebrais inferiores. Segundo Kurjak et al., os reflexos faciais se iniciariam na 7ª semana, pela presença da curvatura lateral do corpo, e estariam totalmente presentes na 11ª semana, de modo que, nesta fase, além dele, teríamos também movimento geral, sobressalto, movimento isolado dos braços e pernas, sucção, deglutição, mão na face, ante e retroflexão da cabeça, rotação da cabeça, movimento de respiração e alongamento, abertura da boca e bocejo.
O número de movimentos espontâneos tende a aumentar até a 32ª semana de gestação quando, então, começam a diminuir. Esta redução é considerada resultado do processo de maturação cerebral, bem como uma consequência da redução fisiológica do volume de líquido amniótico. Simultaneamente à redução do número de movimentos generalizados, pode ser observado um aumento no número de movimentos faciais, incluindo abertura/fechamento da mandíbula e atitudes de engolir e mastigar. Esse padrão é considerado um reflexo do desenvolvimento neurológico normal do feto. O sono REM e o não REM em fetos humanos começam a se manifestar na 33ª e 35ª semanas de gestação, indicando que a conexão dos neurônios da área córtico-talâmica e do tronco cerebral começa a funcionar neste período. Portanto, o padrão de comportamento fetal se modifica à medida que seu sistema nervoso amadurece.
Perspectivas da ultrassonografia de quarta dimensão na avaliação do comportamento fetal
A avaliação da integridade do SNC fetal e neonatal é um grande desafio para a moderna medicina perinatal. Embora tenha havido muitos esforços para se alcançar este objetivo, a avaliação direta da condição funcional do SNC do feto não tem sido possível até o momento. Entretanto, com o advento da US4D, a possibilidade de avaliação do padrão de comportamento intrauterino do feto humano parece ter dado o seu passo inicial.
A US4D oferece meios práticos de avaliação do desenvolvimento neurológico, bem como a detecção de patologias anatômicas. Os primeiros estudos do comportamento fetal pela US4D têm comprovado que este método pode ajudar num melhor entendimento tanto do desenvolvimento motor quanto somático do feto, além de avaliar a atividade e expressões faciais complexas, dando início a uma nova era na compreensão do estado neurológico fetal. Kurjak et al. tentaram correlacionar o padrão de comportamento pré-natal (expressões faciais e movimentos das mãos) observado pela US4D com o padrão pós-natal, a fim de avaliarem possíveis diferenças na frequência de movimentos durante os períodos fetal e neonatal precoces. Eles observaram uma continuidade no padrão de comportamento do período fetal para o neonatal, especialmente no que se refere aos movimentos isolados dos olhos, abertura da boca e pálpebras, bocejo, expulsão da língua, sorriso e movimentos das mãos direcionados à face. Os autores sugerem que a observação não apenas da quantidade, como também da qualidade desses movimentos fetais pode viabilizar a predição de condições neurológicas desfavoráveis intrauterinamente.
Outro trabalho teve como objetivo observar diferentes expressões e movimentos da face fetal durante estudo do comportamento fetal por meio da US4D, no segundo e terceiro trimestres da gestação, como provável manifestação da consciência fetal. Foi notada uma tendência para o aumento na frequência da observação de expressões faciais com o aumento da idade gestacional. A natureza de cada movimento facial incluiu a medida da velocidade, amplitude e força do movimento, combinadas a uma percepção complexa do mesmo, sugerindo que a observação da qualidade comportamental pode ser um bom preditor de comprometimento neurológico.
Segundo esses autores, diferentes movimentos e expressões faciais observados por meio da US4D podem representar sinais de manifestações da consciência fetal.
Fonte
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Na minha opinião, a vida se inicia a partir do momento em que o indivíduo possui o seu código genético único, e independentemente de cada um escolher acreditar em determinismo genético ou apenas na influência que os genes tem na nossa formação, é um fato que nossas características enquanto humanos são definidas através do DNA. Eu prefiro me ater a este fato do que apelar à ignorância e fazer afirmações baseadas na falta de provas do contrário. Até porque a maioria dos conceitos sobre o que nos torna humanos acredito que habitem mais no campo da filosofia do que da ciência, senão essa questão toda não geraria tantas discussões e correlações entre humanidade e as capacidades de sentir ou pensar. De qualquer forma é impossível não estranhar essa possibilidade de destrinchar os estágios da vida de uma espécia para aplicar uma lógica de não existir vida em um determinado ponto, mesmo que para a aplicação desta lógica se faça necessária a existência de fato do indivíduo em primeiro lugar.
E repetindo a questão da legalização, pode ser a solução mais rápida para um problema de saúde pública, a qual eu gostaria de saber se ainda não aplicaram por já terem conhecimento de outras possíveis soluções ou simplesmente estão ignorando o problema, mas acho que a questão moral de respeito à vida persistiria sem conclusões.