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Você é a favor da legalização do aborto?

Você é contra ou a favor a legalização do aborto?


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    116
Ué, concordo com tudo isso. Especialmente a parte "ninguém deveria ser obrigado a passar por isso." Use camisinha, ué! Prevenção tem de monte, educação também!

E se considerarmos que os métodos, mesmo sendo usados perfeitamente, podem falhar?
Nesse caso, o casal que não queria ter filho e fez a sua parte (aliás, você não não tem condição de julgar se um casal se preveniu ou não, de modo que esse argumento de "use camisinha" é inútil) e deve então considerar a gravidez uma graça de Deus e ser feliz?
 
Eu ainda mantenho a opinião que dei em meu último post, e não tenho certeza se já disse isso antes, mas ainda não vi bons argumentos que justifiquem o aborto, com exceção dessa questão de saúde pública, onde a única solução (até o momento) seria de fato legalizar e acompanhar todos os processos, recolhendo dados de cada caso afim de implementar campanhas mais objetivas que consigam reduzir o número de abortos.
 
Xi Maria, acumulou. Vamos lá:

Meu ponto é o seguinte: a discussão vai além da reprovação que cada um faça do aborto ou não. Eu ou você achar um absurdo não faz diferença, vão continuar abortando. O Estado proibir não faz diferença, vão continuar abortando. Mas se a legalização pode trazer um efeito positivo conexo, que é a preservação da vida de várias dessas mulheres (e possivelmente até a REDUÇÃO do número de abortos), urge que isso seja feito.

Voltando ao tema inicial, que é a legalização e não a moralidade do aborto: não, deveria ser legalizado, pois as proibições existem justamente para inibir condutas que a sociedade acha imorais. Você pode folhear o Código Penal ou qualquer lei penal extravagante e notará uma coisa incomum em cada conduta tipificada, tais como furto, apropriação indébita, violação de domicílio, abandono de animais em propriedade alheia, estupro, sequestro, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, terror e tortura: são todas consideradas imorais. Mais que imorais: também representam condutas danosas a um bem jurídico: vida, integridade física, liberdade individual, patrimônio, erário, entre outros. E também as proibições são exceção, não a regra, ainda bem. Na verdade, poucas são as coisas proibidas no Brasil.

Você disse antes que um motivo para se descriminalizar seria que poderia acabar com a prática do aborto às escuras, que é arriscado. Verdade. Mas o problema não está no fato de a norma ser infringida pelas mulheres que optam por abortar, ou por seus companheiros que a forçam, mas sim no fato de que não é para fazer. Trata-se de "o quê" e não "como, em quais circunstâncias." Guardadas as devidas proporções, seria como legalizar a maconha sob o seguinte pretexto: "os produtores domiciliares, artesanais, que cultivam Cannabis em seu apartamentos, por não dominarem a técnica, acabam se intoxicando em meio ao procedimento, o que faz mal para sua saúde a e de seus vizinhos. Deve-se, portanto, legalizar para poder-se regulamentar o pantio, por pessoas habilitadas, em locais próprios e autorizados, assim evitando o espalhamento do cultivo doméstico em locais confinados." <-- faria sentido isso?

mas também porque sei que uma gravidez indesejada arruinaria o futuro brilhante que eu tenho pela frente.

Não, você não sabe disso! Pelo contrário, pode ser uma dádiva!

E quanto à mulher que usa camisinha pra se proteger e for estuprada? Estuprador não usa camisinha. Aí ela engravida porque ficou com vergonha ou se sentiu ameaçada de procurar ajuda médica, ou por desinformação, ou porque o contraceptivo de emergência não funcionou?

Você pode ver que em nenhum momento eu falei da proibição em caso de estupro. Você está trazendo um novo elemento à discussão. Aí não há o que discutir, porque o estupro é excludente da ilicitude do aborto, então você não precisa se preocupar.

Homens também, já que quando a gente não exige camisinha, eles não perguntam se a gente se protege de alguma outra forma. Mas aí elas engravidam e têm que ser punidas?

Punidas? Só se você já tiver estabelecido que ser mãe é um estorvo. Do contrário, eu acho mais justo chamar de "encarar o novo desdobramento da vida." E sim, os homens também são culpados, tanto por ação, quando envenenam suas parceiras com cytotec porque acham que ficaram grávidas, quanto por omissão, quando deixam de exigir a prevenção.

Não sei o número, mas ele não importa se sua esposa for a premiada, né?

De fato não, mas devemos pensar muito, muito antes de alterar uma norma tão importante com base num punhado de casos dentro de um universo de centenas de milhares.

Mas ninguém é obrigado a andar de carro ou a cavalo!

Foram apenas exemplos. Todos estão expostos a um sem número de riscos enquanto vivem. Mesmo que queiram viver nas montanhas, isolados para todo o sempre, terão o risco de serem picados por um mosquito infectado. Viver importa em riscos, foi o que eu quis dizer. E mesmo se não quiser andar de carro ou a cavalo, você terá que ser pedestre, o que te põe em risco de ser atropelada. É o que se chama de "risco proibido" e "risco permitido" no Direito Penal.

Direito dela! Ela fez uma escolha.

Agradeça! ;)

Leia de novo pq tá bem claro.

Eu li, e realmente o que você disse anteriormente não passou de um non sequitur. Na boa, gostaria de reformular ou detalhar mais?

Sim, mas a moral é invenção do homem, correto? As questões social e biológica que eu citei são bem objetivas.

Sim, é uma invenção humana, tal como o Direito, que dela deriva. A norma que proíbe o aborto também é uma criação humana. A questão biológica pode ser bem objetiva, mas a social já nem tanto, pois a sociedade nada mais é que um somatório de indivíduos humanos e que, por conta da mentalidade de grupo, assume uma nova identidade, que acaba, por vezes, sufocando a identidade individual. E, se o indivíduo constitui a sociedade, a sociedade constitui o Estado, e este constitui a lei, então sim, a lei também é criação humana. Se sobrevier lei permitindo aborto, também será uma criação humana; neste caso, você irá comemorar, eu não.

Só que a questão biológica não favorece a tese da descriminalização. A não ser que você esteja falando de outro aspecto da biologia que não o desenvolvimento embrionário, em que considera-se humano o ser formado pela junção de um espermatozoide e um óvulo, cada um com 23 cromossomos, totalizando 46, daí posto a se desenvolver. Se tem 46c, então ele com certeza se desenvolverá, a menos que morra. Atingir 12 semanas é um marco, atingir 40 (e ver a luz) é outro. Era disso que você estava falando?

Teria, uma relevância positiva. Pq vc acha que seria negativa? (minha mensagem anterior: Logo, o que você sugere é sancionar a possibilidade de interromper (tirar) uma vida. Será que isso também não tem relevância social?

Tirar vidas, especialmente com a chancela do Estado, sempre será negativo para mim. E, na minha opinião, tem peso maior do que o que se ganharia preservando a dignidade, a privacidade e a intimidade de uma mulher. Sorry.

Porque ninguém é obrigada a correr esse risco! Tá vendo? A discussão começa a ficar repetitiva. É a terceira vez que eu falo isso.

Então vamos concordar em discordar.

Ruim pra eles pq vc não é proibido de transar com camisinha! Se fosse, estaria entendendo pq eu reclamo quando a opinião do outro interfere na minha vida. Eu também acho que os anti-abortistas não deveriam ser levados em consideração, porque "essa gente" não vai arcar com meus custos de mãe. É muito fácil falar do outro, né?

Você está levando pessoalmente. Soa como se você estivesse falando unicamente naquele cenário em que o cara dorme com você, despede-se com um beijo na testa, você liga para dar a notícia e ele responde: "quem é você?". Esse aí é um dos que você pode chamar de "essa gente". Por outro lado, se você deparar com um cara que, por preceito, não pode usar camisinha, diga bye-bye para ele, simples! Você ficaria comigo? Eu sou um cara legal, pode confiar, mesmo que tenhamos nos 'conhecido' nesta temperatura. Sinto que não, porque você antipatizou comigo (é a impressão que eu tenho). Logo, menos ainda você ficaria com um fundamentalista desses! ;)

Mas está interferindo porque a opinião pública tem força. Se eu engravidar agora, meus planos vão por água abaixo. E aí, vc vai cuidar do meu filho enquanto eu estiver trabalhando, estudando? Vai pagar babá pra ele? Não, né? Então tá interferindo e depois vai dizer que não tem nada a ver com meus problemas. E não tem mesmo!

Se eu tenho força porque sou um representante da opinião pública, então você também tem pelo mesmo motivo, mas em sentido contrário. Com um detalhe: nós, antiaborto, somos maioria, mas somos calados, passivos e bobos, com algumas exceções. Vocês, por sua vez, são mais ativos, barulhentos e organizados, não nos argumentos, mas na articulação. Vocês têm mais 'aceleração'. Acho que a posição de vocês, do ponto de vista político, é até mais confortável que a nossa. Quem são meus representantes?

E sim, é duro mesmo. Se você engravidar, coisa que você não precisa fazer, seus planos podem ir por água abaixo, apesar de eu ter dito acima que pode ser uma dádiva. Dá pra ver que você se ama muito por causa do seu vigor na defesa da individualidade feminina, então você vai amar seu filho(a). Se for estuprada, coisa que eu NÃO gostaria que acontecesse, você já estará coberta pela lei. E se acontecer de você deixar o tesão neblinar seu julgamento no momento das preliminares, então essa é a dura verdade: sinto muito. Sim, pode me xingar de egoísta, de pessoa que não se importa com a dignindade alheia... não é isso, pode confiar em mim. Esta foi uma questão que eu já pensei muito aprofundadamente. Já coloquei muitas coisas em cotejo.

Eu não entendi nada disso. Tá querendo dizer que se algo der errado no final das contas pode ser um caminho pra algo que dê certo?

Não era exatamente isso que eu tinha em mente, mas sim, pode ser também. O que eu quis dizer mais precisamente é que 'coisas acontecem'. Umas mais leves, outras mais graves. Passar num concurso meia-boca é uma delas, que pode fazer com que você tenha que abandonar seu projeto de doutorado para poder enfrentar despesas do presente. O que você faz? Ou morre de fome, ou encara. Aconteceu. Mas isso mesmo; enquanto você está encarando e sobrevivendo, outras portas maravilhosas podem ser abertas para você no processo.

Sim, pode-se rever o conceito da lei. Ela não deve permanecer sempre a mesma, tem que evoluir de acordo com o que vem acontecendo. Mas no caso, a revisão da lei tem que partir da mesma ótica inicial: rever o conceito do ato em si ser criminoso ou não. Adotar a lógica de que é muito difícil fiscalizar e por isso deve deixar de ser criminoso não é a lógica correta.

Não sei se fui claro, é bem sutil a diferença. Difícil explicar.

Não sei os demais, mas eu entendi, e realmente não é a lógica correta. Só um cuidado: muitos dizem que o Direito (a lei, para quem não diferencia) serve para "acompanhar a sociedade". Penso que não; o Direito é para manter a ordem. Do contrário, qual segurança teríamos? Imagine se determinada prática, por ser tolerada por alguns, vira objeto de lobby e passa a ser legal? Casa de prostituição, por exemplo. Pune-se a manutenção de casa de prostituição porque, ao fim e ao cabo, não queremos uma sociedade permeada de putaria em cada esquina. Tampouco queremos que nossas filhas tornem-se prostitutas.

O critério tem base no não desenvolvimento do sistema nervoso, se não me falha a memória. Sem sistema nervoso um ser não vê, não sente, não tem noção do mundo à sua volta. Tente imaginar como é viver sem visão, olfato, paladar, audição, e o principal, tato. Sem sistema nervoso não há ser senciente. Não se sente dor ou prazer. Você pode argumentar filosoficamente que isso é um ser vivo, mas você considera algo assim vivo? Mesmo que você considere aqui é que consta a diferença entre um ser de 12 e um de 13 semanas, mesmo que ele tenha vida ele não sente, portanto até aqui, tudo que digo aqui é do meu ponto de vista, não se sente remorso por privar algo de ter vida quando ele não sente (aqui num sentido biológico, sem entrar em consideração conceitos holísticos ou filosóficos do que é sentir).

É aí o ponto de discordância meu para a maioria dos abortistas. Mas não creio que isso chegue ao profundo nível da Filosofia não; acho que isso é meramente lógica. O ser está ali. Não tem cérebro, ainda, mas há de ter. Tal como um sujeito em coma: também não tem nenhuma sensibilidade, mas não deixa de ser pessoa: nem por isso fica aberta a brecha para que o cônjuge mande injetar-lhe cloreto de potássio por qualquer que seja o motivo, como apropriar-se de uma herança. Naquele momento, o sujeito está inteiramente sem consciência e com sistema sensorial inativo. Mas há atividade biológica, não há?

Essa é a minha tristeza: no julgamento da ADPF 54, em que o STF julgou constitucional o aborto de anencefálicos, a Ministra Rosa Weber cometeu o despautério de dizer: "O Direito se basta. O Direito pode criar seu próprio conceito de vida." (dane-se a Biologia, então).

Você não se sente confortável em fazê-lo, mas se for necessário deve ser feito. Nenhum pai deve gostar de ter que abortar seu filho, imagino que mesmo quando uma mulher é a favor e seu filho vai morrer após o nascimento não faça o procedimento morrendo de felicidade.

Sim, em nenhum momento também disse que a mulher o faz com um sorriso no rosto, como de quando vai retirar aquela prótese exagerada de silicone. E só será necessário se o médico disser que é mãe ou bebê, aí sim tornando-se uma questão de vida versus vida.

E se considerarmos que os métodos, mesmo sendo usados perfeitamente, podem falhar? Nesse caso, o casal que não queria ter filho e fez a sua parte (aliás, você não não tem condição de julgar se um casal se preveniu ou não, de modo que esse argumento de "use camisinha" é inútil) e deve então considerar a gravidez uma graça de Deus e ser feliz?

Não tenho mesmo condição de julgar se eles se preveniram ou não, mas não entendo por que isso invalida dizer para usarem sempre camisinha (ou qualquer outro método contraceptivo). E se acontecer apesar de tudo, foi o que eu disse acima: paciência. É paciência mesmo, respirar fundo, chorar nos primeiros dias se necessário, mas então começar a planejar a vida. E sim, ser feliz! Por que não? A alternativa é matar o filho. E não empreguemos eufemismos, é matar mesmo. :(

Eu ainda mantenho a opinião que dei em meu último post, e não tenho certeza se já disse isso antes, mas ainda não vi bons argumentos que justifiquem o aborto, com exceção dessa questão de saúde pública, onde a única solução (até o momento) seria de fato legalizar e acompanhar todos os processos, recolhendo dados de cada caso afim de implementar campanhas mais objetivas que consigam reduzir o número de abortos.

A ideia de que a legalização é uma questão de saúde pública é falsa, pois é circunstancial. O que importa é a conduta em si, e não o modo de praticá-la. "Milhares de mulheres morrem devido a abortos clandestinos, logo devemos legalizar para poder trazer tudo às claras e dar mais segurança." Mas mais segurança a quê? Ao aborto? Aborto não deve ser feito! Logo, eliminada a conduta principal, automaticamente some o problema de saúde pública a ele relacionado!.

Veja isto: "vamos proibir cercas elétricas porque elas às vezes não são ajustadas corretamente, excedendo a corrente elétrica máxima tolerável, causando choques fatais nos indivíduos que tocam-na com a virilha no momento em que tentam pulá-la para invadir a casa. Outro problema muito comum que se vê é que as descargas elétricas sobre os ladinos frequentemente os fazem cair e bater a cabeça, constituindo, assim, um problema generalizado nos hospitais da rede pública, um risco proibido e intolerável, portanto". O que você acha?
 
A ideia de que a legalização é uma questão de saúde pública é falsa, pois é circunstancial. O que importa é a conduta em si, e não o modo de praticá-la. "Milhares de mulheres morrem devido a abortos clandestinos, logo devemos legalizar para poder trazer tudo às claras e dar mais segurança." Mas mais segurança a quê? Ao aborto? Aborto não deve ser feito! Logo, eliminada a conduta principal, automaticamente some o problema de saúde pública a ele relacionado!.

Veja isto: "vamos proibir cercas elétricas porque elas às vezes não são ajustadas corretamente, excedendo a corrente elétrica máxima tolerável, causando choques fatais nos indivíduos que tocam-na com a virilha no momento em que tentam pulá-la para invadir a casa. Outro problema muito comum que se vê é que as descargas elétricas sobre os ladinos frequentemente os fazem cair e bater a cabeça, constituindo, assim, um problema generalizado nos hospitais da rede pública, um risco proibido e intolerável, portanto". O que você acha?
O que eu acho, é que você continua a ignorar o problema. Mulheres morrem devido a abortos clandestinos, a única solução que EU vejo é a legalização do aborto com um apoio à redução de abortos, a sua solução seria qual? Simplesmente proibir? Isso já é feito, e não dá certo. Só me diga qual seria sua solução, aliás, me diga também o problema, porque até o momento você não tem como saber o que motiva estas mulheres a arriscar a própria vida para praticar o aborto.
 
A questão do aborto é sobretudo uma questão moral - é moralmente errado matar um feto? Ou melhor, o feto humano, logo em seus primeiros dias, já tem dignidade humana? Se ele já tem dignidade humana, então não há conveniência social que permita legalizarmos o aborto, seria como legalizar o assassinato ou o roubo - alguma poucas coisas são meramente erradas e cabe aos estadistas reconhecer essa realidade moral independentemente de vantagens ou pressões populares.

Assim sendo, é preciso atacar a questão: "o feto tem dignidade humana?". Abordei essa questão nesse post, quatro anos atrás, e mantenho a posição (em resumo a resposta é "não em suas primeiras semanas"). Porém, a posição que mantive ali é a posição de alguém que, com mentalidade filosófica, quer investigar onde reside a dignidade humana - um interesse de entender a realidade, digamos assim, e que reside em certas sutilezas e intuições. Vejo porém um perigo em estadistas se apropriarem desse tipo de sutilezas: elas são facilmente deturpáveis e manipuláveis, e acho que abrem a possibilidade de uma margem de manobra grande demais para um estadista definir o que tem ou o que não tem dignidade humana, esses conceitos devem antes de tudo fundamentar a ação dos estadistas e não por outro lado estarem sujeitos a eles - nesse sentido sou simpático (isto é, não explicitamente defendo, mas acho uma posição defensável) a, por conservadorismo, pragmaticamente estabelecer do ponto de vista social que o feto desde sua concepção já tem dignidade humana, já que é um momento absolutamente claro e pontual no tempo, e pouco sujeito a arbitrariedades. Analisar filosoficamente essa marca é algo válido, mas permitir que estadistas em suas resoluções práticas andem livremente por esses limites, isso é, discutam e decidam quem tem ou não tem dignidade humana, não me parece producente.

(Esse post dificilmente ganhará um ótimo - quem é contra o aborto em geral não concorda com minha postura filosófica, quem é a favor não concordará com minha simpatia pragmática).
 
Última edição:
Se eu tenho força porque sou um representante da opinião pública, então você também tem pelo mesmo motivo, mas em sentido contrário. Com um detalhe: nós, antiaborto, somos maioria, mas somos calados, passivos e bobos, com algumas exceções. Vocês, por sua vez, são mais ativos, barulhentos e organizados, não nos argumentos, mas na articulação. Vocês têm mais 'aceleração'. Acho que a posição de vocês, do ponto de vista político, é até mais confortável que a nossa.

Sério que os anti-aborto são passivos e calados? É por isso que aborto é legalizado, né? e quando ele foi levado a votação a bancada evangélica ficou lá, calada, passiva. Não sei se você não consegue ver mesmo que vocês estão muito longe de serem passivos ou só está agindo de má-fé.

Sim, é muito confortável defender tais pontos de vista numa sociedade tão avançada como a nossa, livre de conservadorismos.

Quem são meus representantes?

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nesse sentido sou simpático (isto é, não explicitamente defendo, mas acho uma posição defensável) a, por conservadorismo, pragmaticamente estabelecer do ponto de vista social que o feto desde sua concepção já tem dignidade humana, já que é um momento absolutamente claro e pontual no tempo, e pouco sujeito a arbitrariedades. Analisar filosoficamente essa marca é algo válido, mas permitir que estadistas em suas resoluções práticas andem livremente por esses limites, isso é, discutam e decidam quem tem ou não tem dignidade humana, não me parece producente.

Esse ponto é arbitrário, pessoal, e na sua forma de pensar faz todo o sentido. É objetivo, em se tratando de biologia, um ponto indiscutível no tempo, mas é da mesma forma arbitrário. Você poderia ter escolhido outro ponto, de forma arbitrário, que ainda poderia também ser objetivo, um ponto bem definido no tempo. Tal qual, o surgimento do coração, do cérebro, do sistema nervoso etc.
 
"o feto tem dignidade humana?"

Ampliando: o feto pode se tornar um ser humano digno? Claro. Temos uma possibilidade muito boa.
Beira-Mar pode se tornar um ser humano digno? Bem...

Naturalmente alguém pode perguntar: um espermatozoide pode se tornar um ser humano digno?
 
Matar pq você quer, né? Uma célula fecundada é a mesma coisa que um indivíduo? Bem, você já deixou claro que sim, então não tem mais o que debater aqui.

Então, que ambos cresçamos depois de muito trabalhar neste tópico!

O que eu acho, é que você continua a ignorar o problema. Mulheres morrem devido a abortos clandestinos, a única solução que EU vejo é a legalização do aborto com um apoio à redução de abortos, a sua solução seria qual? Simplesmente proibir? Isso já é feito, e não dá certo. Só me diga qual seria sua solução, aliás, me diga também o problema, porque até o momento você não tem como saber o que motiva estas mulheres a arriscar a própria vida para praticar o aborto.

Não ignoro o problema; outras condutas, como o homicídio, também são proibidas, e nem por isso a prevenção ao homicídio é eficaz. 2% dos homicídios resultam em condenação transitada em julgado no Brasil. Mas a norma está lá: art. 121 do Código Penal: "Matar alguém - pena: reclusão de seis a vinte anos." Do mesmo modo, está lá no art. 124: "Praticar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque - pena: detenção de um a três anos." A existência da norma penal incriminadora não inibe a prática do aborto ilegal. Do mesmo modo que o art. 155, que comina pena de 1 a 4 anos pelo furto. Agora remova essas três penas da equação: o que acontecerá?

Sério que os anti-aborto são passivos e calados? É por isso que aborto é legalizado, né? e quando ele foi levado a votação a bancada evangélica ficou lá, calada, passiva. Não sei se você não consegue ver mesmo que vocês estão muito longe de serem passivos ou só está agindo de má-fé.

Sim, é muito confortável defender tais pontos de vista numa sociedade tão avançada como a nossa, livre de conservadorismos.

Não sou evangélico e não me sinto representado por eles. Não votei num único evangélico. Agora sim, temos isso em comum. Não significa que me representem, e nem por isso você vê a sociedade mobilizada contra o aborto. Eu mesmo não ouvi falar, por exemplo, de uma passeata ou manifestação específica contra o aborto no Brasil (vi nos EUA, apenas).

Quanto aos meus representantes, desses três aí só um eu gosto, e por razões que nada têm a ver com aborto ou gayzismo: Bolsonaro. Meu representante mesmo é este aqui:

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"o feto tem dignidade humana?"

Tem, ué, porque é humano!

Edit: esqueci de ler o post do Alkarin, já volto.
 
A questão do aborto é sobretudo uma questão moral - é moralmente errado matar um feto? Ou melhor, o feto humano, logo em seus primeiros dias, já tem dignidade humana? Se ele já tem dignidade humana, então não há conveniência social que permita legalizarmos o aborto, seria como legalizar o assassinato ou o roubo - alguma poucas coisas são meramente erradas e cabe aos estadistas reconhecer essa realidade moral independentemente de vantagens ou pressões populares.
O aborto já é permitido por lei para determinados casos, então não acho que dependa "sobretudo" da questão moral, mas sim de em quais situações o aborto é aceito, mesmo sendo considerado um assassinato, a defesa pela vida não pode se esquecer da vida da gestante, e é por isso que o aborto existe, são duas vidas e nem sempre as duas poderão ser salvas.

Não ignoro o problema; outras condutas, como o homicídio, também são proibidas, e nem por isso a prevenção ao homicídio é eficaz. 2% dos homicídios resultam em condenação transitada em julgado no Brasil. Mas a norma está lá: art. 121 do Código Penal: "Matar alguém - pena: reclusão de seis a vinte anos." Do mesmo modo, está lá no art. 124: "Praticar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque - pena: detenção de um a três anos." A existência da norma penal incriminadora não inibe a prática do aborto ilegal. Do mesmo modo que o art. 155, que comina pena de 1 a 4 anos pelo furto. Agora remova essas três penas da equação: o que acontecerá?
O que acontecerá? Bom, acontecerão falácias, porque mais uma vez você ignorou o problema para trazer comparações. Tudo isso que você cita pode ser discutido em separado, podemos repensar as leis sobre homicídio e sua eficácia, o sistema carcerário e tudo o mais que estiver ligado a isso, mas no momento eu só quero saber qual a sua solução para que as gestantes que morrem em clínicas clandestinas parem de morrer. Entendeu? Consegue ser objetivo?
 
O aborto já é permitido por lei para determinados casos, então não acho que dependa "sobretudo" da questão moral, mas sim de em quais situações o aborto é aceito, mesmo sendo considerado um assassinato, a defesa pela vida não pode se esquecer da vida da gestante, e é por isso que o aborto existe, são duas vidas e nem sempre as duas poderão ser salvas.
Assim também como matar alguém é permitido em certas situações, nem por isso "não matarás" deixa de ser sobretudo um princípio moral. Admitir exceções em casos extremos é uma coisa, outra coisa (é preciso concordar, mesmo quem seja a favor do aborto) é encarar o ato como algo normal e essencialmente corriqueiro, no sentido que dependeria pura e simplesmente da vontade da mãe.

Esse ponto é arbitrário, pessoal, e na sua forma de pensar faz todo o sentido. É objetivo, em se tratando de biologia, um ponto indiscutível no tempo, mas é da mesma forma arbitrário. Você poderia ter escolhido outro ponto, de forma arbitrário, que ainda poderia também ser objetivo, um ponto bem definido no tempo. Tal qual, o surgimento do coração, do cérebro, do sistema nervoso etc.

Não discordo que seja arbitrário, por isso usei o termo "pouco sujeito a arbitrariedades" e não o termo "não sujeito a arbitrariedades". Mas digamos que você tenha um rio, além dele há uma região quase vazia, na qual alguns metros a dentro (ninguém sabe ao certo quantos) além do rio há uma zona invisível perigosa, um mini triângulo das Bermudas, quem chegar lá some instantaneamente. Assim não chegar nesse ponto é uma questão da suma importância. Definir que as pessoas não passem do rio é um limite muito mais prudente do que definir um número máximo arbitrário de metros adentro daquela região vazia, ou visualizar uma pedra minúscula e dizer que ninguém deva passar dali. Ainda mais se há o risco de pessoas serem conduzidas por agentes mal intencionados a cair no triângulo, agentes que possam apontar para outra pedrinha que estava mais adiante e convencer a todos que aquela é a pedrinha certa... Células nervosas, no feto, são como uma dessas pedrinhas, o rio é como a fecundação - podemos concordar que o triângulo, a dignidade do feto, está mais adiante e não no rio, mas é melhor nos atermos ao rio se não quisermos chegar nesse ponto - o rio é um objeto claro, bem determinado, que evidencia a si mesmo como o início daquela região.




Uma reflexão menor sobre a questão: curiosamente o homem, se a mulher engravidar e quiser ter um filho, vai ter que aceitar o filho, sustentá-lo, e possivelmente ir até preso caso não o faça. Se consideramos não desprezível o risco de preservativos falharem, para o pai ter o filho ainda é uma questão de maior ou menor sorte ou azar, isto é, é algo sobre a qual sua vontade não pode determinar completamente a questão, já que o homem não pode abortar o filho pela mulher ou na mulher contra sua vontade, os homens meramente devem aceitar isso como um fato da vida. Então ter o direito de não querer ter um filho uma vez a fecundação tendo ocorrido, e não querer pelas diversas exigências que criar um filho acarretaria, não é um direito inalienável do ser humano, já que esse direito não é dado aos homens - e convenhamos, mesmo se fosse dado, repousaria na justificativa frágil fundamentada na possibilidade pequena (eu diria desprezível) de preservativos falharem. Dessa forma não ter esse direito não fere a dignidade e a liberdade da mulher enquanto ser humano. Claro, pode-se tentar defender esse direito sobre outras justificativas, como assegurar a mulher o domínio de seu corpo, e frisar o risco que uma gravidez mesmo típica possui, e contrapor essas questões à vida do feto.
 
Última edição:
Assim também como matar alguém é permitido em certas situações, nem por isso "não matarás" deixa de ser sobretudo um princípio moral. Admitir exceções em casos extremos é uma coisa, outra coisa (é preciso concordar, mesmo quem seja a favor do aborto) é encarar o ato como algo normal e essencialmente corriqueiro, no sentido que dependeria pura e simplesmente da vontade da mãe.
Mas a ideia, pelo menos do meu posicionamento, não é tornar este ato normal e corriqueiro, que dependa somente da vontade da mãe. A legalização feita de forma correta traria um acompanhamento que ajudaria a reduzir o número de abortos, permitiria um maior entendimento quanto aos motivos da gestante, e ninguém morreria em clínicas clandestinas.

Uma reflexão menor sobre a questão: curiosamente o homem, se a mulher engravidar e quiser ter um filho, vai ter que aceitar o filho, sustentá-lo, e possivelmente ir até preso caso não o faça. Se consideramos não desprezível o risco de preservativos falharem, para o pai ter o filho ainda é uma questão de maior ou menor sorte ou azar, isto é, é algo sobre a qual sua vontade não pode determinar completamente a questão, já que o homem não pode abortar o filho pela mulher ou na mulher contra sua vontade, os homens meramente devem aceitar isso como um fato da vida. Então ter o direito de não querer ter um filho uma vez a fecundação tendo ocorrido, e não querer pelas diversas exigências que criar um filho acarretaria, não é um direito inalienável do ser humano, já que esse direito não é dado aos homens - e convenhamos, mesmo se fosse dado, repousaria na justificativa frágil fundamentada na possibilidade pequena (eu diria desprezível) de preservativos falharem. Dessa forma não ter esse direito não fere a dignidade e a liberdade da mulher enquanto ser humano. Claro, pode-se tentar defender esse direito sobre outras justificativas, como assegurar a mulher o domínio de seu corpo, e frisar o risco que uma gravidez mesmo típica possui, e contrapor essas questões à vida do feto.
Eu li em algum comentário anterior, não lembro de quem foi, dando um relato de jovens, acho que de alguma favela, que se orgulhavam de terem engravidado várias meninas, então levando isso em consideração, e que o problema com as clínicas clandestinas afetam justamente a população que não tem dinheiro, eu diria que não é apenas o uso incorreto de preservativos que pode gerar uma gravidez indesejada, mas a falta de noção sobre o que significa engravidar alguém.
Sobre essa questão de obrigações, com o aborto legalizado o pai deveria ter a opção legal de recusar a paternidade, da mesma forma que a mãe teria o direito de abortar, e com tudo legalizado poderíamos recolher dados destes casais e entender cada vez melhor o que realmente acontece na maioria dos casos onde um dos pais não quer essa responsabilidade. Identificando a origem desse problema fica mais fácil reduzir o número de abortos.

Curti o vídeo, apesar de alguns pontos serem discutíveis, eu concordo que aborto não é moral, porém acredito que a legalização seja a única solução para resolver um problema de saúde pública, neste caso, o que fazer senão legalizar?
 
Mas a ideia, pelo menos do meu posicionamento, não é tornar este ato normal e corriqueiro, que dependa somente da vontade da mãe. A legalização feita de forma correta traria um acompanhamento que ajudaria a reduzir o número de abortos, permitiria um maior entendimento quanto aos motivos da gestante, e ninguém morreria em clínicas clandestinas.
Mas não deixo de achar isso essencialmente corriqueiro (ainda que haja certa burocracia e procedimentos) e algo que em essência só dependeria da vontade da mãe. Ou você prevê um número relevante de casos em que a mulher, antes daquele número X de meses que seria previsto em lei, queira em sã consciência fazer o aborto mas seja lhe negado esse direito? Não é o que prevê a maioria das pessoas que defendem o aborto...

Eu li em algum comentário anterior, não lembro de quem foi, dando um relato de jovens, acho que de alguma favela, que se orgulhavam de terem engravidado várias meninas, então levando isso em consideração, e que o problema com as clínicas clandestinas afetam justamente a população que não tem dinheiro, eu diria que não é apenas o uso incorreto de preservativos que pode gerar uma gravidez indesejada, mas a falta de noção sobre o que significa engravidar alguém.
Tudo bem, mas a gente tem que assumir que essas pessoas sabem o que estão fazendo - do mesmo jeito que defendo a queda da maioridade para 14 anos, defendo que a partir dos 14 anos a pessoa deve ser considerada maior para saber a consequência de seus atos envolvendo gravidez e filhos. Esse comportamento idiota que você mencionou deve ser tratado da mesma forma que se trataria o mesmo comportamento de alguém com 18 anos, que não é na base do "ah, eles tiveram falta de noção".

Sobre essa questão de obrigações, com o aborto legalizado o pai deveria ter a opção legal de recusar a paternidade, da mesma forma que a mãe teria o direito de abortar, e com tudo legalizado poderíamos recolher dados destes casais e entender cada vez melhor o que realmente acontece na maioria dos casos onde um dos pais não quer essa responsabilidade. Identificando a origem desse problema fica mais fácil reduzir o número de abortos.
Isso resolveria a questão que eu falei ali sobre a diferença de direitos entre homem e mulher com respeito a filhos.... mas é extremamente inviável (moralmente e pragmaticamente), imagina, chegar pra mulher e falar "o pai recusou a paternidade, aborte ou crie sozinha a criança", ou imagine se a criança já nasceu então, e o pai recusar... Ou se estabelecermos que ele não pode recusar o filho depois de um nº de meses em que aborto seja inviável, basta a mãe esconder a gravidez do pai por esse nº de meses para tirar essa escolha do pai. Ou ainda alegar que não sabe quem é o pai, e por isso não avisar expressamente ninguém... Sem falar que é algo extremamente revolucionário né, de repente ter o filho vira algo que você só tem se aceitar previamente, como um contrato. :lol: Mexe muito radicalmente em coisas tão básicas ao ser humano como a paternidade e maternidade.
 
Mas não deixo de achar isso essencialmente corriqueiro (ainda que haja certa burocracia e procedimentos) e algo que em essência só dependeria da vontade da mãe. Ou você prevê um número relevante de casos em que a mulher, antes daquele número X de meses que seria previsto em lei, queira em sã consciência fazer o aborto mas seja lhe negado esse direito? Não é o que prevê a maioria das pessoas que defendem o aborto...
Não que lhe seja negado, mas que desista por vontade própria, graças ao acompanhamento e planejamento familiar que devem ser oferecidos junto com a legalização, exatamente da mesma forma como vemos ser aplicado nos países onde o aborto foi legalizado, e onde o número de abortos tem diminuído.

Tudo bem, mas a gente tem que assumir que essas pessoas sabem o que estão fazendo - do mesmo jeito que defendo a queda da maioridade para 14 anos, defendo que a partir dos 14 anos a pessoa deve ser considerada maior para saber a consequência de seus atos envolvendo gravidez e filhos. Esse comportamento idiota que você mencionou deve ser tratado da mesma forma que se trataria o mesmo comportamento de alguém com 18 anos, que não é na base do "ah, eles tiveram falta de noção".
Mas "eles tiveram falta de noção" é um fato, e isso não serve como justificativa, é a base pela qual começamos a entender o problema em busca da solução. Precisamos de muito mais campanhas que tirem dúvidas, que esclareçam realidades e acabe (ou reduza) com esse tipo de mentalidade, porque não há punições suficientes que elimine uma forma de pensar.

Isso resolveria a questão que eu falei ali sobre a diferença de direitos entre homem e mulher com respeito a filhos.... mas é extremamente inviável (moralmente e pragmaticamente), imagina, chegar pra mulher e falar "o pai recusou a paternidade, aborte ou crie sozinha a criança", ou imagine se a criança já nasceu então, e o pai recusar... Ou se estabelecermos que ele não pode recusar o filho depois de um nº de meses em que aborto seja inviável, basta a mãe esconder a gravidez do pai por esse nº de meses para tirar essa escolha do pai. Ou ainda alegar que não sabe quem é o pai, e por isso não avisar expressamente ninguém... Sem falar que é algo extremamente revolucionário né, de repente ter o filho vira algo que você só tem se aceitar previamente, como um contrato. :lol: Mexe muito radicalmente em coisas tão básicas ao ser humano como a paternidade e maternidade.
É impossível aceitar a ideia da legalização do aborto e não apoiar a recusa da paternidade, dentro deste período onde o aborto é legal. As opções seriam essas mesmas: aborte ou crie sozinha, porque pelo menos a mãe teria direito a ser mãe solteira, mas o pai não teria o direito de obrigar a mãe a parir a criança para ele criar sozinho. Junto com o acompanhamento necessário para realizar o aborto, todas essas questões devem ser fechadas, e um apoio financeiro à mãe solteira poderia ser criado. Sobre a mãe esconder o filho por alguns meses, eu acho que atualmente já existem casos onde o pai só descobre que tem um filho vários anos depois, quando o filho já está grande mas menor de idade ainda, e não tenho ideia do que a justiça faz nestes casos, mas imagino que nessa situação dos meses a lei poderia agir da mesma forma.
Sobre ser radical essa mudança, talvez, mas isso não quer dizer que não seja necessária. "Ter filho é algo que só tem se aceitar previamente", isso é basicamente o que a legalização do aborto aplicaria, independente do pai ter o direito de recusar ou não, e existem muitas pessoas a favor da legalização, então pode ser algo mais aceito e normal do que pensamos.
 
Não que lhe seja negado, mas que desista por vontade própria, graças ao acompanhamento e planejamento familiar que devem ser oferecidos junto com a legalização, exatamente da mesma forma como vemos ser aplicado nos países onde o aborto foi legalizado, e onde o número de abortos tem diminuído.
Que países são esses, e o quão significativa foi essa redução ? A comparação teria que ser entre uma situação sem legalização e outra com legalização, mas acho difícil que estatísticas desse tipo sejam fáceis de obter. E sei lá, essa sua ideia parece tratar as pessoas como essencialmente imaturas, que precisam de "orientação" sobre o que é ter e sustentar uma família. Creio que a maioria das pessoas sabem o que isso significa e as consequências de sua ações, não precisam de um médico ou burocrata para orientá-las, e a grande maioria não mudará decisão tão radical (abortar ou não o filho) por meros conselhos dessas pessoas, ainda mais em um ambiente onde o aborto é visto como algo essencialmente corriqueiro... Quer dizer, você legaliza o aborto, na esperança de tratar abertamente a questão e convencer as pessoas a não fazê-lo? No mínimo curioso né. :lol: A "abertura para a discussão" é uma força que vai se contrapor ao ambiente propício para o aborto, falar que nesse ambiente propício os números de aborto vão diminuir pela mera discussão me parece difícil de acreditar qualitativamente, necessaria de dados mais quantitativos para acreditar nisso.

Sem falar que a "abertura para a discussão", isto é, as campanhas de planejamento familiar e tudo mais podem ocorrer sem a legalização do aborto, você não precisa legalizar para falar do assunto, inclusive falar da própria possibilidade de abortar (assim como se discute o uso de drogas ilícitas, não querendo aqui obviamente comparar as duas coisas), então não vejo nisso um argumento pró-aborto.

Mas enfim, acabei sendo arrastado para essa discussão, afinal toda essa parte começou com eu afirmando que era sobretudo uma questão moral, e você negando, mas mantenho minha posição de que o aborto é essencialmente uma questão moral - o fato de abortos serem permitidos em certos casos extremos não muda isso, e ainda que a hipótese para mim pouco plausível de haver a redução no número de abortos com a legalização seja verdadeira, ainda e antes de tudo haverá a questão moral a se resolver - você não pode, sei lá*, permitir a prática de sequestro relâmpago sem mortes, ainda que isso diminuísse o número de mortes em sequestros, sabe-se lá como (pela queda do estresse do assaltante, que passaria a ser punido só com a morte, assaltantes prefeririam partir para outra vítima ao invés de cumprirem a ameaça e por isso serem presos, e etc).

*exemplo que cumpre o objetivo apesar de muito absurdo e pouco realista, mas não consigo pensar em nada realista em que você libere a prática pensando diminuí-la - no máximo libera porque a diminuição com a proibição é irrelevante em vista dos custos obtidos...

É impossível aceitar a ideia da legalização do aborto e não apoiar a recusa da paternidade, dentro deste período onde o aborto é legal. As opções seriam essas mesmas: aborte ou crie sozinha, porque pelo menos a mãe teria direito a ser mãe solteira, mas o pai não teria o direito de obrigar a mãe a parir a criança para ele criar sozinho. Junto com o acompanhamento necessário para realizar o aborto, todas essas questões devem ser fechadas, e um apoio financeiro à mãe solteira poderia ser criado. Sobre a mãe esconder o filho por alguns meses, eu acho que atualmente já existem casos onde o pai só descobre que tem um filho vários anos depois, quando o filho já está grande mas menor de idade ainda, e não tenho ideia do que a justiça faz nestes casos, mas imagino que nessa situação dos meses a lei poderia agir da mesma forma.
Sobre ser radical essa mudança, talvez, mas isso não quer dizer que não seja necessária. "Ter filho é algo que só tem se aceitar previamente", isso é basicamente o que a legalização do aborto aplicaria, independente do pai ter o direito de recusar ou não, e existem muitas pessoas a favor da legalização, então pode ser algo mais aceito e normal do que pensamos.

Como ocorre em discussão de internet, toda essa discussão parte da discussão surgiu de um pequeno parênteses sobre a discussão maior do aborto: uma assimetria considerável entre a natureza dos direitos entre homem e mulher implícita na justificação do aborto. Tanto é que ciente disso comecei o assunto falando "Uma reflexão menor sobre a questão". Para minha surpresa você resolve sim essa assimetria, mas pregando a possibilidade de "abdicação da paternidade" conjuntamente com o aborto, o que pra mim soa muito excêntrico e idiossincrático: afinal, por exemplo, nos países em que o aborto é legalizado, isso é feito? Ou pelo menos isso é claramente defendido por movimentos abortistas mais relevantes? Para mim é pura novidade essa história...

Enfim, tratar filhos como contratos que podem ser negados pelos pais para mim soa tão autoevidentemente errado e tão excêntrico quanto, sei lá, vender bebês. Como essa proposta me soa tão excêntrica, e não toca no cerne da questão sobre o aborto, mas sobre uma assimetria menor da questão, me dispenso de tentar elaborar essa posição no momento. :lol: Se eu tiver enganado e não for uma ideia tão idiossincrática entre as ideias abortistas, posso tentar elaborar isso, mas pra mim soa tão difícil de elaborar como refutar a ideia de vender bebês, pela autoevidência moral da situação.

Sobre a mãe esconder o filho por alguns meses, eu acho que atualmente já existem casos onde o pai só descobre que tem um filho vários anos depois, quando o filho já está grande mas menor de idade ainda, e não tenho ideia do que a justiça faz nestes casos, mas imagino que nessa situação dos meses a lei poderia agir da mesma forma.
Mas aí é diferente, no caso atual o pai assim que é notificado que tem o filho ele já tem em princípio seus deveres parentais. E no seu caso hipotético? Ele poderia abdicar do filho hipotético, que já nasceu? Se não, teria seus 'direitos' facilmente negados. Se sim, bem, daí volto a dizer que essa ideia de abdicar filhos é muito excêntrica, mais excêntrica ainda porque agora ocorre com o filho já nascido. :lol:

mas isso já não acontece, mesmo que informalmente? o cara diz que não é dele, some, a guria que se vire? ou ainda, o cara manda uma merreca por mês de pensão mas tá nem aí para a criança, e, de novo, a guria que se vire para criá-la?
Pô, não diria que acontece. Se tem alguma coisa que a lei é cumprida no Brasil é a lei sobre pensão, se o cara não pagar vai preso mesmo... Pode ser uma merreca, mas aí é porque o pai é um pé rapado, aí paciência né, penso que o juiz estabelece a pensão pelo poder aquisitivo do cara. Se os pais não querem viver juntos, não visualizo uma mãe querendo ter menos tempo dedicado à criação do filho (mas vejo muito o contrário, o pai querer ter mais tempo com o filho e não tendo). Mas isso vai de caso a caso também...

Mas mais importante, repare no contexto da discussão Ana, onde eu disse o que você quotou: são outros quinhentos estender essa situação para todos, e estabelecer que todos pais possam abdicar de sua paternidade, por puro querer, e abdicar completamente. Isso é, o pai poder "abortar" o filho, e poder desamparar totalmente a mãe, incluindo financeiramente. Você é a favor disso? Isso é criar mais uma pressão, e uma grande pressão, para que uma mulher aborte, mesmo se ela não tem nenhuma inclinação intrínseca para fazê-lo, já que viabiliza legalmente o abandono por parte do pai.
 
Última edição:
Pô, não diria que acontece. Se tem alguma coisa que a lei é cumprida no Brasil é a lei sobre pensão, se o cara não pagar vai preso mesmo... Pode ser uma merreca, mas aí é porque o pai é um pé rapado, aí paciência né, penso que o juiz estabelece a pensão pelo poder aquisitivo do cara. Se os pais não querem viver juntos, não visualizo uma mãe querendo ter menos tempo dedicado à criação do filho (mas vejo muito o contrário, o pai querer ter mais tempo com o filho e não tendo). Mas isso vai de caso a caso também...

não é sobre o valor, haran. é sobre o cara achar que está com dever cumprido porque pagou a grana. isso que você falou de "vejo muito o contrário, o pai querer mais tempo com o filho e não tendo", a lei já protege >> http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/veja-a-integra-da-nova-lei-da-guarda-compartilhada/

mas o pau no cu que engravida a guria e acha que é só uma questão de dar dinheiro e some, bom, a lei não protege a mulher disso. porque criar um filho não é só questão de "bancar escola" ou algo assim. esse cara que some não tem que acordar de madrugada para atender criança doente, não tem que faltar dia de trabalho para levar criança que se quebrou na escola no hospital, não tem que (e acho o mais importante) dar uma pausa na vida para criar a criança porque não tem quem fique com a criança enquanto a mãe trabalha/estuda. "to pagando pensão, tá de boa". não, não tá de boa. criar um filho não é só pagar as despesas dele.

Mas mais importante, repare no contexto da discussão Ana, onde eu disse o que você quotou: são outros quinhentos estender essa situação para todos, e estabelecer que todos pais possam abdicar de sua paternidade, por puro querer, e abdicar completamente. Isso é, o pai poder "abortar" o filho, e poder desamparar totalmente a mãe, incluindo financeiramente. Você é a favor disso? Isso é criar mais uma pressão, e uma grande pressão, para que uma mulher aborte, mesmo se ela não tem nenhuma inclinação intrínseca para fazê-lo, já que viabiliza legalmente o abandono por parte do pai.

não sou a favor disso, haran. o meu comentário foi para apontar que os homens já fazem isso (e protegidos pela lei, já que "basta pagar pensão", né). eles já têm a liberdade de abrir mão das responsabilidades de ter uma criança, enquanto a mulher não tem.
 
Ok, concordo com sua crítica sobre o abandono na rotina diária da criança, e no fundo concordamos no essencial, afinal eu afirmei "imagina chegar pra mulher e falar "o pai recusou a paternidade, aborte ou crie sozinha a criança" julgando isso um absurdo de se fazer, e por ser absurdo era contra a proposta do Siker do pai poder "abortar" o filho (isso é, abdicar da paternidade), coisa que você também é. Se o "aborto" do filho por parte do pai já ocorre ou não com a situação que temos hoje é uma questão de adotar ou não uma figura de linguagem, eu não diria que um pai que terá que pagar por cerca de duas décadas a pensão pro filho "abortou" o filho ou abdicou de sua paternidade, ele tá pagando um preço por um dever parental, mas concordo que se ele só faz isso deixa muitíssimo a desejar.
 
Que países são esses, e o quão significativa foi essa redução ? A comparação teria que ser entre uma situação sem legalização e outra com legalização, mas acho difícil que estatísticas desse tipo sejam fáceis de obter. E sei lá, essa sua ideia parece tratar as pessoas como essencialmente imaturas, que precisam de "orientação" sobre o que é ter e sustentar uma família. Creio que a maioria das pessoas sabem o que isso significa e as consequências de sua ações, não precisam de um médico ou burocrata para orientá-las, e a grande maioria não mudará decisão tão radical (abortar ou não o filho) por meros conselhos dessas pessoas, ainda mais em um ambiente onde o aborto é visto como algo essencialmente corriqueiro... Quer dizer, você legaliza o aborto, na esperança de tratar abertamente a questão e convencer as pessoas a não fazê-lo? No mínimo curioso né. :lol: A "abertura para a discussão" é uma força que vai se contrapor ao ambiente propício para o aborto, falar que nesse ambiente propício os números de aborto vão diminuir pela mera discussão me parece difícil de acreditar qualitativamente, necessaria de dados mais quantitativos para acreditar nisso.

Sem falar que a "abertura para a discussão", isto é, as campanhas de planejamento familiar e tudo mais podem ocorrer sem a legalização do aborto, você não precisa legalizar para falar do assunto, inclusive falar da própria possibilidade de abortar (assim como se discute o uso de drogas ilícitas, não querendo aqui obviamente comparar as duas coisas), então não vejo nisso um argumento pró-aborto.
Aqui e aqui eu postei algumas matérias falando sobre redução do aborto em países onde o ato é legalizado, graças aos programas de educação sexual e o incentivo do uso de métodos contraceptivos. Não lembro se cheguei a postar mais matérias em algum outro tópico, depois vou procurar. Mas a questão é que a legalização torna a escolha uma prática legal, o que deixa tudo mais simples para encontrar gestantes que estejam pensando em abortar e conversar melhor, educar, etc.., sem a legalização do aborto não há espaço para que estas gestantes busquem algum local especializado legal, quase """da mesma forma""" que todo mundo consome material pirata mas 'não pode' falar disso abertamente. Lembrando que minha posição de legalizar visa a solução mais rápida (além de única, até o momento) para um problema de saúde pública que precisa de solução, em vez de ser ignorado. O acompanhamento das gestantes, planejamento familiar e incentivo à redução de abortos seriam ações que deveriam obrigatoriamente acompanhar a legalização enquanto solução deste problema.

Mas enfim, acabei sendo arrastado para essa discussão, afinal toda essa parte começou com eu afirmando que era sobretudo uma questão moral, e você negando, mas mantenho minha posição de que o aborto é essencialmente uma questão moral - o fato de abortos serem permitidos em certos casos extremos não muda isso,
Muda, porque o problema real, o qual precisamos enfrentar na nossa realidade atual, não envolve moral, envolve a vida de gestantes que são colocadas em risco em clínicas clandestinas. A única coisa que eu quero é uma solução para isso, e como já disse antes, a legalização parece ser o único caminho. Se achar que estou errado, proponha uma solução melhor.

nos países em que o aborto é legalizado, isso é feito? Ou pelo menos isso é claramente defendido por movimentos abortistas mais relevantes? Para mim é pura novidade essa história...

Enfim, tratar filhos como contratos que podem ser negados pelos pais para mim soa tão autoevidentemente errado e tão excêntrico quanto, sei lá, vender bebês. Como essa proposta me soa tão excêntrica, e não toca no cerne da questão sobre o aborto, mas sobre uma assimetria menor da questão, me dispenso de tentar elaborar essa posição no momento. :lol: Se eu tiver enganado e não for uma ideia tão idiossincrática entre as ideias abortistas, posso tentar elaborar isso, mas pra mim soa tão difícil de elaborar como refutar a ideia de vender bebês, pela autoevidência moral da situação.
O que eu proponho e defendo é algo bem diferente do que as ideias abortistas pregam, discordo de todos os argumentos a favor do aborto, só acho que não há outra saída para resolver o problema de saúde pública que sofremos. Sobre tratar filhos como contratos, isso é uma visão sua, eu acho perfeitamente normal e aceitável o pai ou a mãe recusar sua responsabilidade, isto em um cenário onde o aborto é legalizado. Ninguém está vendendo bebês, o aborto finaliza uma vida, não tira lucro em cima dela, nem cria uma geração de crianças psicologicamente afetadas por descobrirem que foram vendidas pelos próprios pais. Eu acho que a sociedade poderia alterar um pouco essa supervalorização dada aos pais biológicos, porque engravidar alguém ou parir um filho não torna ninguém pai ou mãe.
Tratar filhos como "acidentes", ou um peso a ter que carregar, uma punição, uma dificuldade, um obstáculo, que é o que acontece hoje em dia, não seria igualmente imoral, na sua opinião?

Mas aí é diferente, no caso atual o pai assim que é notificado que tem o filho ele já tem em princípio seus deveres parentais. E no seu caso hipotético? Ele poderia abdicar do filho hipotético, que já nasceu? Se não, teria seus 'direitos' facilmente negados. Se sim, bem, daí volto a dizer que essa ideia de abdicar filhos é muito excêntrica, mais excêntrica ainda porque agora ocorre com o filho já nascido. :lol:
Eu diria que a mãe que opta por manter seu filho deveria indicar quem é o pai, e caso ela não saiba quem é o pai, ou não queira informar, ela estará abrindo mão de cobrar tais deveres parentais. Qualquer outra situação fora disso acho que já acontece atualmente, e a justiça poderia julgar da mesma forma que já faz, ou de preferência, melhor.
 

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